Daniel1112 21/05/2024
Resenha - O chamado do Cuco
Cormoran Strike é um detetive particular que está afundado em dívidas e com problemas na vida pessoal, ele acaba de se separar da noiva em uma situação nada amigável e está se vendo obrigado a morar em seu próprio escritório. E é nessa bagunça profissional e pessoal que Robin acaba o conhecendo após ser indicada por uma agência de trabalho como secretária temporária do detetive.
Diferente de Strike, Robin tem uma vida que está finalmente entrando nos eixos. Ela acaba de se mudar do interior para Londres e ficar noiva do namorado de colégio, tudo parece se encaminhar para um futuro brilhante e a possibilidade de trabalhar em um escritório de detetive particular soa como a cereja do bolo, realizando suas fantasias juvenis.
Em meio a um primeiro encontro acidentado, Strike e Robin logo começam uma relação de respeito e compreensão. Ela é a melhor secretária que ele já teve, e além de eficiente é também muito prestativa e alguém com quem ele possa contar. Strike é um chefe que, apesar de ter seus problemas pessoais e ser um tanto quanto fechado, respeita e trata Robin como uma igual, incluindo ela nas investigações e sempre pronto para ouvir a opinião dela sobre o caso. Não é preciso muito tempo para que o envolvimento entre eles vá evoluindo e surja uma amizade, um carinho e empatia entre os dois.
Quanto ao caso central do livro, que envolve a investigação do suicídio da modelo Lula Landry ele implica diversos suspeitos e sua trama se desenvolve em diversas camadas, com pequenas revelações sendo feitas e acrescentando detalhes e profundidade à história. A apresentação do mundo glamouroso da moda e da fama é muito interessante, principalmente como ela se dá através do ponto de vista de diferentes personagens e como isso pode ser interpretado e absorvido para o caso em si.
O desenvolvimento do livro é gradual, não acredito que tenha sido arrastado ou rápido demais, embora algumas cenas - como as que envolvem a ex-noiva de Cormoran - tenham exigido um pouco mais de paciência, é compreensível a necessidade delas para a construção do personagem e o entendimento do mesmo. O mesmo vale quanto a resolução do caso, que seguindo o padrão típico dos livros do gênero se dá no momento final do livro, em uma grande cena de confronto entre o detetive e a verdade.
Ainda que tenha gostado do final apresentado, acho que faltou alguma coisa, não que exista alguma falha pois a justificativa está boa, o método do crime e o desenvolvimento do caso também, o problema foi, talvez, a ausência de pontos que pudessem ter indicado mais claramente essa resolução durante a leitura. Sim, algumas pistas estavam lá - tanto é que cheguei a certas conclusões corretamente -, mas acho que ao construir uma trama com diversas camadas muitos detalhes sem importância foram apresentados em detrimento de pistas reais.