Isaahaag 24/12/2021
Nas últimas semanas de 1889, a tripulação de um navio de guerra brasileiro ancorado no porto de Colombo, capital de Ceilão (atual Siri Lanka), foi pega de surpresa pelas notícias alarmantes que chegavam do outro lado do mundo. O Brasil havia se tornado uma república. O império brasileiro, até então tido como a mais sólida, estável e duradoura experiência de governo na América Latina, com 67 anos de história, desabara na manhã de quinze de novembro. Quintino Bocaiúva, Benjamin Constant, Condessa de Barral, Baronesa de Triunfo, Mauá e Princesa Isabel participam do livro, com suas peculiaridades pessoais até aos grandes estopins da guerra, no entanto, além das personalidades nacionais, participaram do enredo estrangeiros que anotaram em seus diários suas impressões sobre o Império e cotidiano da época foram colocados no livro.
- A república foi estabelecido por um golpe militar com escassa participação das lideranças civis. A proclamação da República foi resultado mais do esgotamento da Monarquia do que do vigor dos
ideas e da campanha republicanos. marechal proclamou a República ao longo daquele dia 15 de novembro e só o fez tarde da noite, diante da pressão de seus companheiros de armas e também da inabilidade politica do imperador, que, em uma desastrada e inútil tentativa de resistência, indicou para a chefia do ministério justamente o maior de todos os adversários Deodoro, senador gaúcho.
- Em resumo, enquanto não se soubesse exatamente que símbolo haveria no centro da bandeira republicana, Custódio de Mello deveria apenas trocar a coroa imperial por uma estrela vermelha coincidentemente, símbolo do Partido dos Trabalhadores, que, um século mais tarde, assumiria o governo da República brasileira.
- No ano da proclamação, o Brasil tinha cerca de 14 milhões de habitantes, 7% da população atual. De cada cem brasileiros, somente 15 sabiam ler e escrever o próprio nome. Os demais nunca tinham frequentado uma sala de aula. Entre os negros e escravos recém-libertos, o índice de analfabetismo era ainda maior, superior a 99%. Só uma em cada 6 crianças com idade entre 6 e 15 anos frequentava a escola. Em todo o pais havia 7.500 escolas primárias com 300 mil alunos matriculados. Nos estabelecimentos secundários, o número caía de for-
ima dramática: apenas 12 mil estudantes. Oito mil pessoas tinham educação superior - uma para cada grupo de 1.750 habitantes.
- No dia 22 de julho de 1840, o regente Araújo Lima, à frente de um grupo de deputados e senadores, levou um manifesto ao jovem Pedro I, pedindo que aceitasse ser aclamado imperador de imediato.
Dessa forma, à revelia da Constituição, no dia seguinte D.Pedro II foi declarado maior e aclamado imperador diante das câmaras - episódio se chamou ?Golpe da maioridade?.
- A primeira Constituição brasileira, outorgada pelo imperador Pedro I em 1824, era considerada uma das mais avançadas do mundo na de finição dos direitos individuais e na liberdade de imprensa, mas em nenhum momento mencionava a existência de
escravos no país.
- Dom Pedro II: governou o BRA por 49 anos, Quando assumiu o trono, no dia 23 de julho de 1840, era um adolescente, tinha 15 anos incompletos. Ao ser deposto pela República, em 1889, a duas semanas de completar 64 anos, era um senhor de barbas brancas, semblante cansado e muito
mais envelhecido do que indicaria a idade real. Era o sétimo filho do imperador Pedro I e da imperatriz Leopoldina e o terceiro principe homem da dinastia portuguesa dos Bragança a nascer no Brasil. Começou a entrar em cena no dia 7 de abril de 1831, data da abdicação de seu pai ao trono brasileiro.
- Marechal: Deodoro da Fonseca, fundador da república. Em 1886, depois de um breve retorno ao Rio de Janeiro, Deodoro passou a acumular o comando de armas com a presidência interina da provincia do Rio Grande do Sul, em substituição ao
amigo pernambucano Henrique Pereira de Lucena, futuro barão de Lucena, que, eleito deputado, tivera de renunciar ao cargo.
- Professor: Benjamin Constant, foi ele o cérebro da revolução de 1889, sem ele o golpe de 15/11 teria fracassado. Era o único chefe das forças Armadas com autoridade e legitimidade suficientes para se colocar à frente das tropas e confrontar o governo imperial. O casamento com Maria Joaquina funcionaria, desse modo, como uma alavanca de ascensão social para Benjamin Constant, depois das inúmeras frustrações da carreira militar e do magistério público. Por coincidência, no memo ano do casamento, Benjamin tentou novo concurso, para a vaga de professor titular do Instituto Comercial. Classificou-se novamente em primeiro lugar e des-
sa vez, finalmente, foi nomeado para a vaga. A carreira de Benjamin no magistério contém um segundo episódio curioso envolvendo o imperador dom Pedro II. Em 1872, ao prestar concurso para uma vaga na Escola Militar na presença do monarca, Benjamin fez questão de avisar a banca examinadora de que professava as ideas do francês Auguste Comte. Foi uma atitude corajosa, uma vez que os positivistas, seguidores de Comte, defendiam a troca da monarquia pela república. Apesar de honesta, a confissão, no entanto, implicava algum risco. Ao admitir o credo positivista e suas inclinações republicans diante do próprio imperador do Brasil, Benjamin poderia perder a vaga de professor antes mesmo de começar a disputa-la. Para surpresa de todas,o imperador, a ser consultado sobre a questão, respondeu que não tinha problema.