Roberto Soares 19/01/2024"Subitamente, sem motivo algum, tive medo. Não era apenas apreensão. Era um pavor profundo, visceral, penetrante. Minha pele se arrepiou. O coração batia na garganta. Eu não conseguia respirar. Meus sentidos se retesaram. O corpo soube antes de mim que eu não estava só."
Na Londres de 1937, Jack Miller era um jovem de 28 anos que, nas suas próprias palavras, abominava a própria vida. Sem família e sem amigos, vivia solitário e em um trabalho sem futuro.
Mas uma saída surge quando Jack é convidado para uma expedição de pesquisa meteorológica na baía de Gruhuken do arquipélago norueguês de Spitsbergen, no Oceano Ártico.
E olha, é de cortar o coração ver o entusiasmo quase infantil de Jack e a esperança que ele deposita nessa chance que dará sentido à sua vida, porque desde o início já somos avisados de que as coisas darão MUITO errado. E foi aí que "Noite Polar" me pegou pra valer.
Os sinais começaram já na viagem de ida: na reação sombria dos marinheiros ao ouvirem falar o nome do destino dos rapazes. E para agravar a situação, 2 dos 5 membros da equipe são forçados a abandonar a viagem.
Mas 3 chegam a Gruhuken, palco daquelas belezas extraordinárias e ameaçadoras que a Natureza exibe nos lugares inóspitos.
A imensidão desolada, a solidão e o clima extremo naturalmente são fatores que podem pesar sobre os ânimos daqueles que se aventuram nessas regiões.
Mas Gruhuken possui uma ameaça a mais: uma presença, não de outra pessoa, mas sim de um espírito tão cheio de fúria, dor e rancor, que sua mera aproximação desperta uma sensação imediata de aflição e pavor em qualquer ser vivo.
Ele quer aquelas pessoas fora de sua baía.
E quase consegue.
Mais 2 são forçados a ir embora, mas Jack fica. Jack, o mais dependente da expedição porque sem isso ele voltaria para a sua vida abominável. Jack, solitário, que quer desesperadamente ser admirado (pelo menos por uma pessoa em particular).
Jack, o único que viu aquilo que caminha na neve.
Esse Jack é deixado sozinho na noite polar, com sua escuridão que dura meses. Ali, ele vai precisar lutar para manter a expedição, a sanidade e, por fim, a vida.