Nah 16/05/2024
Uma das melhores biografias que já li
Cobrindo desde o casamento de Maria Antonieta com o Delfim da França até sua execução na guilhotina em 1793, o livro nos apresenta a uma personalidade histórica que, antes de ser rainha, era tão somente uma mulher.
O livro narra a forma como Maria Antonieta conduziu a Corte de Versalhes, sempre com muito luxo e, claro, desperdício de dinheiro. Mas o livro também mostra o amor dela pelos filhos, a forma como foi esmagada pela Revolução e sua experiência enquanto mulher vítima de um casamento arranjado que levou 7 anos para ser consumado.
É inegável que Maria Antonieta foi uma péssima regente. Viveu no luxo durante décadas enquanto seu povo padecia de fome e miséria pelas ruas de Paris. Foram o desperdício de dinheiro e o distanciamento do povo que conferiram a ela uma reputação abominável, de forma que não se pensava duas vezes antes de acreditar em todas as vis falácias que foram levantadas contra si (dentre outras coisas, ela chegou a ser acusada de ter praticado atos incestuosos com o filho). Tudo isso mostra que, no fim, Maria Antonieta foi vítima de si mesma e de sua péssima reputação.
O biógrafo não tenta em momento algum suavizar a personalidade de Maria Antonieta, muito menos justificar seus atos. Muito pelo contrário. Mais de uma vez ele rechaça opiniões que os fervorosos monarquistas teceram em favor da rainha como forma de dizer que ela foi vítima de uma injustiça.
O que Zweig traz é puramente o que pode ser apurado das fontes históricas, atendo-se tão somente às fontes mais confiáveis.
Eu adorei a leitura. Como sempre me interessei pela Revolução Francesa, já imaginava que ia gostar. Porém, o livro superou as minhas expectativas. O autor tem uma escrita muito poética, até teatral, que torna seu calhamaço de narração sem diálogos uma leitura fluida. É tudo tão bem narrado que parece ficção. Definitivamente, um livraço.