Thayza Fonseca 15/02/2019
A caçadora de unicórnio está na minha lista de desejados a muito tempo, mas por motivos de “não faço ideia” ainda não tinha lido. Sou uma leitora que consome muita fantasia, tenho minhas preferidas e como geralmente esse gênero vem em série acabo presa em um universo por algum tempo, sendo assim esse livro veio como uma brisa de ar fresco, trazendo novidades dentro desse universo.
A primeira coisa que eu gostaria de pontuar é que esse livro é um YA, então não adianta reclamar da protagonista de 16 anos que está se descobrindo como ser humano ao mesmo tempo que precisa lidar com seres e situações mágicas. Achei os dilemas e a evolução da Astrid muito pertinentes não apenas com a idade, mas também com a situação em si, a personagem pergunta, pondera, se “rebela” em busca de um equilíbrio e de uma individualidade que a situação está tirando dela e isso tudo com uma idade onde estamos preocupados com escola e mais nada, então chamar a personagem de chata ou inconstante é um pouco maldoso já que no contexto faz bastante sentido.
“ Quando olhei de novo, estava tudo terminado, e Philippa Llewelyn estava coberta de sangue de unicórnio.”
Fiquei chocada de como eu comprei a história de unicórnios assassinos, vejam bem, eu adoro unicórnios fofinhos e saltitantes, mas unicórnios assassinos são bem mais legais. Adorei a construção histórica em volta do mito, não procurei saber se existe de fato na história algo que mencione cavalos com chifres e coisa e tal, mas em torno a autora usou histórias reais imersa nessa fantasia o que torna a coisa bem “real”, para mim foi o ponto alto do livro. Vamos conhecendo conforme Astrid e as outras caçadoras vão se aprofundando no assunto, então é uma descoberta constante ao longo de toda a leitura e só isso já prende a atenção.
O ritmo do livro é bem acelerado, posso comparar com uma montanha russa que desce pouquíssimas vezes ao longo do percurso, a narrativa se mantém sempre em alta, com muitas descobertas e ação. O tempo todo tem um acontecimento eletrizante, por menor que seja. Algo que me chamou a atenção por não ser muito comum nas minhas leituras foi a narrativa em primeira pessoa, geralmente livros de fantasia são narrados em terceira e isso me pegou completamente de surpresa e me agradou bastante, ao mesmo tempo que senti falta de uma visão mais ampla, porém acredito que não funcionaria tão bem devido aos dilemas e descobertas que movem a história.
“Eu chamais irei embora de verdade, sempre viverei em seu coração.”
O romance é um elemento quase inexistente, tanto que fiquei surpresa com o final do livro nesse sentido, não tendo visto a evolução desse sentimento já que as partes em que existe romance são poucas e curtas, nem tem como dizer como é o Giovanni já que não deu tempo de conhecer o personagem, mas superficialmente parece alguém legal. Tive a impressão que o romance de fato só está presente para fixar o assunto da virgindade que é levantado a exaustão, já que para ser caçadora é necessário ser virgem.
“Me afastar dele foi o pior tipo de tortura. Mas mesmo assim eu o fiz.”
Algo que não me agradou foi o que a autora fez com a Phil, achei desnecessária a forma que foi feita a mudança da personagem, acredito que foi um tema levantado sem cuidado e que ficou por isso mesmo, nem para trabalhar depois o assunto aquilo serviu, então eu achei um erro.
Ao que parece se trata de uma duologia, não acho que seja um livro de extrema necessidade já que a história fecha redondinha, mas estou curiosa para ler esse segundo. Além disso tem um livro tipo de conto que conta a história da antepassada da Astrid (eu acho), mas esse não foi traduzido por aqui.
A conclusão é que eu gostei muito da leitura, atinge o objetivo, é um livro bem escrito, detalhado na medida certa, interessante e original. Recomendo bastante a experiência de caçar unicórnios.