Tamirez | @resenhandosonhos 27/09/2016Ponte em ChamasAcho que uma das coisas mais legais sobre ler livros é ser surpreendida por algo que você não viu chegando. Quando eu comecei a ler a série, imaginei que o plot central estabelecido no primeiro livro iria se estender por grande parte dos livros, se não em todos eles, porém não é isso que acontece. Pelo que pude notar, o autor escreverá pequenos plots que vão se encerrando entre os livros e criando espaço para novas histórias.
Isso é muito legal pois além de surpreender o leitor que, em uma série de mais de dez livros, não imaginaria ver certas coisas ocorrendo no segundo, também dá um gás para que a história sobreviva por tanto tempo sem cair na mesmice. Eu já havia sido avisada que algo diferente aconteceria no fim desse livro, então fiquei aguardando ansiosa a surpresa que viria.
Seguir acompanhando Will é um prazer. Ele é um daqueles personagens que cativa a gente ao primeiro olhar. Apesar de ter se saído bem no final do primeiro livro e em sua primeira verdadeira situação de risco, algo acontece com ele que faz com que ele passe a duvidar de si. Enquanto essa fato poderia se tornar algo chato, o que temos é a oportunidade de assistir o personagem amadurecer ainda mais.
“Do outro lado da fogueira do acampamento, Gilan observou Will com olhos semicerrados.Ele sabia que não era fácil ser aprendiz de Halt. O arqueiro era uma figura quase lendária que colocava uma carga pesada em todos os seus alunos.”
Estar se saindo sempre bem poderia conferir um ar arrogante ao personagem, porém é exatamente o oposto disso que vemos. Enquanto no primeiro livro Will se questiona sobre querer ser um arqueiro, aqui ele já aceitou sua vocação, mas entende que tem muito a aprender. E esses pequeno deslize faz com que uma pequena dúvida surja. É para ajudar com isso que a presença de Horace e Gilan fazem bastante sentido nesse livro.
Halt é deixado de lado e vamos dar mais atenção a esses outros dois. Gilan sabe o quanto ser aprendiz de Halt pode ser difícil e também tem várias coisas a ensinar ao garoto. Enquanto Horace tem uma cabeça bem diferente, mas já provou ter um coração bom. Como agora são amigos, ele e Will vão aprender um com o outro a se fortalecer e a admirar os pontos fortes que cada um tem sem o olhar de inveja.
No começo é engraçado porque eles querem sempre se provar melhor, mas logo percebem que cada um tem o seu dom e que devem aceitar as habilidades diferentes que tem, aproveitando para aprender o máximo possível com o outro. O papel de Horace, por mais que pareça coadjuvante ao lado de Will, quando ele está sozinho em cena ganha completamente o destaque e, mais uma vez, termos ele como peça central de um acontecimento importante ao final da história.
Teremos a inserção de uma nova personagem aqui, na segunda metade do livro, que dará um ar diferente a história e possibilitará também a entrada do novo arco e da importância dele. Ela tem uma personalidade forte e demonstra ser bem inteligente, apesar de ter seus momentos de fraqueza e medo. Vamos ter que aguardar os próximos livros para descobrirmos mais sobre ela.
O fim vem com naturalidade. Você acha que sabe onde a história está indo e de repente tudo muda. Eu tinha achado o nome do livro um ponto forte de Spoiler, mas com os desdobramentos parece mais uma artimanha para enganar o leitor que espera o óbvio.
A escrita do autor segue leve e fluida e a história mantém sua construção simples, porém acrescenta mais detalhes a trama que não haviamos ouvido falar ainda, o que ajuda a aumentar a gama de opções para os próximos livros. A capa unida ao título acabam por contar bastante, como mencionei, e a edição está com detalhes em colorido por dentro, dando enfoque ao laranja que está presente na capa. Não sei se gosto ou não disso, mas acabou não atrapalhando em nada o andamento da leitura.
Posso dizer com certeza que acompanhar Will está ficando cada vez mais divertido, mesmo com ele se metendo em algumas encrencas e elevando a tensão da trama. Imagino que no terceiro livro iremos a Picta, o único reino que ainda não visitamos e descobriremos o que ele tem a oferecer junto com o povo escandinavo. Ponte em Chamas se mostrou melhor que As Ruínas de Gorlan e deixou várias perguntas no ar sobre o que acontecerá no futuro, fazendo o cliff hanger perfeito para que o leitor queira continuar acompanhando a série.
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