O Diário de Helga

O Diário de Helga Helga Weiss




Resenhas - O Diário de Helga


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Henrique Fendrich 11/06/2021

Outro livro de uma sobrevivente de holocausto, também organizado na forma de um diário, ainda que, neste caso, talvez não tenha sido a melhor escolha editorial.

Em termos de conteúdo, a história de Helga se destaca por retratar a vida cotidiana no campo de concentração de Terezín, na Tchecoslováquia, que não costuma ser muito lembrado. A família dela passou anos ali e Helga, ainda uma adolescente, registrou boa parte da rotina e, evidentemente, das crueldades a que estavam submetidos constantemente naquele lugar.

Mas Helga não ficou por ali, e na verdade foi transportada para uma série de outros campos de concentração e de extermínio, inclusive Auschwitz. Como não podia deixar de ser, são bem tristes os relatos que ela faz, evidenciando a que ponto a humanidade foi capaz de chegar. Trata-se de um livro necessário para que nos sintamos constrangidos enquanto humanidade e assim, quem sabe, possamos evitar que algo assim um dia se repita.

Em relação á estrutura do livro, creio que não deveria ser utilizado o formato de diário. É que Helga não o escreveu exatamente como um diário, como a Anne Frank, mas fez anotações esparsas, a maioria delas sem datas, e mais tarde, depois da guerra, reformulou o conteúdo, modificou informações, acrescentou outras, de modo que o resultado não é exatamente o "original" de suas anotações, mas um modelo híbrido do diário com uma reconstrução.

Tenho para mim que o ideal seria uma narrativa direta que preenchesse muitas das lacunas que o diário deixa. Por vezes, uma anotação de Helga termina e a gente quer saber como continuou aquilo que ela estava dizendo, mas não ficamos sabendo, porque a próxima nota só foi feita bem mais tarde. A própria inclusão de uma entrevista ao final do livro reforça a existência de pontos que não foram explorados no texto do diário.

Então talvez fosse melhor preencher esses espaços em uma narrativa única que tomasse o diário como base, mas que fosse um texto todo novo.

A estratégia de contar a história no presente, ou, no mínimo, no passado imediato, é boa porque mantém o olhar de adolescente sobre a guerra, mas creio que isso seria reforçado e alcançaria resultados melhores se não houvesse a preocupação de se limitar ao texto do diário. Penso, por exemplo, no que Loung Ung fez em "Primeiro mataram meu pai", sobre a ditadura no Camboja, mas, evidentemente, semelhante trabalho exige a habilidade de uma escritora, e não é essa exatamente a atividade de Helga (uma notável pintora).

É claro, entendo que se deve respeitar a vontade da própria Helga que queria preservar o formato de diário mesmo, mas ela tinha memória suficiente para acrescentar mais.

Também acredito que o livro devesse chamar a autora de Helga Weissová. A família de Helga, embora judia de origem germânica, já estava complemente incorporada aos tchecos na Tchecoslováquia e, durante o livro, é sempre como tchecos que eles se identificam, em natural oposição aos alemães, de modo que o sobrenome deveria respeitar a declinação feminina própria dos sobrenomes tchecos, marcando assim a sua identidade.
Maria 11/06/2021minha estante
Adoro esse nome.


Maria 11/06/2021minha estante
Quero ler. Eu até prefiro quando anotações não são concluídas. Assim posso exercitar minha imaginação. Pobre Helga :(


Henrique Fendrich 11/06/2021minha estante
Leia, sempre vale a pena. A mulher tá viva ainda, com 91 anos.


Maria 11/06/2021minha estante
Vou baixar para ler em tcheco.




Vitória Nascimento 08/06/2021

Data da Leitura: 25/03/21 - 15/04/21

Calcula-se que das 15.000 crianças que passaram pelo campo de internamento de Terezín, na antiga Tchecoslováquia, apenas 100 chegaram com vida ao fim da Segunda Guerra Mundial. A respeitada artista plástica Helga Weiss é autora de um dos mais comoventes testemunhos do Holocausto. Aos 83 anos, ela vive em Praga, no mesmo apartamento em que morou com os pais antes da deportação.
Em 1938, por ocasião da ocupação nazista em seu país, a menina de 8 anos, filha de um bancário e uma costureira, começou a escrever e a desenhar suas impressões sobre tudo que aconteceu com sua família. Em um caderno, Helga narra a segregação dos judeus ainda em Praga, a desumana rotina de privações e doenças de Terezín e sua peregrinação ao lado da mãe por campos de extermínio como Auschwitz, onde escapou por pouco da câmara de gás.
Natty 08/06/2021minha estante
Não conhecia este livro.Mais já vai pra minha lista de desejos




Jenninha 31/07/2017

O diário de Helga
Helga levava um vida tranquila, normal e feliz em Praga, até o dia em que o exército alemão invade Praga. Helga e assim como outros judeus foram proibidos de frequentar alguns lugares e começaram a usar a identificação. Estava tudo "OK" até o dia que a família de Helga recebe a carta de transportação para algum campo de concentração.

Ela vai para Terezín, onde viveu por três anos . Nessa época, onde ela se sente satisfeita e feliz, mesmo com trabalhos escravos, doenças e fome. Foi onde ela se apaixonou, conheceu vários amigos e tornou Terezín, como seu lar, igual em Praga.

A vida "fácil" de Helga termina quando ela e mãe resolvem seguir os seus homens (no caso o pai dela e o menino por quem se apaixonou). O pai de Helga fala para elas ficarem, mas como todos sabiam, esse dia chegaria de qualquer jeito. Mãe e filha são transportada para Auschwitz. Helga fica horrorizada ao ver a situação do campo de concentração. Totalmente diferente de Terezín. Sua cabeça é raspada, ela trabalha mais de 12h por dia, passa fome (ficava dias sem comer), sentia frio e etc.

"Estamos com vocês, amigos, tenham coragem, aguentem mais um pouco. Também somos prisioneiras, também desejamos voltar para casa."

Após de ir para Freiberg, começa os boatos de que a guerra acabaria e todos seriam libertados, pois os russos e os americanos estariam invadindo os lugares onde os alemães estavam. Helga em momento nenhum perdeu a sua esperança e viveu momentos de fugas onde teve até que dormir nos trens com mais de 50 pessoas. Ao chegar em Mauthasen, após de dias e meses de ataques aéreos frequentes, fugas, trabalhos etc, a guerra acaba e Helga está entre as pessoas que sobreviveram a guerra.

"... Lágrimas grandes e quentes rolam pela minha face. Lágrimas de alegria e de felicidade. Finalmente: Praga, a cidade pela qual ansiávamos. Finalmente estamos em casa."

Comentário

Demorei um pouco para terminar de ler pelo simples fato de ser triste demais. Como já tinha lido Anne Frank, eu fiquei lembrando dela também. Helga sofreu muito, perdeu a infância cedo, mesmo com toda a tristeza e escravidão ao redor, ela tentou ser feliz. Encontramos nele fotos de Helga e sua família, desenhos feitos por ela, mapas pelos lugares que ela esteve. Tem algumas palavras em alemão, mas, o tradutor colocou no final do livro significado de todas (o que me ajudou a entender melhor o livro). Livro fácil de ser lido e que toca muito nossos corações. Helga conseguiu sobreviver ao holocausto e hoje nos conta sua história.
Graziella.Martins 01/11/2017minha estante
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Lindsey 18/03/2017

Imperdível
Sim, a história de Anne Frank é muito triste e comovente, mas convenhamos, ela passou toda a Segunda Guerra Mundial escondida. Já Helga Weiss teve que encará-la de frente desde o início, sendo mandada logo de cara de um ‘campo de internamento’ para outro, sem saber qual seria seu próximo destino, sofrendo de diversas doenças causadas pela falta de higiene, pelo grande racionamento de comida e pelo péssimo tratamento do qual eram submetidos. Ao contrário de Anne, que viveu ‘protegida’ e foi pega no final, Helga esteve no olho do furação e conseguiu sobreviver, tendo a oportunidade de nos contar com detalhes um relato completo do que ela, e mais de 15 mil crianças, tiveram que passar no internamento de Terezín, na antiga Tchecoslováquia (sendo que apenas 100 delas chegaram com vida ao fim da guerra). Após três anos vivendo essa realidade desumana, ela fez uma tétrica peregrinação por campos de extermínio como Auschwitz, escapando por pouco da câmara de gás. Hoje, com 88 anos, Helga vive em Praga, no mesmo apartamento em que morou com os pais antes da deportação. Conto isso pra lembrá-los que nem faz tanto tempo assim.
* Confira minhas outras resenhas no Instagram @livro100spoiler

site: https://www.instagram.com/livro100spoiler
Luice 01/05/2017minha estante
Acredito que comparar o sofrimento de Anne e de Helga é desnecessário. Não?




Débora 28/05/2016

Um relato intenso de sobrevivência!
A fascinante história de sobrevivência de uma garota que precisou crescer antes do tempo e em meio à Segunda Guerra Mundial. Um relato emocionante sobre até onde o ser humano pode ir em prol de seus próprios interesses, massacrando seus semelhantes e sendo capaz de cometer as piores atrocidades imagináveis. Esse é O Diário de Helga, um livro que cativa ao mesmo tempo em que faz o coração se sentir pequeno demais para tanta dor; e que nos deixa frente a frente com inúmeros questionamentos interiores: somos da espécie suja e perdida na maldade que mata, mas também somos da espécie que morre todos os dias, e renasce das cinzas.

O cenário é o velho conhecido Holocausto, a tragédia que matou mais de seis milhões de judeus e que deixa suas cicatrizes expostas em nossa sociedade até hoje. O livro é um relato honesto e sentimental de Helga Weiss, uma garota judia que se vê obrigada a abandonar sua casa e partir para um campo de concentração com sua família. Enquanto vivia os piores momentos de sua existência, Helga manteve um diário do ano de 1938 até 1945, quando finalmente consegue voltar para casa com sua mãe após o fim da Segunda Guerra Mundial. Bem, "voltar para casa" é uma expressão gentil, uma vez que a própria autora explica que não havia mais "casa" para a qual retornar. Tudo estava perdido, devastado, a família estava incompleta e seria necessário começar uma nova vida do zero. Helga precisaria provar pela segunda vez o quanto estava disposta a viver. E assim, brilhantemente, ela o fez mais uma vez.

Além de ser um documento histórico interessantíssimo para compreender melhor a situação dos judeus na Segunda Guerra Mundial, o livro é um relato emocionante da vida vista pelos olhos de uma criança/adolescente que precisou crescer antes do tempo. Não há como não se emocionar com tamanho sentimento que nos é passado através das palavras de Helga, assim como também é impossível não se colocar em seu lugar e imaginar como teria sido se nós mesmos tivéssemos passado por aquilo. É uma leitura que realmente mexe com você e com o seu modo de pensar a respeito com o mundo.

[...]

Leia a resenha completa com fotos e opiniões no blog Amor Livrônico!

site: http://amorlivronico.blogspot.com.br/2015/10/resenha-o-diario-de-helga-helga-weiss.html
Lu 25/08/2018minha estante
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Elder F, 15/04/2013

Os inúmeros relatos que temos sobre os campos de concentração foram, em sua grande parte, perpetuados pelas sutilezas do mundo artístico. Os livros narram momentos de terror, os filmes destacam a fúria primitiva dos nazistas e outras diversas expressões artísticas retratam o que teria sido o Holocausto na Segunda Guerra Mundial. De alguma forma, essas obras acabam refletindo as experiências pessoais dos artistas que as conceberam. O Diário de Helga é uma dessas expressões artísticas e boa parte do seu conteúdo foi gerado durante sua estada nos campos de concentração. O livro, entretanto, não se detém apenas a narrativa escrita e algumas partes da história são relatadas por ilustrações feitas por Helga enquanto prisioneira dos alemães.

O Diário de Helga é uma compilação dos textos escritos por Helga Weiss durante o tempo em que ela passou nos campos de concentração. É comum histórias nessa temática na literatura, mas o grande diferencial do livro está na narrativa acontecendo sob a ótica de uma criança. Não há muita preocupação com estilo e, como a própria autora frisa nas primeiras páginas da obra, a redação é infantil e o estilo, prolixo, ingênuo. Helga, hoje com 84 anos, preocupou-se em mudar alguns trechos do diário antes que esse fosse publicado, mas ela afirma que nenhuma de suas alterações fez com que se perdesse a essência da obra.

Leia mais em: http://oepitafio.blogspot.com.br/2013/04/resenha-o-diario-de-helga-helga-weiss.html
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Vivi 23/04/2013

Histórias sobre a Segunda Guerra mexem comigo de uma forma que nem sempre consigo explicar, ainda mais quando são relatos de diários como o da famosa Anne Frank e como no "Diário de Helga". O fato é que é um pedaço da nossa história, da história do mundo, um pedaço vergonhoso e ainda sim significativo.

Ler relatos dessa época é como um soco no estômago, ler relatos de uma criança sobre essa época é ainda pior, pois vamos percebendo a perda da inocência infantil no correr das páginas, vemos no Diário de Helga, uma obra artística dotada de sentimentos infantis misturados ao medo, terror e a fúria dos nazistas. Cada dia relatado, cada desenho feito por Helga, mostra com perfeição as atrocidades cometidas durante o Holocausto e como muitos Judeus conseguiram sobreviver bravamente.

Helga começou a escrita de seu diário aos 8 anos terminando-o com aproximadamente 15 anos. O que mais impressiona durante toda a leitura do diário é a força que uma criança pode ter, a vontade de viver e de passar pelo que quer que lhe esteja reservado à frente para poder retornar ao convívio de seus familiares.
Esse diário também relata as dificuldades de readaptação à vida após a guerra, como foi para as famílias há tanto tempo cativas, retornar suas atividades comuns, recuperar os anos de estudo perdidos e simplesmente conseguir seguir em frente.

A editoração do diário está lindíssima, houve todo um cuidado por parte da Editora em levar à seus leitores um bom trabalho. A diagramação e a arte estão impecáveis, há ilustrações, fotos e cartas durante todo diário, um glossário e uma entrevista com a autora ao final.

[...] mas nós não demonstramos nossas emoções. Para que dar esse prazer aos alemães? Jamais! Temos força para nos controlar. Ou deveríamos nos envergonhar de nossa aparência? Das estrelas? Dos números? Não, não é culpa nossa, alguém se envergonhará por isso. O mundo é apenas um lugar estranho. Pág 63

O que esses garotos fizeram para serem tratados com tanta crueldade? Garotos de vinte anos, talvez menos. mandaram notícias para suas mães. E daí que tenham enviado mensagens ilegais? Como poderia ser de outra forma se o contato com familiares é proibido? Por isso foram executados. [...] Pág 78

Bjokas!!!

Resenha: http://migre.me/eedjL
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Sra. Hall 13/05/2024

Nossa, Helga...
Não sou muito fã desse tipo de leitura, pq me desperta sensações que não gosto. Mas são necessárias.
O que pegou demais foi quando ela fala sobre o pós, ninguém cuidou ou amparou, e quem não tinha mais lar? Teve que morar na rua, sob olhares de pena. E os que conseguiram a casa de volta, mas toda depenada, e teve que se humilhar pras pessoas devolverem as coisas(as que devolviam).
Indico muito, pois a Helga passou muita credibilidade nesse livro/diário.
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naniedias 22/05/2013

O Diário de Helga, de Helga Weiss
Intrínseca - 221 páginas
Um relato real e pungente sobre um dos períodos mais tristes da história contemporânea.


Título: O Diário de Helga
Título Original: Helga's Diary
Autora: Helga Weiss
Organizador: Neil Bermel
Tradutor: George Schlesinger
Editora: Intrínseca
ISBN: 978-85-8057-305-3
Ano da Edição: 2013
Ano Original de Lançamento: 2012
Nº de Páginas: 221
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Português: Amazon / Cultura / Saraiva / Submarino


Sinopse:
Helga era ainda apenas uma criança quando foi levada para Terezín, um campo de concentração na Tchecoslováquia. Aos oito anos havia começado a escrever um diário, que ainda mantinha aos onze quando teve que deixar Praga com o pai e a mãe. É este diário, no qual ela continuou escrevendo nos anos em que passou em Terezìn antes de ser enviada a Auschwitz, que o leitor tem a oportunidade de ler agora, graças a um tio da menina que conseguiu escondê-lo até o fim da guerra.


O que eu achei do livro:
Ótimo!

Para começar, não parece certo dizer que é ótimo um relato verdadeiro do holocausto. Simplesmente porque nenhuma palavra boa parece estar no lugar certo quando esta conectada a este assunto.
O que quero dizer é que a leitura d'O Diário de Helga é bastante esclarecedora e tremendamente perturbadora, não consegui largar o livro enquanto não cheguei ao final e mal pude dormir à noite pensando nos horrores narrados pela criança.

O Diário de Helga publicado pela Intrínseca é uma tradução da versão inglesa de Neil Bermel, que organizou os relatos de Helga, traduziu-os para o inglês, juntou a alguns desenhos da menina feitos também na época em que foi prisioneira e publicou, junto a uma entrevista com Helga* em um livro inédito. Alguns fragmentos do diário da garota foram publicados através dos tempos, mas não na íntegra como aconteceu nessa versão.
Segundo palavras da própria autora durante a entrevista concedida, esse assunto ainda é um grande tabu. Por muito tempo, ninguém quis nem ao menos falar sobre o que aconteceu naqueles anos de guerra e seu diário foi pouco requisitado, embora as pessoas soubessem de sua existência. Ela também afirma que hoje em dia muito se fala sobre o assunto, mas ainda não é da forma que seria ideal - há muita coisa que não é exatamente real, fala-se muito de coisas que não poderiam ter sido daquela forma e escondem-se outros detalhes.

A narrativa é bastante envolvente, como se fosse mesmo um diário. Ora a menina fala no passado (como se estivesse contando eventos dos quais se lembra) e ora no presente (como se os tivesse vivenciando exatamente no momento em que escreve as linhas do diário), mas sempre com muito sentimento, muita verdade, muita inocência.
Uma das coisas mais tristes de ler o relato de Helga, é ver como uma criança teve que se tornar adulta antes do tempo, vivenciar algo pelo que ninguém jamais deveria passar, sobreviver em condições insustentáveis. É impressionante ver a força de vontade daquelas pessoas, como o ser humano é forte e como a luta pela vida é maior do que todo os sofrimento pelos quais passaram.

As mazelas sofridas pela criança, pelos seus amigos e familiares doem no leitor. Não é possível ler esse livro sem se envolver. É impossível largar O Dário de Helga, então tome cuidado. Mesmo que você consiga interromper a leitura (em alguns momentos, o relato é tão forte que isso se torna inevitável), não conseguirá parar de pensar em tudo o que leu.
Não entenda mal, o diário da menina é mesmo uma narrativa de uma criança, não tem descrições tão pesadas, mas está tudo nas entrelinhas. Quanto mais você souber sobre o assunto, mais sofrerá com esta leitura.

E, se quer mesmo saber, o que mais doeu não foi ler sobre as dificuldades, não foi ler sobre as torturas, a fome, as condições precárias. O que mais fere é ler sobre os fatos do cotidiano - a menina falando sobre os maravilhosos presentes de aniversário, por exemplo; ou sobre o que conseguiu juntar para presentear a mãe no Dia das Mães; ou ainda o quanto ela e as amigas se esforçaram para juntar gramas de açúcar para fazer um doce; ou o seu namoro com um cara no campo de concentração.
Os eventos cotidianos com sua simplicidade são o que mais maravilham, no bom e mau sentido. Não é possível tirar da cabeça tudo o que li. Helga agora faz parte da minha vida!

Como já mencionado, a escrita da autora é deliciosa!
O texto não é o original escrito pela Helga menina... foi mexido pela adolescente que sobreviveu à guerra (quando voltou para Praga em 1945 e contou a parte final de seu relato contida nesse diário, já que não teve acesso ao diário enquanto esteve em Auschwitz e nos campos depois dele) e também pela adulta que datilografou as páginas manuscritas anos depois. Nem por isso, entretanto, algo se perdeu. Está tudo ali e o leitor sente que tem acesso ao relato daquela criança que teve que amadurecer em tão pouco tempo.

Além das palavras, Helga também utilizou imagens para contar o que via. E são ilustrações belíssimas! Não foi à toa que a menina se tornou uma grande artista na vida adulta, mesmo com a precariedade de sua situação no campo de concentração, alguns desenhos maravilhosos de Helga sobreviveram e estão reunidos nessa edição.
Além dos desenhos a lápis (em tons de cinza), a edição ainda traz em lâminas dezesseis pinturas a cores da época em que a menina foi prisioneira (todos os desenhos de Helga têm título, estão datados e possuem uma pequena legenda que explica o momento que retratam). A edição ainda presenteia o leitor com um mapa da região dos campos de concentração e um mapa do campo de Terezín, além de mais um grupo de lâminas contendo cinco fotos de Helga com sua família, dez fotos da época da guerra e duas lâminas com imagens de documentos de Helga e sua família daquela época (infelizmente, devido ao tamanho reduzido, não é possível ler tudo).

Deixo aqui avisado que o livro é pesado e que quem o ler não será capaz de tirá-lo da cabeça. Ao menos tempo, afirmo que essa é uma leitura imperdível, que dará uma visão diferente e realista de como foi a vida durante essa época tão dura.
Das quinze mil crianças que estiveram em Terezín, o primeiro campo de concentração para o qual Helga foi levada e onde passou mais de dois anos, calcula-se que apenas cem sobreviveram até o fim da guerra. Ler O Diário de Helga é um privilégio, uma tortura e uma obrigação! É necessário que saibamos e conheçamos a triste realidade dessa guerra que mostrou que o ser humano pode ser mais do que um monstro.


* Helga ainda está viva, mora em Praga, na atual República Tcheca, no apartamento onde passou sua infância antes da guerra. Casou-se, tem dois filhos, três netos e se tornou uma artista de grande sucesso. Com todas as palavras, entretanto, afirma que a guerra nunca a deixou e que sempre revive aquele tempo, sofre com aquelas dores. Compreensível, triste, doloroso.


P.S.: O livro chegou aqui em casa ontem e eu não pretendia começar a leitura agora. Mas quando fui folhear, já me senti envolvida pelas imagens e quando comecei a leitura, não pude parar. Não consegui dormir enquanto não terminei de ler o relato, tampouco consegui dormir depois por não poder parar de pensar em tudo o que havia lido.


Nota: 10




Leia mais resenhas no blog Nanie's World: www.naniesworld.com
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@ARaphaDoEqualize 27/06/2013

[RESENHA] O DIÁRIO DE HELGA
O Diário de Helga conta os relatos de Helga. Ela era apenas uma criança quando a guerra estourou e vivia em Praga com seus pais. Viu seus amigos se afastando, amigos sendo separados e famílias destruídas. A primeira parte do livro conta como foi viver em um campo de concentração em Terezín e depois como é sobreviver em um campo de concentração.

É um livro sensível, cheios de histórias pelas quais nunca imaginamos que alguém possa passar - como ficar sem banhar por dois anos - e ultrapassar. É uma relato cheio de sentimentos sobre uma menina que foi obrigada a viver na guerra, ser separada da sua família, lutar por alimentos e pela sobrevivência. Viveu situações horrendas e presenciou quantas pessoas sofreram e morreram no decorrer do caminho. Diversas vezes me peguei enxugando uma lágrima aqui e ali. Quando você sabe que o que está sendo relatado realmente aconteceu, a sua percepção de leitura muda totalmente. Você passa a imaginar o cenário e coloca pessoas reais ali, pensando que tudo descrito... foi real.


Apesar de não ser bem o meu tipo preferido de leitura, eu me interessei pelo livro porque às vezes precisamos de um choque de realidade. Precisamos saber que estamos vivos e em um mundo totalmente diferente. Que várias pessoas sofreram as mais terríveis dores, que não foram apenas físicas, mas que modificou seu próprio modo de ser. Vamos acompanhando os relatos de Helga de acordo ela vai crescendo: vemos uma criança se transformar em uma adolescente em meio ao caos e falta de amor, trabalhando arduamente, dividindo espaços minúsculos com milhares de pessoas, se alimentando pessimamente (quando tinham o que comer) e a perda de tudo: lar, família, segurança, dignidade.

Me envolvi bastante com a leitura pelo fato de ser primeiramente narrado por uma criança. Mesmo na tenra idade conseguimos distinguir a capacidade de detalhes de Helga e de mostrar através dos seus olhos o que observava. Algo muito explícito na narrativa é que apesar de ser apenas uma criança, Helga é muito inteligente e curiosa, então, creio que alguns detalhes deva - se a esses aspectos de sua personalidade. Ela conta como viveram, como foi passar datas comemorativas com outras pessoas, correr atrás de roupa para superar o frio, fingir não ser filha da sua mãe e a separação do seu pai, a pessoa que não voltou para casa quando a guerra terminou. Acompanhamos ela se transformar de criança para adolescente, experimentar o amor típico da idade em meio a situação turbulenta.


Esses relatos escritos em seu caderno, papéis soltos e o que ela encontrou pela frente foram guardados por seu tio. Ela ainda adicionou alguns fatos que ela lembrou de acordo foi relendo os manuscritos. E o resultado foi um livro cheio de emoções, sofrimento e uma bela história - no sentido de ser maravilhoso ler o relato de alguém que sobreviveu ao holocausto - contada por uma sobrevivente que muitas vezes pensou em desistir da vida, mas a sua vontade de viver era muito maior.

No final do livro, temos uma entrevista com a própria Helga. Mais uma forma de se emocionar com uma sobrevivente da guerra, que viu crianças sem pais chorando com medo de morrer, pessoas doentes e moribundas largas às traças, pessoas abusando do poder e a falta de compaixão e amor que falta em tantas pessoas.

Por que deveríamos ler mais um relato sobre o Holocausto?

Resposta de Helga: Principalmente por ser verdadeiro. Coloquei nele meus sentimentos, esses sentimentos são intensos, comoventes e principalmente verdadeiros. E, talvez, por ser narrado naquela forma um pouco infantil, é acessível, expressivo, e creio que ajudará as pessoas a entender aqueles tempos.

Eu gostaria de frisar que o trabalho gráfico da editora com certeza contribui para a leitura. São os próprios desenhos de Helga no livro, tratados com carinho e dedicação, com folhas especiais quando necessário e com traços impecáveis.

site: http://www.equalizedaleitura.com.br/2013/06/resenha-o-diario-de-helga.html
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Altamente Ácido 04/07/2013

Crítica: O Diário de Helga
O relato da artista plástica Helga Weiss é mais uma voz entre tantas que nos contam sobre os horrores do Holocausto e da perseguição aos judeus e não-arianos na época da II Guerra Mundial. Lançado no Brasil pela Editora Intrínseca, O Diário de Helga (2013) contém os registros feitos por ela, ainda menina, ao viver tudo isso.

Confira o restante da resenha em nosso site

site: http://www.altamenteacido.com.br/livros_hq/critica-o-diario-de-helga
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Zinha 15/08/2013

A inevitável comparação com o Diário de Anne
Bom, O diário de Helga remete-nos automaticamente ao diário de Anne Frank não só pelo título, mas pela temática.
Não quero trair nenhum dos livros ao dizer que um é superior ao outro. Em Anne, eu pude notar o quanto foi difícil se manterem escondidos, conviver com pessoas egoístas, não poder estudar e levar uma vida normal e digna como qualquer ser humano. Helga, por outro lado, me abriu ainda mais os olhos para as limitações e humilhações as quais os judeus foram submetidos, de como foram forçados àquilo e de como eles se resignaram sem demonstrar emoções — para não dar aos "alemães puros" o que eles queriam: a tristeza em seus olhos. Helga me trouxe a realidade de dentro dos campos de concentração, como era a organização, os hábitos alimentares, a proliferação das doenças, as mentiras frequentes sobre "transferências" para outros campos — que geralmente significava o extermínio dos "transferidos".
É um livro que, pelos seus relatos, implora que histórias como a dessa menina não se repitam. O legado desse regime que desconhece o respeito ao próximo, o direito à vida, a dignidade em todos os aspectos é nefasto e serve de lição para o futuro.

site: www.espelhodasmaravilhas.blogspot.com.br
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Raffafust 01/01/2014

Já perdi as contas de quantos filmes assisti falando sobre a Segunda Guerra Mundial e principalmente sobre os campos de concentração, também li muitos livros inclusive - e claro - o maravilhoso " O diário de Anne Frank". Ao me deparar com esse livro sendo vendido eu fiquei com muita vontade de ler, gosto de histórias reais mas nem sempre estou disposta para ler sobre a tortura que os nazistas faziam com os judeus durante os anos da guerra.
Foi por esse motivo que fiquei com esse livro alguma semanas no ipad antes de lê-lo. Ao começar respirei fundo, não sou judia, mas tenho amigas que são e fico pensando o quão horrível seria ver fazerem aquelas atrocidades com pessoas queridas e não podermos fazer nada.
Helga hoje em dia tem mais de 90 anos, no início do livro o autor que a ajudou a transformar em livro avisa o como o livro foi montado, Helga não havia colocado tudo em ordem e nem tinha como na época ela poder escrever no diário todo dia. Com isso, nem sempre a narrativa acompanha corretamente o momento que se passa e de um evento pulamos para outro. Mas isso não implica em nada, está tudo lá , desde a vida dela em dias normais indo a escola ao início da guerra sendo anunciada pelo rádio e todos somente esperando os alemães passarem em suas casas para serem levados a campos de concentração.
A menina que era filha única a princípio seu pai quase toda semana, depois foi ficando mais complicado, tudo é contado com detalhes, o modo horrível como eram tratadas ela e sua mãe, a morte das tias, fiquei impressionada em como em momentos que imaginei que as pessoas deveriam se unir elas eram muito egoístas, as judias que viviam com Helga e sua mãe muitas vezes só pensavam em si.
O desespero de Helga quando tinham chamadas para outros campos, a história começa em Praga mas elas logo são levadas para Auschwitz na Alemanha, onde haviam as famosas câmaras de gás e de onde ela acredita que seu pai tenha entrado e nunca mais saído.
Tudo está no livro: a onde de tifo, os cortes de cabelo , a falta de higiene de roupas apropriadas, uma maldade sem fim que nos chocará para sempre.
Diferente de Anne Frank , Helga felizmente sobreviveu e ela mesma escolheu o que iria para seu livro e o que não.
No final ainda tem uma ótima entrevista com ela feita em 2011 onde nos explicam aquilo que podemos ter ficado em dúvida durante a leitura. Maravilhoso!
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Nicole 13/01/2014

Emocionante
Terminei hoje a leitura de mais um livro fantástico: O Diário de Helga, que relata a vida da garota durante os
anos da segunda guerra e como conseguiu sobreviver aos campos de concentração. Helga começou a escrever seu diário com oito anos, quando a Tchecoslováquia, seu país, havia acabado de ser ocupada pelas tropas da Alemanha nazista - logo após começaria a perseguição aos judeus. Ela continuou a escrevê-lo quando foi levada com sua família ao campo de concentração de Téresin, em 1941, e seus relatos e desenhos, escritos nas folhas de um caderno, só sobreviveram porque seu tio os escondeu dentro das paredes dos prédios do campo. No começo do livro, o relato de Helga é simples, infantil, descrevendo todos os acontecimentos sob a visão de uma criança. Helga conta como foi quando sua cidade, Praga, fora tomada pelas tropas - quando ela não pôde mais frequentar a escola, quando seus pais perderam o emprego, quando não podiam mais fazer compras em lojas arianas, quando foram obrigados a usar sempre a estrela amarela de David, para mostrar a todos que eram judeus, e quando começou o terror dos "transportes" - famílias inteiras eram obrigadas a juntar seus pertences e partir para a estação, de onde eram levadas a locais desconhecidos.O relato de Helga é inocente, ingênuo, sempre positivo. Sempre achavam que a guerra iria acabar na próxima semana, no próximo mês, jamais imaginavam o horror em que estavam afundando. Conforme o tempo passa, percebemos na narrativa o amadurecimento da garota e o aprofundamento de suas reflexões. Certas partes chegam a ser até engraçadas, tal é a forma irônica e sarcástica que ela encontrou para tentar viver o horror em que se encontrava.

"Todos os pacientes foram transferidos, durante a noite, da escola junto à Bauhof, que até hoje servia como hospital; o prédio foi pintado e limpo, carteiras foram trazidas e, pela manhã, uma enorme placa brilhava à distância: Knaben und Madchenschule - "Escola de Meninos e Meninas". É realmente linda, como um colégio de verdade, porém faltam alunos ou professores. No entanto, esse inconveniente foi resolvido de maneira simples: um pequeno cartaz anunciando Ferien - "Férias".
Algumas partes do livro foram escritas após a guerra, conforme Helga se lembrava dos acontecimentos, mas não deixa de ser muito vívido. O livro é um relato emocionante, sincero e real. Indico esse livro incrível a todos. No final, também há uma entrevista com Helga, onde ela esclarece algo que sempre me deixou intrigada: o que aconteceu com os judeus após a guerra? Como retornaram às suas vidas? Se é que retornaram...

Achei muito bom!

site: http://amagia-doslivros.blogspot.com.br/2014/01/resenha-o-diario-de-helga-helga-weiss.html
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Renata (@renatac.arruda) 28/01/2014

O horror da guerra
Dividido em duas partes - a primeira escrita por volta dos onze anos onde narra o período pré-guerra até a estada no campo de Terezín e a segunda, escrita já depois da guerra contando sobre os meses passados em Auschwitz - O Diário de Helga passou por diversas revisões da autora ao longos dos anos (e ainda mais uma vez, pelo jornalista Neil Bermel que organizou a edição final inglesa - e me arrisco a dizer que tenha algum papel como ghost writer segundo indicações dadas pelo próprio nas Notas ao admitir incluir passagens, modificar frases etc.) o que trouxe prejuízo para a naturalidade da narrativa, principalmente na primeira parte. A escrita no tempo presente, admitidamente escolhida para "enfatizar melhor" a história, a inclusão de muitas perguntas dramaticamente especulativas e afirmações forçadas como "depois vamos ler nos nossos livros escolares" quando Helga mesma ainda não entedia direito o que estava acontecendo e na entrevista que acompanha o livro afirma que na época pouca atenção foi dada ao que aconteceu com os judeus durante a guerra, não funcionam para criar o clima de tensão e gerar empatia da maneira esperada. Por ser um recurso repetitivo, o leitor sente que muito está sendo gasto com pensamentos de Helga que nem mesmo eram os que passaram por sua cabeça na hora e pouco na história propriamente dita. O verdadeiro valor do registro está em percebemos o quanto de imaturidade e inocência ainda havia em Helga e como a situação evoluiu do absurdo mal trato para a completa perversidade que lemos na segunda parte do relato.

É a segunda parte que faz valer o livro. Ainda que oscile entre tempo presente e passado, aqui a narrativa de Helga se torna mais fluida e menos especulativa, de fato registrando os acontecimentos pelo qual passou em longas passagens. Ainda que este seja um assunto tratado por diversos livros, filmes e afins, percebemos honestidade no que Helga e nos conta e aqui é possível se emocionar com seu ponto de vista particular sobre a rotina no campo de concentração. Em Auschwitz, Helga percebe que teve "sorte"...

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