Ivy 11/07/2015Poético. Delicado. Triste. Tocante.São muitas as descrições que eu poderia dar à essa última parte da trilogia de Ally Condie. "Conquista" terminou deixando uma sensação boa, mas também saudades. Eu gostei da jornada de Ky, Xander e Cassia, como não amá-los? Houveram obstáculos no caminho, houveram momentos em que não gostei de Xander, achei que passava da hora dele "seguir adiante", houveram horas em que achei Cassia irritante, porque não conseguia entender como ela podia amar os dois, como ela poderia nunca se decidir concretamente por nenhum, e mesmo Ky, meu personagem favorito, também teve momentos difíceis para mim: impossível entender a situação dele com a Indie, eles não se conheceram por tanto tempo, não chegaram a ter uma história juntos, de onde surgiu um sentimento se ele amava tanto a Cassia? Sim, houveram coisas difíceis de entender, mas a verdade é que se um livro não colocar nossos sentimentos vez ou outra em conflito, que efeito ele terá sobre nós?
No geral, eu gostei muito de "Conquista" e de toda a trilogia. Não indicaria para fãs de Jogos Vorazes ou Divergente por exemplo. Não, a escrita de Ally Condie (semelhante à de Lauren Oliver em Delirium) é poética, plana, e para muitos até deve soar tediosa.
O começo do livro foi um pouco difícil até para mim que sou fã da escrita da autora. A mudança da Sociedade para a Insurreição, a praga, tudo foi retratado de um jeito tão plano, contido, muitas vezes por meio de poesia mesmo, que por certa parte do livro soou cansativo.
A história continua após a Cassia, Ky, Indie e Xander estarem em seus novos postos designados pela Insurreição, esperando o momento certo da queda da Sociedade, finalmente. Durante esse princípio de livro vemos os seus anseios e espectativas nessa espera. Como eles lidam com a distância uns dos outros, Cassia é designada para ser classificadora na Central, Xander está e um centro médico e Ky é um piloto agora, juntamente com Indie. Uma coisa que faltou nesse livro foram certamente mais detalhes sobre a "queda da Sociedade". A Insurreição, se aproveitando que a Sociedade perde o controle sobre a Praga, toma o poder. Porém eu achei que a autora falhou na falta de clareza como isso aconteceu, quando foi o exato momento em que um "golpe" foi dado e aqueles que estavam no poder caíram. Não vamos saber quem estava realmente no comando daquela Sociedade e o que aconteceu com os que a comandavam. Essa foi uma lacuna que ficou aberta e pôde ser percebida na história, dentre outras ainda piores também.
Após a queda da Sociedade e a tomada de controle pela Insurreição, a Praga sofre uma mutação, a Insurreição perde completamente o controle e o caos vai se instalando, enquanto os cadáveres se acumulam. O destino é entregue aos que uma vez foram rejeitados, e ao Curador Xander, à Poeta Cassia e mais adiante ao Piloto Ky. Ky acaba sendo infectado pela mutação da Praga (uma versão mais forte da Peste original) e passa uma boa parte do livro sem nos causar grandes emoções. Na verdade, nesse terceiro livro, Ky e até mesmo Cassia perdem o protagonismo dos dois livros anteriores e Xander rouba a cena. Eu diria que esse livro é uma descoberta de Xander e um tributo à ele. Finalmente Xander deixa de ser o outro lado do triângulo amoroso, o terceiro , para ser algo mais, para ter uma personalidade própria e que vem a superar Ky muitas vezes.
Ky é frio, centrado, plano, ele não se move por emoções, mas pela razão, pois os sofrimentos da vida e sua situação sempre oculta assim o ensinaram. Xander se permite ser sonhador, ele é intenso, por vezes até inocente. Eu achei que amasse Ky e que não haveria par mais perfeito para Cassia, até o livro 2 - Travessia. Mas após ler Conquista, me encontrei torcendo por Xander.
Ky era misterioso, contido, sofrido. Xander era leal. Xander era o curador, ele se doava o livro inteiro. Se doava por achar a cura de uma praga que destruia o que ele esperava ser a libertação. Se doava por uma garota que amava outro. Se doava por aqueles que amava e até mesmo pelos que pouco conhecia. Só posso concluir que: o mundo precisa de mais "Xanders".
Ky conseguiu andar para trás literalmente nesse livro. Ele não chega a ser desleal, mas eu tive dificuldades em entender e até aceitar seus sentimentos por Indie, isso depôs contra o Ky, para mim. Indie foi a única personagem que eu realmente não gostei. Desnecessária, difícil de compreender, difícil de gostar. Poderia ser ela , e não Vick, a ter ficado para trás em "Travessia".
Conquista se trata de uma jornada, a história de uma sociedade regida por opressão e regras, que se vê liberta (ou não?) e tenta encontrar seu rumo novamente, em meio à tantos percalços quando se é possível em tempos difíceis. É uma jornada de crescimento para Xander e Cassia como personagens e embora Ky não tenha chegado aos pés dos dois primeiros nesse terceiro livro, obviamente ele continua sendo Ky e tudo que já foi conquistado por ele no coração dos leitores ao longo dos outros dois livros não passa em vão. É muito legal voltar atrás e lembrar dos personagens no comecinho de "Conquista" e descobrir o quanto eles foram amadurecendo, conforme as páginas se passavam como o tempo da nossa vida correria também. "Conquista" é como dançar uma valsa, a riqueza dos detalhes...como assistir um ballet, a delicadeza de cada movimento e para chegar ao resultado final você precisa acompanhar esse ritmo poético, se deixar levar por ele. Eu recomendo esse livro para aqueles que se sentiram empolgados com essa resenha. Achei essa resenha mais poética do que qualquer outra, efeito do livro provavelmente, e se essa resenha te deu a curiosidade de ler o livro, se joga nele amigo (a), a parte boa dos livros é que nós nunca temos nada a perder!
Fica aí a minha resenha e a minha dica!
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