O outro pé da sereia

O outro pé da sereia Mia Couto




Resenhas - O Outro Pé da Sereia


47 encontrados | exibindo 16 a 31
1 | 2 | 3 | 4


Diego Vertu @outro_livro_lido 13/06/2021

Uma viagem à África antiga e atual
Em 1560 o jesuíta português deixa a cidade de Goa, na Índia, para cristianizar o mítico reino de Monomotapa, na África. Na nau, é levado a imagem de Nossa Senhora, no decorrer da viagem, a imagem aparece com um dos pés decepado.
No início do século XX, O burriqueiro Zero Madzero e a mulher Mwadia encontram a imagem da Santa nas margens de um rio. Um advinho recomenda Mwadia ir até Vila Longe encontrar um bom abrigo para a Santa para evitar consequencias por terem conspurcado o espírito do rio. Saindo de Antigamente em Vila Longe Mwadia reencontra sua família, uma cidade preparada pra receber uns estrangeiros e então Mwadia terá que entender quando história do passado e do presente se cruzam achando assim o devido lugar a sua santa.
.
O autor desenvolve uma narrativa cheia de lirismo e magias, uma reflexão sobre a África Moderna e sobre a história do povo moçambicano focando nas crenças e magias destes povos. Alterna os capítulos do passado e do presente deixando a leitura fluida cheio de frases reflexivas. Adorei como o autor contrapõe a religião cristã com a religião africana. Um livro com muitos significados encanadores que Mia Couto nos presenteia. Eu recomendo a leitura.
comentários(0)comente



Gaby 08/05/2021

Uma obra de muita profundidade. Cheia de elementos históricos e culturais africanos. Repleta de frases fortes , trechos simbólicos e poéticos. Vale a pena pra quem gosta de leituras mais profundas.
comentários(0)comente



isabelfilardo 16/04/2021

Uma viagem
Passado e presente, viagem para e desde África, travessia entre céu e terra, vida e morte. Dois lados se entrelaçam neste romance de Mia Couto. A sensação de que há muito sobre a África por descobrir.
comentários(0)comente



Sara Sousa 25/03/2021

Conexão entre tempos
Esse livro é muito bom!
Nele, Mia Couto traz uma conexão social entre passado e presente em Moçambique.
Histórias de vida se unem de forma a trazer ao leitor uma visão crítica sobre a época do colonialismo na África.
Além da questão racial, o autor escreve sobre a violência doméstica a mulher, uma das reflexões sobre a humanidade que é retratada.
Mia Couto também traz visões de personagens de diversos países, como Estados Unidos, Brasil, Portugal e Moçambique. Ele retrata em todos africanidades marcantes de uma história em que todos tem a mesma origem.

Amo Mia Couto e sua escrita que une realidade e fantasia. E este foi mais um livro que amei!
comentários(0)comente



Thami 27/02/2021

Poesia na água
A narrativa é bastante poética e vai nos levar com Mwadia de volta às suas origens na vila em que cresceu onde muita coisa vai acontecer (ou não!) haha o livro por vezes é confuso e aberto a interpretação.
comentários(0)comente



Marisol 21/12/2020

O outro pé da sereia
A história remete a uma santa, Nossa Senhora, também chamada de Kianda e Nzuzu, cujo um dos pés é partido. A história se passa em dois tempos, 1560 e 2002. Apesar do centro ser a imagem, que é transportada no século 16 para converter um imperador ao cristianismo, e no século 21 para ser levada a um altar, em uma igreja, Mia Couto exalta a cultura moçambicana, inclusive no vocabulário, além de temas como a escravidão dos negros e o preconceito religioso. Com várias histórias cruzadas, Mia consegue ser cômico, crítico e poético. Haja frases impactantes nesta história.

As metáforas e o lirismo, que também aparecem nas falas dos personagens, são sensacionais. Segue um trecho: “Esta poeira não vem da terra mas dos anos. Temos medo do pó porque é uma prova de que o Tempo existe e nos vai tornando obsoletos, quase minerais”. Este é o segundo livro de literatura africana em língua portuguesa que leio (a primeira foi Mayombe, do angolano Pepetela); uma forma de entrar em contato com a cultura que também conversa com a nossa.

site: https://www.instagram.com/marisoldeandrade/
comentários(0)comente



Chele 09/08/2020

É um livro com personagens muito ricos, entrelaçando as relações entre portugueses, negros e indianos é revelada aos poucos quase como uma condução de uma nau. O autor faz um ponte literária entre passado e futuro, fazendo um desenho crítico, triste e cômico.
comentários(0)comente



Caio 06/10/2019

O tempo é um dos deuses mais lindo
Sim, realmente ele é! E acredito que ele também tem a capacidade de nos tornar tão belos quanto... depende das nossas escolhas.

Talvez eu precisava de mais tempo para ler esta obra do Mia Couto. Não digo tempo, marcador do cotidiano, mas o Tempo que nos faz ser mais belos e mais suscetíveis a enxergar a beleza imperceptível pela juventude e vontades modernas...

Minhas resenhas não são e nunca terão a pretensão de descrever os fatos dos livros, não é pudor ?sem spoiler? é só que não me sinto capaz de sintetizar. Defendo a experiência de conhecer, e deixar explodir os sentimentos, sejam eles quais forem.

Como disse, acho que não estava pronto para ler esta obra do Mia Couto. Isso está longe de significar que a obra é ruim... é porque trata de uma profunda beleza mística. Não é um livro difícil ou trabalhoso para ler. É incrível como duas histórias temporalmente distantes se encontram, como é bom ler realismo fantástico.

Não estou dizendo que tem que ter uma idade certa para ler O outro pé da sereia, o que digo é que no meu caso, daqui um tempo, eu terei a beleza necessária para observar com mais cuidado as belezas dessa obra.
comentários(0)comente



Malu 17/06/2019

O Outro Pé da Sereia
Mia Couto, a cada nova obra lida, me surpreende em sua sagacidade e realismo fantástico.
O livro aborda 2 momentos da história da África dos Sécs. XVI e XXI, e supera na organização de 2 mundos tão distintos e tão iguais. Para conhecer esta trama maravilhosa, impactante e q nos deixa em transe, só acessando a msm.
Recomendo a leitura pra ontem!
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Valério 20/07/2017

Superando expectativas
Antes de ler "O outro pé da sereia", havia lido "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra". Havia gostado bastante. E esperava algo parecido ao ler "O outro pé da sereia". Engano crasso. Este é ainda melhor. O realismo mágico, a atmosfera lúdica, a brincadeira linguística aqui se mostraram mais fortes, explorados no limite, com um resultado delicioso.
Personagens que se perdem em seus próprios devaneios. Fantasias que se misturam à realidade. E, o tempo todo, fica a dúvida se a narrativa trata da realidade ou do desvario.
Li este livro por sugestão de uma amiga do Skoob. Fica o agradecimento: Flávia Mel, este livro perduraria por não sei quanto tempo na minha estante, aguardando ser selecionado para leitura.
Antecipei e tive uma mistura de Saramago (na brincadeira com a língua portuguesa) e Garcia Marquez (realismo mágico).
Desses livros que, assim que terminamos, queremos imediatamente ler de novo, entender pontos que nos confundiram, sentir mais os personagens.

O racismo é abordado de uma forma tão original, uma visão de mundo tão desenvolvida, que pouco se vê por aí. Nada do vitimismo escandaloso que se prega aos quatro ventos e que um raciocínio pouco crítico e baseado em estudos superficiais ajuda a difundir Brasil e mundo afora.
Certamente, desses livros que não podemos passar a vida sem ler. Já saudoso de vários personagens: Zero Madzero, Matambira, Jesustino (e seus vários outros nomes), o malandro Casuarino, e o meu favorito: Mestre Arcanjo Mistura, com suas teorias conspiratórias e cultura acima da média.
Livro que esperará sua certa releitura, qualquer dia desses. E que elevou Mia Couto em minha categorização literária.

Flávia 22/07/2017minha estante
Ah! que delícia de resenha, Valério! Que prazer saber que fui responsável pela antecipação da leitura desse livro que está entre os favoritos dos meus favoritos!




Rub.88 12/05/2017

Voltas em Torno da Arvore do Esquecimento
A busca do particular passado próprio e dos antepassados longínquos para reconhece-se no espelho, entender os traços leves do rosto, as comissuras amargas da boca, as rugas precoces da testa larga, os olhos acostumado a ver o vazio da vastidão, a cor da pele que lhe dá algo que nem sabia existir entre os humanos; Uma raça...
O outro pé da sereia, do escritor moçambicano Mia Couto, conta sobre dois momentos narrativos separados por séculos, mas não plenamente distintos um do outro.
Num período do enredo, algo cai do seu céu e acaba indicando bem indiretamente o lugar de uma estatua de Nossa Senhora a um pastor de cabras. Então, o pastor que se chama Zero Madzero e sua mulher Mwadia Malunga, que moram isolados no meio do mato, levam a imagem a um adivinho que os orienta a procura um lugar sagrado apropriado para depositar a efigie da Virgem. A estatua tem um defeito, falta-lhe um pé. Zero Madzero por razões ocultas não quer ir mais a vila e fica a cargo de Mwadia levar, sozinha, o objeto de culto ao povoado que é o mesmo onde nasceu.
Na outra parte da estória conta-se como a imagem viajou a navio de Goa, Índia, para Moçambique. Benzida pelo próprio Papa e sobre os cuidados de um membro da Companhia de Jesus, Nossa Senhora atravessa o oceano índico num barco que transporta nos porões carga humana. E nessa viagem um padre, que escreve o diário de bordo, sente a fé lhe fraquejar. Uma emprega indiana de uma fidalga se encanta com um tripulante forçado, que tem como função tomar conta do fogo do navio.
No vilarejo, Mwadia encontra velhos conhecidos e familiares. A mãe engordou muito depois que a todas as filhas foram embora. O padrasto abandonou a profissão de alfaiate. Na parede da casa de infância estão os retratos dos ausentes, que na pratica são os mortos. Os personagens um tanto excêntricos do lugar tentam esquecer tudo que já aconteceu com eles e com o mundo. Porem a chegada de dois estrangeiros em busca de suas raízes africanas mostra que escavar esse chão preto não traz somente ouro escasso e pedras preciosas sangrentas. O que mais aflora são ossos escurecidos e relíquias forjadas.
A estatua, já manca e sangrado, chega à costa do império monomotapa onde o mambo local quer que a imagem fique por uma noite no seu quarto, e também que ser batizado. A recusa do clérigo para o segundo pedido faz desencadear eventos que levam a Nossa Senhora a ser abandonada no meio da floresta, onde será encontrada quase 400 anos depois...
Pode parecer que contei a estória toda, mas o foco das linhas escritas por Mia Couto, que foi mantido no vocabulário original do português moçambicano, esta na vergonha, no ressentimento, no sincretismo, no desespero calado, nas lagrimas secas por um passado horrível e da duvidas sobre o modo que se vive a vida.
Talvez o livro sofra com os excessos de aforismos e pelo final dubio, porem a leitura de O outro pé da sereia foi prazerosa.
comentários(0)comente



isa.dantas 11/12/2016

Esse livro acabou comigo. Passarei alguns dias refletindo sobre.
Ana Lúcia 19/03/2018minha estante
Senti o mesmo.




Day 03/12/2016

“Na figura do curandeiro, ele confirmava como era triste uma terra em que o dormir não difere do morrer”
O outro pé da sereia é dividido em duas partes que são intercaladas ao longo do livro:
fatos acontecidos em 2002 em Moçambique e fatos acontecidos por volta de 1560.
Nos capítulos que contam a história em 1560, temos a narração de um grupo de
pessoas que viajam de Goa até Moçambique e nos capítulos de 2002 a história dos
moradores de Vila Longe.
Diversos assuntos complexos e interessantes são apresentados no decorrer da narração
das duas histórias, assuntos estes que nos passam uma ideia das influencias da
colonização, da escravidão e da religião em África.
A igreja e suas imposições são amplamente abordadas ao longo da história,
principalmente as imposições da igreja católica em relação a conversão e abandono das
religiões africanas, ora trabalhado com pesar, ora com ironia.
Um ponto interessante da obra é a grande quantidade de palavras de diferentes línguas
que são apresentadas ao longo das histórias e que tem seus significados apresentados em
notas de rodapé.
Entre os temas trabalhados, encontramos também a desigualdade social e as relações
de poder, dentre estas, o patriarcado é muito apresentado. A mulher sempre presa às
suas tarefas, reduzia ao papel de mãe e muitas vezes tratada como uma serva. Censurada
de pensar, de ser mulher, sempre impotente a reagir.
Além disso, o idioma também é muito bem trabalhado. A generalização feita pelos
portugueses ao pensar existir apenas uma língua em África e a real variedade linguística
presente no continente são exemplos de pontos trazidos pelo autor.
O racismo também é um tema muito bem apresentado e aprofundado na obra. Além
disso, a questão de “todos os negros são irmãos” também é trazida a tona. Daí, um
ponto que pode ser retirado é a crítica ao costume de reconhecer os danos colônia X
metrópole, mas ignorar os embates entre os próprios povos africanos. Escravos que
possuem escravos e têm o tráfico como forma de vida, guerras e a própria ideia de
negros racistas são alguns dos assuntos apresentados a esse respeito.
Tudo isso é trabalhado de maneira delicada e com muita poesia, escrita já espera de Mia Couto.
Deixo também algumas questões que eu mesma não tenho resposta. Talvez com mais uma leitura da obra eu consiga encontra-las, talvez...
Estariam os moradores de Vila Longe vivos? Seriam os mesmos personagens nas duas historias?

comentários(0)comente



47 encontrados | exibindo 16 a 31
1 | 2 | 3 | 4


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR