Marcos 19/05/2012
Dois santos aparentemente incompatíveis reunidos
No início de São Tomás de Aquino apresenta a chave para entender o inusitado paralelo que faz com um santo conhecido pela sua mansidão e relação com a natureza e com um santo conhecido pelo rigor filosófico que, como diz, converteu Aristóteles ao cristianismo. É possível fazer de qualquer homem um santo. Ambos lutaram contra o mesmo mal, um pelo lado da simplicidade, outro pelo lado da sutileza. Ambos lutaram contra um espiritualismo excessivo de origem oriental que fizeram com que o homem se afastasse do mundo gerando uma perigosa divisão.
São Francisco de Assis, o primeiro livro, trata da vida do santo mais popular e famoso do cristianismo, normalmente visto quase como uma figura estranha à própria Igreja, mas que como Chesterton mostra, era a própria essência da Igreja de Cristo à medida que foi a maior imitação de Cristo que já tivemos na Terra. São Francisco foi essencial para que o homem superasse a possível recaída no paganismo que o tentava com a influência das heresias do oriente, fazendo que livrassem dos últimos vestígios do culto à natureza para aceitá-la como irmã.
Mas é com São Tomás de Aquino que Chesterton se supera e escreve uma de suas mais inspiradas obras e nos dá a chave para compreender não só o porque São Tomás retomou Aristóteles mas porque essa retomada salvou a Igreja do perigo dos excessos dos Agostinianos, que caminhavam para uma espécie de vida espiritual pura que retomava o maniqueísmo. São Tomás reconciliou o cristianismo com o mundo real ao mostrar que essa estória não era nova, mas já havia sido exposta por Aristóteles. Ele não tornou o cristianismo aristotélico, ele converteu Aristóteles ao cristianismo ao mostrar que o sábio grego já havia descrito a realidade de um mundo criado por Deus.