O fantasma da infância

O fantasma da infância Cristovão Tezza




Resenhas - O Fantasma da Infância


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Alice 19/07/2014

Imprevisível
Se ao escrever o romance "O filho eterno", conhecido e adorado por muitos (inclusive eu), Cristovão Tezza revelou uma audácia e intimidade com as palavras muito bem construída e rara, em "O fantasma da infância" ele conseguiu demonstrar seu talento umas cem vezes mais. De um capítulo a outro a narrativa muda completamente, os protagonistas são alternados e tudo isso com um requinte incapaz de fazer com que nós, leitores, "boiemos" em suas andanças.
O livro trata-se da interligação de duas vidas, duas pessoas diferentes e ao mesmo tempo a mesma. Sendo mais clara, dois Andrés, Andrés Devinnes. Ora um André bem sucedido que tenta lidar com o aparecimento de um colega de infância que traz consigo um segredo capaz de transformar sua vida numa catástrofe, ora um André entregue à solidão e à mediocridade. Isso me fez criar muitas hipóteses, a mais forte sendo a que são a mesma pessoa, só que em tempos diferentes. Provavelmente o "André bem sucedido" constituía o passado do protagonista e o "André taciturno e solitário", o presente. Pra não dar spoiler, só digo que é um final realmente inacreditável. Me senti um pouco idiota após a descoberta, mas depois vi que realmente não teria como adivinhar, tendo em vista a tamanha perspicácia de Tezza.
Recomendo esse livro por demais. Você vai caminhar por momentos maravilhosos ao longo da leitura e quando chegar ao final, vai querer saber mais e mais sobre o autor!
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Paula 24/07/2012

O fantasma da infância
O romance é composto por dupla narrativa, com capítulos intercalados. A primeira, conta a história de André Devinne, um digitador de classificados e escritor frustrado, abandonado pela mulher Laura e que perdeu um filho. Entre uma digitação e outra, encontra um anúncio de “Procura-se um escritor”, claro que este não será publicado. A encomenda literária é uma biografia de um homem no ramo de negócios paralelos, que precisa deixar seu legado aos pobres mortais. Porém o escritor decadente precisa fazê-la em cárcere privado.

Na segunda, André Devinne, político, bem-sucedido, casado com Laura e pai de uma menina mimada. Mas para desestabilizar a rotina, eis que surge um fantasma da infância, um ex-presidiário que sabe muito sobre esse segundo André, ou primeiro?

Uma trama ágil e envolvente, que provoca o embate do leitor e as muitas dúvidas que circundam a obra. Aos poucos, Cristovão Tezza faz revelações, as histórias começam a se misturar, e descobrir qual é o verdadeiro André não será uma tarefa árdua.

O duplo é o eixo principal do romance, uma forma de se chegar ao sentido da vida, mas não em demasia. Uma obra marcada pelas perguntas, mas sem a pretensão de dar respostas.
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Leonardo 04/07/2011

História surpreendente
Disponível em: http://catalisecritica.wordpress.com

Comprei por acaso esse livro num sebo aqui em Aracaju. José Castello cita, em sua Oficina de Contos (vide post anterior), O Filho Eterno, de Tezza, e elogia muito o escritor. Por conta disso, assim que vi esse outro romance dando sopa, comprei-o. É um romance de poucas páginas 240 e que narra duas histórias que têm como protagonista André Devinne, escritor que já teve seu momento de glória e que agora chafurda-se na crise criativa, devido, principalmente, ao trauma insuperado de ser abandonado pela sua grande paixão, Laura.

Uma das histórias retrata essa etapa da vida do escritor, quando ele recebe um anúncio para publicação nos classificados onde trabalha: Precisa-se de escritor.

Ele acaba sendo recrutado compulsoriamente por uma espécie de gângster tupiniquim, desejoso de ter uma biografia escrita por Devinne.

A outra história retrata um tempo diferente na vida do escritor, quando ele ainda estava casado e recebe a visita do fantasma da infância, um amigo recém-saído da penitenciária e que guarda segredos perigosíssimos sobre o seu passado.

Trata-se de um livro muito, muito bem escrito. Percebe-se que o escritor sabe o que está fazendo: ele se utiliza de diversas técnicas, muda o foco da narração, alterna primeira e terceira pessoa, utiliza-se de páginas de diários, digressões, enfim: alguém que detém a técnica e o talento para escrever.

E a história? Para mim pareceu uma históriazinha boa que mudou completamente ao final. Não sei se eu sou distraído, mas é que eu não sabia NADA, absolutamente NADA a respeito desse livro, e li-o assim: página após página, sem nada esperar. Ao final o livro ganhou um novo sentido e o seu valor, para mim, foi multiplicado algumas vezes.

Cristóvão Tezza é, a partir de agora, um autor que sempre buscarei nos sebos.

Lição aprendida: há muitos, muitos autores nacionais (e locais) a serem descobertos. Mas o tempo é tão pouco para ler tanto
Alice 19/07/2014minha estante
ótima resenha, ao que parece, senti as mesmas coisas que você ao ler!




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