diegopds 29/01/2017
Dr. Moreau num futuro distópico
Grata surpresa conhecer este quadrinho em meio as minhas lamentações, pelo fato de a editora Nemo não trazer a obra de Moebius em cores, eis que Hip Flask traz não só cores, mas belíssimas artes, apoiadas por um roteiro interessante acerca de temas como bioética e doutrinação.
De início, me remeteu imediatamente ao bizarro filme "A ilha do Dr. Moreau" (baseado na obra de H.G. Wells). Não faltam também doses de "Admirável Mundo Novo" (Aldous Huxley), seja pela questão genética, seja pelo condicionamento social. Tudo isso unido a um excelente design de personagens e cenários, algo que fica mais claro ao ler no final da revista, que José Ladrönn tinha como objetivo trabalhar como pintor.
Após o final da história, temos uma galeria com 6 ilustrações, mostrando clara inspiração no filme Blade Runner, de Ridley Scott (o que não é nenhuma surpresa após ver uma singela placa "Edward James Olmos Expressway").
Trata-se de um prelúdio a uma publicação chamada "Elephantmen". Ao que parece, nada além disso foi lançado aqui no Brasil, somando-se à miríade de títulos abandonados em terras tupiniquins, para desgosto e frustração para os amantes da arte sequencial.
Acredito que a edição impressa, lançada no Brasil pela Nemo seja bem caprichada. Mas quanto à edição para Kindle, deixo o alerta: os balões muitas vezes tem um texto não muito legível; existem alguns efeitos em algumas páginas (nada de mais, apenas efeito highlight no quadro ativo); mas temos um dos maiores pecados: não é possível rotacionar a tela e ver as páginas duplas que formam uma única arte! Um tremendo desrespeito à arte de Ladrönn! :-(