Fernanda631 29/08/2023
Laços Inseparáveis
Laços Inseparáveis foi escrito por Emily Giffin e publicado em 24 de julho de 2012.
A vida de Marian Caldwell pode parecer o sonho de muitas mulheres: aos 36 anos, ela é produtora de uma série de televisão de sucesso, mora em uma cobertura em Nova York e tem um ótimo namorado que é um homem bonito, bem sucedido e que a ama – que, por acaso, é o CEO da TV para qual ela trabalha. Só que ela guarda um segredo que a atormenta todo dia, uma parte da sua vida que ela não divide com ninguém (só sua mãe sabe), um segredo que traz muitas lembranças, arrependimentos e vergonha.
Quando Kirby Rose, uma menina de 18 anos, bate à sua porta tarde da noite, Marian sabe que o seu mundo, que muitos (inclusive ela) acreditam ser perfeito, pode estar ameaçado. E é nesse momento que ela precisa descobrir se está disposta a admitir, encarar e, o mais importante, reparar os erros do passado.
Kirby sempre soube que foi adotada e nunca tinha tido problemas com isso, sempre foi muito amada pelos pais e pela irmã mais nova. Só que conforme crescia ela foi, cada vez mais, achando nela características e defeitos que nem ela mesma e muito menos os seus pais conseguiam explicar. De repente ela teve uma necessidade de saber quais foram as pessoas que a fizeram, de entender de onde veio para então entender quem era.
Em Questões do Coração e Presentes da Vida, ambos companion books de O Noivo da Minha Melhor Amiga, Emily Giffin já havia se mostrado capaz de “interpretar” vários de seus personagens. E em Laços Inseparáveis, a autora apenas confirma essa habilidade, uma vez que a história é contada em primeira pessoa pelos pontos de vista de Marian e Kirby. No entanto, nesta obra, o desafio pode ser considerado maior porque, além da “troca” de personagens, que acontece de um capítulo para outro, Emily precisou escolher bem qual parte deveria ser contada por quem – os ângulos se completam e, pelo que lembro, os fatos não se repetem.
Assim como em Ame o que é seu, em Laços Inseparáveis Emily fala sobre descobertas pessoais, passado, redenção e pessoas às quais pertencemos, que são, de alguma forma, o nosso lar. Neste livro, Kirby é uma menina deslocada que precisa encontrar seu verdadeiro eu para evoluir e achar o seu lugar; e Marian é uma mulher que, apesar de bem-sucedida, tem muitas questões mal-resolvidas escondidas em si mesma e precisa resolvê-las para que sua vida deixe de ser perfeita e passe a ser correta.
A adoção não é um tema muito comum em livros, assim como ter a família como tema principal, e nesse a autora aborda esses temas de forma natural e tocante, bem realista. Mas esses não são os únicos assuntos da estória, o que me encantou ainda mais foi que a Emily conseguiu colocar ainda em pauta a adolescência e as dúvidas comuns dessa época, o primeiro amor e a dificuldade de se aceitar, admitir as partes que você não gosta e não se orgulha de si mesmo.
Claro que a história em si não pode ser de chamada de comum, mas o seu desenrolar é perfeitamente possível e dentro da realidade, como todas as tramas criadas por Emily. Por isso, uma vez mergulhada no contexto, é fácil entender o que Marian e Kirby pensam e sentem – mesmo que a maioria de nós dificilmente vá passar por uma situação como essa.
Além disso, o ritmo da história é perfeito, mantendo os níveis de mistério sem deixar cair no tédio. Sobre o final, você provavelmente irá cogitar diversos desfechos e é bem possível que o verdadeiro fim esteja entre suas apostas. No entanto, ele acontece de forma natural, o que o torna justo e plausível, mas sem perder aquele toque especial.