@APassional 20/09/2012
Na teia do morcego * Resenha por: Rosem Ferr * Arquivo Passional
Humor e mistério na dose certa
De Gotham City from Brazil:
“Eu sou o cavaleiro das trevas e a cara da lei ganhou outro nome para sempre.
O meu nome: Batman !”
Será ?
Quem matou Abigail Aparecida Chaud ?
“...Agora, no duro mesmo, certeza eu não tenho. Pra dizer a verdade, eu acho que todo mundo tinha uma fissura de matar a Abigail. Até podia ser eu, vai saber, mas eu não morava ainda por aqui. Pensando bem, nem o André tá fora dessa. Sabe aquele amarelo dele? Bruxaria dela, meu! (KLOÓCT)”
Na teia do morcego, é uma "HQ de palavras", imagens codificadas pelos signos vão surgindo a cada parágrafo, brincando com nossa imaginação. Os sons são audíveis:
“CRUNCH CRUNCH CRUNCH”
“TCHCLICK VAPT KLOÓCT”
Diálogo seco, direto, cáustico, entre a prosa e a narração em estilo “noir”, própria dos contos policiais; Humor satírico, negro às vezes, nos diverte e envolve, deixando claro que o autor, Jorge Miguel Marinho, é sem dúvida um mestre das palavras.
A “Teia”, equivale a todos os meios de comunicação escrita, que ele criativamente explora no decorrer da trama, que repito, é muito divertida, leve, fluída e progressivamente, a cada página, aguça a curiosidade de penetrar mais e mais no mistério que envolve a morte de Abigail.
Os telefonemas anônimos são sensacionais, as ligações entre os condôminos tem momentos hilários, o ritmo que o autor estabelece entre as formas de comunicação é perfeito.
Desde a capa, já podemos perceber que Jorge Miguel é um mago das letras, paisagens gráficas ilustram a cidade, do amanhecer à noite profunda, pois, é no devaneio que o autor quer nos lançar, quando nos convida para passear por telhados, parques, ruas e becos escuros, do centro velho de São Paulo, que remete mesmo, à boa e velha Ghotam City dos HQ.
O livro é uma obra de arte, as cores das páginas relacionam-se ao conteúdo e à personalidade de determinadas personagens, bem como as fontes utilizadas, modificando-se mediante a visão “colour” gráfica das emoções.
As personagens são esteriótipos da vida real, todos com bipolaridades e segredos, que vamos desvendando, seja através da “teia” ou da luneta, que fica no apartamento em frente ao condomínio “Luz del fuego”, olha o nome do lugar!
São nestas imediações, que encontramos “Batman” e Hermann, que não é Robin, e descobrimos seus mais íntimos segredos, ao desfrutar da leitura do diário de um, e das gravações confidenciais do outro.
Na teia também tem romance: no diário, as confissões íntimas de Batman e seu amor platônico por uma mulher idealizada; nas gravações, o indiscreto Hermann, humoristicamente, faz revelações da vida secreta de todos os condôminos, do Batman e, não poupa nem sua própria intimidade, ao relatar suas aventuras, desventuras, fantasias e seu hot romance com Dede.
Somente nas últimas paginas os mistérios serão revelados, com um desfecho surpreendente e absolutamente criativo, tem até outro crime nos momentos finais da trama, cuja solução, remeteu-me ao fabuloso conto de Hoffmann “O homem de areia”, contudo, a grande sacada é a descoberta do assassino, nada óbvia, mas genial, que nos leva a crer que nada é o que parece ser.
Enfim, quer divertir-se, dar boas risadas, descontrair, testar seus dons de Sherlock Holmes? Esse é o livro, amei tudo nele, principalmente a Xaxá.
Me diverti Muito!
Interessantíssimo!
Super recomendo!
Kisses!
Rosem da Casa de Ferr.
Resenha publicada no Blog Arquivo Passional em 19/09/2012:
http://www.arquivopassional.com/2012/09/resenha-na-teia-do-morcego-de-jorge.html