Andrea 19/12/2012"Poderoso e perturbador, Wunderkind mistura terror, mitologia e mistério em um livro surpreendente de um autor de estilo inovador e visionário."
Eu não poderia concordar mais com essa descrição. É realmente surpreendente, com muito suspense, mistérios e cenas gore de terror total. Não li rápido, pelo menos não tanto quanto teria lido antigamente, mas me envolvi na história e aproveitei cada página, cada capítulo. Uma das minhas melhores compras e leituras desse ano.
Fiquei sabendo desse livro há pouco tempo, aqui mesmo no Skoob, e me interessei de cara. Detalhe que, quando li a sinopse, e mesmo depois, enquanto lia as primeiras páginas, achei que era juvenil. Ele até está classificado como YA, mas eu acho mais adulto que jovem.
Eu raramente pago preço de capa, mas bati o olho nesse livro numa livraria e não resisti, tive que trazer. E olha, valeu cada centavo gasto. A história é incrível, mesmo que eu não possa te dizer qual é. Assim, tem o Caius, tem o Wunderkind, teve a moeda e tem os demais personagens e a magia que não é magia, mas eu ainda não sei o que realmente está acontecendo. Não pra te explicar sem te contar o livro todo.
Inclusive, as pessoas me perguntavam o que eu tava lendo (isso depois de tentarem ler o título) e do que se tratava a história e eu respondia, "olha, eu tou quase na metade e não faço a menor ideia, mas é muito bom". Cheguei a pensar que tinha boiado, mas algumas pessoas que leram também estão na mesma. Só que, enquanto isso pode ser um defeito grave pra maioria, pra mim, isso foi só uma das várias coisas interessantes.
Wunderkind não é um livro certinho (apesar de ser linear), todo arrumadinho e com tudo explicadinho. Aliás, ele tem mais perguntas do que respostas. Muito mistério e nem tudo é revelado. Stephen King diz que não acredita em spoilers e que o importante de uma história é a caminhada e não o final. O que nós temos aqui é exatamente isso, a caminhada.
Foi criado todo um mundo novo e o autor vai te contando aos poucos sobre ele, mas não de um modo didático. E taí outra coisa que eu gostei, explicações ao decorrer da história, não necessariamente quando elas acontecem. Sabemos que a história se passa em Paris, mas não quando, apesar da sinopse dizer que é uma versão apocalíptica da cidade.
E os personagens... Um caso à parte. Uma boa parte deles é aterrorizante. De arrepiar. E muito difícil de imaginar pelas descrições [lindas] do autor. Aliás, eles protagonizam cenas tão chocantes que meu cérebro não assimilou todas. E o que ele assimilou é muito impactante e assustador.
Minha única queixa em todo o livro é a tradução. Eu sempre achei a Record (e seus selos) muito bons nesse quesito. Ela é uma das poucas editoras que ainda se preocupam com a qualidade dos livros e não só em ter um bom catálogo ou capinhas bonitinhas. A tradução e a revisão de Wunderkind até estão OK, excluindo o vocabulário usado. Muitas palavras que eu nunca tinha visto antes e algumas que nem no dicionário achei. Por exemplo, em apenas duas páginas se lê: amiúde, encastoada, lárices (que os tradutores automáticos reconhecem como lariços e faz mais sentido), calcetado, amplexo, maranha e elucubrações. Passei momentos tensos lendo e consultando o dicionário.
Mas resumindo: Wunderkind não é um livro feliz. Tudo nele sugere o contrário e acho que isso (e a falta de um casalzinho) são os principais responsáveis pelas opiniões negativas. Uma pena porque ele é muito mais do que isso.