spoiler visualizarCassia 21/01/2013
E, no final, a história até que se salvou...
Como o segundo livro melhorou, decidi ler o terceiro e, tenho que reconhecer, o autor conseguiu dar um final digno à sua saga dedicada aos elfos.
Neste volume, todos os desentendimentos foram resolvidos, e nossos herois se unem para combater o inimigo e sua ordem de fanáticos religiosos, que creem firmemente que os elfos - e toda e qualquer criatura mística - são emissários do demônio. Lógico que todos os componentes presentes no final deste tipo de saga estão lá: os herois e sua inabalável coragem; a união de povos completamente diferentes entre si em prol de um benefício maior; os sacrifícios abnegados; e o momento da partida definitiva, afinal, a era dos elfos e das criaturas místicas neste mundo acabou, e agora deve se iniciar a era dos homens.
Mas, por mais que todos esses clichês estejam presentes neste volume (e sem o menor medo de ser feliz), o autor sabe como escrever cenas de batalha. São muito bem feitas e empolgantes, e você se pega seduzido, viajando por elas. Um grande diferencial, talvez, tenha sido o fato de que a grande batalha ter acontecido gerações após o evento que iniciou toda a saga (devido aos inúmeros saltos temporais dados pelos aventureiros) e, por isso, a luta apresenta um período poucas vezes visto em cenas de batalhas épicas: aquele momento de transição entre o uso das armas antigas de lutas – como espadas, lanças e flechas – e as primeiras “armas de fogo”.
Um ponto da obra que me deixou dividida foi a “nova” morte do vilão, que foi tão broxante quanto a primeira. Afinal, reconheço ter o vício do romance épico, onde o vilão morre após uma luta bombástica soterrada de falas grandiloquentes, e ver uma morte tão “mais ou menos” foi uma coisa meio anticlimática. Mas, mesmo com seu corpo físico tendo morrido, ainda assim ele deixou como legado uma poderosa ordem religiosa completamente influenciada por suas diretrizes, e transmitindo sua filosofia para as próximas gerações; e, por conta disso, a terra dos Albos teve que se separar deste mundo, fechando suas portas para sempre para os homens. Ou seja: no frigir dos ovos, ele foi o grande vencedor – pela ardileza, e não pela força. Isso foi uma aposta arriscada para o escritor, uma sacada nada usual, que merece elogios.
A obra segue, mostrando alguns momentos muito relevantes, decisivos e tristes; mas tudo escrito de uma forma tocante, e, em muitos momentos, poética. A morte de Mandred, por exemplo, foi belamente contada.
E o grande evento aguardado desde o início da obra - o reencontro de Nuramon e Farodin com sua amada Noroelle – fica literalmente para o último capítulo. E você se pega muito puto com isso, afinal, depois de tudo o que eles passaram, apenas um será escolhido (e, putz, essa ainda é uma das regras de ouro dos livros épicos, a amada ficar com apenas um dos herois – threesome ainda não muito assimilado pelos leitores/escritores do estilo) – e ambos a mereciam, pois apenas a tinham em mente o tempo todo, e se dedicaram literalmente de corpo e alma a essa elfa que era o sonho de amor dos dois. E, para o que resta, o futuro não é nenhuma maravilha, deixando claro que nem sempre os finais são felizes, e que nem sempre fazer a coisa certa trará a recompensa esperada.
Ainda mantenho algumas das reservas que apresentei nos volumes anteriores: a falta de consistência ainda continua lá, agravada pelo fato de que muita coisa teve que ser encerrada às pressas e sem muita explicação para o encerramento. Um dos grandes pontos fracos da trama também foram os tais “saltos temporais”, que serviram como uma espécie de tapa-buracos para algumas situações meio mal elaboradas. Mas, entre mortos e feridos, a história se salvou.
E ainda mantenho meu ponto de vista original: esta não é ‘a história definitiva dos elfos’, e não se deixe impressionar pelos números grandiosos impressos na capa da versão brasileira do livro. Mas rende uma leitura razoavelmente divertida, se você não puser muita expectativa nela.