O porco-espinho

O porco-espinho Julian Barnes




Resenhas - O porco-espinho


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skuser02844 26/07/2023

O que pior? o que acredita apesar das provas ou o que finge que acredita?
Julian Barnes é um autor que eu estava em cima do muro em relação a ele. Li O Sentido de um Fim e adorei, se tornou um dos favoritos da vida e me fez querer ler tudo do autor. Ai quando fui ler Altos Voos e Quedas Livres e essa vontade desapareceu... Esse mês vi este livro por 11 pila na Amazon e pensei "hum... por que não?" e comprei, no escuro mesmo, quando ele chegou logo peguei pra ler, já que era curtinho e enfim, deu vontade, acabou que li ele completo no sábado, e foi um grande desempate, agora quero ler tudo do autor... de novo.
Neste livro vamos acompanhar o julgamento de Stoyo Petkanov, o ditador comunista de um país fictício do leste europeu, o livro começa com esse ditador já deposto e pouco antes do seu julgamento, nessa preparação para a audição vamos conhecendo um pouco mais sobre os personagens e sobre o país e sua história.
Stoyo ajudou o país a sair de um outro regime ditatorial, para a surpresa de ninguém aconteceu o óbvio, quando um comunista quer combater um regime ditatorial ele não quer restaurar a democracia, só quer ser o líder da ditadura... obviamente ele não fala isso, vai fazer todo um discurso meloso e mentiroso sobre democracia cheio promessas de inclusão e amor... parece familiar?
Enfim, logo sabemos que durante o tempo que Stoyo er... Governou o país, houve um tempo de crise, mais uma vez: surpreendendo um total de zero pessoas então agora que ele finalmente foi deposto o novo sistema está restabelecendo o país, que estava na miséria, com problemas de abastecimento e recebendo "ajuda" dos outros países que compartilhavam da mesma visão deturpada de economia.
O livro vai falar sobre as dificuldades de se provar os crimes de quem controla um país, todo mundo sabe que o ditador destruiu o país, mas junto destruiu toda e qualquer prova palpável disso. Vai falar sobre a certeza inabalável que esses monstros têm de estarem certos em suas convicções, sobre a insistência da mentira, negando a realidade.

"Eles me amavam - desabou inesperadamente - Meu povo me amava.
- Eles o odiavam. Temiam e odiavam.
- Disseram que me amavam. Inúmeras vezes.
- Se surrarmos alguém com um pau e o mandarmos dizer que nos amam, e continuarmos batendo, batendo neles, mais cedo ou mais tarde acabarão por nos dizer o que queremos ouvir."

Além disso o livro vai levantar o questionamento sobre até que ponto se deve ir para condenar alguém que sabemos ser culpado, será que devemos abrir mão da honestidade para conseguir justiça ou isso nos torna tão criminosos quanto aqueles que estamos querendo combater?
É um livro rápido, mas nos faz pensar, nos revolta e chega até a causar pânico.

site: http://hiattos.blogspot.com/2023/07/opiniao-o-porco-espinho-julian-barnes.html
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Stuart.bookster 28/01/2022

O porco-espinho, de Julian Barnes
O segundo melhor livro que eu li em 2021, simplesmente espetacular, a forma como retrata a queda do ditador, a forma como tentam incrimá-lo, simplesmente sensacional. O livro aborda a questão da relativização da justiça, a vontade popular da juventude contra os mais conservadores, do desejo de olhar para frente contra a necessidade de se olhar para trás. Incrível a escrita de Julian Barnes e a forma como descreve esse fenômeno. Uma das melhores coisas é a forma como o ex-ditador, agora derrotado consegue amedrontar o personagem principal que é o promotor, e, além disso, consegue descrever como se deu a queda fictícia do comunismo no Leste Europeu. Um livro fenomenal, é interessante o retrato emocional que o livro faz das pessoas, como cada uma reagiu ao julgamento, ao processo do fim do comunismo no país, a forma como eles reagiam e Barnes deixa isso vísivel, escancarado é espetacular. Amei cada página desse livro, cada segundo, cada capítulo.
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Gabriela 25/05/2020

Ótimo!
Este livro foi um achado entre tanta coisinha mais ou menos que há disponível no Unlimited. Já havia lido "O sentido de um fim" do mesmo autor e adorado, mas este livro é até melhor.

Um ex-ditador comunista vai a julgamento, mas as coisas não são simples como poderiam parecer. Embora ninguém duvide das atrocidades que foram cometidas durante seu regime ditatorial, faltam as provas concretas do que ele de fato autorizou. O julgamento expõe a hipocrisia do "outro lado", não há inocentes entre os que estão no poder.

A gente pode aplicar isto aqui no Brasil para falar da cegueira de certa gente em relação à ditadura militar. Alegam que não há provas ou que foi tudo pro BEM MAIOR contra o comunismo, que é exatamente o tipo de coisa que ditadores comunistas dizem (inclusive o fictício do livro). Também podemos fazer um paralelo com o julgamento de certo ex-presidente da república.

"O documento é verdadeiro, ainda que seja uma falsificação. E, ainda que não seja verdadeiro, é necessário."

Será que vale tudo para condenar alguém que a gente sabe ser culpado, mas não consegue provar? E quando quem acusa e julga também tem as mãos sujas?
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Eloiza Cirne 15/02/2020

Quem julga e quem é julgado...
O que é pior, o verdadeiro crente que continua a acreditar apesar de toda a evidência contrária da realidade observável, ou a pessoa que admite essa realidade e que, não obstante, continua a alegar uma condição de verdadeiro crente?
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João 05/12/2019

nada como o tempo para mudar certas imagens (ou não)
como conta a sinopse, este livro de julian barnes foi escrito no afã momentâneo do autor de compreender o processo de queda dos regimes socialistas do leste europeu no mesmo tempo em que eles decaíam (a publicação original é de 1992).
assim como qualquer objeto com o qual temos contato, ler o livro de Barnes faz rememorar nossas próprias tessituras ideológicas, nossos próprios pressupostos e convicções anteriores. não por acaso quem o leu em 2019 pode ter opinião muito diversa do que se resume a história de barnes quando comparado a quem o leu em, por exemplo, 2015.
não se impressione se, por acaso, o procurador do livro lhe lembrar certo ministro do atual governo ou se o julgamento do ditador narrado no livro lembrar certo processo ocorrido nos últimos anos no brasil. será, por óbvio, a ideologia falando em sua memória, assim como são as ideologias que movimentam os personagens deste livro que, se não fosse o momento oportuno da leitura, não deixaria muito mais lembranças.
mas talvez resida justamente aí o que mais me impressiona no que já li de julian barnes. mesmo que ditado em uma prosa simples, prosaica, suas historias são memoráveis não pelo que afirmam com todas as letras, mas pelo que fazem refletir tempos depois da leitura encerrada.
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Valério 29/07/2015

Comédia dramática interessante
A história gira em torno de um ex ditador comunista/socialista (regime da quase totalidade das ditaduras atuais) que governou um país imaginário durante 33 anos e agora seria julgado. Os personagens principais são o próprio ditador e o procurador geral do referido país, que é o chefe da acusação.
Neste ínterim, vemos o drama de um homem acostumado ao poder absoluto por tanto tempo ser agora tratado e julgado como um ser humano comum, o que é bom. O procurador tenta não deixar vir à tona o ódio pelo ditador, que é compartilhado por um grupo de personagens secundários que acompanha o julgamento pela televisão.
Alguns fatos da vida de ambos vêm à tona durante a narrativa.
É cômica a postura do ditador, embora trágica, de querer manter a sua grandeza. As mentiras e desculpas deslavadas em muito lembram as desculpas usadas pelo governo atual no Brasil.
O livro no fim me fez sonhar em ver o projeto de ditador nacional nas mesmas circunstâncias dentro em breve.
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