Coruja 16/11/2011Sou apaixonada pela prosa de Gaarder desde que li pela primeira vez O Mundo de Sofia. Essa paixão só fez aumentar exponencialmente depois de O Dia do Curinga (aliás, li esse para o DL do ano passado), que se tornou, sem sombra de dúvidas, um dos meus livros favoritos de todos os tempos.
Assim é que o escolhi como representante da categoria ‘contos’ no mês de novembro do Desafio Literário 2011. Mais que isso: escolhi seu livro de estréia, O Pássaro raro, de 1986 (ano do meu nascimento!).
Não demorei muito na leitura para perceber que estavam já presentes nesses primeiros contos as principais características da obra de Gaarder: a idéia de transcendência, o forte conteúdo filosófico e mesmo metafísico, o humano como centro e fim de todas as coisas, a capacidade de se surpreender continuamente com o mundo – tudo isso numa prosa simples e ainda assim cheia de simbolismos.
É curioso que o livro comece com um conto de caráter claramente distópico – num futuro em que não existe mais História, em que a humanidade vive dentro de casa, passando a existência diante de telas que contém todo o conhecimento acumulado – e segue para experiências mais místicas como os encontros e desencontros causados por um diagnóstico, personagens que tomam o lugar do autor, romance, drama e criação confundido-se em cada página.
Acredito que parte da apreciação que tive para com O Pássaro raro foi justamente reconhecer nesses contos esboços do que viria a seguir, identificando em seus personagens aqueles que já tinham me arrebatado antes.
É uma experiência curiosa, interessante, ser capaz de colocar lado a lado livros escritos pelo mesmo autor num intervalo de pouco mais de dez, quinze anos e se dar conta que, embora o estilo de narrativa tenha evoluído, se tornado mais fluido, o conteúdo sempre esteve lá.