Homem-Máquina

Homem-Máquina Max Barry




Resenhas - Homem-Máquina


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Bruno Leitor 26/04/2013

Homem-Másquina
''Quando criança, eu queria ser um trem. Não percebia que isso era incomum – as outras crianças brincavam com trens, não de ser um. Gostavam de construir trilhos e impedir que os trens saíssem deles. De vê-los passar por túneis. Eu não entendia isso. O que eu gostava era de fingir que meu corpo era composto por 200 toneladas de aço, impossível de ser parado. De imaginar que eu era feio de pistões, válvulas e compressores hidráulicos.''

Dr. Charles Neumann trabalha na empresa Futuro Melhor. Aparentemente é uma boa pessoa, apenas é antissocial. Mora sozinho, não tem amigos, vive longe da família e não namorou ninguém na ultima década, mas não consegue entender porque as pessoas se afastam dele.

Em um belo dia no trabalho acaba ocorrendo um acidente e perde um membro do corpo. A principio fica em choque, mas com o tempo vai percebendo que ele mesmo pode melhorar algo que a biologia o limita, então cria suas partes melhores: a Exegesis. Mais aperfeiçoado, autossuficiente, com wi-fi, armazenamento de dados, GPS, etc. Aos poucos começa a perceber que seu corpo é tão limitado quanto suas partes antigas apoiado pela empresa, que vislumbra lucros com projetos futuros de Neumann, começa a planejar a substituição de mais alguns membros. A questão é: onde essa história vai parar?


Não é bem o tipo de livro que eu leria, mas achei interessante o tema da crítica do autor, e após a leitura foi satisfatório ver pra onde caminha o homem quando busca aperfeiçoar e atualizar tudo o que possui.

No seu quarto romance, o autor mostra a vida de um homem sem interesse em convívio social, diversão, coisas simples da vida, mas sempre apontando defeitos na natureza e no próprio homem. E depois de conhecer uma mulher que poderia amá-lo do jeito que é, fica na dúvida se deve continuar se ‘’aprimorando’’ ou conseguir uma vida normal. O livro é cheio de reviravoltas e para uma crítica tem um bom final. Max Barry usa termos bem técnicos também o que nos deixa mais próximos do personagem, mas com um tom cômico e até piadas que dá gosto na leitura. Gostei e recomendo.

Estante de Carvalho
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http://www.oaksbooks.com/#!homem-mquina/cqbh
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Literatura 12/02/2013

Reconstruindo o ser
Geladeira, lavadora, notebook, celular, SMS, twitter, facebook... Diariamente, desde o momento que acordamos até a hora de adormecer, somos cercados pela tecnologia. Mais do que facilitar a nossa vida, otimiza o nosso tempo, permitindo que enchamos a nossa agenda com cada vez mais coisas. Tempo que, na verdade, se tornou um item cada vez mais precioso na nossa agenda, já que nos sufocamos diante do trabalho e dos deveres, esquecendo-se de deixar um espaço livre para os nossos quereres. Tenho medo é de que na verdade, em vez de ajustarmos o dia a dia às nossas necessidades, ajustemos o nosso corpo a precisar cada vez menos desses momentos de descanso...

Seria esse o nosso pesadelo tecnológico?!

É disso que trata Homem-máquina de Max Barry (Intrínseca, 284 páginas). Longe de ser uma comédia como as críticas afirmam, acho que o autor foi muito feliz em trabalhar com a ficção científica para criar mais que um livro, um alerta de como estamos sendo massacrados por aquilo que criamos. O livro é centrado na figura de Charles Neumann, um engenheiro que trabalha em um avançado centro de pesquisas, chamado ironicamente de Futuro Melhor. Numa ocasião, em que ele esquece acidentalmente o celular em uma das salas de pesquisa da instituição, ele sofre um acidente e perde sua perna! Muitos ficariam revoltados com isso, achando que sua vida acabou, mas não o nosso Charlie... Após ver todas as opções que Lola, a responsável pelas próteses do hospital apresenta a ele, nada mais justo que sua mente começar a trabalhar em uma nova ideia, melhor do que aquilo que foi criado. E assim ele cria uma perna cibernética única, capaz de melhorar a capacidade de movimentação ao seu ápice... Tanto que a perna humana que lhe resta não consegue acompanhar o que a sua "perna criada" consegue fazer. Sendo assim, porque não cortar a perna humana que lhe resta e contrabalançar essa ordem?

Veja resenha completa no site:
http://goo.gl/g14VZ
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Danilo Barbosa Escritor 12/02/2013

Reconstruindo o ser
Quer ver mais resenhas minhas? Estas e outras estão lá no Literatura:
http://literaturadecabeca.com.br

Geladeira, lavadora, notebook, celular, SMS, twitter, facebook... Diariamente, desde o momento que acordamos até a hora de adormecer, somos cercados pela tecnologia. Mais do que facilitar a nossa vida, otimiza o nosso tempo, permitindo que enchamos a nossa agenda com cada vez mais coisas. Tempo que, na verdade, se tornou um item cada vez mais precioso na nossa agenda, já que nos sufocamos diante do trabalho e dos deveres, esquecendo-se de deixar um espaço livre para os nossos quereres. Tenho medo é de que na verdade, em vez de ajustarmos o dia a dia às nossas necessidades, ajustemos o nosso corpo a precisar cada vez menos desses momentos de descanso...

Seria esse o nosso pesadelo tecnológico?!

É disso que trata Homem-máquina de Max Barry (Intrínseca, 284 páginas). Longe de ser uma comédia como as críticas afirmam, acho que o autor foi muito feliz em trabalhar com a ficção científica para criar mais que um livro, um alerta de como estamos sendo massacrados por aquilo que criamos. O livro é centrado na figura de Charles Neumann, um engenheiro que trabalha em um avançado centro de pesquisas, chamado ironicamente de Futuro Melhor. Numa ocasião, em que ele esquece acidentalmente o celular em uma das salas de pesquisa da instituição, ele sofre um acidente e perde sua perna! Muitos ficariam revoltados com isso, achando que sua vida acabou, mas não o nosso Charlie... Após ver todas as opções que Lola, a responsável pelas próteses do hospital apresenta a ele, nada mais justo que sua mente começar a trabalhar em uma nova ideia, melhor do que aquilo que foi criado. E assim ele cria uma perna cibernética única, capaz de melhorar a capacidade de movimentação ao seu ápice... Tanto que a perna humana que lhe resta não consegue acompanhar o que a sua "perna criada" consegue fazer. Sendo assim, porque não cortar a perna humana que lhe resta e contrabalançar essa ordem?

Bom, pode parecer louco para muitos, mas esse é o cerne da obra: como um homem-bicentenário ao contrário, onde um homem considerado comum (mas egoísta ao extremo) tenta se tornar um ser feito de carne e engrenagens, disposto a superar em seu corpo todas as falhas humanas em si. Com o sucesso das suas criações cada vez mais alucinadas, a indústria em que trabalha, visando lucros, começa a apoiar suas ideias, que parecem cada vez mais fugir de controle. Diante de seu mundo deturpado em se ver imperfeito, errado, humano, Charles entra em uma espiral sombriamente cômica, onde fica enciumado com cada coisa criada que não pode criar para si e, ao mesmo tempo, tem de lidar com seus sentimentos por Lola, que o mantém preso a sua humanidade.

Não sei nem ao menos em qual gênero definir o livro ou mesmo Charlie. Inicialmente ele parece um personagem saído de Big Band Theory, mas depois se adensa, entorpece, enlouquece. Meus risos foram morrendo no decorrer da trama e me deixando cada vez mais sóbrio. Mesmo a uma trama cheio de excessos (propositais, digo de passagem) ficava a imaginar qual á verdadeira capacidade humana de se autodestruir em busca dessa tecnologia que nos aliena. Muitas vezes tive vontade de bater nele e no modo como lidava com ambiguidade seu relacionamento com Lola, que o acompanha nesta jornada insana com louvor. Essa mocinha, que vê pessoas amputadas e suas próteses como verdadeiros heróis é um caso a parte na trama. Nos pega de um jeito diferente. Insano, como toda a obra, mas um pouco (na verdade, bem mais) humana e apaixonante.

O humor alfineta o livro todo, assumo. Mas de forma requintada, sem escrachar... Na verdade, Homem-máquina tem um pouco de tudo. Drama, ação, romance, muito sangue e surpresas... Muitas surpresas. Do começo ao final, o autor nos alerta, questiona, dá tapas na nossa cara e nos mostra o máximo que podemos chegar. E não digo isso no bom sentido.
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Arthur 01/12/2012

Inspirado? Memorável? Instigante?
Meu encontro com o "Homem-Máquina" aconteceu por acaso, eu estava de bobeira numa livraria quando me deparo com este livro, que havia um mês que tinha sido lançado. Inicialmente, a edição da capa me chamou muito a atenção, e logo em seguida, o título. Li rapidamente a orelha do livro, mas como sou fanático por ficção científica, não pensei duas vezes e comprei. Fiquei estufado de expectativas, o que,infelizmente, não pude evitar.

Cheguei em casa, deixei tudo para depois e comecei a lê-lo. Poucas páginas depois, as minhas expectativas começaram a desaparecer.

O livro é narrado em 1ª pessoa pelo personagem principal Charles Neumann, um engenheiro mecânico que parece ter nascido na sociedade criada por Aldous Huxley em "Admirável Mundo Novo", indiferente às naturalidades humanas, onde todos os outros seres-humanos são os "selvagens". As frases são curtas e ele não se apega aos detalhes, talvez, isso tenha sido uma estratégia estilística de escrita do Max Barry, para refletir a personalidade um tanto vazia de Charles Neumann, ou mesmo, a sociedade moderna e científica que detém da objetividade e clareza. Essas características logo me causaram um baque, pois eu acabara de sair do intenso transe que o livro "Duma Key" do Stephen King me causara, que, ao contrário de "Homem-Máquina", possuía uma escrita treinada e sofisticada, como também, um enredo profundo que se apegava principalmente aos detalhes.

Charles parece ser isento da "normalidade", possui uma personalidade bastante peculiar. Entretanto, não há explicações do porque ele é assim, ele simplesmente é assim. Louco. É difícil identificar-se com este personagem justamente pela falta de implicações e explicações de seu modo de viver e de pensar. Logo, o livro torna-se menos imersivo, e, junto com uma linguagem objetiva demais, deixa-o ainda mais introspectivo.

Não possui um grande enredo, na verdade, é quase um livro romântico muito estranho sobre um homem que respira tecnologia e de uma mulher que gosta muito de próteses e que numa estranha, mas não menos inoportuna ocasião, se apaixonam. E invés de uma vilã querendo roubar o homem, há as Contornos (as próteses que Charles constrói para si) que "adquirem" uma certa vontade própria e, de certa forma, impedem a felicidade do casal.

Dou três estrelas para este livro, pois a bonita edição da editora Intrínseca merece ser levada em conta, a coragem do Max Barry por ter escrito este livro também e o final que dizem ser espetacular (fiquei preso no capitulo 11).

Talvez eu esteja sendo injusto e, talvez, eu tenha criado um grau comparativo muito alto por ter acabado de ler um livro de alto nível como "Duma Key", mas definitivamente "Homem-Máquina" ganhou um lugar no Limbo dos Livros da minha estante.
Andrea 10/01/2013minha estante
Você não leu só o final pra ver o como terminava? É muito 'o que tá acontecendo aqui?'. Nem vou falar surreal porque o livro é ficção científica, então deveríamos esperar isso, mas achei meio nada a ver. Queria ter abandonado antes de ter perdido meu tempo.


Márcio Lima 16/09/2013minha estante
"Dou três estrelas para este livro, pois (...)"

Diz que dá três estrelas para o livro, mas marca apenas duas estrelas na cotação...

Vai entender...




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Gabi SN 29/11/2012

Nem homem… e nem máquina
Confesso que só nos últimos tempos comecei a ler a ficção científica escrita de lá pra cá, mas tive este mesmo sentimento de que “este livro não poderia ter sido escrito em outra época” com Homem-Máquina, de Max Barry.

Não é só pela temática que Homem-Máquina é um livro que só poderia ter sido escrito hoje em dia. Max Barry também usou das nossas tecnologias para escrever e ter ideias para a história. O primeiro rascunho da obra foi escrito durante 9 meses em seu blog, onde ele publicava uma página por dia e recebia opiniões e sugestões de seus leitores. No posfácio da obra, ele agradece vários deles e explica como o livro só foi escrito porque tinha essas pessoas o incentivando e dando ideias todos os dias (ele inclusive disse que usou algumas das sugestões na versão final da obra). A capa do livro foi escolhida, inclusive, numa votação com os “leitores-beta” da obra (as opções foram essas aí de cima, ganhou a número 5).

Eu realmente adorei o livro. Comecei a ler sem expectativas, porque não conhecia o autor e, como disse antes, não conheço muito da ficção científica que está sendo feita hoje em dia. Terminei completamente impressionada em ver alguém fazer com a minha época o que o William Gibson fez com os anos 80 em Neuromancer. Além disso, a história funciona porque o personagem é muito bem construído e até as decisões mais malucas e bizarras (além do final impressionante e aterrorizante) fazem sentido quando saem da cabeça dele.

O ser humano é imperfeito, falho e seu corpo não faz tudo o que poderia, será que esses são motivos para transformá-lo se tivermos a tecnologia para fazê-lo? O nosso mundo diz que sim. É só ver a quantidade de cirurgias cosméticas e padrões de perfeitos que nos são impostos. Além disso, a relação que temos com a tecnologia hoje em dia é, no mínimo, estranha. Lembra quando o William Gibson falou da fetichização dos aparelhos eletrônicos? Então, eu acho que chegamos ao ápice disso. Ninguém quer ter um celular, todo mundo quer ter um iPhone. O que conta não é o que o aparelho faz, mas o que ele diz sobre você.

Leia o texto completo: http://aestanteladecasa.wordpress.com/2012/10/30/nem-homem-e-nem-maquina-2/
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Isaías GO 14/11/2012

Homem-Máquina e a busca do "eu".
Homem-Máquina é uma viagem em busca do que significa ser "eu". Charles Neumman, o protagonista, é um engenheiro que trabalha num laboratório de alta tecnologia e que tem sérios problemas de relacionamento. Depois de uma acidente em que perde uma das pernas, Charles inicia uma busca por "aprimoramento", ou seja, substituir suas "partes" biológicas por "partes" artificiais de alta tecnologia.

A grande sacada do livro, em minha opinião, é: o que sou "eu"?
Falar mais pode estragar as surpresas, digamos apenas que o livro é narrado em 1º pessoa, ou seja, é um "narrador-protagonista" e alia o recurso discursivo a um frenético thriller de ação com momentos de humor ácido.

Em alguns momentos você tem vontade de implorar para que Neumman pare, mas ele não para...

Vale a leitura!
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naniedias 24/09/2012

Charlie é um engenheiro aficcionado por tecnologia e uma negação total em se sociabilizar. Por isso, quando perde o celular, ele fica muito apreensivo - como ele poderia viver sem o seu celular?
Ele não sossega enquanto não consegue encontrar o aparelho, mas quando finalmente o acha, acaba esquecendo que está em uma sala de testes com máquinas potencialmente perigosas. Um acidente acontece. Charlie perde uma perna.

O período passado no hospital não é fácil, mas as coisas começam a ficar melhores quando Lola - a responsável pelas próteses por quem Charlie prontamente se apaixona - traz as próteses para o engenheiro.
Quando vê o quanto elas são simplórias, sua mente inventiva começa a funcionar e ele decide que irá criar uma prótese melhor para si mesmo.

E é então que as coisas saem da linha, afinal de contas, um engenheiro acostumado com tecnologia e com o que há de melhor não pode se curvar às limitações impostas pela biologia, certo?!


O que eu achei do livro:
Eu ainda não consegui decidir se gosto ou não desse livro. Definitivamente eu tenho medo do Max Barry por ter pensado nessa história.

Na verdade, ele não pensou totalmente sozinho. Homem-Máquina nasceu como um projeto online, onde durante nove meses o autor postava uma página da história por dia e ouvia o feedback dos leitores - que ajudavam com opiniões e sugestões. Segundo o próprio autor, nem tudo foi acatado, mas mesmo as sugestões não utilizadas na história auxiliaram a formá-la de algumas maneira.
A versão final do livro, que foi publicada em papel, não é a mesma que foi publicada online - até porque a maioria das páginas foi escrita no dia anterior à sua publicação, o que não dava muito tempo para revisar o trabalho. De forma geral, ele define esse livro online como um rascunho para a versão final da história de Charlie.
Ainda assim, tenho medo de Max Barry.

A escrita do autor é muito gostosa e a leitura é super dinâmica! O livro flui e o leitor não resiste a ler mais um pouquinho - tentado a saber até onde Charlie terá coragem de ir. E ele vai longe, longe demais. Não apenas ele, mas Lola, Cassandra, Carl e Jason também.

Os personagens são bastante estranhos - quase caricaturas de estereótipos da vida real. A crítica que o autor faz à sociedade através de seus personagens e de suas atitudes extremistas é muito interessante. Ele critica a sociedade capitalista, que visa o lucro acima de tudo; a tecnologia sem limites; a inabilidade social.
E tudo isso recheado com um humor negro.

Sim, para mim é humor negro. Não posso negar que eu ri em vários momentos desse livro. Eu ri mesmo. Mas me senti culpada por estar rindo em tantos outros, justamente porque as situações são no mínimo bizarras.
O que o Charlie faz com o próprio corpo e as justificativas que ele tem... é até difícil falar sobre isso (principalmente porque não quero entrar em detalhes. Leia e veja do que Charlie é capaz). A história é contada em primeira pessoa por Charlie e, portanto, podemos vislumbrar tudo o que ele está pensando enquanto comete seus atos insanos, mesmo que ele tente se justificar.
Aqui fica um alerta: o livro não deverá ser lido por crianças, nem por pessoas fracas. A história é bastante forte, como eu mencionei acima, Charlie não tem limites e não hesita em fazer o que acha que vale a pena - mesmo que isso seja totalmente inaceitável de todos os pontos de vista pensáveis.

Em um primeiro momento, eu apenas achei que ele queria fazer coisas melhores. Aprimorar uma tecnologia - a das próteses - que não estava tão avançada quanto a ciência contemporânea (contemporânea ao livro, não há uma definição muito clara da época em que os eventos se passam... embora possa muito bem ser hoje em dia ou em um futuro muito próximo). Na cabeça dele é quase isso que ele está fazendo, só que ele ultrapassa o limite do que é lógico e aceitável (segunda a ótica de quem?! De qualquer pessoa exceto ele mesmo, Lola e Cassandra). Só para dar um gostinho do nível de insanidade do protagonista, ele resolve que a perna que ele não perdeu - isso mesmo, a perna boa - é uma limitação biológica da qual ele precisa se ver livre, porque as pernas que ele criou são obviamente superiores. Sério. Ele faz isso, quero dizer, cortar a própria perna para poder implantar a prótese que ele criou. Eu disse que era pesado e insano e bizarro.

Quão longe estamos dispostos a ir em prol de melhorias? De uma tecnologia mais avançada?
Confesso que não foi apenas o Charlie que me desconcertou. Seus assistentes com suas invenções - tal qual a Pele Melhor - também me deixaram atônita.
Será que realmente precisamos ir tão longe para tornarmos melhor frente ao que a sociedade considera melhor? E é uma boa saída recorrer à tecnologia desmedida para isso?

Sabe o que acho que realmente me assustou tanto ao ler esse livro? A probabilidade de que algo desse nível um dia se torne verdade.
Ok, talvez não o Charlie - ele é realmente demais.
Mas a Pele Melhor ou as Lentes Z são melhorias que eu imagino que estarão disponíveis no mundo em pouco tempo. E apesar de um pouco mais leves, ainda assim são bizarras.

A edição da Intrínseca ficou excelente! Acho que o tradutor deve ter tido algumas boas dificuldades para conseguir passar para o português um livro tão difícil, mas o resultado final ficou bastante agradável.
A capa é muito bacana e foi um dos motivos que me fizeram ler o livro. Mas agora que conheço a história sei que esse cara não é o Charlie. Ei, o cara é todo fracote, nunca teria aqueles braços e peitoral como estão na capa.

Max Barry escreveu uma ficção-científica como eu nunca havia lido igual. Personagens perturbados, tecnologias incríveis, atitudes extremistas - tudo deveras assustador! E cômico.
Divirta-se lendo Homem-Máquina e se pegue refletindo sobre que rumo os adventos tecnológicos estão tomando.
É preciso ter estômago forte para encarar o livro, mas até que vale a pena ler a história, mesmo que você vá odiar (e eu honestamente espero que odeia) Charlie e sua desumanidade.

PS: Quem é da área de tecnologia, como engenharia ou computação, com certeza irá entender os termos técnicos empregados pelo protagonista.
O mais engraçado é quando ele usa esses conceitos para descrever situações cotidianas.
Por exemplo, quando ele diz que tudo é um sistema e poderia acontecer um deadlock por causa de um saleiro. É hilário. Para quem está curioso, a situação "Deadlock do Sal" está na página 130.


Nota: 8
Dificuldade de Leitura: 6


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gleicepcouto 13/09/2012

Ser humano é ser imperfeito
http://murmuriospessoais.com/?p=4285

***

Homem-Máquina (Intrínseca) é o quarto romance do escritor australiano Max Barry. A obra começou como um apanhado de escritos que o autor disponibilizou em seu site - cada dia, uma página da série, e isso durante nove meses. A história foi aumentando, ganhando ar mais profissional, até que o próprio autor adaptou-a para torná-la um livro.

Homem-Máquina conta a história de Charles Neuman, um engenheiro que trabalha em um laboratório de ponta, chamado Futuro Melhor. Ele não é muito bom em fazer amigos ou em se relacionar com outras pessoas, mas, em contrapartida, entende tudo de máquinas. Por isso, certo dia, quando sofre um acidente no trabalho e perde parte de sua perna, não se preocupa muito. Afinal, poderia desenvolver uma substituta e muito mais arrojada para si.

Lola Shanks, que é especialista em prótese, o ajuda na fase inicial, de adaptação, quando Charles ainda andava com a ajuda de uma vareta. Ela, porém, passa a acompanhar a jornada do engenheiro em busca de aprimoramento, não só para a sua perna amputada, mas para outras partes do corpo que, aos poucos, deliberadamente, ele vai se livrando.

A empresa Futuro Melhor vê uma oportunidade de lucrar nesses membros criados por Charles. Algo grande poderia surgir dai. Mas ele estaria disposto a doar suas invenções para objetivos diferentes do que ele imaginou? Conseguiria viver sem suas partes-máquina, mesmo sabendo que suas existências poderiam se tornar um risco para as pessoas, inclusive para aquelas as quais ele aprendeu a amar?

Acho interessante como livros que tratam da mecanização do homem são os que mais fazem pensar em nossa humanidade. Adoro isso. É o caso desse livro. A fórmula não é nova, eu sei. Há outros livros sobre o assunto e podemos perceber algumas semelhanças aqui e ali. Mas não interessa. Max Barry conseguiu dar o seu toque pessoal em Homem-Máquina.

Barry deu vida a Charles, um gênio anti-social não satisfeito com as limitações de seu corpo. A cada upgrade, por assim dizer, nos defrontamos com suas ideias lógicas, mas estapafúrdias, tentando justificar a amputação dos membros em prol de uma versão máquina deles. Ao mesmo tempo, a sensibilidade de Charles aumenta, contraditoriamente, à medida que vai virando máquina. Ótimo paradoxo mostrando que não basta ser humano para agir como um.

Os demais personagens, principalmente Lola, são essenciais para a história de uma maneira que nos surpreendemos. De início, podemos ter a impressão de que só se tratam de personagens secundários, e de certa maneira, o são, mas eles ganham importância na trama e, como são bem construídos, tornam-se indispensáveis.

A história, por si só, já é louca, mas aos poucos torna-se surreal ao extremo. Não há limites para a cabeça de Max e ele não impõe, em momento algum, esse limite aos seus personagens. É angustiante acompanhar o desenvolvimento da história. Queremos que Charles pare, que ele perceba que é bacana do jeito que é. Mas como enfiar isso na cabeça de alguém que quer uma conexão wi-fi embutida em algum membro?

Apesar de ser narrado em primeira pessoa, por Charles, de forma alguma o livro é monótono. Barry conseguiu embutir certa leveza em assuntos sérios. Nos pensamentos de Charles há dilemas, humor, críticas, mas também, bem escondido, sentimentos.

Barry nos faz pensar na nossa dependência atual pela tecnologia e na importância exacerbada que damos a ela. Óbvio que não há mais como voltar no tempo, nem negar a importância de certos itens em nossas vidas. Mas temos que parar para pensar no quanto somos influenciados por isso em nosso dia a dia e até que ponto viramos reféns das novidades tecnológicas. Com uma ironia lúgubre e emoções tratadas de forma tocante, Max nos ajuda a aceitar as limitações que existem em cada um de nós. Ele nos mostra que ser humano é ser imperfeito.

Autor(a): Max Barry
Editora: Intrínseca
Ano: 2012
Páginas: 284
Valor: $25 a $35
Extra: Compre o livro AGORA!
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