Kennia Santos | @LendoDePijamas 10/12/2018"Eu sentia segurança no amor de minha mãe. Eu a amava, e ela, eu sabia, me amava. Ela o mandaria parar. Mas não mandou."Título: Não conte para mamãe (Don't tell mummy)
Autora: Toni Maguire
Classificação: 5/5
Aos 6 anos de idade, a vida de Antoinette mudou radicalmente. E de forma nada, nada positiva.
Sua vida era bastante tranquila, morava com sua mãe em uma casa em Kent, no Reino Unido. Ali ela tinha seu canto, carinho e a atenção que toda criança nessa idade precisa. Tinha também a companhia de sua avó materna, que lhe dava todo respaldo possível.
Seu pai sempre ficou distante por servir ao exército, e quando ele volta de forma definitiva é que tudo começa a desandar. De repente, sua mãe e ela se mudam para a Irlanda do Norte, onde reside a família de seu pai, sob a condição de que lá eles teriam uma casa própria e poderiam se reconstruir como família.
Tudo estava bem até que não estava.
Tudo estava bem até Antoinette descobrir que o reconstruir era, na verdade, destruir.
Tudo estava bem até seu próprio pai começar a aliciá-la, molestá-la e estuprá-la.
" -Não conte para a mamãe. Isso é um segredo nosso, Antoinette, você me ouviu?
-Está bem, papai. Não vou contar.
Mas contei. Eu sentia segurança no amor de minha mãe. Eu a amava, e ela, eu sabia, me amava. Ela o mandaria parar.
Mas não mandou." (p.55)
Aos 6 anos, Antoinette teve sua inocência roubada. Aos 6 anos, ela viu e sentiu coisas que ninguém nesse universo merece. Aos 6 anos, ela foi calada.
O livro "Não conte para mamãe", é baseado na história real da própria autora, Toni Maguire. Nele, ela relata com detalhes as experiências e situações horríveis pelas quais teve que passar ao decorrer dos anos.
"Eu sentia que, se contasse às pessoas o que estava acontecendo, elas nunca mais me veriam como uma criança normal e, por algum motivo, culpariam a mim." (p.167)
É um dos livros mais pesados que eu já li. Parei na página 50 e depois demorei quase uma semana para retomar a leitura. É um livro real e cru, mas também é um livro triste, chocante e revoltante.
"Eu queria minha mãe. Queria que alguém me dissesse que eu ia ficar bem. Queria que alguém me explicasse o que seria feito comigo, porque até então ninguém me havia dito nada. Acima de tudo, queria que alguém segurasse a minha mão. Eu estava tão assustada." (p.222)
Mas, particularmente eu não diria que é necessário. São inúmeros relatos reais e intensos, mas são descritivos e apenas isso. Nada de lições de moral ou alertas. Só leia se você se interessa MUITO sobre esse assunto e gosta de destrinchar sobre, porque é um livro que apesar de bem escrito, é agonizante do início ao fim.
"Eu não conseguia mais ver a vaga luz no fim do túnel escuro da minha vida. Ela simplesmente se apagara." (p.274)