Rafael 08/12/2017
Um relato equilibrado de uma figura complexa
Mahatma Gandhi é uma figura “conhecida” para muitas pessoas, mas o conhecem apenas de “ouvirem falar”. Nada além disso. Ele, na verdade, fora uma pessoa complexa em seu tempo histórico -, ambígua com seus altos e baixos. O livro desenha um personagem em busca de um dogma espiritual, mas que esteja ancorado com a política pública do país - por meio do ativismo não violento, sobretudo, pela causa dos menos favorecidos.
A sua trajetória começa não muito diferente de muitos; no seu caso, ele nasceu em 1969 na Índia; depois se formou em Direito na Inglaterra, passa mais um tempo na Índia e vai à trabalho para a África do Sul, em 1893. Chega ao país como um profissional do Direito, e é na África que ele começa a ter as primeiras percepções da discriminação de um imigrante indiano.
No continente ele começa a perceber a discriminação, e desse modo passa a engajar-se pela causa dos indianos em solo africano. Além disso, é na região que ele passa a aderir ao celibato, ao vegetarianismo e funda duas comunidades ligadas à terra, com um trabalho autossuficiente. Está, portanto, em uma fase de transição.
Em relação aos africanos do Sul, à sua visão não era tão idealista – como era para os indianos. Julgava-os seres inferiores, selvagens. A sua causa na África do Sul era, estritamente das minorias indianas no país. Gandhi era um homem como qualquer outro, com virtudes e defeitos. Era um homem de seu tempo.
Na sua volta à Índia, em 1914, a sua visão de mundo e as “suas causas” se ampliaram -, Gandhi passou o resto de sua vida em favor da abolição dos intocáveis, da união entre hindus e muçulmanos, da independência, e da autossuficiência econômica nas aldeias indianas.
Gandhi foi uma figura ímpar em seu país, dedicou-se de corpo e alma (literalmente) às “suas causas” em grande parte de sua vida, embora muitas vezes ”o meio” para se conseguir êxito estivesse equivocado. Ele era utópico demais, e muitas vezes não compreendia a dimensão da realidade.
Um de seus maiores equívocos foi na área econômica. Gandhi, em meio a um mundo cada vez mais industrializado, apostou no trabalho manual para os indianos. Uma jogada perdida frente à industrialização e as novas formas da divisão do trabalho. Queria combater o domínio do Império Britânico com ferramentas nada eficientes para a criação de riquezas para a população.
Mesmo com seus acertos e erros Gandhi acreditava em uma sociedade mais igualitária para os indianos, com menos conflitos sociais sobretudo com os muçulmanos. Queria uma hombridade para os intocáveis dando maior autonomia para seu povo. Lutou contra a violência e foi morto por ela – por um hindu. Gandhi a duras penas conquistou algum espaço para os indianos, além da independência do país, embora muitos dos conflitos que permanecem até hoje são praticamente intangíveis – pois são fruto de uma cultura muito enraizada e refratária a mudanças.