Zana 30/03/2016
Um testemunho do triunfo do espírito humano!
Rachel Nickerson vivia cada segundo de sua vida de forma acelerada. Era necessário que o dia tivesse mais de 24hs para conseguir equilibrar sua promissora carreira de vice-presidente de recursos humanos da Berkley Consulting e sua vida familiar. Seu marido Bob entendia perfeitamente, pois também viva sob a mesma pressão. Para o casal conseguir conciliar horários que permitissem dar a mínima assistência aos seus três filhos - Lucy, Charlie e Linus, tinham que decidir no jogo: "Tesoura corta papel. Papel embrulha pedra. Pedra amassa tesoura". Quem perdia no jogo teria que alterar seus horários para levar os filhos para creche, escola e atender as demandas urgentes. Geralmente Rachel perdia, e num dos raros momentos de sorte em que ganha no jogo sofre um acidente de carro a caminho do trabalho que lhe deixa com uma grave sequela, uma síndrome neurológica chamada Negligência Esquerda. A partir de então, a vida Rachel e de sua família nunca mais seria a mesma.
"Nunca mais Rachel" é um testemunho do triunfo do espírito humano sobre as limitações do corpo e adversidades da vida. Passar literalmente a ver e ter de se adequar a uma vida pela metade requer esforços inimagináveis para quem nunca sentiu na pele. "Olhe para a esquerda, examine a esquerda, vá para a esquerda", passou a ser o lema de sobrevivência de Rachel que precisou reaprender a se locomover, a ler, a controlar todo lado esquerdo inerte do corpo!
Algumas metáforas retratadas nos sonhos/pesadelos recorrentes vividos por Rachel antes do acidente, sugerindo que foi preciso Deus, o Universo, o Destino ou sei lá o quê acertar a cabeça de Rachel para ela finalmente abrir os olhos para os sonhos e detalhes significativos da vida que estava perdendo sob o peso de seu ritmo agitado de vida, sinceramente achei uma besteira. Se fosse esse o caso, então começaria a achar que Deus, o Universo, o Destino ou sei lá o quê seria um grande machista, porque senão teria que ter acertado também a cabeça do Bob, pois ele era igualzinho a Rachel.
Além da luta e superação da personagem e de sua família, o também bonito de se perceber foi que apesar do relacionamento e da vida loucamente acelerada do casal, Bob e Rachel se amavam e amavam os filhos. E mesmo que advinda de outra tragédia, a forma como uma segunda chance para o dar e receber perdão foi aproveitada entre mãe e filha. "Nunca mais Rachel" é um livro de fortes lições significativas. Recomendado.