Ressurreição

Ressurreição Leon Tolstói




Resenhas - Ressurreição


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Fabio Shiva 30/08/2010

Uma obra magnífica, verdadeiro patrimônio da humanidade!
A criação de um gigante, o fruto de uma grande alma que por uns instantes assumiu o nome de Leon Tolstoi.

É preciso que eu diga que “Ressurreição” chegou para mim precisamente na hora certa. Nem antes, nem depois. É curioso e lindo como a consciência vai selecionando os livros de que precisamos para nossa instrução e crescimento.

A história gira em torno de Nekliudov, um membro da aristocracia russa que passa por uma intensa transformação em seu íntimo. Tudo começa com uma coincidência. Nekliudov é chamado para ser jurado em um julgamento de assassinato. Uma das acusadas, a prostituta Maslova, é uma velha conhecida de Nekliudov, que reconhece em si próprio as causas que levaram sua conhecida a cair tão baixo.

Inicia-se a metamorfose espiritual do príncipe Nekliudov, que começa a questionar a normalidade e sanidade de tudo o que até então tivera como certo: as convenções sociais, as diferenças entre os homens ditadas pelo dinheiro, o sistema que legitimava o direito à propriedade, a sociedade que permitia e estimulava as pessoas a julgarem e torturarem seus semelhantes. Será que Nekliudov está ficando louco? Ou será que o mundo é que está louco, e só agora Nekliudov percebe isso?

“Ressurreição” não deixa de ser também uma história de amor, tão bela e inspiradora como eu ainda não havia lido. É um comentário corrente que os romances russos clássicos são abarrotados de personagens. Pode fazer parte do estilo russo, essa característica. Mas ao menos em “Ressurreição” enxerguei um brilhante propósito nessa profusão de personagens: à medida que vai se operando a transformação de Nekliudov, seu amor deixa de ser egoísta e centrado em um indivíduo, para se expandir para toda a espécie humana. E é assim que ele vai passando a se interessar pela sorte de cada ser humano que cruza o seu caminho.

O livro é também um comovente relato sobre a injustiça essencial que reside no âmago de toda “justiça” humana. Tolstoi mostra com genialidade essa absurda contradição, tão gritante e escandalosa, mas que parece ser invisível para tantos “sábios” magistrados de ontem, hoje e sempre. Não julgue, para não ser julgado. Quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra.

Algo que me chamou a atenção durante a leitura foi como algumas questões fundamentais foram perdendo a importância desde que o livro foi escrito (1899). Um ponto constantemente evocado na obra é o questionamento sobre o direito do homem à propriedade. O mestre russo coloca isso de forma simples e brilhante:

“A terra não pode ser objeto de propriedade privada, não pode comprar-se nem vender-se, tal como a água, o ar e a luz do sol. Todos os seres humanos têm o mesmo direito sobre a terra e tudo quanto ela produz.”

A impressão que tenho é que essa questão essencial foi “varrida para debaixo do tapete” da humanidade. O fracasso do comunismo como modo de produção gerou a errônea noção de que o capitalismo então é que deve estar certo! Ninguém questiona mais o direito à propriedade, parece que virou um tema cafona e ultrapassado. Na verdade o tema é tão evidente que, penso eu, basta meditar a respeito com sinceridade de ânimo para perceber que precisamos mudar esse estado de coisas. Lembro sempre da frase de Lênin:

“O que é um assalto a banco, diante de um banco?”

Toda propriedade é um roubo. Estamos todos aqui de passagem, e somos todos irmãos, com os mesmos direitos à vida. O direito à propriedade é uma infâmia que torna um homem superior aos demais. Mas isso só pode ser uma condição momentânea, pois o certo é que a humanidade não poderá seguir indefinidamente chafurdando na lama da ignorância. Mesmo porque a natureza já começa a cobrar a conta dos excessos cometidos pelo capitalismo predatório...

Bom, isso foi só para mostrar como esse livro inesquecível é capaz de nos transportar para grandes questionamentos, grandes reflexões, grandes sentimentos!

“Aconteceu-lhe o que frequentemente acontece às pessoas que vivem uma intensa vida espiritual. O pensamento que a princípio lhe aparecera como estranho, um paradoxo, até como um gracejo, e que paulatinamente foi vendo confirmado na vida, apresentou-se-lhe de súbito como uma verdade simples e incontrovertível.”

Viva Tolstoi!

(20.03.10)

Marquinho 07/07/2017minha estante
Com a sua resenha deu vontade de ler este livro!


Roberto Petrúcio 09/01/2018minha estante
Li "Ressurreição", e o reputo uma obra-prima. O personagem principal é dotado de um espírito elevado de fraternidade, e tenta fazer a reparação dos erros morais em que incorreu no passado. Enfrenta todas as agruras e vence-as, tendo como norte o Evangelho Eterno do Cristo.


GIPA_RJ 25/07/2021minha estante
Parabéns pela resenha. Li em 2015 , já estando o livro na lista há um bom tempo , e também foi o meu momento certo , me abrindo para muitos questionamentos sociais. O capítulo 59 me marcou demais!


Fabio Shiva 27/07/2021minha estante
Gratidão pelo comentário e por essa energia boa! Viva a Literatura, que tem esse poder de expandir nossos horizontes!




Jessé 16/02/2022

Meio decepcionado.
Eu li Anna Karienina em 2019, e naquele ano considerei esse livro a minha melhor segunda leitura do ano. Depois disso entrei em contato com novelas e contos do Tolstoi. Por tudo que já havia lido dele, cheguei em ressurreição com muito entusiasmo, mas acabei me decepcionando.

Esse livro é bem inferior aos outros trabalhos que tive contato, e teve momentos que fiquei em dúvida se Ressurreição tinha realmente sido escrito pelo Tolstoi. Sem falar que tinha horas que esse livro virava um dramalhão mexicano e exagerado difícil de engolir.

Outro ponto que me incomodou, foram as repetições infindáveis do escritor. Tinha horas que eu falava comigo: tá bom Tolstoi, eu já entendi que esse cara tá arrependido, ou qualquer coisa do tipo kkkkkk

E por último, o livro é extremamente cansativo. Anna Karienina tem praticamente o dobro de páginas, e em nenhum momento eu me cansei dele igual aconteceu com Ressurreição.

Valeu a experiência de leitura, mas nem tudo de um determinado escritor vai agradar não é mesmo. Mas também não vou ficar falando que amei só por se tratar de Tolstoi. Rsrs
Carolina.Gomes 22/09/2022minha estante
Eu ia ler, adiei. ????


Jessé 23/09/2022minha estante
Não faça isso pelo amor Deus!!! Kkkkkkkkkkkk

Lembre-se que nos divergimos sobre O idiota e O vento levou ?????


Carolina.Gomes 23/09/2022minha estante
KKKKKKKKKKK


Jessé 23/09/2022minha estante
A única coisa que aconselho, caso seja essa a sua edição, a ler a apresentação só depois de ter finalizado a história. Eu li a apresentação até a metade, e o Rubens Figueiredo me pareceu muito tendencioso. Deu a entender que ele queria que lêssemos o livro sobre o ponto de vista dele.




Fábio 29/07/2011

Então Pedro, chegando-se a ele, disse: Senhor, quantas vezes hei de perdoar aquele que pecar contra mim? Até sete?
E Jesus disse-lhe: Não te digo que até sete, mas sim que até setenta vezes sete.
(SÃO MATEUS, XVIII, 21, 22.)


Ressurreição é o último livro publicado em vida por Leão Tolstói, e é mais uma grande obra prima russa, como é de praxe, o que leva seu nome tente e ser imperecível. Com uma narração excêntrica e singular, o autor deixa a história dinâmica sem perder os detalhes, sempre dando ênfase pormenorizada nos sentimentos mais fundos da alma humana.

Dimítri Ivanovitch Nekliudov é de família nobre, após ser influenciado por autores sociais, ele trai sua classe social, e começa a ajudar os necessitados. Enquanto os eternos leguleios, prometedores de miragens, vão embaindo a turba com falácias infantis; e os palacianos governosos se locupletam com suas gordas mordomias; o povo segue na miséria, no caso os mujiques.

Nekliudov não consegue entender os homens que só pensam em seus próprios interesses e a sociedade luxuosa, ociosa e de interesses mesquinhos. Tolstói, não se limita a uma crítica ao sistema penitenciário, nem tampouco os atos criminosos dos diretores e funcionários dos presídios, mas ao sistema como um todo, desde o julgamento, uma vez que afirma que juízes, promotores, ministros são arrivistas, que não pensam em julgar com equidade, e sim, no salário no final do mês.

Sem dúvida é um romance que expõe as criaturas pobres, miseráveis que estão a mercê do Estado, as injustiças, as torturas, o preconceito estão presente nesta obra de valor incomensurável, pois até hoje, vemos presídios com super lotação, presos ociosos jogados sem nenhum plano de estímulo, para eles novamente se integrarem a sociedade sem cometerem novos crimes.

A partir daqui, contém spoiler.
O enredo, baseado em fatos verídicos, tem como protagonista um príncipe, Dimítri Ivanovitch Nekliudov, que é corrompido pela sociedade, principalmente pela sua alta classe social, na qual, devido à convivência, é levado a abandonar suas idéias sociais, para cair nas patuscadas, no egoísmo, na ganância e na soberba, pois dessa maneira era visto como normal e muitas das vezes elogiado pela sua frivolidade. Em contrapartida Maslova, com seus olhos levemente estrábicos, é de família humilde, sendo criada da casa das tias de Nekliudov. Por sua vez, este que passou suas férias nesta casa, corrompe a moça, engravidando-a

Após servir o exercito, Nekliudov volta a ler pensadores sociais (Henry George, Herbert Spence), que mais uma vez exerce grande influência na sua personalidade. Após a morte da sua mãe, decide abandonar sua classe social e ajudar os mujiques. Convocado para integrar um júri, Nekliudov reconhece a réu, uma criada que ele engravidara anos antes. Agora prostituída, ela é detida sob as acusações de roubo e envenenamento de um cliente. Nekliudov absorto em suas lembranças, não se impõe e por isso Maslova acaba condenada a trabalhos forçados na Sibéria.

A partir desse momento, o príncipe Nekliudov começa ajudar não só os mujiques, mas a Maslova e os outros que vem pedir seu auxílio na prisão, sendo um defensor dos pobres e oprimidos. Vencendo seu vil sentimento, pela sua antiga classe social é obrigado a esconder sua repugnância para pedir favores a mesma, sendo apenas ela capaz de ajudar seus protegidos.

Em Maslova também ocorre uma transformação, após ficar grávida, ela é expulsa da casa onde morava, sendo seu filho abandonado chegando a morrer tempos depois, precisando assim se prostituir para manter seus costumes, e a vida agradável em que vivia. Todavia seu estado psicológico é alterado, ela se fecha para os homens e tem nojo de todos, principalmente de Nekliudov, não aceitando sua ajuda para libertá-la.

Contudo no príncipe, nasce um amor incondicional, pois Nekliudov não a amava por ele, mas por ela e por Deus. Sua consciência pesa e tenta de toda maneira corrigir esse erro, não apenas de não ajudá-la no tribunal, mas de proporcionar o começo de sua decadência e desgraça quando ele a corrompeu.

Após conseguir um indulto, concedido pelo Imperador, Maslova fica em liberdade, mas decide se casar com seu companheiro de cela, preso político chamado Simonson. Não a nada mais que Nekliudov possa fazer, então procura as respostas de suas eternas perguntas; Por que tanto sofrimento? Por que os homens castigam seus próprios irmãos?

As respostas vieram no lugar onde há todas as explicações, isto é, na bíblia, e as encontras, com isso começa a ler inteiro o novo testamento, após a leitura ele estabelece cinco preceitos, com os quais se os homens seguirem sumirá toda a violência, e mais, a Humanidade conseguirá o reino dos Céus na terra. Com isso nasce um novo Nekliudov, ele ressuscita; outro significado para o nome do livro é que quando Nekliudov conhece Maslova é na época da páscoa.

Seus conceitos se justificam em que não somos donos da nossa vida, e quando não admitimos isso, procuramos somente o nosso prazer. Mas a vida não é nossa, se estamos aqui, foi por vontade de alguém e com alguma razão. Por isso é normal estarmos mal, como um operário que não cumpre a vontade do padrão. A vontade do amo estão expressas nesses conceitos, se eles se cumprirem os homens alcançariam a maior felicidade que se pode alcançar.


(por coincidência, sem eu saber do que se tratava esse livro, termino de ler hoje, 24/04/2011, domingo de páscoa)
Iriana 05/11/2014minha estante
preciso de uma ajuda qual é o capitulo desse excerto?Se fosse formulado o problema psicológico: como fazer para que pessoas da nossa época, pessoas cristãs, humanas, simples e boas pratiquem maldades mais terríveis sem sentirem-se culpadas, só haveria uma solução possível ? seria preciso que se fizesse exatamente como se faz agora, seria preciso que tais pessoas fossem governadores, diretores, oficiais, policiais, ou seja, que em primeiro lugar estivessem convencidas de que existe um trabalho chamado serviço do Estado, no qual é possível tratar as pessoas como coisas, sem relações fraternas e humanas com elas, e em segundo lugar que essas mesmas pessoas do serviço do Estado estivessem unidas de tal forma que a responsabilidade pelo resultado de suas ações para as outras pessoas não recaísse em ninguém isoladamente. Fora de tais condições, não existe possibilidade em nossa época de cumprir tarefas tão horríveis como as que eu vi hoje - E TBM O CAPITULO DA PREPARACAO DO JULGAMENTO DE MASLOVA


Fábio 11/11/2014minha estante
Não tenho, eu peguei o livro da biblioteca, não tenho o livro para confirmar para você :(


Johann.Antoine 21/05/2018minha estante
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Carolina.Gomes 20/12/2023

Não me ganhou
Comecei essa leitura com muita expectativa por ser o último romance de um dos meus autores favoritos.

Esperava encontrar aqui uma paixão como aquela de Vronsky e Anna, achei que o personagem, tentaria se redimir pelo amor.

Não! Pelo menos, não do amor entre homem e mulher (que Tolstoi parece ter tomado aversão).

Em toda obra do autor, sempre observei a crítica, ao casamento, que em muitas linhas ele reputa um mal necessário.

Nesse romance, contudo, tive a impressão que ele quis trazer a ideia de casamento como expiação para ?um mau comportamento?.

A famigerada culpa cristã impregna o personagem e isso me cansou.

Entendo que ele pretendia, não contar uma história, mas denunciar os absurdos do sistema carcerário da época. Essas críticas são relevantes para se repensar o sistema, mas a que conclusão o autor chega?

Só o amor redime. O amor resolve tudo. Se amarmos uns aos outros a humanidade será salva. ( ?!)

Não atribuo nota ao romance. N tenho pretensão de criticar uma obra dessa envergadura tampouco ouso criticar um autor como Tolstoi.

Essa é apenas a minha impressão sobre o que li. Gostei de ter lido, recomendo que leiam, mas não entrou para o rol de favoritos e não considero este a obra prima do autor.

O final ficou em aberto e muitas coisas ficaram no ar. Talvez, como dito, o escopo principal tenha sido angariar fundos para doar aos Doucobores.

Tem forte crítica social, a igreja e ao sistema penitenciário, cujos absurdos ainda são vistos em nossos dias.

Para mim, foi arrastado e cansativo porque busquei aquele Tolstoi de AK e vi um autor premido pelo peso de seus pecados e mais moralista que nunca.

Valeu a leitura, mas me frustrei.
Nath 20/12/2023minha estante
Se o Tolstói achava o casamento um "mal necessário" e uma instituição falida naquela época em 1800 e bolinha.. imagina se ele visse os casamentos de hoje em dia ein, miga?
kkkkrying ?
Sobre isso, o casamento, eu até concordo sim com ele.. mas entendi as suas ressalvas quanto a obra. Ann K e Guerra e Paz são novelões deliciosos, e esperar o mesmo do Ressurreição, onde o Tolstói já tava cansado, rs, talvez tenha sido o motivo da sua decepção. Agora fiquei com receio de achar o mesmo que vc! ? mas lerei mesmo assim, pois já tenho o livro e amo o Tolstói ?


Carolina.Gomes 20/12/2023minha estante
Leia, Nath! Eu leria de novo. Acho q vc me entende.


Gudegois 20/12/2023minha estante
????????




Ana 25/08/2022

Tolstoi como você nunca viu
Achei esse romance bem diferente das tramas românticas de Anna Karenina e dos cenários de guerra em Guerra e Paz. Em Ressurreição o olhar do aristocrata se volta para as classes mais baixas e oprimidas.

Nekhliudov, um príncipe da nobreza, é chamado para ser júri no tribunal e leva um choque ao ver que a réu é uma moça por quem ele havia se apaixonado e a quem havia seduzido na juventude. Sentindo-se culpado pelo destino de Maslova, Nekhliudov começa uma jornada pelos meios jurídico, político e aristocrata a fim de conseguir sua soltura. Ao visitar Maslova na prisão, ele entra em contato com muitos presos e testemunha as condições insalubres em que essas pessoas vivem e o porquê de terem acabado na prisão. É triste ver que muitas das coisas denunciadas por Tolstoi ainda são vigentes na nosso época.

Indico fortemente esse livro, que é um verdadeiro estudo sociológico da Rússia no fim do século XIX.

O final do livro me decepcionou um pouco. Tolstoi estava tentando provar uma tese e todo romance que tenta provar um ponto sacrifica um pouco do enredo e desenvolvimento das personagens. Mas ainda assim a escrita é muito boa e a história bastante envolvente. É um livro que merece ser lido.
Carolina.Gomes 25/08/2022minha estante
Acho que vou deixar p ler depois q a birra passar kkk


Ana 26/08/2022minha estante
Deixa sim porque vale a pena esse!




Meury3 31/12/2021

Para a alma...
Ressureição, além de se tornar um dos meus livros preferidos, senão o preferido, tem sido meu livro de cabeceira - não paro de reler passagens dessa obra... É um convite humano a olhar o outro, pensar o sistema de justiça e seus atores, pensar sobre nós mesmos e como nos dispomos ao coletivo. É um convite a ser mais gente, em um mundo que tem sido, a cada dia mais, cruel..

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- Não se sabe o que é maior, aqui: a crueldade ou o absurdo. Mas parece que tanto uma coisa como a outra alcançaram o último grau.

- Centenas de milhares de pessoas, todos os anos, eram levadas ao mais alto grau de degradação e, quando estavam plenamente degradadas, eram postas em liberdade para espalhar, no meio de todo o povo, a degradação que assimilaram nas prisões.

- Quem dera conseguíssemos ver o tronco que está em nosso próprio olho, como seríamos melhores."
Maria 14/02/2022minha estante
Amei a resenha.


Meury3 14/02/2022minha estante
Obrigada! ???? Recomendo muito a leitura dessa obra maravilhosa!




Thamiris.Treigher 22/12/2023

Bom, mas meio maçante
"Ressurreição" conta a história do príncipe Nekhliúdov que, certo dia, em uma sala de tribunal que julgava um caso de homicídio, reconhece que a acusada em questão é Katiucha, uma mulher por quem, no passado, se apaixonou, envolveu e abandonou.

Sua vida então muda para sempre. A lembrança de tudo o que viveram e de como agiu com ela provocam muita culpa. Ele conclui que a vida de Katiucha chegou a esse ponto por responsabilidade sua; e que agora vai fazer de tudo para "salvá-la", inclusive casando e ficando ao seu lado o tempo todo.

Ao longo da narrativa, voltamos no passado e conhecemos a história de amor que os dois viveram, como ela foi interrompida e o rumo que cada um seguiu.

Nekhliúdov acha que tudo vai sair conforme sua nova decisão e que vai "recuperar" o tempo perdido. Porém, nem tudo acontece como ele quer. Katiucha não aceita casar e não nutre nenhum tipo de sentimento por ele. Sua vida mudou, ela mudou, e a realidade é bem mais dura do que parece.

A vida de Nekhliúdov passa a girar totalmente nos esforços para tirar Katiucha da prisão ou abrandar sua pena. Assim, ele descobre uma sociedade que não estava acostumado a ver, diante de seus privilégios: os problemas no sistema judiciário e prisional em uma Rússia às vésperas da Revolução.

Ele conhece vários companheiros de cela de Katiucha e suas histórias. Vários foram presos injustamente e por motivos banais. Sua luta para libertar Katiucha se estende a vários outros. Porém, mesmo com sua influência, pouco consegue fazer por aquela gente.

O protagonista - que tem vários traços do próprio autor - sente sua vida vazia e parece buscar sua purificação tentando salvar seu antigo amor, os presos, os trabalhadores rurais e uma sociedade inteira. Isso vira até algo obsessivo e sem limites. Talvez isso reflita a intenção e o sentimento do próprio Tolstói, já que esse foi seu último romance (baseado em uma história real que ele conheceu por meio de um amigo - parecido com algo que ele mesmo tinha vivido quando jovem).

Tolstói tece diversas críticas a respeito do governo, da igreja, do Estado, da repressão judicial, dos privilégios da classe dominante e das propriedades de terra.

Gostei do livro, mas achei várias partes bem maçantes, focando demasiadamente no desenvolvimento das críticas, e deixando o desenrolar da história em segundo plano. Senti falta daquele novelão de Anna Karênina. Aqui, a leitura é bem mais densa e pesada. Mas Tolstói é gigante e sempre vale a pena. Recomendo a leitura!
Gleidson 23/12/2023minha estante
Sensacional! O livro e sua resenha! ???


Thamiris.Treigher 23/12/2023minha estante
Muitíssimo obrigada, Gleidson! ????




Cinara... 17/11/2020

"E, afinal, quanto esforço e que esforço ferrenho custa esse fingimento. "
"Seria melhor dirigimos a centésima parte desse esforço para ajudar essas criaturas abandonadas, a quem encaramos agora como se fossem apenas braços e corpos, necessários para nossa tranquilidade e o nosso conforto. Afinal, bastaria apenas aparecer uma pessoa"

Difícil é ler um livro do Tolstói e não sair maravilhada!
Esperei tanto por essa edição que quase choro quando chegou??
Angélica 17/11/2020minha estante
Esse livro ??? Esperando a Black Friday para ter essa edição. Já que a Companhia não entrou na Festa do Livro Da USP. Li em outra edição no Kindle, mas preciso da física para grifar e marcar e encher de flags! Hahahahaha


Cinara... 17/11/2020minha estante
Angélica no começo do ano ele entrou na pré venda do submarino né, estava até no meu carrinho... ai veio a pandemia sumiu do meu carrinho ????? adiaram, todooo dia eu olhava pra ver se tinha voltado? até que chegou o dia !!! Não consegui aguentar até a Black Friday, sempre via as pessoas mostrando suas edições da Cosac e eu sempre babando




Luana De Martins 26/11/2016


No último romance publicado antes de sua morte, Tolstói constrói uma forte crítica à atuação do judiciário, seus agentes, ao sistema penitenciário, à política econômica, religião e à própria natureza do homem. No que diz respeito ao processo criminal de Maslova, podemos acompanhar todas as falhas que ocorreram desde o julgamento feito às pressas, até aos recursos e pedidos baseados em concessões de favores, reforçando a imagem do patrimonialismo regendo a vida pública que é administrada com base em interesses privados.
Não se restringindo aos elementos do curso principal da história, o autor, através do desenvolvimento do personagem principal, levanta diversos problemas no âmbito criminal como: a negligência nos julgamentos dos crimes e consequente condenação de inocentes por falta de zelo pelos procedimentos e investigações legítimas; o tratamento desumano dos presos, bem como a previsão legal de penas perpétuas, de morte e a trabalhos forçados; a perspectiva das penas como punição e a desproporcionalidade destas, além de inúmeros outros que poderiam ser citados e amplamente debatidos.
Em certos momentos da história, Dimitri questiona sobre a responsabilidade dos crimes. Na marcha para a Sibéria em que alguns presos morrem de insolação, ele se pergunta quem deve responder pelas mortes visto que, no estado em que se encontravam os presos, as mortes não poderiam ser outra coisa que não homicídios, mas ninguém é condenado em razão destes. Em outro ponto, ele reflete sobre a culpa dos condenados por crimes que são produtos do meio negligenciado em que viveram; atualmente no meio jurídico, temos em discussão a teoria da co-culpabilidade que responsabiliza, em partes, o Estado pela omissão em prover os Direitos Fundamentais para crimes cometidos em razão de sua negligência, visando a promoção da justiça social e já é adotada por alguns países.
Dimitri também fica indignado com o evidente contraste entre os estilos de vida das diferentes classes sociais, chegando inclusive a se desfazer de suas próprias terras em nome da justiça social e questionando o direito à propriedade privada. Conjuntamente, a presença dos presos políticos condenados por difundirem ideias revolucionárias remontam a imagem do contexto histórico pré-Revolução Russa pela ascensão das lutas operárias.
Apesar de se tratar de um livro publicado no final do século XIX, “Ressurreição” não traz uma crítica tão desatualizada quanto se pode pensar, há que se questionar a eficácia do nosso sistema penal e o quanto dos princípios constitucionais penais são de fato praticados, uma vez que o Brasil ainda tem que lidar com situações de lotação de presídios, alta taxa de reincidência, além de casos de abuso de autoridade por membros do Poder Judiciário.
Lina.Melo 14/04/2017minha estante
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Lipe 04/08/2018minha estante
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Lu 14/09/2020

Mediano e longo demais!
A história em si é interessante, mas pouco cativante. A interação entre os personagens principais é extremamente pobre. Não é de jeito nenhum um romance como ja li por aí.
O tema principal é importante e atual, mas o livro sofre com delongas desnecessárias. As partes que achava interessante, acabam rápido. As que achei maçantes, se delongavam demais. Muitas páginas descrevendo a vida de personagens que não seriam tão importantes assim pra história entre outras coisas... enfim, bem mediano e poderia ser encurtado pra metade do tamanho.
Juliana 21/08/2021minha estante
Apesar de amar Tolstoi tenho que concordar, de o livro tivesse metade das páginas seria um livro incrível...enrolou demais e não concluiu


Gessi 04/03/2022minha estante
Eu já estava me sentindo culpada por não estar gostando tanto. Acho que comecei Tolstoi pelo livro errado. ?




Sheila Lima 10/10/2019

Sublimação
Esse livro chegou para mim no momento exato em que me debato com as maselas e a pobreza espiritual da sociedade trazendo a tona questões que ficaram claras para mim.
O autor faz críticas contumazes a sociedade russa do Século XIX que era de moral rasa e mentirosa, a Igreja Ortodoxa que adorava um Deus do qual condenava cada uma de suas práticas e rituais, que justificava a desumanidade e desigualdade permitindo aos homens dormir de consciência tranquila, o Sistema Governamental que fabricava mais miseráveis que produtos e o Judiciário que utilizava da minoria dos homens ricos e empoderados pelo sistema falho para condenar os mesmos miseráveis que haviam produzido. A obra é ácida, com momentos de indignação explícita e ironias sutis por parte do Autor. Vale ressaltar que obra foi escrita em um período em que o número de fábricas crescia em São Petersburgo.Tolstói descreve exatamente como esse processo gerou uma multidão de miseráveis e que mais tarde tornara-se o motivo único para o início das revoluções que, aliás, são pressagiadas pelo Autor na presente obra.
O foco central da estória de Nekludov é o aprofundamento filosófico-espiritual em que este mergulha quando é convidado a ser jurado no julgamento de Maslova, antiga criada de suas tias que, após ser seduzida por Nekludov é expulsa e passa ganhar a vida como cortesã. Nekludov sob forte impressão tem uma crise de consciência após a condenação de Maslova por homicídio, crime do qual é inocente, e sente-se culpado pelo triste destino da jovem. Muda seu pensamento, seu modo de olhar a vida, a justiça, a servidão, o governo russo e desenvolve um grande desprezo pela sociedade do qual a bem pouco tempo participava.
Após sua condenação a trabalhos forçados na Sibéria, Maslova é pedida em casamento por Nekludov que ansiava reparar os erros do passado, mas não chega ao seu objetivo, porque Maslova morre durante os trabalhos na Ilha de Sacalina.
Sendo a estória real, contada em pormenores a Tolstói pelo protaganista, levou o Autor já no fim de sua vida a declarar: Tudo o que escrevi até agora é lixo! Tolstói despertou o desejo de partilhar seus bens e reparar a injustiça de uma vida em relação aos mais necessitados.
Aqui não se trata de mais um dos grandes romances de Tolstói, mas é uma obra de reflexões profundas e que tateia nosso âmago no intuito de nos tornar pessoas melhores.
Phelipe Guilherme Maciel 10/10/2019minha estante
?tima resenha!


Sheila Lima 10/10/2019minha estante
Muito obrigada, Phelipe!




Letícia 30/12/2020

Quem tem o poder de julgar?
Cada vez mais admirada pelo autor e pela tamanha capacidade dele fazer o leitor compreender a ideia que está sendo dita, sem precisar concordar ou discordar, a questão é justamente PENSAR. Liev Tolstói nos mostra de forma muito clara a realidade da justiça criminal por volta de 1880 na Rússia - época em que as tensões sociais ganharam muita força - e por outro lado a hipocrisia da igreja institucionalizada.

? Que horror! Não se sabe o que é maior aqui: a crueldade ou o absurdo. Mas parece que tanto uma coisa como a outra alcançaram o último grau.?

A forma como a Igreja e o sistema carcerário funcionam e - nessa época - possuem uma união gigantesca, é assustador. Os presos são obrigados a irem à igreja, só que naquela instituição os valores pregados não são os mesmos que os de Deus, mas a violência, os maus-tratos, a negação da humanidade e o total desprezo com os detentos é empregado sob justificativa de que aquilo é castigo e é assim que tiram o fardo de serem cruéis.

? O diretor do presídio era um homem de tão boa índole que não conseguiria de forma alguma viver assim, se não encontrasse amparo naquela crença.?
Douglas 18/06/2021minha estante
Ótima resenha ?




Linard 05/03/2023

Tolstói também errou
O livro se perde em um didatismo cristão, com tentativa de nos ensinar algo da visão do Cristo que faz o romance ficar bem cansativo. O título já aponta o tema.
Wilson 02/08/2023minha estante
Chora mais. Tolstói era Cristão, queria que ele trouxesse um simbolismo islâmico ou judaico?




Talita 13/09/2020

Ressurreição conta a história de um homem que participando de um júri em um tribunal, se depara com o julgamento de uma mulher a qual ele fez muito mal no passado.
Esse encontro inesperado faz com que o personagem se questione do modo como têm vivido e de suas escolhas, ele um homem da alta sociedade que vive esbanjando dinheiro, enquanto a grande maioria da população passa fome, além disso, fez mal a uma pessoa inocente e que possivelmente chegou naquele local de condenada por consequência daquilo que ele havia feito no passado.
Partindo disso, o personagem busca uma forma de se redimir do seu passado, ajudando a mulher que está sendo julgada de forma injusta e descobrindo que pode ser mais justo com a distribuição de sua renda.

Eu simplesmente amei o livro, pois ele aborda de uma forma muito fiel como funciona a desigualdade social e a importância das pessoas privilegiadas para mudar essa situação. Eu apenas mudaria o final, pois sinceramente acontece uma grande quebra de expectativa. Acho que esse livro deveria ser mais exaltado, porque é realmente um livro muito bom de ser lido e trata de questões muito importantes.
larissa dowdney 21/09/2020minha estante
Concordo plenamente! O final me brochou!




Máslova 18/04/2012

Fundamental...
Ressureição foi meu primeiro contato com a obra de Tolstói. Trata-se, sem dúvida, de uma leitura magnífica, capaz de conduzir o leitor às profundezas de sua própria consciência. Particularmente, me identifiquei em diversas passagens com os dilemas morais da personagem central da trama. Certamente é uma leitura interessantíssima para aqueles que buscam apurar, com fundamento, seus pontos de vista ideológicos. Recomendo, mas sugiro que o leitor disponha de tempo para a leitura, que em alguns trechos pode se tornar um pouco monótona e entediante, mas nada que retire o brilho de seu conjunto.
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