Resenhas - Tempos Terríveis

Sol 11/11/2020

Final da trilogia de Eddie Dickens
Depois de tantos anos finalmente consegui ler o volume final, que como os outros dois não tem pé nem cabeça e é talvez isso que seja a graça da história.

Mateus 28/06/2010

É com grande pesar que li o último livro da Trilogia de Eddie Dickens. Não, não é porque eu não gostei, e nem muito menos porque o livro é ruim. É sobretudo porque a nostalgia e a tristeza já caíram sobre mim. Ao ler a última página, senti como se tivesse perdido um grande amigo, um amigo amalucado e engraçado, que em nenhum outro livro encontrarei igual. Eddie Dickens é um amigo que sempre quis ter, mas nunca encontrei. Nossas semelhanças são bem grandes.

Me senti como ele em diversas ocasiões: quem nunca se sentiu deslocado perto de sua família? Quem nunca se sentiu diferente de todos os que o cercam? E quem, bem lá no fundo, nunca sentiu vergonha da própria família? É isso que Eddie enfrenta nos três livros da série. Mas por mais que seus parentes sejam malucos, desleixados e não ligarem para nada, são sua família, se preocupam com ele (embora de um jeito bastante diferente de se preocupar) e fazem de tudo para encontrá-lo quando ele desaparece (voam de balão, lutam com bandidos, navegam pelo mar, dentre outras trapalhadas).

Em Tempos Terríveis, as coisas se mostram tão normais como poderiam ser (ou seja, mais malucas impossíveis). Já nas primeiras páginas é relatado como a Sra. Dickens explodiu um obus, matando um antigo soldado de tio Jack Maluco, destruindo todo jardim e ferindo a própria Sra. Dickens. Tia Maud Mais Maluca Ainda continua morando dentro de Marjorie, uma vaca oca, e agora está fascinada por objetos brilhantes. E tio Jack Maluco ainda mora em sua casa na árvore (embora tenha quase se mudado para debaixo de uma escrivaninha). O que muda drasticamente a vida de Eddie Dickens dessa vez é a grande notícia de que ele irá para os Estados Unidos cuidar de negócios da família, pois é então que surge sua acompanhante, uma estranha mulher que, incrivelmente, teve todos os seus outros patrões mortos em acidentes.

Já dá para ter um gostinho de como as coisas andam em Tempos Terríveis. Philip Ardagh fecha a trilogia com chave de ouro, e tudo está mais engraçado do que nunca. As gargalhadas saem espontaneamente em cada página, e duvido que alguém consiga não rir. E é com grande tristeza que me despeço dessa grande trilogia. Adeus Eddie Dickens!