Jaqueline 22/01/2013AVISO: “A Viagem do Tigre” é o terceiro livro da série “A Maldição do Tigre”, publicada aqui no Brasil pela editora Arqueiro. Esta resenha pode conter alguns spoilers para quem ainda não leu os volumes que antecedem esta obra.
A deliciosa e eletrizante aventura da jovem Kelsey Reyes e dos irmãos Ren e Kishan continua! Com a intenção de quebrar mais uma parte da maldição que mantém os dois príncipes indianos na forma de tigres, o trio desta vez tem a missão de encontrar o Colar de Pérolas Negras da deusa Durga. Para isso, devem encarar cinco dragões lendários, cada um deles ligado a um elemento da natureza e um oceano. Com a ajuda dos queridos Sr. Kadam e da jovem Nilima, os três lutam por suas vidas enquanto pesquisam mitos e se deparam com criaturas mágicas saídas de histórias dos mais diversos cantos do mundo.
Com muita magia e adrenalina, “A Viagem do Tigre” consagra a criatividade de sua autora ao abordar lendas que fogem ao lugar comum das histórias de bruxas, anjos e fadas. A narração de histórias e mitos orientais atiça a curiosidade do leitor, surpreendendo-o e mantendo o interesse lá no alto. As aparições de deuses e personagens como Lady Bicho-da-Seda, o suspense, a personalidade dos dragões e os perigos que surgem a cada instante mantém a trama dinâmica, empolgante e muito bem amarrada, gerando coesão entre o mundo criado pela autora e o que ela desenvolve a cada capítulo de ação do livro. Esta mistura de aventura e misticismo é, a meu ver, este é o grande acerto da série.
Porém, nem tudo são flores. Neste volume, Colleen Houck forçou a barra e levou o triângulo amoroso da história a um impensável nível de enrolação. A protegida de Durga inicia o livro sofrendo miseravelmente por conta da amnésia de Ren, que além de não conseguir mais se lembrar da namorada, ainda é acometido por dores terríveis ao tocá-la. Kishan, que no segundo livro da saga nos foi apresentado como o irmão descontrolado, impulsivo e sexy do mocinho da história, decide então provar para sua amada que pode ser tão bom e encantador quanto seu irmão, tornando-se o cara mais doce, respeitador e romântico do mundo.
Kelsey, não é porque um rapaz bonitinho, gentil e sarado se diz apaixonado que você deve corresponder este sentimento – muito menos quando ele é o irmão do seu ex-namorado desmemoriado! Imagine dizer que não pode viver sem uma garota e vê-la beijando seu irmão no dia seguinte? Pois é isso o que acontece em “A Viagem do Tigre”, tornando Ren um personagem possessivo e detestável, deixando de ser o mocinho que apaixonou milhares de leitoras pelo mundo.
Esta transformação de caráter dos tigres me incomodou muito, mas não tanto quanto a absurda quantidade de vezes que os dois irmãos verbalizam seu amor a Kelsey. Em um ou dois momentos isto é bonitinho e agradável, servindo para alimentar nossa torcida por Ren ou Kishan, mas declarações apaixonadas tão frequentes e exageradas só me fizeram achar tudo extremamente brega e descabido, principalmente quando eles tinham que conviver e lutar lado a lado com o seu “rival”.
Narrado em primeira pessoa por Kelsey, o livro acaba sendo prejudicado pela indecisão da mocinha, que se perde em devaneios sobre qual dos dois rapazes seria o mais correto para ela. A autora Colleen Houck insiste em nos distrair do que realmente importa e isso prejudica a narrativa do livro. Uma prova disso são as pequenas aparições de Lokesh, o grande vilão da história.
Uma série tão bacana quanto “A Maldição do Tigre” não merece ficar à margem de triângulo amoroso tão exagerado e cheio de altos e baixos como este! Críticas à parte, o final do livro cumpriu bem o seu papel de me deixar ansiosa pelo próximo volume da saga. Espero que em “O Destino do Tigre”, que tem lançamento previsto para o primeiro semestre de 2013, Lokesh ganhe mais destaque e que o romance exagerado diminua o tom. Vamos torcer!
>>Resenha publicada no site www.up-brasil.com