Tatiane Buendía Mantovani 09/05/2016
[OPINIÃO] Gostei. A autora destrincha 7 "casos" de serial killers brasileiros. Dois bem antigos (os quais eu não conhecia) dos anos 1920 e 1950 e alguns um pouco mais recentes (1970, 1980). Eu achei que teria mais casos e mais recentes/conhecidos, tipo O Maniaco do Parque, mas a Casoy parece ter optado por aprofundar-se nesses casos menos conhecidos, e ao qual teve "mais acesso". A reconstrução dos casos é impecável, e em 3 deles há entrevistas extensivas com os criminosos que ainda estão presos (Chico Picadinho, Vampiro de Niteroi e Pedrinho Matador) aí a leitura fica meio... hã... subjetiva, se é que pode-se dizer isto. Do que o Picadinho fala, não se entende nada - o cara mistura Nietzsche com Dostoievski posando de "o intelectual", dai quando a coisa fica preta, alega episódios de "apagões" mentais referente às causas dos assassinatos. O Marcelo, Vampiro de Niteroi parece um retardado com uma ereção infinita, e o Pedrinho Matador é propaganda ambulante estilo cowboy fora da lei... então acho que a autora fez o papel dela, de expor materiais diversos sob vários pontos de vista, a descrição dos crimes é pavorosa, revoltante, e ai quando os criminosos "começam a falar" vem aquela sensação de que se quer tapar o sol com a peneira, justificando os crimes por trás do bom e velho argumento da inimputabilidade "eu sou louco", "eu apanhei quando criança", "meus pais não me davam amor", e mais ao fim, o mastigado tema da deteriorização do sistema prisional, como se, levemente, a gente devesse sentir "pena" dos meliantes. Ando numa fase meio "sangue nos zóio", sabe?. Senti um certo partidarismo da Casoy em relação ao Chico Picadinho (embora ele "só" tenha matado 2 mulheres, ele é considerado um serial killer") a entrevista dele é extensa e ele no momento da publicação do livro (2005, não sei hoje) estava em situação de erro judiciário, já que já cumprira sua pena (os 30 anos limites) em 1998, e encontrava-se preso desde então, em situação irregular. Tinha de ser solto, mas não conseguia os laudos necessários para sua soltura... Casoy, obviamente advoga pelo direito dele ser solto.
Eu, como mulher, cidadã e leitora, espero que apodreça na prisão.
Não é um livro onde criminosos são 100% maus, aqueles que odiamo-os, e ao final vemos que tiveram o seu merecido "infelizes para sempre".
Este exercício de o tempo inteiro psicologicamente aliviar o "mal" é extenuante, deixa a gente meio seco, meio descrente. Dá medo.
*** destaque para a primorosa edição da Dark Side Books, a capa acetinada é incrível, a diagramação também, fotos nas páginas internas e cada "capítulo" iniciando com uma página preta com letras brancas, recortes de jornais, cópias de laudos. Muito bem feito. Edição ótima **