O Torreão

O Torreão Jennifer Egan




Resenhas - O Torreão


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Roberto 11/11/2013

Decepção
Lí anteriormente "A Visita Cruel do Tempo" do qual diziam maravilhas e fiquei decepcionado. Achei regular, pedaços truncados da história, ou seja, não me agradou, inclusive por ser tão premiado. Lí inclusive de uma pessoa comparando-o com "Liberdade" do Jonathan Franzen e falando que o abandonou pela visita cruel. Eu não posso comparar pois gostei muito do "Liberdade". Agora lí "O Torreão" e mantenho minha opinião. Não é que eu seja burro mas não entendí o elo entre Ray e Danny. Achei os personagens fracos, sem identidade e a história meio sem nexo. Não recomendo. Acho que estão superestimando muito esta autora.
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Blog MDL 13/09/2013

Um livro nada previsível...
Danny não é do tipo de cara que consegue ficar muito tempo sem contato com a sua realidade virtual, mas após alguns acontecimentos ele se viu sem opções e se sentiu impulsionado a aceitar a proposta do seu primo Howard e mudar-se para o castelo na Europa que ele estava reformando com o intuito de transformá-lo em um hotel, cujos serviços seriam os mais diferenciados do mercado hoteleiro. Contudo, as coisas entre ele e Howie não eram nada fáceis, principalmente para Danny, já que na juventude ele havia tomado uma atitude errada com relação a seu primo que não permitia que ele se perdoasse totalmente. E é dessa forma que ele chega à propriedade de Howie: desconfiado, desconfortável e doido para voltar à Nova York. Entretanto, com o passar dos dias ele vê que a realidade naquele castelo é pior do que ele imaginava, pois além de conhecer uma baronesa, cuja existência beira a surrealidade, ele descobre segredos que podem colocá-lo em um perigo inimaginável.

A leitura de ‘O Torreão’ foi um das mais surpreendentes que tive esse ano. A narrativa de Jennifer Egan é tão diferenciada que desperta certa confusão no leitor com sua desconstrução dos estereótipos da literatura, fazendo o ato de ler se tornar uma experiência surreal. Para começar temos Danny, um homem de idade adulta que não consegue aceitar que os anos já se passaram, que ele não é mais tão jovem e que, de certa forma, é um fracasso em tudo que faz. A princípio pode parecer que ele não se importa em ter uma vida superficial, mas no decorrer da narrativa, vemos que ele é um personagem profundo, além de cômico, cínico e com tendência a ter habilidades um tanto quanto, inusitadas.

De início a trama parece ser narrada em terceira pessoa pelo próprio Danny, porém ao longo do livro percebemos que a voz que conta a história pertence a um narrador onisciente. Dessa forma, a autora aos poucos nos revela os segredos da construção do seu enredo que se caracteriza principalmente pelo fato de ser uma “história dentro de outra história” e passa a dar enfoque a outros personagens de “O Torreão” ao alternar suas vozes no livro de modo que além de ver o que se passa no castelo, temos vislumbres de lembranças de Ray, um presidiário que estuda escrita criativa e que encontra nas palavras um porta para fugir da realidade que o cerca, bem como, uma forma de estar mais próximo a Holly, sua professora que desperta sentimentos que ele acreditava estar há muito adormecidos.

Mas não é só isso, Jennifer Egan utiliza o seu personagem Danny para fazer uma forte crítica a sociedade atual que está cada vez mais dependente da tecnologia e com isso aproveita para dar a ele uma abstinência de conectividade que confere aos pensamentos e atitudes de Danny certo ar de alucinação. O que faz com que nós, leitores, passamos o tempo todo desconfiados do que acontece e da realidade que os personagens apresentam. Contudo, ao contrário do que os – vários – comentários sugerem, esse não é um livro de terror e talvez nem de suspense, mas sim um livro que explora as facetas psicológicas dos personagens fazendo com que a trama nos passe uma falsa sensação de que essas características estão presentes na narrativa.

Imagino que vocês devam estar achando ‘O Torreão’ confuso e não vou mentir, ele é. Entretanto, é uma confusão gostosa, viciante e que a gente acaba se encontrando em meio as páginas. E foi por ele ter tantas qualidades que eu não consegui refrear a decepção que senti quando fechei o livro e vi que a autora deixou – o que eu acredito ser – pontas soltas, já que ela não nos leva a um desfecho bem amarrado a respeito de personagens importantes como, o Ray e a Holly, e acaba deixando a sensação de que o que vimos foi apenas um retrato do cotidiano deles e de que ainda há muito para acontecer na vida deles em decorrência das atitudes que eles tomaram no livro, mesmo que isso esteja fora do alcance dos nossos olhos. O único personagem que autora apresenta um final mais concreto é o Danny, mas ainda assim, ela consegue deixar suspeitas no leitor de que as coisas não são tão simples como aparentam ser...

Isso me deixou mais frustrada do que eu sou capaz de dizer, porém não posso esquecer de todo o brilhantismo com o qual ela escreveu o livro inteiro só porque eu não concordei com o final. Sendo assim, é certo que eu o recomendo, só deixo algumas ressalvas a respeito de expectativas criadas com relação ao final do livro, bem como, ao “pseudo” terror e suspense que os grandes jornais comentaram que é possível encontrar em ‘O Torreão’.

site: http://www.mundodoslivros.com/2013/09/resenha-o-torreao-por-jennifer-egan.html
Lis 29/10/2013minha estante
Só posso descrever esse livro com uma palavra: Traição. Foi o que eu senti no final, apesar de ser um livro fantástico é como se o Ray tivesse me traído. Ele me fez eu me apaixonar pela história só para quebrar tudo no fim.


Blog MDL 29/10/2013minha estante
Lis, confesso a você que fiquei um bom tempo olhando para o livro e procurando mais páginas para saber onde é que a autora tinha colocado o restante da história. Até agora não me conformo com o final do livro (justamente por causa do Ray)...
Beijos e obrigada pelo comentário! :D




Deborah Ingrid 30/07/2013

Vou levar como bom presságio o fato desse ter sido o primeiro livro que eu li no ano. Poderia resumir essa resenha nas seguintes palavras: Simplesmente fantástico. Leia. E o resto é apenas encheção de linguiça.

Como começar a falar sobre essa preciosidade? A forma que o livro é narrado é simplesmente GENIAL. Quem já leu (até o fim) vai saber do que eu estou falando. A história do livro não é apenas a história da sinopse. Nós conhecemos também o narrador. Isso mesmo, o livro é narrado na terceira pessoa, naquele estilo de narrador onisciente, a diferença nesse caso é que é mostrado também quem é o narrador. Essa meus queridos, foi uma jogada FANTÁSTICA. Mas só se entende completamente com o desenrolar das histórias (mega spoiler). O livro inteiro é cheio de tiradas sarcásticas e inteligentes, por isso eu não separei citações, parei quando percebi que estava grifando alguma coisa em quase todas as páginas.

Quanto ao Danny... Eu acabei me apegando bastante ao Danny, talvez por ele ser tão real. Ele é um fracassado, a típica estrela de futebol do colégio que teve seus dias de gloria na adolescência e pronto, tudo de bom aconteceu ali. Mas também vimos como ele não gosta de ficar o tempo todo pensando naquela época, não é como se ele fosse um iludido total. Ele também personifica de forma bem legal toda essa dependência pela tecnologia. as partes em que ele reclama da sua falta de contato com o resto do mundo é em parte hilária, parte trágica, pois eu sei que na situação dele eu me sentiria tão perdida quanto - ao menos no inicio- e isso é triste.

Achei meio difícil de acreditar que ele tivesse 36 anos, porque as vezes ele age de forma bastante imatura. Outro fato interessante é que ele vai ajudar seu primo na construção do castelo, não por boa vontade, e sim por não ter escolha mesmo, pois se envolveu numa confusão em Nova York e precisava sair de lá. Por causa disso ele simplesmente agarrou essa oportunidade sem fazer muitas perguntas. E quando ele está lá. sozinho, num castelo num fim do mundo, ele começa a se perguntar: por que chamaram ele afinal? E as respostas que ele cria não são muito felizes. Psicologicamente falando. Mas não posso me estender muito nisso por causa dos malditos spoilers.

Seu primo Howard é seu exato oposto. Um loser na infância, passando até por reformatórios, quando adulto fez fortuna e agora é rico e bem sucedido. E eu adoro o Danny por não ter (muita) raiva e inveja disso.

De qualquer forma o que eu quero dizer é o que a autora consegue deixar os personagens reais apesar de usar formulas genéricas e, por vezes, clichê.

O cenário que a narrativa cria na sua mente é incrível tanto a solidão gótica do castelo, quanto a dureza da prisão ( onde o narrador vive ;D). Existem mistérios a serem desvendados, incluam aqui uma dose de ação e terror e os personagens secundários (particularmente a baronesa que vive no torreão e se recusa a de lá sair) também tem seu destaque e são bem construídos.

MAS como nem tudo é um mar de rosas, é claro de eu tenho ressalvas, ficam algumas pontas soltas no fim do livro, o destino de vários personagens ficam no ar, por isso tirei meio ponto da nota. Infelizmente não posso apontar quais são minhas dúvidas, pois são puta mega spoilers. Mas posso dizer uma delas. Quando terminar, talvez você, como eu, se pergunte até onde isso é real? Talvez você comece a duvidar se algumas coisas realmente aconteceram. O que é bom (eu adoro quando o livro me deixa quebrar a cabeça), mas de certa forma bem frustrante. E quanto mais eu penso a respeito mais confusa eu fico, um verdadeiro mindfuck.

Mas, apesar dos apesares, se eu tivesse que definir esse livro em uma palavra, ela seria: INTELIGENTE. E na verdade essa é a única característica que me interessa num livro, de resto tanto faz o autor, título, capa, gênero... Virou favorito com certeza e já estou louca para reler. Quem sabe dessa vez eu entenda.

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otxjunior 03/06/2013

O Torreão, Jennifer Egan
Antes de qualquer coisa, preciso confessar que há muito tempo não lia algo tão irresistível quanto O Torreão, de Jennifer Egan. Eu simplesmente não conseguia esperar tanto tempo para continuar a leitura, quando precisava parar para fazer outras atividades (Felizmente, comecei esse livro numa sexta-feira à noite)!
Todos os méritos vão para a autora, que consegue estabelecer um clima claustrofóbico de sonho à narrativa que acompanha Danny e sua jornada curiosa em um castelo nos confins da Europa Central. Além disso, por meio de narrativas paralelas e personagens excentricamente humanos, Egan discute os efeitos da tecnologia sobre a capacidade criativa de uma maneira bem peculiar. O embate ficção/realidade também está presente em todo o livro.
Com passagens inusitadamente engraçadas e outras surreais e arrepiantes, O Torreão é um livro que nenhuma sinopse pode fazer justiça e variadas interpretações são possíveis. Abaixo vai a minha cheia de spoilers.
==SPOILER==
Danny como um bom viciado em tecnologia sofre com paranoias e alucinações provocadas por crises de abstinência e outros acidentes no castelo do primo. Howie estava cheio de boas intenções ao convidar Danny e acredita realmente que pode ajudá-lo ao torná-lo a primeira cobaia em sua experiência em um hotel/retiro. A experiência é um sucesso. Da mesma forma como brincavam quando criança, Danny torna-se o herói do dia salvando a todos da masmorra de um castelo medieval sem que para isso precise utilizar parafernálias tecnológicas, mas apenas sua imaginação. Tudo isso graças a Howie, que oferece uma segunda chance ao garoto problema da família, antes ummeninotãobom. Porém, o verme não deixa Danny, nem em seu momento de glória e quando ele saca a faca aterrorizado, o braço direito de seu primo, Mick, acaba matando-o, não obstante gostasse de Danny. Na prisão, depois de uma aula esclarecedora de uma oficina de texto, Ray/Mick descobre a forma de reparar seu erro e escreve a história do castelo. Depois tenta (como Howie!) resgatar uma pessoa que prometia tanto, mas que agora se vê perdida (como Danny!): Holly. Resta ao leitor acreditar no futuro brilhante de escritora para Holly e assim o ciclo se completa.
Claro que deve haver alguns pontos que minha teoria não cobre. Sintam-se à vontade para apontá-los nos comentários.
Enfim, penso que O Torreão é sobretudo sobre as ligações inexplicáveis ​​que as pessoas fazem e sobre o poder da imaginação para a redenção. De longe, a melhor leitura do ano.
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Gabriel369 21/05/2013

O Torreão: Muito inteligente, sem frescuras e com uma linguagem bem moderna.
Acho que o livro mais inteligente que já li foi O Torreão. É bem aquela trama que não sai da sua cabeça, mesmo depois de bastante tempo de você ter lido.
Um livro que trabalha muito com lembranças do passado e com o presente de uma forma muito inteligente, não tem frescuras de linguagem. O suspense é um forte traço do enredo também.
Jennifer Egan cria uma proximidade e um laço com o leitor muito fortes, sem frescuras e sem se prender a regras, trazendo uma forma de escrever bem moderna.
Danny é convidado pelo primo a ajudar a reformar um antigo castelo europeu e transformá-lo em um hotel de luxo, o que Danny acaba aceitando. Lá ele conhece uma misteriosa baronesa, que mora numa misteriosa torre, no qual Danny descobre informações valiosas e históricas do local. Danny enfrenta pensamentos e lembranças no qual ele não sabe se pode ou não confiar.
Apesar de não ser muito o meu estilo de leitura, pois gosto mais dos livros de fantasia/aventura, eu gostei bastante desse livro. Para quem busca livros inteligentes e com uma linguagem bem moderna, O Torreão é uma excelente opção.
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Voorhees 23/02/2013

Eu estou completamente apaixonado por Jennifer Egan. Eu não me rendo, assim, tão completamente ao trabalho de um escritor desde que eu conheci e me viciei em Stephen King mais de dez anos atrás. Eu já tinha me interessado pelo potencial de Egan ao ler o ótimo A Visita Cruel do Tempo, mas foi lendo O Torreão que eu percebi o quão genial e interessante é essa escritora, e passei a ansiar quase dolorosamente por suas próximas obras.

E o fato de O Torreão ser uma obra ser uma obra anterior à Visita Cruel do Tempo só deixa tudo ainda mais apetitoso. É a prova definitiva de que Egan não acerta pela sorte, mas por meio de trabalho duro, competência e originalidade, coisa que em tempos de “fenômenos literários” efêmeros é impressionante.

Não é possível contar muito da trama de O Torreão sem com isso estragar algumas surpresas, então vou me restringir a dizer que O Torreão é um exercício intimista de metalinguagem disfarçado de conto de horror gótico. A história começa com o desajustado Danny chegando a um castelo secular que foi adquirido por seu primo distante. Sem acesso à internet, telefone ou seus amigos, Danny passa a ser vítima de sua própria mente e solidão.

Assim como faz em A Visita Cruel do Tempo, Egan brinca com a linguagem e a estrutura narrativa, criando um texto fluido e irresistível que praticamente implora para ser devorado. Prova da genialidade de Egan, a narrativa de O Torreão pode parecer gratuita e dispensável a princípio, um exercício de estilo sem sentido. Mas uma reviravolta na história dá total sentido às escolhas de Egan, e nos mostra que o jeito de Egan contar não poderia ser outro.

Com personagens criveis, diálogos espertos e um texto nada prolixo, O Torreão é com certeza um dos grandes livros que li nos últimos anos. Mais do que um novo clássico, é quase uma prova de amor de Egan à literatura e a seus leitores. E não é um amor platônico. Nós também estamos amando Jennifer Egan, cada vez mais.

Veja mais em www.coolt.blog.br
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Xxxxxxxx1 25/01/2013

Chato
Devo ser o único que achou esse livro chato...Tudo bem, é interessante como a autora alterna as vozes e narradoras da trama, mas me pareceu tudo muito solto. Faltou uma trama mais envolvente.

A visita cruel do tempo é, sem dúvida, infinitamente superior.Esse , sim, uma obra-prima.
Daniel 23/11/2015minha estante
opa, tbm achei chato, não tão chato tem partes legais interessantes, no começo quase q desisti, mas depois continuei achando q ficaria melhor, mas não melhorou muito, muitos falam q gostaram, mas eu nao achei grande coisa e não tem nada das resenhas q falam na contracapa, eu acho q não arriscaria a ler A visita cruel do tempo, realmente é bom?




Isabel 01/12/2012

Como escritora, Jennifer Egan só tem um defeito: ela está viva.

Sim, detesto quando meus ídolos são pessoas com sangue correndo nas veias e ar nos pulmões: qual a garantia que possuo que eles não irão me decepcionar? A inexistência dessa possibilidade me agrada muito, mas infelizmente não é o caso de todos os grandes escritores. Ou felizmente: eles podem superar suas obras anteriores. Mas prefiro não correr o risco.

A expectativa de uma boa experiência literária, porém, supera o receio de que esta seja uma porcaria completa – e foi assim que parti para a leitura de O torreão.

Danny era o típico galã de filmes adolescentes americanos: jogador de futebol bonito popular bom aluno... Mas ir fazer a faculdade em Nova York o modifica bastante: Danny abandona a faculdade, adota um visual mais “alternativo” e, contrariando o que lhe foi ensinado, passa os dezesseis anos seguintes pulando de emprego em emprego e levando uma vida bastante arriscada e boêmia.

Mesmo com todos os contratempos, Danny se adapta e não cria pretensões de sair de Nova York – mas um problema sério no trabalho (a parte “arriscada” que veio depois de vida) o obriga a fazê-lo. Danny não tinha um tostão, mas a oportunidade perfeita acaba surgindo como mágica: um convite de seu primo Howard (detentor do título de ovelha negra da família antes do seu sucesso no mercado de ações e da mudança de Danny) para ajudá-lo na reforma de seu recém adquirido castelo na Europa que, caso tudo dê certo, se tornará um hotel.

Algo bastante claro em A visita cruel do tempo (primeiro livro de Jennifer Egan a ser lançado no Brasil, meu queridinho e ganhador do Pulitzer) é que a autora sempre arruma um jeito de subverter o que seriam as regras comuns para se fazer boa literatura. Dessa vez, Egan cria um protagonista peculiar à la Chuck Palahniuk: dentre os (muitos e em sua maioria inúteis) talentos de Danny estão detectar sinais de wi-fi antes mesmo de ligar aparelhos eletrônicos e um enorme feeling sobre como agir. Seu vício em computadores e celulares é também marcante, fazendo com que o leitor, invariavelmente, ou se identifique (meu caso) ou ria da maior parte das pessoas a sua volta.
O maior trunfo de O torreão é o mesmo de A visita cruel do tempo: a maneira com que é escrito. Quase todo o livro é narrado por Ray, um presidiário que freqüenta uma oficina de escrita e é aparentemente alheio a história que narra. A escrita cambaleante de alguém não habituado a tal exercício (mas ao mesmo tempo capaz de maximizar as emoções de um modo maravilhoso, habilidade que só aqueles de corpo e alma enjauladas parecem ter) é perfeitamente reproduzida. No início isso me gerou certa ansiedade (quero saber o que acontece depois tipo agora) mas depois adorei os trechos em que Ray dá um tempo na narrativa ocorrida no castelo e a alterna com sua própria vida na prisão.

Porque, Jennifer Egan, por que? Porque tenho que gostar tanto dos seus livros assim? Você é capaz de escrever algo ruim? Espero que não: seus escritos são tão bons que quase desejo que você viva e produza por muitos anos mais.
Publicada originalmente em http://distopicamente.blogspot.com.br
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@APassional 19/10/2012

O Torreão * Resenha por: Rosem Ferr * Arquivo Passional
O neogótico da natureza humana.

“... Fantasia e realidade, emoção e perigo, páginas vertiginosamente inventivas, inteligente, desafiador, empolgante, um livro que vale a pena ser lido.”

Logo no anverso da primeira página, nos deparamos com menções de diversas mídias sobre a obra. Como Jennifer Egan é jornalista e colunista do The New York Times, pensamos “assessoria potente e puro rasgamento de seda”, então você lê pra crer e... É tudo verdade!

Em seu Torreão, Egan penetra no “não dito”, nos segredos e culpas escondidas na memória do carismático e irreverente Danny, que ao explorar os sinistros e úmidos caminhos do castelo, irá nos conduzir aos limites sombrios de suas aventuras e desventuras.

“Alto: ele estava no meio de um fim de mundo desgraçado. Era uma coisa radical e Danny gostava de coisas radicais. Elas o distraiam.”

Ao adentrar aos limites do Torreão, que muitas vezes associa-se ao próprio Danny, já percebemos que toda a ambientação descrita, relaciona-se à angustia de seu passado secreto com seu primo Howie. No entanto, apesar do relato de mistério, suspense e medo vinculado a fantasmas do inconsciente, mescla-se uma ironia sarcástica e mordaz, traço marcante da personagem, que não se deixa abater, ergue-se dos escombros, não é corajoso, é ousado, atrevido e cínico.

“... cheiros que alguma vez o fizeram pensar apenas por um segundo (mas depois esquecer) que a vida normal era fina, era frágil: uma película tênue esticada por cima de uma outra coisa que nada tinha a ver com ela, uma coisa grande, estranha e escura.”

A inventividade e gênio criativo da autora nos surpreende a cada página com esse Danny anti-herói, bipolar e carismático, que monopoliza a narrativa de oito capítulos alegremente saltitando em suas botas da sorte.

Os conceitos de “alto” e “verme” que Danny interpõe a determinadas situações são marcantes e inesquecíveis.

Ele próprio, um ícone da era da informação com sua “absoluta” e droga adicta necessidade de estar conectado para sentir-se alguém, ou parte de algo, numa paródia entre a rede e a falta de sentido que amplia a solidão contemporânea.

E aí vamos nós, aos caminhos bifurcados da metalinguagem, pois Danny é o fantástico protagonista, mas quem está contando a historia é o enigmático Ray, temos então uma viagem à parte, ou seja, a relação entre abrir as portas da imaginação como uma passagem de primeira classe para a liberdade, pois é do interior de uma prisão que ele escreve.

Nesta construção híbrida, fatos relacionam-se, pessoas, rancores, amores, mulheres, desejos e sonhos aparentemente impossíveis com um desfecho surpreendente e genial.

Embarque para Praga agora mesmo, o Torreão está a sua espera.

Excelente leitura!
Rosem Ferr .

Resenha publicada no Blog Arquivo Passional em 19/10/2012:

http://www.arquivopassional.com/2012/10/resenha-o-torreao-de-jennifer-egan.html
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Fabiane Ribeiro 27/09/2012

Resenha - O Torreão
O Torreão é um livro mágico e encantador.
Realizei a leitura rapidamente, estava presa à cada página do livro, ou melhor, a cada cantinho daquele torreão.
A narrativa se alterna durante o livro. Vamos falar primeiro das partes que são em terceira pessoa.
Tais partes narram a chegada de Danny a um castelo medieval no interior da Europa dos dias atuais. Ele vai para o local ajudar o primo na reforma, para que aquilo se transforme em um hotel. Mas Howard, o primo, tem ideias que julga inovadoras, querendo transformar o local em uma espécie de refúgio, para o qual os hóspedes vão para pensar e exercitar a imaginação, livres de qualquer meio eletrônico, o que já se revela um tormento para Danny, que é viciado em tecnologia.

“Howard: Pense nos tempos medievais, Danny, na época em que este castelo foi construído. As pessoas viviam vendo fantasmas, tendo visões (...). Nós não vemos mais essas coisas. Por quê? Será que tudo isso acontecia antigamente e de repente parou? Pouco provável. Será que na época medieval todo mundo era maluco? Duvido. Mas a imaginação deles era mais ativa. A vida interior deles era rica e estranha” (pág. 50).

O passado dos primos guarda lembranças dolorosas que claramente não foram esquecidas.
Mas lembranças também estão guardadas por toda parte daquele castelo.
No torreão vive uma baronesa, descendente legítima da família que viveu no castelo durante séculos, ela vive enclausurada e é completamente contra a reforma. Suas aparições são sempre misteriosas e não fica claro na narrativa se ela realmente existe.
Aliás, algo dessa história é real, ou é tudo imaginação?
Essa dúvida é a grande premissa trabalhada pela autora Jennifer Egan de forma magistral. Durante toda a narrativa não sabemos o que é realidade, fantasia, imaginação, sonho...
Aí está a beleza do texto.

“Danny não conseguia tirar o sorriso da cara. Não só porque a baronesa era excêntrica e ele gostava de excêntricos, mas porque o que ela estava dizendo tinha um efeito sobre ele, enchia seu cérebro de reis e cavaleiros e caras que travavam batalhas a cavalos. Aquilo sempre pareceu irreal para Danny, como se só existissem em livros ou em jogos, mas ali estava uma senhora ligada a tudo aquilo por uma fina cadeia de anos e dias e horas e minutos” (Pág. 88).

Além de toda essa beleza medieval do castelo, dos segredos que ele esconde e das metáforas que transbordam no texto, há também passagens no livro que se dão em primeira pessoa, narradas por Ray, um presidiário que frequenta aulas de escrita.
Nessas passagens, somos levados ao dia a dia da prisão, conhecendo alguns personagens que acompanham Ray, além de suas aulas. E tudo isso gera ainda mais desconfianças sobre a realidade das passagens no castelo... será tudo real ou será uma história criada por Ray? Ou então, alguma forma de devaneio ou fantasia?
A resposta é complexa, e nos leva a uma grande viagem antes de ser revelada.
A única certeza que tive ao fechar o livro é que sou fã de Jennifer Egan.

Trecho: “Danny achava que seu coração era esse local fortificado, mas agora ele tinha uma palavra melhor: o torreão. O próprio torreão dentro dele, onde seus tesouros ficariam guardados e ocultos, caso o castelo fosse invadido. O que deveria entrar no torreão de Danny?” (Pág. 147).
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Dorva 14/08/2012

Baita livro
Quando eu vi a dica do Braulio Tavares, mestre da FC brasileira, sobre este livro, fui logo correndo comprá-lo. Já tinha lido o A Visita Cruel do Tempo, com o qual a Jennifer Egan ganhou om Pulitzer, e gostado bastante do estilo da escritora. Mas, em O Torreão, ela consegue ser melhor ainda. É um livro que te ganha a cada página, daqueles que tu lamenta ter que deixar na cabeceira pra dormir e só pegá-lo de novo na manhã seguinte.
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Fê Rodrigues 24/07/2012

O Torreão, de Jennifer Egan
Comecei a escrever esta resenha no computador, mas não achei que seria justo – ainda que tenha que digitá-la depois. Fazê-lo em meio eletrônico seria trair Danny, Howard, a Baronesa (e todas as suas gerações puramente europeias), Holly e, principalmente, seria trair o próprio Torreão. Por isso, vim para o meu quarto desprovida de quaisquer aparelhos tecnológicos (incluindo o meu velho rádio, que foi “expulso” de seu cantinho enquanto escrevia) e fiz deste cômodo o meu Torreão improvisado.

Ok, antes que vocês achem que estou ficando maluca, começarei a resenha propriamente dita. Se tivesse que descrever O Torreão com uma só palavra, bastaria: inacreditável! Quando o Daily Mail disse que este é “um daqueles raros livros que nos fazem lembrar por que amamos ler”, não mentiu. Mais uma vez, Jennifer Egan me mostrou porque ela é vencedora de um Pultzer, porque esteve na Festa Literária Internacional de Paraty, porque seus livros são sucesso de público e crítica.

Dividido em três partes, O Torreão é aquele tipo de livro que nos faz manter os olhos grudados em suas páginas desde o título da capa até o último ponto final. A princípio, temos Danny, um nova-iorquino trintão, viciado no incrível poder de conexão que a tecnologia oferece a qualquer um nos tempos moderno a ponto de sentir na pele, literalmente falando, onde há um sinal de internet wi fi. Danny King, na infância, “ummeninotãobom”, ao crescer não passa de um cara cínico que se aproveita das relações – ou seria das encrencas em que se mete? – para sobreviver. Em contraponto, há seu primo, Howard: adotado, gordo, nerd. O típico rejeitado pelo restante da família por ser considerado o diferente.

Na infância, os dois são muito unidos e – como toda criança – muito criativos. Ao nos apresentar a mente fértil de nossos personagens, Egan começa o jogo que permeará toda a narrativa: o que é real e o que é imaginário? Em muitos momentos, realidade e ficção se mesclam a ponto de trocarem de papeis – revelando, mais uma vez, a genialidade da autora. Voltando aos meninos, as brincadeiras e o universo infantil cria um laço entre os dois, até que a vontade de ser popular de Danny o faz “brincar” com Howie de uma forma que marca e muda a vida de ambos, separando-os até o reencontro no castelo, cuja torre mais alta e mais forte nomeia a obra: o Torreão.

Paralela a esta história, temos a de Ray, um presidiário que participa da oficina de redação de Holly. Então, mais uma vez, a manipulação da história se torna incrível. Danny e Howie e seu castelo são reais ou apenas fruto da história de um preso que, em sua primeira crônica provoca brutalmente sua professora? Novamente, a ficção se funde com uma possível realidade.

Enquanto tudo isso é apresentado na primeira parte do livro; na segunda, encontramos uma densa narrativa de tirar o fôlego de qualquer leitor! Nela, Danny visita o Torreão e a parte fantástica do livro transborda causando um impacto físico em quem está ali com ele. O castelo em si, e consequentemente seu Torreão, pode ser considerado quase um personagem. Cenário da maior parte da narrativa é misterioso, denso, sem qualquer conexão com o exterior... Verdadeiro mundo a parte que ajuda a narrativa tirar seus leitores da órbita! A cada passo que Danny dava ali dentro, em muitos momentos – poderia dizer que ao longo de toda a parte –, me vi ao seu lado, suando frio com ele, tremendo, me desesperando, buscando uma explicação com a mesma sede, com o mesmo torpor. Seria Howard um louco ou nós, leitores, estávamos enlouquecendo pela falta de conexão com o mundo juntamente com o Danny? A conclusão só chega à última linha, ao último ponto final.

Este é um livro que desperta emoções. Além da adrenalina da segunda parte, a terceira é comovente a ponto de ter momentos que quase me levaram ao pranto. Mais uma vez, a dosagem disso tudo põe a mostra o quão fantástica é o estilo da autora.

Falando no estilo, Jennifer Egan usa e abusa daquilo que ela faz com maestria: começa com o narrador em terceira pessoa e mais à frente, percebemos que aquele narrador é uma das personagens. O ponto de vista, esteja ele em primeira ou terceira pessoa, é múltiplo, uma vez que na obra, quase todos os personagens “têm voz”. Isso dá um ritmo alucinado na narrativa e contribui para que ela se torne tão incrível.

Com O Torreão, Egan consegue provocar o leitor para assuntos que muito importantes: como despertamos a nossa criatividade em um mundo em que tudo está praticamente pronto? Como quebramos os paradigmas dos padrões preestabelecidos? Como dosamos a tecnologia e a ausência dela?

Por fim, devo ressaltar que a dose de “fantástico” que há na narrativa está na medida. Até quem é mais crítico com isso – assim como eu – vai gostar, uma vez que estes elementos surreais dão um tom gótico à trama.

Posso dizer, sem demagogia alguma, que os livros de Jennifer Egan foram os melhores que li até agora em 2012. O Torreão, antecessor de A visita cruel do tempo – embora tenha sido publicado depois dele aqui no Brasil – tem um final surpreendentemente tocante, carinhosamente lindo. Não preciso dizer o quanto recomendo a leitura das duas obras, elas já se tornaram livros de cabeceira para mim.

PS: Jennifer Egan, você me fez criar a minha própria definição para alto: o estado magnifico de deleite ao reconhecer livros formidáveis e me deleitar em suas leituras! Obrigada por isso! ;)


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Resenha publicada em: http://nossocdl.blogspot.com/2012/07/resenha-o-torreao-de-jennifer-egan.html
Júnior 27/07/2012minha estante
Você falou tudo o que eu senti na sua resenha com a leitura de Egan.


Fê Rodrigues 09/09/2012minha estante
Nossa, Júnior, fiquei feliz!
Esse liro é realmente fantástico! :)

Um beijo!




naniedias 11/07/2012

O Torreão, de Jennifer Egan
Ray é um presidiário que decidiu cursar a aula de escrita criativa. Após o fracasso de um conto de três páginas, ele ouviu um discurso motivador de sua professora. Foi o gatilho para que ele começasse a escrever a incrível história de Danny e Howard.
O primeiro era um ganhador na infância e na juventude, mas de alguma forma o tempo passou e ele não conseguiu evoluir, ficou preso ao passado e aos seus fracassos. Howard era uma criança tímida - um perdedor - que sofria nas mãos dos primos. Passou por uma adolescência conturbada após um incidente traumatizante. Mas agora é um adulto bem sucedido - rico, casado, pai de dois filhos. Howard comprou um antigo castelo europeu e prentende transformá-lo em um castelo e pede a Danny, seu primo, que o ajude nesse empreendimento.

O que eu achei o livro:
Ok, eu sei que a sinopse não é muito reveladora - mas eu não sou mesmo muito boa para escrever sinopses... entretanto, há uma dificuldade extra para escrever a sinopse desse livro - nem a oficial é boa o suficiente, não consegue dar a menor ideia do que o livro guarda para o leitor. Aliás, o livro é tão complexo que acho que ninguém conseguirá criar uma decente.
Esse é o segundo livro que leio da autora, então eu já esperava encontrar algo diferente e bem escrito. Algo fora do normal. Ainda assim, entretanto, fui surpreendida. Não parece que é a mesma pessoa que escreveu A Visita Cruel do Tempo - e eu adoro autores versáteis assim. A escrita de Jennifer Egan é deliciosa e dinâmica.
A maior parte do livro é narrada por Ray, que conta a sua própria história e também a história de Danny - o seu personagem. Ray realmente não é um bom escritor e a autora passou isso para a escrita do livro - o que é incrível! Temos frases muito longas (mas que, incrivelmente, não são ambíguas ou confusas, nem tampouco cansativas) e uma estrutura de diálogos maluca. Desculpem-me, não tenho outra palavra para utilizar que pudesse passar a ideia corretamente. Em alguns momentos, o diálogo é marcado pelo nome do personagem que fala, seguido de dois pontos e daí sua fala. Mas em outros momentos a fala está simplesmente no meio do parágrafo, sem qualquer indicação. Como se fosse uma narrativa oral mesmo. É estranho, mas também é fascinante! E por mais inacreditável que possa parecer, o leitor não se perde no que é fala e o que é narrativa. Eu fiquei estarrecida ao perceber que eu compreendia exatamente onde estava a fala, onde estava o pensamento do autor, mesmo sem qualquer indicação.
O enredo do livro também é muito interessante. Cheio de mistérios que vão sendo revelados aos pouquinhos (que é exatamente do jeito que eu gosto, já que acho chato quando os autores juntam todos os mistérios e deixam para revelar tudo no último capítulo), o livro envolve o leitor na vida dos personagens criados por Egan. O Torreão é uma história original! Apesar de ter desconfiado de um pequeno detalhe do final, são tantas reviravoltas, tantos acontecimentos inesperados, que o livro conseguiu me surpreender e muito.
Eu só queria um pouco mais do final. Mesmo assim, acho que esse "não-contar" foi um toque de mestre! E um entretanto que se destina ao leitor é que não indico esse livro para que seja lido por pessoas que não estão ainda acostumadas a ler. Apesar de não ser extremamente complexo, o livro tampouco é simples e pode não ser devidamente aproveitado (e apreciado) por quem não tem o hábito da leitura, principalmente pela sua estrutura não convencional.
Jennifer Egan é uma autora que marcará seu nome nas páginas da história e não será esquecida com o passar dos anos, afinal de contas, é original, escreve super bem e consegue entreter o leitor com histórias divertidas. Eu sei que foi A Visita Cruel do Tempo que ganhou o tão desejado prêmio Pulitzer, mas O Torreão também é uma história incrível, que merece ser lida.

Nota: 9
Dificuldade de Leitura: 8


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