Beatriz 23/02/2022
Uma história intrigante e bem desenvolvida
A novela pertence à coletânea “Cenas da vida parisiense”, da Comédia Humana de Balzac, sendo uma de suas histórias mais famosas. O conto Sarrasine começa retratando o ambiente de festas parisiense, e a riqueza das descrições pelo narrador praticamente coloca o leitor dentro das cenas. As comemorações são abafadas pela presença de um senhor estranho, que chama atenção pelo seu estado decrépito e pela atenção que a nobre família Lanty lhe dá. A senhora de Rochefide, baqueada pela “visão da morte”, é amparada pelo narrador, que diz conhecer a história do velho e de sua ligação com os Lanty. Visitando a senhora de Rochefide no dia seguinte, o narrador conta a história do talentoso escultor Sarrasine e da cantora italiana Zambinella. Assim, o leitor é levado para a Itália, dentro da narrativa cheia de paixão de Sarrasine e Zambinella, mas a cantora esconde um segredo que pode trazer um fim trágico a esse envolvimento. No final da novela, o leitor finalmente compreende a relação entre o velho, a família Lanty e a história de Sarrasine, tornando as duas narrativas bem amarradas e fundamentadas.
Por que ler esse conto?
Ler qualquer conto do Balzac é como ter uma experiência dentro das histórias, o autor tem um talento incrível para criar ambientações, que são sempre relacionados com os elementos de suas tramas. Com Sarrasine não é diferente, o leitor se vê dentro dos salões parisienses e dentro dos teatros italianos de ópera, enxergando os personagens com a carga romântica da escrita de Balzac. O narrador é um tópico à parte, porque apesar de ser um narrador-personagem anônimo, pode-se dizer que também é onisciente, pois retrata pontos específicos da história de Sarrasine e Zambinella, trazendo uma questão para estudos e discussões desse conto. Em suma, a novela nos apresenta duas narrativas concretas e intrigantes, ambas bem detalhadas e que se cruzam no final, abordando, também, temas históricos e sociais, como os castrati italianos e a questão de gênero.