Resenhas - Garotas de Vidro

Babi 20/05/2012

Garotas de Vidro | http://tintapink.blogspot.com.br/
"O que eu quero? A resposta para essa pergunta não existe. "

Garotas de Vidro mostra os dois lados dos distúrbios alimentares: a Anorexia Nervosa e a Bulimia Nervosa. Do ponto de vista da personagem Lia, adentramos seu mundo, dividimos sua dor, sua raiva e sua fome. Lia sofre de anorexia, ela vê a comida como um inimigo que quer poluir seu corpo, ela quer pesar cada vez menos 45, 40, 35... 0 quilos. É absurdo. Já sua amiga Cassie sofria de bulimia, ela comia descontroladamente, depois colocava tudo para fora. Essas duas garotas eram melhores amigas até em sua doença, um dia Lia recebe a notícia:

...corpo encontrado em um quarto de motel, sozinho...

Agora ela deve lidar com a própria doença, sua família e a morte de Cassie.

Laurie Halse Anderson com sua poderosa escrita poética mostra o doloroso mundo das garotas que sofrem de distúrbios alimentares, de forma madura e direta ela criou uma personagem doente que em meio aos seus delírios pede ajuda, muitas vezes inconscientemente. Anderson mostra o papel da família no tratamento e recuperação de quem sofre desta doença e o que se passa na cabeça de quem convive com isso.

Garota morta passando os garotos dizem nos corredores.
Conta para a gente o seu segredo as garotas sussurram, de um banheiro para o outro.
Eu sou essa garota.
Eu sou o espaço entre as minhas coxas, com a luz do dia brilhando por ali.
Eu sou o circo de aberrações envolto em cera de abelha.
Eu sou os ossos que elas querem, em uma moldura de porcelana.

Foi uma leitura difícil, pois sempre fui obcecada com meu peso, não que eu já tenha almejado ser uma pena, ou eu já tenha sido gorda, mas sempre que a balança apontava 60 quilos eu corria pra retomar meus 55. De qualquer forma, aprendi que não se consegue emagrecer, com saúde, sentada no sofá, então eu prático exercícios sempre, assim consigo manter minha boa forma, e por justamente ser xiita com a balança fiquei chocada com as coisas pelas quais a personagem passou, como ela enxergava o mundo, as pessoas, e como a doença estava fazendo a cabeça dela, deixando-a exausta, mostrando no espelho uma imagem distorcida de si mesma, e como a balança era sua inimiga, e amiga em algumas ocasiões.

Garotas de Vidro mostra o olhar inconsequente e pouco racional de quem sofre da doença, e deixa uma grande reflexão: "por quê?"

As vezes você deve se perguntar "por quê?", "por que eu não sou feliz?", "por que eu quero emagrecer?", "por que minha vida tomou esse rumo?", as vezes perguntar o por que das coisas é a coisa mais racional a se fazer. Não saber a resposta é estar perdido.

Garotas de Vidro é forte, te faz sofrer, te faz entrar em desespero, e chega a ser doloroso, mas é uma ótima leitura para quem quer trabalhar a empatia, se colocar no lugar do outro, sem julgamentos, sem preconceitos. Foi uma ótima jornada pelo mundo das garotas de vidro.

Indico!

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-Koraline 02/12/2021

Emocionante
Em Garotas de Vidro, Lia sofre de anorexia e lida com o luto de sua amiga, que era bulímica. A escrita da autora é ao mesmo tempo crua, quando se trata da percepção da personagem sobre seu próprio corpo, e metafórica, na descrição de sua relação com a comida. É uma leitura muito emocionante para qualquer pessoa que tenha ou já teve algum tipo de distúrbio alimentar, assim como bastante necessária para mostrar os malefícios desse tipo de comportamente e o que a falta de ajuda/tratamento podem causar. Para mim, o problema desse livro é final, por que queria que tivesse pelo menos mais 50 páginas, para que pudesse entender como Lia superou o problema cotidianamente. Recomento muito esse livro.

Emmnanuel 25/08/2012

Duas coisas antes de tudo.

Primeira: prepare-se para ficar angustiado, no mínimo, durante a leitura;

Segunda: prepare-se para se amar mais, no máximo, depois da leitura.

É difícil falar qualquer coisa sobre esse livro. É difícil buscar palavras para descrever personagens, principalmente, Lia, sem trair a vivacidade que cada um tem em cada linha desse livro. É difícil não suspirar, não se chocar, não querer bater, não querer ouvir, não querer ler...

A narradora do livro é Lia. Uma jovem de 18 anos como outra qualquer. Lia tem mãe, pai, uma irmã e de quebra, uma madrasta que não interfere em sua vida. Como qualquer outra jovem no mundo ela tem metas a serem almejadas e, para essas metas se cumprirem ela não pode comer.

Lia sofre de um transtorno alimentar (anorexia). E em sua luta incansável/insaciável pelo corpo perfeito - MAGRO. SEM GORDURA. ROSA - Ela conta cada caloria que atravessa pela sua garganta, numa insanidade que começou quando fez uma aposta com sua melhor, não, ex melhor amiga, Cassie – que agora foi encontrada morta no chão de um motel, vitima de sua doença, bulimia.

Saber a noticia da morte de Cassie dói em Lia, mas o pior é saber que ela ligou 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33 vezes antes de morrer; e ela não atendeu. Agora assombrada com o fantasma de Cassie, Lia perde a linha tênue entre realidade e imaginação.

Com isso Lia se entrega por completo, virou refém da sua mente e do seu corpo se autoafirmando gorda, se mutilando, na busca que ela entende ser cada vez mais possível (40,5kg; 40 kg; 38,8kg... 0), pois ela sempre vai se achar gorda o suficiente.

Laurie consegue passar de forma real através da história de Lia (fictícia), a vida de milhares de pessoas que sofrem de distúrbios alimentares, com uma escrita sem miúdos, direto ao ponto, realística, gélida e ao mesmo tempo com emoção. Em suas palavras e cenas perturbadoras garotas de vidro consegue englobar uma trama de fios que envolvem família, dor e sofrimento.

Ah, sim! Ele causa também muitas recomendações para leitura!

resenhasdajulia 12/05/2021

Lia e Cassie eram melhores amigas e fizeram um pacto para serem as garotas mais magras da escola. Até que elas perdem o controle e não conseguem mais discernir se estão sendo saudáveis ou se estão doentes e precisam de ajuda.

Esse livro nos faz entrar na mente de Lia, uma garota doente e obcecada pela magreza. E tudo fica pior quando Cassie, sua melhor amiga, morre, depois de ligar 33 vezes para ela. Lia não atendeu e agora se culpa.

É um livro impactante, sobre um problema que afeta muita gente.

Ana 24/08/2021

Sufocante e desesperador
A leitura desta história teve de ser feita aos poucos, tanto é que demorei quase um mês. Tinham momentos em que eu me senti realmente sufocada, ansiosa e tinha de interromper após apenas algumas páginas.
Nunca imaginei que ter anorexia/bulimia fosse algo fácil. Mas a forma como a autora aborda o tema nos mostra que eu é ainda mais difícil do que já parece ser.
Achei uma boa técnica a narração ser feita pela mente da personagem. Não consigo imaginar a história surtindo o mesmo efeito se fosse em terceira pessoa.
Vemos com destreza o quanto essa doença atormenta a vítima e provoca revolta mas pessoas ao redor que querem ajudar mas tem dificuldade em compreender o sofrimento.
O processo de culpa que Lia carrega com relação à morte de Cassie é desesperadora. Cada vez que eu Lia 33 vezes me dava um aperto na garganta. Não preciso nem dizer que chorei litros no final quando ela sente Cassie se desculpando por não ter ligado antes.
Espero que nenhum desavisado que tenha gatilho com distúrbio alimentar leia esse livro. Acho que seria uma experiência pesada demais.

E como sempre? me fez chorar, sofrer, querer abandonar, me deixou no chão? 5 estrelas favoritado. ?????

Elfa.Leitora 07/04/2021

muito denso, sufocante
Este livro vai falar em tempo integral sobre transtorno alimentar e o vicio mortal pela magreza.

Lia tem transtorno alimentar, mas em momento algum ele e? nomeado, apenas descrito. Busca excessiva pela magreza e o objetivo na?o e? alcanc?ado, porque ele nunca e? o bastante. A doenc?a de Lia impacta em toda sua fami?lia e tambe?m em amigos pro?ximos, ainda mais nascendo atrave?s de um pacto com sua melhor amiga ?eu serei a mais magra de todas, inclusive mais mais magra que voce??. E essa fixac?a?o levou a amiga a? morte e estava arrastando Lia para o mesmo fim. E destruindo tambe?m tudo ao seu redor, principalmente as pessoa que ama.

Durante todo o livro so? se fala do transtorno de Lia, os pais lutando pra que ela enxergue que esta? doente, ela lutando contra a fome e lutando contra o fantasma da amiga que vem perturbar o tempo inteiro. E o decorrer e? todo assim: uma garota tentando convencer os outros e a si mesma que na?o esta? doente e emagrecendo cada vez mais e o tempo todo a fami?lia tentando mostrar a verdade.

Eu acho que a autora retratou muito bem a realidade, tiro o meu chape?u. Mas, na?o sei. Na?o me desceu, me senti sufocada o tempo inteiro.

E por ser um livro cem por cento focada nesse u?nico tema, que na minha opinia?o e? MUITO pesado, principalmente quando a gente respira isso nas longas 272 pa?ginas, eu na?o o recomendaria. Eu me senti mal lendo e terminei porque na?o gosto de abandonar. E? um tema importante sim, mas precisava ser dosado melhor. Muitas pessoas na?o aguentariam.

So? consigo falar isso.

Isis 25/05/2020

Pensar em um livro difícil de ler mas eu acho que é exatamente o fato dele ser tão cru e real que faz ele tão bom. Super indico mas pra pessoas que tem gatilho com distúrbios alimentares e suicídio devem evitar o máximo o livro pq ele é cheio deles.

Paloma Viricio 21/07/2012

Frágil, leve...Como uma Garota de Vidro
Por Paloma Viricio

Imagine guloseimas de todos os tipos, deliciosos cupcakes, um apetitoso jantar de ação de graças, milk-shake, pizza, hambúrguer, batata frita... Imagine o sabor, o cheiro, o paladar, a boca desejando, pedindo. Agora imagine ter vontade de comer isso, ou uma refeição qualquer, desejar, sentir a barriga roer pedindo um alimento e não poder comer nada, você não se permite ingerir nada além de água= [0 calorias], ou uma refeição que limite-se a “ (...) dez uvas-passas (16) e cinco amêndoas (35) e uma pera meio verde (121) (=172)”, ou qualquer outra que não ultrapasse um total de 200 calorias diárias.

A balança é o pior inimigo que poderia existir, ela marca 45 kg, mas você quer menos 43, 40... Precisa sentir-se leve, limpa... Flutuante. A carne necessita, mas o psicológico surra o desejo e te transforma em uma frágil refém de si mesma... Uma Garota de Vidro... “ A verdade nem sempre é o que enxergamos”.

A obra é um drama cujo tema central são distúrbios alimentares: Anorexia e Bulimia. A principal da trama é Lia uma adolescente que aposta com a melhor amiga, Cassie, quem será a menina mais magra do colégio. Só que elas não poderiam imaginar que isso iria se transformar em um grande redemoinho que sugaria a energia, saúde e vida de ambas. Cassie morre de forma brutal em um quarto de motel após tentar comunicar-se com Lia 33 vezes, mas ela não atende, pois não eram mais tão amigas como antes.

Agora Lia, não tem mais porque continuar a aposta. Será? Isso se a amiga desencarnada ficasse em paz. Mas, Cassie passa a atormentar Lia depois de morta. Além da jovem ter que enfrentar um problema já enraizado em seu corpo, a anorexia, ainda terá que saber lidar com as misteriosas visões fantasmagóricas de Cassie. O que será que ela quer? Como livrar-se dessa situação? Lia vive com o pai, a madrasta e a irmã de consideração dela. A mãe da jovem é médica e sempre está ocupada na correria da ala de emergência do hospital.

Lia não consegue perceber que está com problemas, muito menos entender que os familiares apenas querem ajudar ela a livrar-se da doença e todos acabam sofrendo juntos, como em uma roda de tortura. Durante a trama podemos notar todo o sofrimento da garota e também dos familiares que tentam de qualquer maneira socorrer a última esperança de fazer com que ela se cure. Mas, será que ela irá conseguir sair dessa? Lia deixará de ser uma Garota de Vidro?

De acordo com o Portal do Ministério da Saúde (www), os distúrbios alimentares são uma realidade cada vez mais grave e que afetam principalmente mulheres e meninas que estão em busca do corpo tido como perfeito. Os dados estatísticos são tristes e comprovam que a anorexia obtém estimativa de 0,5 a 1% da população, enquanto a Bulimia coleciona de 1 a 4%.

O tema também foi pauta da matéria publicada no programa Conexão Repórter, da emissora SBT, realizada pelo jornalista Roberto Cabrini (www). A reportagem que foi ao ar no dia 14/06/2012, mostrou o drama enfrentado por meninas que lutam contra as inimigas Ana e Mia (Apelido de Anorexia e Bulimia utilizado por garotas em blogs e fóruns sobre o tema) todos os dias.

Até a modelo e apresentadora do programa Esquadrão da Moda, Isabella Fiorentino, abriu o jogo e revelou como enfrentou a guerra com os distúrbios alimentares que sofreu. “Essa ditadura de que tem que ser prefeita, ter a pele perfeita, cinturinha no lugar...isso é desumano. Acho um crime fazer isso”, alfineta Isabella. E Fiorentino desabafa ” Você não percebe é uma doença sorrateira, geralmente quem começou com anorexia já tinha bulimia...Eu estava doente, tive que tomar remédio, fazer terapia. Fiquei um ano e meio para me curar, ficar bem. Eu falo até hoje que anorexia você não cura, você controla“, relata a modelo.

O trabalho Frágil, leve...Como uma Garota de Vidro de Paloma Viricio foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Brasil.

Bia 30/01/2022

É um livro pessado, eu achei que a autora retrata com muito realismo as pessoas que sofrem com bulimia.

Valeska19 21/03/2022

 

Destruída, foi assim que esse livro me deixou. Garota de vidro é um livro completamente sério e com muitos gatilhos. Pra mim foi uma leitura extremamente difícil, que eu esperava ansiosamente pelo final.

Lurie halse Anderson foi incrivelmente brilhante ao criar uma história tão  realista e tão perturbadora. Lia uma personagem verdadeira e profunda. Acompanhar a luta dela com ela mesma durante o livro foi cansativo.

Uma história completamente difícil que não é pra qualquer momento.

 

"Não há nenhuma cura mágica, não há como fazer tudo ir embora para sempre. Há apenas pequenos passos para cima; um dia mais fácil, um riso inesperado, um espelho que não importa mais "

bella_madu 02/09/2022

pesado
esse é o livro com mais gatilhos q eu já li na minha vida, nn recomendo pra qualquer pessoa ler ele, a pessoa tem q ter um bom psicológico
no meu caso eu não tenho ? ent assim, meio q me ferrei

eu achava q o livro iria tratar do assunto com leveza, como uma forma de acolher as pessoas com transtornos alimentares, mas na vdd, meio q o livro todo se passa dentro dos pensamentos da personagem e não é nada acolhedor, pelo contrário, é bem perturbador
eu não tenho transtornos alimentares propriamente ditos, mas tenho problemas com alimentação, tipo, quando nn me sinto bem com meu corpo ou comigo mesma no geral, passo um dia todo sem comer e tals, mas nn é nada mto grave, eu acho
no caso da personagem, ela realmente precisa ser internada e acolhida de forma significativa, pq a mente dela não quer melhorar e enfim, o livro é bem pesado
mas gostei q no final deu tudo certo

nn dei 5 estrelas pq não é um livro q eu releria por ser bem perturbador, nn é uma coisa mto saudável de se ler e SPOILER: eu odiei as aparições da Cassie m0rta

dei 3 estrelas, pq o livro não é ruim, foi mto bem escrito, a história é MUITO real, talvez seja por isso q fiquei tão perturbada, às vezes nos acostumamos com os livros q a gnt lê e é tudo mto romantizado, apesar de ter acontecimentos ruins, ainda assim, n chega tão próximo da realidade como esse aqui chegou
admiro a escritora por conseguir escrever isso aqui com tanta maestria, não é fácil abordar esse tipo de assunto

Janaína Martins 30/06/2020

Pesado, mas necessário
Fiquei dias pensando nesse livro, muito emocionante, de fato.

Bia 08/11/2020

Pesado , porém necessário .
Angustiante está na cabeça da Lia e ver que a cada dia ela está mais fraca e não percebe, só quer pesar menos e menos. Ela acha que isso a torna mais forte .

Um livro que trata de um tema forte e pode provaca gatilho.

Recomendo.

Marcia Leão 18/04/2021

Pesado...
Gostei bastante da leitura, apesar da temática pesada. A autora soube prender a atenção com a narrativa da Lia, uma garota que sofre de transtorno alimentar.
Alguns acontecimentos fazem com que a doença dela piore e a gente vai acompanhando o sofrimento que é para essa menina comer, algo que muitos de nós faz as vezes no automático. Uma coisa que me chamou muito atenção é o comportamento da família, apesar de ter uma estrutura, amor, o diálogo é quase que inexistente, seus pais simplesmente não conseguem entender e enxergar a depressão da filha. Acho que esse é o legal do livro, refletir sobre algo tão corriqueiro nas famílias e esse afastamento que vai acontecendo de forma tão sutil na relação pais e filhos quando os filhos vão crescendo. A gente consegue ter uma noção de como funciona a cabeça de uma pessoa com essa doença.

@agathaltpiza 19/10/2021

TEM GATILHOS! Suicídio, distúrbio alimentar e auto mutilação.

Ok, sobre o livro. Faz anos que quero ler esse livro por causa da indicação da Pam (booktuber) e finalmente li.

Temos a história da Lia, uma garota de 18 anos que sofre de anorexia que o livro nos mostra que teve um início com uma aposta feita entre ela e Cassia, sua (ex, e atualmente morta) melhor amiga bulímica. Mas durante a leitura você percebe que esse foi só o ápice, porque muitas coisas antes aconteceram para que ela chegasse a esse momento. Uma puberdade que trouxe à ela um corpo que a fez deixar de ser aquela criança pequenina e magrinha, uma professora de balé que reclamou da quantidade de doce que ela estava comendo, o bullying com a melhor amiga na escola quando ela começou a ter seios, pais que se divorciaram e se perderam entre eles se esquecendo dela fazendo com que ela quisesse sumir. Literalmente.

Lia nunca está satisfeita com o seu peso. Ela tem metas, ela conta as calorias de cada alimento, ela faz exercícios madrugada a fora. Mas o problema é que ela nunca está satisfeita com suas metas. 48 kg, 45 kg, 40 kg, 38 kg, 30 kg, 24 kg, 0 kg. Ela quer manter o interior dela rosa e limpo.

"Eu levanto meu braço para fora da água. É um tronco. O coloco de volta para baixo e ele fica maior ainda. As pessoas vêem o tronco e o chamam de galho. Elas gritam para mim porque eu não consigo ver o que elas vêem. Ninguém consegue me explicar o porquê dos meus olhos funcionarem diferente dos delas. Ninguém consegue fazer isso parar."
Lia mora com seu pai, madrasta e meia irmã. Não tem um relacionamento bom de verdade com nenhum deles além de Emma, sua irmã mais nova. Todos eles tentam ajudar Lia a sair desse pesadelo, vencer essa doença, mas fica difícil quando precisam lidar com duas internações fracassadas da Lia em reabilitações onde tratam apenas o seu corpo e não a sua mente.

Eu queria gritar com os pais da Lia. Gritar para eles verem ela de verdade, olharem para ela, ver que ela continuava precisando de ajuda e que estava enganando-os. Mas eles focam demais no “Lia você precisa comer. Lia come.” em vez de tentar entender o que se passava na mente dela para ela ser e agir dessa forma. Eles não entendem a Lia e isso me frustrou demais. Porém, aos poucos eu fui entendo que mesmo que eles entendessem, não conseguiriam forçar mente adentro uma mudança e comida adentro para ela ganhar peso, porque ela não aceitava que precisava de ajuda. Ela não queria melhorar.

Até que uma coisa acontece no livro que faz ela acordar pra vida. Perceber que quer viver e que quer lutar. E aí nós soltamos o ar que estava preso, relaxamos os ombros e se esvai a tensão de ter que lidar com outra morte.

É um livro que trata o assunto de uma forma crua e verdadeira. É difícil ler e aceitar o que a
Lia faz consigo mesmo, mas estando dentro do cérebro dela você compreende um pouco, uma compreensão que te faz querer enfiar a mão naquela mente e ajeitar as coisas para que ela possa viver, se amar e ser feliz.

"Não há nenhuma cura mágica, não há com fazer tudo ir embora para sempre. Há apenas pequenos passos para cima, um dia mais fácil, um riso inesperado, um espelho que já não importa mais."