Café & Espadas 07/05/2014
Resenha Ruas Estranhas - parte 1 e 2
Aqui na nossa página de resenha no skoob iremos fazer somente um copilado de todas as "mini-resenhas" de todos os contos. Para ler a resenha completa, siga os links que se encontram no final do texto.
Morte por Dahlia - de Charlaine Harris
Em Morte por Dahlia conto a autora narra uma noite conturbada na longa vida de Dhalia, uma vampira de poucos amigos e não tão jovem quanto a sua aparência indica.
A trama se desenrola em uma luxuosa mansão (chamada de ninho) onde acontece uma festa que comemora a ascensão de um novo líder vampiro, cargo esse que é chamado de xerife (?). A Festa é frequentada por muitos outros estereótipos sobrenaturais, como lobisomens, demônios e zumbis.
Tudo estava indo muito bem, até que o assassinato de um dos humanos doadores (humanos que se oferecem como alimento aos vampiros) daquela noite põe o Ninho em risco, e Dahlia (que de repente mostra ter talentos investigativos; claro, já que temos um xerife, temos que ter também os detetives...) junto de Katamori, um outro vampiro investigador, vão atrás de descobrir quem é o culpado.
Esse conto tem a narrativa arrastada, um final bem previsível e diálogos sem muita desenvoltura. Mas logo de cara é possível notar que o ambiente criado para ele realmente não tem muito a oferecer.
A Sombra que Sangra de Joe R. Lansdale.
Esse conto leva bem ao pé da letra o sentido da palavra "terror".
É de roer as unhas, e muitas vezes me lembrou do filme A Beira da Loucura e certas passagens de Silent Hill (o jogo, não o filme.). A história narra uma aventura sobrenatural vivida por Richard, um homem que é uma espécie de detetive particular nas horas vagas.
Ele está em uma lanchonete, em algum distrito americano onde predominantemente vivem pessoas negras (ou de cor como o autor cita no texto.) quando Alma May, uma prostituta e antigo caso de Richard, vai até ele e lhe pede um favor: que ele investigue o sumiço de seu irmão Tootie, um exímio violonista que é a única pessoa que ela tem como família. Richard aceita a muito contragosto, e a única pista deixada por Tootie foi um misterioso disco de vinil que, aparentemente, invoca o próprio inferno com sua música maligna.
A narrativa é em primeira pessoa, e o autor ambientou muito bem os subúrbios americanos da época de ascensão do blues. O clima pesado, de um terror mais psicológico com ameaças e avistamentos sobrenaturais, mesclado à podridão e decadência tanto das estruturas físicas como dos tipos humanos, aprimora ainda mais a qualidade sombria do conto. Qualidade que, diga-se de passagem, não é encontrada nem em alguns livros de terror.
Joe R. Lansdale conseguiu me fazer esquecer o péssimo começo dessa coletânea com uma ótima história e sua escrita adulta, desenvolta e fluida.
Coração Faminto de Simon R. Green
Nightside é um série de onze volumes, escrita por Simon R. Green e publicadas no exterior.
Nesse terceiro conto somos apresentados a John Taylor, um detetive muito familiarizado com o ambiente e as criaturas de Nightside, um submundo oculto em Londres, com uma noite eterna (sempre três horas da madrugada), onde todo tipo de magia e ocultismo pode ser encontrado sem dificuldades. John tem um dom: ele consegue encontrar qualquer coisa que precise, sempre. E esse dom vai ajudá-lo na sua próxima missão.
Holly Wylde, uma bruxa charmosa e dissimulada, teve o seu coração roubado pelo ex-namorado, um bruxo poderosíssimo que vive em uma outra dimensão, e quem melhor que John Taylor para encontrar algo perdido em outra dimensão?
Como todos em Nightside sabem, as bruxas têm o costume de retirar o próprio coração e grardá-los em um local seguro por precaução, para caso o corpo sofra um dano mortal, a bruxa possa ressurgir. Sendo assim, ela só é destruída definitivamente se o seu coração também for. Muita coisa está em jogo nessa simples missão, e há também um grande mistério que cerca a caixa, conhecida como Repouso do Coração, onde o coração de Holly foi confinado.
Essa história tem um tom de aventura e deixa o elemento suspense um pouco de lado. A escrita do autor é agradável e a história pode despertar a curiosidade do leitor por toda a série Nightside. Uma pena ela não ser publicada por aqui.
Estige e Pedras de Steven Saylor
Nesse terceiro conto temos uma variação do gênero literário apresentado por essa coletânea: o mistério histórico. A narrativa se passa nos anos em que o glorioso império romano governava vários territórios.
O protagonista é o jovem romano Gordianus, que chega a antiga Babilônia, que agora está profanada e em ruínas. Este conto é a introdução para a série de histórias que levará Gordianus (aqui, ainda um adolescente) a conhecer as Sete Maravilhas do mundo antigo, junto com o seu companheiro de viagem Antípatro de Sido, um poeta grego já idoso. Estige e Pedras é uma introdução a Roman Blood, o primeiro romance da série Roma Sub Rosa, todos escritos pelo mesmo autor.
Chegando a antiga jóia de Nabucodonosor, Gordianus e Antípatro percebem que a antiga glória realmente não passa de míseros vestígios, que são disputados pelos visitantes e mercadores, que vendem a preços altos lascas de cerâmica e tijolos da extinta muralha da Babilônia, do imenso zigurate ou do antigo portão de Ishtar. Após a visita, a dupla de visitantes vão descansar em um pousada da cidade, localizada próxima a um templo de Ishtar, também abandonado e em ruínas, que segundo os moradores locais é assombrado pelo espírito de uma mulher amaldiçoada. Logo, Gordianus começa a presenciar mortes misteriosas no local, e a tensão e os fascínios desse lugar fascinante começam a mexer com a cabeça do nosso protagonista.
O conto é bem escrito, e tem um desenrolar bem ritmado e com leves doses de humor; além de várias informações interessantes sobre essa época tão rica da história antiga. E é também uma boa fuga do padrão contemporâneo do livro.
Dor e Sofrimento S.M Stirling
O autor já é um nome conhecido internacionalmente no mundo da ficção científica. Autor de séries como Sea of Time e Drakas! Stirling escreve esse conto que mistura o mais puro suspense policial e o mistério sobrenatural, nos remetendo àquelas boas séries de investigação ambientadas em bairros americanos mestiços de anglos e latinos.
Eric Salvador é um policial atormentado. Um pesadelo onde uma mulher misteriosa e incendiária atenta contra a sua vida é constantemente revivido toda noite, mas algo mais misterioso ainda o traga, um jogo de gato-e-rato, em que todas as provas encontradas parecem não ter fundamento.
Um incêndio misterioso seguido do desaparecimento de Ellen Tarnowski mobiliza Eric e seu parceiro, Cesar a investigar a família Brézé, que aparentemente, não consta em nenhum tipo de banco de dados, mesmo sendo rica e influente no meio político. Aos poucos, o círculo de ameaça se fecha em torno de Eric, e quando o caso escapa de suas mãos o perigo se torna letal.
O conto está mais para um drama policial, mesmo com o sobrenatural o cercando a todo momento. A leitura estimula para devorá-lo quanto antes, e o autor coloca os momentos de tensão no local correto, com um escrita simples e de rápida compreensão. No entanto, o final não me agradou muito. Mas foi algo aceitável. Não chega a arruinar todo o conto.
Sempre a Mesma Velha História Carrie Vaught
Mais um conto que usa a imagem mitológica do vampiro. Mas diferente do primeiro conto dessa lista, a autora coloca o protagonista Rick, um vampiro de quinhentos anos, no centro de uma história que envolve assassinato, romance e o dilema da eternidade. Como viver um amor quando se um condenado a vida eterna comtemplando a continuidade impiedosa do tempo agir sobre a mortalidade do outro?
Helen é uma mulher jovem e atraente que acabou de conseguir um bom emprego. Motivo suficiente para uma boa e solitária comemoração. Sendo assim ela vai ao Murrays, um bar meio mal frequentado, e local onde Rick trabalha como barman. Logo eles começam uma boa amizade, que se transforma em algo mais profundo quando Helen descobre que o novo emprego não era nada do que ela pensava, e se vê ameaçada por Blake, um homem perigoso.
O conto é um pouco extenso mas a autora consegue manter o andamento da leitura de uma forma agradável, dividindo a narrativa em duas partes (passado e presente) e fazendo saltos de um para o outro, que se complementam mutuamente.
A imagem que ela usa dos vampiros é essa mais moderna, a qual já estamos acostumados e vemos por aí em alguns filmes e livros dos nossos tempos. No mais, nenhuma novidade. É só mais uma história sobre vampiros vivendo os dramas de um amor impossível.
A Dama Grita Conn Iggulden
Conn Iggulden já é um nome famoso da literatura de ficção histórica. Autor de séries como O Imperador, que tem o foco na história de Júlio César, e O Conquistador que esmiúça as batalhas e a vida de Gêngis Khan; Conn é um dos integrantes do grupo seleto de autores cujo os contos integram esse livro, e ele cumpre muito bem a sua função. Narrando uma história curta que, se passar por um processo de refinamento e desenvolvimento, poderia até virar um livro independente.
John Garner tem um trabalho incomum: fala com os espíritos de pessoas que já se foram, e traz mensagens do além para seus parentes que ainda estão no mundo dos vivos. Um trabalho nobre e belo que reconforta os corações entristecidos pelo luto. Bom... poderia até ser se tudo que John faz não passasse de pura armação e leitura fria.
Sendo assim, ele sai por várias cidades divulgando seu trabalho para os mais emocionalmente necessitados, claro, em troca de taxas módicas altíssimas. Mas o que ele não esperava era encontrar um fantasma de verdade, que assombra o porão da casa de uma senhora igualmente assombrosa. Mas logo surge uma relação meio que de simbiose entre John e o fantasma, que ele chama de A Dama, e seu trabalho começa a se tornar um Trabalho de verdade, com T maiúsculo.
Sem dúvida, um dos melhores contos (junto com o A Sombra que Sangra) desta coletânea.
O tom cômico, pessoal e até informal com o qual o protagonista narra sua história para o leitor é cativante, e faz você rir em vários momentos. John Garner é um completo anti-herói, o típico vigarista, e o toque de ódio e rancor guardado por ele devido todos os sofrimentos que seus antepassados tiveram que passar injustamente o torna ainda mais interessante. E a história esbanja criatividade e um jeito diferente de encarar esse tema de espíritos que vagueiam.
Hellbender Laurie R. King
O sétimo conto desta coletânea levanta um assunto que eu sinceramente não esperava ser abordado em um conto de fantasia urbana: a intolerância. O que seria suficiente para separar seres humanos entre si, como duas espécies diferentes? Um mero pedaço de DNA? Isso nos dá direito de sacrificar o que não é dito como humano, por mais semelhante que seja a um ser humano, em nome da ciência? E há limites para a ciência? Se há, como saber que chegamos a uma linha tão tênue como essa?
Laurie R. King é autora da série Mary Russell, publicada em 11 volumes e que narra as aventuras de uma jovem aprendiz de detetive que tem como mentor ninguém mais, ninguém menos, que o próprio Sherlock Holmes. Mas nesse conto, a autora nos apresenta outro detetive que tem uma característica especial, que torna ele e outros indivíduos alvos de criminosos que usam a ciência como escudo para suas ações cruéis e sem escrúpulos.
A história é narrada em primeira pessoa pelo protagonista (que não se identifica em momento nenhum da narrativa), um detetive que e fruto de uma experiência genética que combinou DNA humano com o de salamandras, o que gerou os SalaMens. Nome um tanto quanto engraçado, mas que traz um estigma e necessidades especiais para os que possuem essa mutação.
Todo o mistério começa quando Elizabeth Savoy, uma mutante, vai até o escritório do nosso protagonista com um lista. Nesse pedaço de papel há os nome de vários SalaMens desaparecidos. Sentindo que deve cumprir seu dever para com o seu povo, o detetive entra em uma investigação que vai levá-lo a conhecer um grupo criminoso que usa a internet e a necessidade financeira dessas pessoas como meios para realizar suas pesquisas nefastas.
A autora fez uma mescla de ficção científica, suspense policial leve e uma crítica social que coloca o dedo na ferida e ainda é uma realidade na nossa sociedade, infelizmente; e essa mistura funcionou bem. O conto não entra na minha lista dos melhores do livro, mas não deixa de ser uma boa história.
Ladrões de Sombras de Glen Cook
Sabe quando você lê um livro, e a sensação que fica depois da leitura é um vazio? Pois é... acho que isso resume tudo...
Temos aqui o nono conto dessa coletânea, Ladrões de Sombra escrito por Glen Cook, que abre com chave de plástico a segunda resenha de Ruas Estranhas.
O autor é famoso por séries como Black Company e Starfishes, uma que narra as aventuras de um bando de mercenários em um mundo de fantasia e a outra uma ficção científica baseada na mitologia nórdica. E outra série famosa desse autor é Garret, DP, como mais de dez volumes que traz as aventuras de Garret, um detetive particular que vive em um mundo povoado por humanos, seres mágico e raças mestiças e inteligentes, tudo regado a muita magia e mistério. E esse é o protagonista desse conto.
Garret divide uma casa com seres estranhos: um ser estranho, com tromba, obeso e inerte, que se comunica por telepatia, que ele e todos os outros moradores chamam de Homem Morto (?); Penny, uma adolescente bela e atraente com um faro apurado para confusões; Um cozinheiro chamado Dean que não influi nem contribui para a história; e Singe, uma ratazana com aspecto antropomórficos boa com armas e ótima farejadora.
A trama começa quando a casa de Garret é invadida por seres que parecem ogros (ou trolls) em uma cena de ação muita confusa (como todo o resto do conto). Aparentemente, eles estão atrás de uma caixa que contêm a Sombra de Ryzna, um artefato místico que reúne a alma de vários magos mortos.
A história segue, com uma narrativa confusa, mal escrita e com os personagens (estranhos e mal caracterizados) soltando frases soltas, que parecem ter conexão ou sentido somente na cabeça do autor.
O conto poderia até ser bom, mas é vazio, sem andamento, e o pior: nada se resolve no final. O que dá a sensação de que ele tem uma continuação em algum lugar (possivelmente, algum volume da série Garret, DP), ou em lugar algum. Primeira vez que vejo isso em um conto.
A única pergunta que deve ficar após a leitura de Ladrões de Sombras é: Por que diabos escolheram esse conto? Os editores pelo menos o leram antes?
Confesso que dificilmente lerei qualquer outra coisa escrita por esse senhor chamado Glen Cook.
Sem mistério, sem milagre - de Melinda M. Snodgrass
Eis mais um conto que entra para o conjunto dos medíocres.
Melinda M. Snodgrass é autora de vários títulos como Circuit, CircuitBraker, Final Circuite The Edge of Reason. Mas dois trabalhos de longa data merecem destaque: seus roteiros para a série Star Trek: a nova geração (da qual também foi produtora) e a sua participação na criação da série Wild Cards; série que, como sabemos, conta com a edição do próprio George R. R. Martin.
Em seu conto a autora nos insere em uma trama que envolve seres superiores, o governo dos Estados Unidos, um anel nefasto e com uma energia que emerge do lado mais obscuro do sobrenatural.
Essas criaturas ancestrais estão entre nós, humanos, há muito tempo e chegam ao nosso mundo por meio de fendas dimensionais. E a missão do protagonista, o detetive Cross é achar uma dessas fendas e destruir o que passou por ela. E isso pode significar a maior batalha que Cross já viveu e, mesmo ele sendo um desses seres sobrenaturais, o medo o cerca em todo momento.
A história possui bons diálogos e argumentos que vão duramente de encontro aos princípios do cristianismo. A natureza desses seres superiores não é de todo esclarecida, é deixada muito no ar, a cargo da interpretação e imaginação do leitor, o que em determinados tipos de narrativas pode ser uma qualidade.
Mas mesmo assim o conto não empolga como deveria, deixando um certo marasmo no ar. Não que chegue a ser ruim ou mal escrito, só não externou todo o seu potencial.
A Diferença entre um Enigma e um Mistério de M. L. N Hanover
M. L. N Hanover é um autor novato no mundo literário. Autor da série Black SunsDaugther e do livro Vicious Grace e se tomarmos esse conto como uma amostra grátis da sua escrita e imaginação, iremos perceber que ele leva muito jeito para a coisa.
O detetive Mason (do contrário de boa parte dos outros detetives dessa coletânea) não tem nada de sobrenatural, nem o mínimo contato com ele. Porém quando o misterioso assassinato de uma garota, impregnado de indícios de rituais de magia negra, é jogado em sua mesa e ele começa a receber ajuda de um consultor em exorcismos.Mason é sugado por essas crendices que envolvem anjos e demônios, o bem e o mal,e o que antes era um mero enigma evolui para um mistério. E um mistério que irá colocar todo o ceticismo de Mason em xeque.
Com um final bem diferente do esperado, uma escrita ácida, trama intrigante e com bons diálogos com percepções filosóficas intrincadas, esse conto entra no mesmo patamar de A Sombra que Sangra e A Dama Grita, mesmo que não seja ainda tão bom quanto eles.
O que impera na narrativa é a densidade do sombrio, da sensação de que algo maior do que qualquer mortal movendo seus fios de marionete, manipulando os rumos de tudo ao seu gosto. E isso é o que cativa os fãs de histórias mais nefastas e maduras.
O Curioso Caso do Deodand de Lisa Tuttle
Esse conto, ambientado na Londres do século XIX, é um retorno aos moldes das histórias mais famosas de Sir Arthur Conan Doyle, as aventuras do detetive Sherlock Holmes e seu auxiliar Dr. Watson.
Lisa Tuttle é premiadíssima e uma das escritoras mais respeitadas de sua geração. Ganhou o prêmio Nebula em 1981, o British Science Fiction Awards em 1987 e o International Horror GuildAward em 2007, somente com contos. Ela também escreveu vários livros. Um deles, Windhaver, foi escrito em parceira com George R. R. Martin.
Em O Curioso Caso do Deodand a protagonista narra em primeira pessoa a descoberta de seus próprios talentos de observação e investigação, quando aceita uma oferta de emprego oferecida pelo detetive particular JasperJesperson, um solteirão que vive com a mãe em um sobrado na Gower Street, e soluciona casos misterioso até então não resolvidos pela polícia.
Além da aguçada perspicácia, A Srta. Lane possui um dom mediúnico: ela sente a atmosfera dos ambientes, e presente se eles são atormentados por maus espíritos.Mesmo assim, ela mostracerto ceticismo para com o sobrenatural. Mas tudo isso cai por terra quando ela aceita o emprego de auxiliar do detetive Jasper, e o seu primeiro caso é investigar dois assassinatos que ocorreram em circunstâncias muito incomuns no passado e um que pode vir a ocorrer pelo mesmo motivo: uma jovem que carrega uma maldição que afeta todos ao seu redor. Junto a isso surge a imagem do tutor da jovem, que tem o hábito macabro de colecionar relíquias de assassinatos.
O conto é leve, sem muitas voltas no enredo e a escrita da autora é simples e direta. O final não causa grandes emoções, mas, se o conto foi uma homenagem a maior dupla de detetives que já existiu na literatura mundial, então o resultado final ficou dentro do esperado. Nem mais nem menos que isso.
Lorde John e a Peste de Zumbis de Diana Gabaldon
Esse conto é de longe um dos mais volumosos da coletânea, mas, apesar do título, não há tanto zumbi assim em suas linhas.
Diana Gabaldon é autora da série Outlander e uma queridinha do New YorkTimes. Venceu prêmio importantes como o Quill e o prêmio de ficção CorineInternational. Os romances do lorde John são considerados parcialmente como mistérios históricos e também detalhamentos da série Outlander, cuja trama ocorre na Escócia do século XVIII e XX.
Mas saindo das terras frias e chuvosas de Willian Wallace. Essa história se passa em um lugar que poderia ser um grande paraíso tropical: a ilha da Jamaica.
Ao ancorar nesse território novo e hostil, lorde John terá que enfrentar vários problemas: uma revolta de escravos em pleno andamento e com proporções que estão aumentando progressivamente em termos de gravidade e violência, corrupção dentro do próprio exército inglês, o clima quente e abafado, animais peçonhentos e, claro, zumbis.
Um governador e um capitão estão desaparecidos e cabe a John encontra-los com a ajuda de seu fiel valete Tom, do capitão Cherry e do major Fettes, membros veteranos do seu batalhão. Logo acontecimentos sinistros começam a rondar a mansão onde eles estão alojados, ao mesmo tempo que uma densa atmosfera de misticismo tira o seu fôlego. Venenos poderosos, capaz de reerguer os mortos e rituais de magia negra irão complicar ainda mais a situação e catalisar uma trama onde nada nem ninguém inspira confiança.
O conto, como já dito antes, é volumoso. E talvez esse seja um dos pecados cometidos. Por ser extenso dessa forma a narrativa em vários momentos perde o ritmo, como por exemplos nos diálogos que são constantemente interrompidos por descrições feitas pela autora.A história poderia ser melhor, com um clímax melhor e personagens mais envolventes, mas o máximo que ela consegue é ser, adivinhem! Mediana também.
Cuidado com a cobra um conto SPQR de John Maddox Roberts
É amigos...Realmente as coisas não andam bem para a coletânea Ruas Estranhas.
Pergunto-me qual foi o critério usado por George Martin e Gardner Dozois para escolher quais autores iriam ter seus contos inseridos nesta compilação.
Se for somente pelo fato deles estarem entre os mais vendidos do The New York Time, então eles deveriam ter optado por outras referências, pois há um grande número de autores (que não estão em listas de Best-seller) com ótimas histórias, que poderiam ter recheado as páginas deste volume com contos surpreendentes e de qualidade mais apurada.
Cuidado com a cobra tem sua narrativa em primeira pessoa ambientada no poderoso império romano. DeciusCaecilus é um senador que por vezes atua com investigador de homicídios enigmáticos e crimes mais atípicos.
O caso da vez é o misterioso desaparecimento de uma serpente sagrada de um templo religioso, eu irá culminar em uma intriga entre irmão e um jogo de inveja e cobiça.
John Maddox escreveu uma história bem curta. Em todos os aspectos.
Além de não ser muito volumosa, a narrativa não chega a instigar aquela vontade do leitor de querer resolver o caso antes do detetive da trama. O clímax é pífio, a investigação é exposta sem muitos refinamentos e faltou um elemento que até então estava presente em todos os contos, e é uma das principais temáticas desse livro: o sobrenatural. Realmente, um conto que você pode seguir para a leitura do conto seguinte sem nenhum peso na consciência.
De Vermelho, com pérolas de Patricia Briggs
Finalmente uma recuperada de fôlego, e finalmente de umadas autoras (que não se destacaram muito nesse volume) escolhidas.
Patricia Briggs é autora da série de fantasia Sianim, que possui quatro volumes: Masques, Wolfsbane, Stealthedragon e Whendemonswalk e de muitas outras obras que mesclam fantasia com aspectos puramente associados aos gêneros de terror e suspense, como a série Mercy Thompson.
Este conto trouxe de volta a idéia original da coletânea, o sobrenatural agindo sobre o mundo humano por meio de um crime, o que leva um detetive (já acostumado a lidar com seres mágicos ou de outros mundos) a uma investigação minuciosa do caso. E é o que temos aqui.
Warren Smith é um lobisomem, e trabalha como detetive particular na empresa de advocacia de seu amigo (e amante) Kyle Brooks.
Quando Kyle sofre uma tentativa de assassinato envolvendo uma linda mulher que foi morta e transformada em um zumbi, vestida com um vestido vermelho e um deslumbrante colar de pérolas, Warren parte em uma investigação profunda para tentar descobrir o mandante do crime e o motivo de tudo. E para isso ele ganha a ajuda de duas bruxas poderosas e dispostas a ir até o fim.
Esse conto não chega a ser excepcional, mas comparado com os restantes dessa segunda parte ele se destaca pela tensão e o mistério denso que a autora consegue manter durante toda a narrativa e pela reviravolta que converge para um final inesperado. Uma agradável surpresa no meio de tanta parvidade.
A águia de Adak de Bradley Denton
Bradley Denton é muito premiado internacionalmente e publicou diversos contos em revistas de fantasia e ficção científica. E aqui em Ruas Estranhasfaz uma ótima contribuição para a seleção (não tão ótima assim) de contos.
Em A águia de Adak somos transportados para os cruéis tempos da Segunda Guerra Mundial, na inóspita região das Ilhas Aleutas, no Alasca.
Dois soldados recebem uma missão: investigar o misterioso surgimento de um cadáver de uma águia que foi pregado em uma rocha nua em meio a neve e as ventanias perigosas da região. Apesar de parecer um tanto quanto desconexa de um enredo que envolva uma guerra e as forças armadas, essa busca logo evolui para uma trama mais intrigante quando outro corpo é encontrado: o de um soldado da marinha.
A história nos deixa na ânsia por uma resposta até a última linha, e conta com ótimas referências a uma grande obra da literatura policial, O falcão maltês escrito por DashielHammet.
Um bom encerramento para a coletânea, e um dos melhores contos sem sombra de dúvidas, mas não tenho muita certeza se irá cair no gosto de todos.
site: http://cafeeespadas.blogspot.com.br/2014/04/resenha-ruas-estranhas-parte-1.html http://cafeeespadas.blogspot.com.br/2014/05/resenha-ruas-estranhas-parte-2.html