Mari 17/03/2013
A grande sacada de Ruas Estranhas é colocar o nome de George R.R. Martin em letras garrafais na capa, pois é um chamariz para vendas, mas o autor só escreve a apresentação do livro, não tendo nenhum conto de sua autoria infelizmente.
O livro reúne 16 contos de autores consagrados por suas histórias que envolvem o sobrenatural, que vão desde vampiros, lobisomens até zumbis, fantasmas e outras criaturas.
O primeiro conto, “Morte por Dahlia” de Charlaine Harris é sobre uma festa entre vampiros em que acaba ocorrendo uma morte, então o breve conto é a investigação, mas não empolga e nem surpreende.
Já “A sombra que sangra”, de Joe R. Lansdale me prendeu mais a atenção, pois o protagonista tem que achar uma pessoa desaparecida e quando o acha, descobre que ele não pode parar de ouvir a uma música apavorante, senão a sombra que sangra aparece e pode ser mortal. É interessante porque foge do convencional das criaturas sobrenaturais para um fenômeno tão peculiar, que acaba assustando mais do que uma criatura personificada. Bom conto!
“Coração Faminto”, de Simon R. Green conta a história de uma bruxa que perdeu seu coração e o quer de volta, não passando muito de uma metáfora muito fantasiosa sobre um amor que não deu certo.
“Estige e Pedras” do Steven Saylor volta à antiguidade, na Babilônia, numa narrativa que parece um roteiro de Indiana Jones. É bem maios ou menos.
“Dor e sofrimento” de S.M. Stirling tem o nome profundo, mas a história sobre a investigação de um incêndio acaba sendo sem pé nem cabeça mesmo com a presença do sobrenatural. Ruim!
“Sempre a mesma velha história” de Carrie Vaughn conta a história de um vampiro que vai investigar a morte de sua amiga humana, já idosa, e chega até a ser bonitinha com os flashbacks que relembram a época em que se conheceram e mostra que mesmo ele sendo imortal e ela não, a amizade nunca mudou. A relação dele com a amiga acaba prendendo mais a atenção do que a investigação em si. Boa história!
“A dama grita” de Conn Iggulden me agradou por falar de um caçador de fantasmas, cujos objetos que ele ‘recolhe’ tem uma alma aprisionada e ao invés de destrui-los, alguns ele guarda, como é o caso da ‘dama que grita’ que o ajuda na caça de outros fantasmas. O conto é tão curtinho que não dá tempo de se tornar cansativo.
“Hellbender” de Laurie R. King, o nome do conto é na verdade o nome de criaturas que são meio homens e meio lagartos e na história, uma detetive é contratada para investigar o desaparecimento de outros de sua espécie. É diferente, mas não é necessariamente bom.
“Ladrões de Sombra” do Glen Cook, não sei nem dizer do que a história se trata de tão confusa que achei. De interessante, só o nome que daria um bom filme. Horrível!
“Sem mistério, sem milagre” de Melinda M. Snodgrass coloca alienígenas e demônios vivendo entre humanos envolvendo questões políticas e religiosas, numa história que se não tivesse esse toque sobrenatural, poderia muito bem ser um conto baseado em algum fato real. Interessante!
“A diferença entre um enigma e um mistério” do M.L.N. Hanover conta a história de um homem que acredita-se estar possuído por um demônio e que mata uma mulher, seguindo muito a linha de filmes de suspense em que você pode se deixar enganar pela justificativa mais óbvia, mas que no final, devido a alguns detalhes que só o detetive percebe, não era muito bem aquilo que se pensava. É razoável.
“O curioso caso do Deodand” de Lisa Tuttle narra a história de uma mulher que vai trabalhar como assistente de um investigador que tenta ser um Sherlock, mas não conseguem nem de longe o carisma da dupla de Conan Doyle. Juntos eles investigam a morte de um homem que aparentemente não tem nada de muito peculiar, mas cuja personagem está convencida de que não foi um assaltou ou acidente e que seu noivo é o próximo alvo. Até prende a atenção, mas o final é meio bobo.
“Lorde John e a peste de zumbis” de Diana Gabaldon é um conto loooongo demais para uma história tão chatinha. Lorde John vai à Jamaica para tentar conter uma revolta de escravos e tem que lidar com zumbis, cobras e outras criaturas. Acho que foi o conto mais chato do livro.
Em “Cuidado com a cobra” de John Maddox Roberts, uma cobra é roubada de um templo sagrado e o investigador tem que encontrá-la. Eu tendo a ficar com uma certa raiva quando leio uma história que já não é lá essas coisas e ainda colocam a velha justificativa de irmãos gêmeos no meio, acho muito batido.
“De vermelho, com pérolas” de Patricia Briggs traz um casal homossexual formado por um lobisomem e um advogado, onde o advogado é atacado por uma zumbi que foi enviada para matá-lo. O lobisomem então começa a investigar quem a enviou e porquê. Um bom conto, não é muito inovador, mas a narrativa é breve e direta. Gostei!
“A águia de Adak” de Bradley Denton encerra bem o livro, pois embora o conto seja mais longo do que a maioria, não cansa e ‘enche linguiça’ como alguns. Durante a Segunda Guerra Mundial, um grupo de soldados protege uma rocha onde uma águia é encontrada morta e ‘pregada’. Ganância, previsão do futuro, magias e assassinatos mantém a história interessante até o desfecho coerente e já esperado.
De modo geral, o livro é bem razoável, mas não traz nenhum conto espetacular nem muito surpreendente.