fabio 29/03/2017RESENHA: Albertine, Décio Gomes (Lupi Literatus) Jeremy, o protagonista, é um jovem perturbado com acontecimentos de seu passado. Mesmo com a boa condição financeira de sua família, fruto da imobiliária Ridell herdada pelo seu pai, o garoto sofre grande solidão. Suas únicas companhias são Rosa, a governanta e babá do garoto, e Albertine, sua amiga. Albertine vem de uma família tradicional; também com boa situação financeira, a garota ficou amiga de Jeremy quando seu pai alugara uma dos imoveis dos Ridell. Desde então, os dois se tornam inseparáveis.
Gostei bastante do modo como o autor conduziu o relacionamento deles. Desde o inicio, quando eram apenas crianças, essa conexão já era perceptível. Jeremy é introvertido, tímido, com limitações de saúde, mas mesmo assim combina totalmente com Albertine, que é seu extremo oposto. Além desse relacionamento, a personalidade de ambos também foi maravilhosamente desenvolvida. Suas ações são compatíveis com a personalidade apresentada no decorrer do livro, facilitando o desenvolver da trama. O mais importante é que tudo ficou real, crível. Se tirarmos a parte sobrenatural, o livro poderia se passar como um relato ou até mesmo auto-biografia.
Essa química acaba levando Jeremy e Albertine á um simples casamento, realizado na Mansão Ridell. O imóvel fora herdado pelo garoto após o falecimento de seu pai; a divida que o homem deixara era tão grande que fora preciso vender todas as ações da imobiliária para quita-las, restando apenas a mansão, que não havia sido oficialmente listada como propriedade. A cerimônia acontece sem imprevistos, e no final do dia os dois desfrutam a tão esperada noite de nupcias. Mas essa calmaria dura pouco tempo.
Logo estranhos acontecimentos começam a afetar a sanidade de Albertine; uma estranha presença começa a assombra-la ainda na noite de nupcias. Esse clima sobrenatural também afeta Jeremy, que acaba descobrindo segredos obscuros da própria família no mausoléu da propriedade. O suspense assume grande parte do livro, deixando o leitor tenso a cada capitulo. O autor acertou em cheio em não "encorpar" os espíritos logo de cara: as assombrações vão aumentando gradualmente, junto da tensão que fica maior a cada capitulo.
A coisa que mais gostei no livro, sem dúvidas, foi a escrita do autor. Além da tensão refletida impecavelmente, o texto não tem nenhum tipo de erro, seja de português ou gramatical, e os traços de uma narrativa gótica só contribuíram para o resultado final. Ah, e outro toque de gênio foi dividir o foco dos capítulos entre os dois protagonistas; isso possibilitou uma absorção maior da estória sem limitar os leitores á apenas uma visão das coisas. De certo modo, acabamos por acompanhar duas estórias situadas em um mesmo cenário; a de Jeremy, que descobre segredos nebulosos de seu próprio passado, e a de Albertine, assombrada pelo espíritos do passado de seu noivo.
Outro detalhe que merece destaque é a descrição detalhada de tudo. Fica impossível não se apaixonar pela mansão quando imaginamos os detalhes descritos pelo autor; dos móveis vintage ao cenário gótico/vitoriano. Eu, sem duvidas, passaria uma noite em um lugar desses. (ou não)
E pra complementar ainda mais esse cenário, temos o Jullian; um padre caçador de demônios! A mitologia usada em Albertine foi ao mesmo tempo simples e complexa, saindo do básico mas sem criar algo exageradamente fantástico. Fiquei bastante curioso para saber mais sobre o mundo dos Venatores, bem explorado acredito que esse universo poderá ser expandido tanto quanto o de Harry Potter foi.
Resumindo: Terminei o livro completamente apaixonado por tudo. E não, não estou dando 5 estrelas por empolgação. O livro realmente me surpreendeu bastante: tudo se encaixou perfeitamente no contexto, e nenhuma ponta ficou solta. Recomendo para todos! Na verdade, ainda não entendo como esse livro não se tornou best seller nacional. Espero, sinceramente, ver o nome do autor nos sites de literatura ainda em 2017. Recomendadíssimo!
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http://lupiliteratus.blogspot.com.br/2017/01/resenha-albertine-decio-gomes.html