Loja APL 24/11/2014
Resenha - @mor - Daniel Glattauer
Em uma tentativa de cancelar sua assinatura em uma revista mensal, Emmi, acaba por mandar um
e-mail para o endereço errado, a partir daí começa a estória de Emmi e Leo. Dois personagens com vidas distintas, que acabam por dar continuidade a sua "relação" virtual e o relacionamento entre eles surge de uma maneira bem inusitada, através de e-mails. Essa constante troca de mensagens entre Leo e Emmi, acaba durando mais que o esperado e mesmo sem qualquer tipo de premeditação ambos segue correspondendo-se, inevitavelmente o interesse pelo que o outro escreve,cresce com o passar da correspondência e também graças a curiosidade de não terem um rosto, um corpo, um perfil real de quem está por trás dos e-mails trocados.
Leo é psicólogo, e recém terminou seu relacionamento de longos anos e está trabalhando em uma pesquisa sobre a vida das pessoas através do relacionamento virtual, quais sentimentos podem surgir através de uma barreira eletrônica.
Emmi é a controvérsia de qualquer mocinha de livros românticos, ela é jovem, espirituosa, alegre, com personalidade marcante, doce, casada e feliz em seu casamento. Tem o que os demais em sua volta, classificam como a família perfeita, tem um marido compreensivo, dois filhos, um garoto de onze e uma mocinha de dezesseis, frutos do primeiro casamento de seu marido.
O livro é todo escrito através de trocas de e-mail entre Emmi e Leo, pouco aparecem outros personagens além dos principais na estória, pouco sabe-se da vida de ambos, tudo é muito misterioso e a principio apenas no campo em que é permitido por eles, o virtual. Ambos não querem saber o que se passa na vida real de cada um, não tem interesse em compartilhar coisas pessoais. Resumindo o livro teria tudo para ser cansativo e chato. E acontece justamento o contrário, ele acaba envolvendo o leitor de tal maneira a ansiar pelas próximas páginas e pela continuidade da estória desses personagens, mesmo com o passar da estória e com poucas coisas reveladas pelos personagens, acompanhamos nascer a relação de Emmi e Leo, de uma forma muito bem construída e natural, acontece pouco a pouco, sem pressa ou pressões.
Na constante troca de e-mails podemos acompanhar as confidências, a sedução a descoberta e a criação de laços entre eles, e quando finalmente o leitor pensa, poxa: agora eles vão se comunicar, vão sair se conhecer, ter uma história de amor como todos os casais de livros românticos, acontece justamente o contrário, surge um jogo perigoso de esconde esconde entre Leo e Emmi, o que pode por tudo a perder.
Emmi e Leo são personagens sumamente reais, o que torna o livro naturalmente envolvente, você entra na estória e nem se dá conta de que momento ou de que maneira isso aconteceu. Você torce, e fica angustiado para que eles saiam do mundo virtual e por fim se vejam, se toquem, se sintam, por vários momentos durante a leitura. Você fica com raiva de ambos, em alguns momentos. Nesse livro você não vai achar qualquer personagem previsível, nem mesmo o marido de Emmi ou a ex namorada de Leo que deveriam fazer os papeis de "vilões" de livros românticos, onde seus personagens naturalmente são pré definidos para desenvolver cada papel, entre maus e bons. Aqui cada personagem, inclusive os secundários tem papeis reais e muito bem construídos de tal maneira a temperar e incrementar esta estória.
No mais, acho que qualquer coisa que venha a escrever aqui sobre o livro não fará jus a estória criada por Daniel Glattauer, recomendo que você mesmo leia (caso ainda não tenha lido) e tire sua conclusões, achei a maneira e a forma de expressar os sentimentos desses personagens até o presente momento, muito viva e real, acima de tudo muito original. O livro é todo escrito de maneira epistolar, porém trazida para os tempos modernos, o meio virtual. E mesmo sendo assim, você mergulha de cabela na estória e não sente tanta falta do contato físico dos personagens como pensa que sentirá, você torce, lógico, para que aconteça o mais breve possível o felizes para sempre, e surge uma surpresa que te faz mudar de ideia, ou um imprevisto ou uma desistência e você volta a ficar louca e naturalmente envolvido pela trama. Em fim o livro tem o poder de despertar: angustia, ansiedade, risos, tristeza e outros sentimentos que você não sabe em que momento surgem dentro de você. Leia!!
Trechos Do Livro
Três dias mais tarde
Assunto: Falta algo Caro Leo, quando você fica três dias sem me escrever, duas coisas me ocorrem: 1) Sinto saudades. 2) Falta-me algo. Ambas não são nada agradáveis. Faça algo a respeito!
Emmi
Assunto: Encontro
E aí, Leo, vamos nos encontrar? Tenho todo o tempo do mundo. Bernhard foi passear com as crianças por uma semana. Estou sozinha.
CinEi, Leo, o gato comeu sua língua?
Não, Emmi. Estou pensando sobre o assunto.
Dez minutos depoiIsso não pode significar nada que preste. Eu sei exatamente sobre o que você está pensando. Leo, por favor, vamos nos encontrar! Não vamos perder o que pode ser talvez a última oportunidade razoável pra isso. O que você arrisca com isso? O que você tem a perder?
Dois m1) Você. 2) A mim. 3) A nós.
Emmi, eu preciso saber como é o seu cheiro. Eu tenho a sua voz em meus ouvidos, agora eu preciso de seu cheiro em minhas narinas. Sério, Emmi: venha até aqui. Eu pago o táxi. Não, você não quer que eu faça isso. Tanto faz, alguém vai pagar o táxi. Hochleitnergasse 17, apartamento 15. Venha até aqui! Ou eu devo ir até aí? Eu também vou aí! Só quero sentir seu cheiro. Só beijá-la. Sem sexo.
Quatro minutos depois
Re: Mas Leo, isso é arriscado. Eu não faço ideia se vou gostar do jeito que você beija. Como você beija? Mais pra firme ou suavemente, mais pra seco ou molhado? Como são seus dentes, afiados ou achatados? Quão agressiva e ágil é a sua língua? Ela parece um plástico duro ou uma espuma? Ao beijar, você deixa seus olhos abertos ou fechados? (Ok, isso pouco importa no caso da degustação no escuro.) O que você faz com suas mãos? Você me toca? Onde? Com quanta força? Você fica bem calmo ou respira alto e faz sons com a boca? Então, Leo, me diga: como você beija?
Três Eu beijo do mesmo jeito que escrevo.
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