Gomes109 13/07/2022
Death Note vol. III
"Geralmente, é má sorte alguém ser seguido por um Shinigami."
O Light foi esperto o suficiente para não parecer suspeito, mas sua inocência era tão evidente que L ficou mais desconfiado. Ironicamente, Light parecia normal demais, perfeito demais. Com tantas dezenas de câmeras instaladas no quarto, é bem difícil acreditar que Light conseguiria encontrar um ponto cego, mesmo que Ryuk o orientasse. No fim, não parece que a ajuda de Ryuk foi um fator decisivo para que Light se colocasse à frente de L.
L tinha como único suspeito o Light e possuía também a certeza de que o controle mental de Light, caso fosse o Kira, devia ser gigantesco, mas que sua obsessão por parecer normal o tornava artificial. Partindo daí, L fez a coisa mais inteligente de até então, se apresentou para Light.
A jogada do L em se apresentar encurralou totalmente Light. Sua presença o levou a bolar estratégias e planejar seu comportamento, o que aproximou Light de decisões estúpidas, como pegar leve na partida de tênis. Jogar iscas para ver a reação do suspeito é genial, como as fotos dos bilhetes, armadilha na qual Light caiu.
A partida de tênis é o ponto alto do terceiro volume. Light, apesar de ter sido campeão nacional de tênis, tem dificuldade em vencer L. Como no restante do volume, nos concentramos em ver o que se passa na mente de cada um, ao mesmo tempo em que, em segundo plano, assistimos ao duelo equilibrado e em alto nível. Mesmo tendo a confusão mental do adversário ao seu favor, L perde.
Cada pergunta sobre o Caso Kira fazia Light precisar pensar em como agir de modo a não parecer artificial e ao mesmo tempo não se entregar. É o ápice do jogo de gato e rato praticado por ambos e rende diálogos incríveis. Light é cuidadoso, mas em vários momentos deixa o ego falar mais alto e diz coisas que podem ser suspeitas, por exemplo, a análise que fez do anúncio dos 1.500 investigadores que chegaram ao Japão.
A existência de um Segundo Kira foi providencial para Light ter o foco desviado de si. É lógico que algum outro shinigami poderia jogar seu Death Note no mundo humano, como Ryuk. Depois de observar Kira "de perto", L não teve dificuldade em deduzir que as fitas foram criadas por outra pessoa.
O desfecho dramático de Kira ter de lidar com um potencial aliado, ou inimigo, mais poderoso que ele e com um senso moral ainda mais distorcido é sensacional. Em uma história na qual vemos de cima todos os fatos, um mistério que é desconhecido pelos espectadores tem um potencial elevado de ampliar o nível da trama. O desfecho torna o terceiro volume intenso e mais que satisfatório.
13/07/2022