Nath @biscoito.esperto 08/06/2012Quando a Editora Novo Conceito lançou a capa brasileira de O Clã dos Magos, eu não gostei tanto dela. Achei que o fundo bege e o mago de capa preta na capa davam um contraste muito forte, e que uma coisa não combinava com a outra. Mas espere, pequeno gafanhoto, a capa pessoalmente é bem bonita. Não sei explicar direito, mas a capa é tão irreal que você tem a sensação de poder tocá-la e sentir uma seda leve tocando seus dedos. Talvez eu esteja exagerando, mas o livro é muito mais bonito pessoalmente.
No mundo fictício criado por Trudi Canavan, autora australiana deste e de outros livros também sobre magia, encontra-se a cidade de Imardin, onde está localizado o Clã dos Magos, uma sociedade que escolhe a dedo quem irá participar dela, geralmente segundos filhos ou filhas de grandes e ricas famílias.
Anualmente, os magos do Clã se reúnem no centro de Imardin e usam seus poderes para expurgar o mal e a podridão do local, tentando criar um ambiente de paz para os moradores das grandes favelas.
Em Irmardin, o sistema de governo é a monarquia. Diferente do que se é de pensar, o Rei de Imardin não é um Mago. Os Magos são "proibidos" de misturar-se com política.
Por ordem do rei, inicia-se a Purificação.
Os moradores de Imardin tem um ódio gratuito pelos magos. Não apenas pelo que fazem com os favelados, mas exatamente pelo que não fazem. Com moradores revoltados, porém sem poderes mágicos, Imardin contra-ataca atirando pedras contra os Magos - ato inútil, já que eles podem criar escudos em volta de si.
Sonea, uma das faveladas, está irada com os Magos (assim como toda a cidade de Imardin). Num ímpeto de fúria, Sonea saca uma pedra e joga contra o escudo protetor dos magos. O inesperado acontece: a pedra ultrapassa a barreira e acerta um dos magos na têmpora.
A multidão fica, primeiramente, em silêncio, em choque. Os magos estão histéricos e começam a caçar todos que estão ali. No entanto um dos magos, Rothen, viu Sonea e soube que ela era a culpada pela pedra atirada.
A partir de então começa uma louca aventura fugindo do Clã, onde Sonea consegue ajuda de Cery, um amigo de infância que está apaixonado por ela, e dos Ladrões, uma espécie de Máfia da favela.
Sob o ponto de vista dos magos, Sonea representa um grande perigo para o Clã. Afinal, como ela aprendera magia? Quem a ensinada? Ela é uma selvagem, que usou seus poderes pela primeira vez? Enquanto os Magos caçam Sonea sem descanso, ela tem medo. Muito medo. Não quer virar uma maga, mas também não quer morrer na mão dos magos. Como proceder?
Mas os Magos não são tão malvados quanto Sonea pensa. Pelo menos não todos eles. Akkarin, o Lorde Supremo (O Poderoso, Charmoso, Cremoso, Perigoso e Temido Chefão do Clã) tem feito coisas condenáveis, mas nós ainda não sabemos o propósito.
Sem contar Akkarin (o nome de lembrava o apelido do Okabe Rintarou, de Steins;Gate, Okarin), muitos outros magos aparecem na história e tem um papel essencial nela. Os que merecem algum destaque são Rothen, o Mago que viu Sonea primeiro, Dannyl, jovem rapaz com uma curiosidade ímpar por Sonea (arrisco um futuro par romântico) e Fergun, um maldito que eu tinha vontade de socar, mas que teve o que mereceu no final da história.
O livro é excelente, uma história que te prende até o final. Sim, no começo você estranha um pouco esse novo mundo criado por Canavan, mas logo se acostuma com tudo o que está acontecendo e engole duzentas páginas sem nem ver.
Como li em outras resenhas de blogs parceiros, Canavan realça muito a questão do poder, preconceito, desigualdade social e educação precária. A própria Sonea, em certo ponto do livro, admite não saber ler. O poder está concentrado na mão de poucos (o Rei e o Clã), e esses poucos poderosos não fazem nada em prol da cidade de Imardin. O preconceito pelos favelados é palpável, o que levantou a questão da desigualdade social, onde poucos tem poder (no sentido mágico e não mágico da palavra) e riquezas e os outros tem que comer restos do lixo dos ricos.
O final do livro é conclusivo, dando um ponto final na introdução da história. No entanto, como eu disse, esse livro é apenas a introdução à trilogia. Tenho total convicção de que os próximos livros d'A Trilogia do Mago Negro serão tão excelentes quanto esse primeiro.
Mas só nos basta aguardar!
P. S.: Vale a pena dar uma conferida nos mapas no final do livro, são um ótimo complemente antes, durante e depois da leitura do livro!
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