spoiler visualizarMaria 28/05/2024
No início, todo o desespero do personagem em ser visto me incomodou, mas depois percebi que não era desespero por amor, mas sim pela necessidade de viver através do outro. Um personagem sem nome, quase sem identidade quando fala da sua vida e de si mesmo, e que vive sonhando.
Me deu a impressão de haver não só uma dualidade, mas como se o sonhador fosse paralelo ao personagem, como ele mesmo disse, não é um ser humano, e sim uma criatura de um gênero neutro.
Uma parte de si que sonha e cria refúgio nesses sonhos, na esperança de viver através deles coisas que sente que nunca poderá viver, e procurar consolo pra tudo que já viveu e deixou escapar, chega quase a acreditar. Mas de tempos em tempos, volta a realidade e a enxerga como de fato é aos seus olhos, vazia e solitária. E para ele, é como se já fosse impossível viver na realidade, como se tivesse perdido a habilidade, a intuição. E então encontra Nastienka, que o enxerga e o ouve, que lhe dá ao menos duas noites de vida, e que no fim, é tirada dele. O próprio personagem disse ?com que haverei de sonhar, uma vez que, acordado, já fui tão feliz ao lado da senhora?!?, havia dito que era grato pelas duas noites vividas e lhe deseja o bem, apesar de tudo. Mas questiona ?Um minuto inteiro de felicidade plena, seria pouco para toda a vida humana?.? Agora os dias de vida se tornaram memórias que apenas pode revisitar.
Já sabia que ia gostar antes mesmo de começar a ler, mesmo sem saber quase nada sobre a história. é mais um livro que poderia ser mais bem avaliado caso meu ritmo de leitura e concentração estivesse melhor :(
Foi meu primeiro livro do Dostoiévski, eu ja imaginava que ia adorar a escrita, agora to mais curiosa ainda pra conhecer outras obras. Achei a edição da antofágica muito boa, além de linda, as últimas páginas feitas pela escritora trazem maior reflexão sobre o livro.
Certeza que ainda vou refletir muito mais com os dias.