O último leitor

O último leitor David Toscana




Resenhas - O Último Leitor


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Cled 04/05/2022

Escrita única, leitura cativante...
Não lembro direito o nome dos personagens, mas a história ficará marcada para sempre em minha memória. Lembro que na ocasiãoo da leitura eu ficava super ansioso para chegar a noite [já que leio antes de dormir] e retornar À história. O enredo é marcante e a leitura sem dúvida é envolvente, envolvente ao ponto de transportar o leitor para dentro da história e provocar inúmeras sensações.
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Kac 05/04/2015

Até que ponto a literatura e a realidade se misturam? Até que ponto o leitor se transforma em personagem ou vive as situações impostas à eles pelo autor? Até que ponto o escritor
conhece a realidade daquilo que escreve para tentar lhe dar vida em uma narrativa? Essas e muitas outras perguntas surgem na nossa cabeça ao ler esse livro!
Lúcio, um bibliotecário deposto de seu cargo, porque não existia leitores na pequena Icamole, tenta explicar a sua vida, a de seu filho e até um crime que ocorre na cidade através das obras que já leu. Citando títulos, autores e trechos de livros explica a vida na deserta cidade em que mora e vive como se estivesse dentro de um romance.
O livro é um presente principalmente para aqueles que gostam da leitura e de refletir sobre a sua influência na vida das pessoas. Simplesmente maravilhoso, é livro para consultar sempre, escrever um artigo, ter na cabeceira, pois ele sugere muitos questionamentos!
Dele, deixo a frase:
"...assim como a água faz mais falta no deserto e os remédios na doença, os livros são indispensáveis onde ninguém lê." p.30
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jota 02/02/2013

Um bibliotecário da pesada
Icamole, lugarejo mexicano pobre e seco, onde não chove há muito tempo é o cenário deste livro. Os habitantes contam com o aguadeiro Melquisedec para suprir suas necessidades do precioso líquido.

Porém, há um poço, no quintal de Remigio, onde a água não secou completamente. Um dia ele encontra uma menina morta no fundo. Recorre ao pai, Lucio, para ajudá-lo a ocultar o cadáver: alguém deve saber que seu poço tem água, tem inveja dele, quer prejudicá-lo, pensa. Mas as suspeitas recaem sobre o aguadeiro Melquisedec, e a polícia o leva preso.

Lucio, bibliotecário de Icamole, é o único para quem a literatura importa. Ninguém retira livros ou faz consultas ao acervo: ele reina sozinho na biblioteca. Lê tudo o que lhe cai em mãos, sabe trechos inteiros dos livros que leu. Separa os livros em duas categorias: os bons e os ruins. Lança os livros que considera ruins num cômodo – a que chama de Inferno – povoado por baratas, para que os destruam.

O bibliotecário tem um estranho método para saber se o livro é bom ou ruim: ele sempre lê o final dos romances. Se gostar do final isso significa que o livro é bom e logo vai para a prateleira dos favoritos, para lê-lo um dia. Não apenas isso, ele também muda finais de livros, acrescenta ou desenvolve finais, imagina outros, como faz com o belo final de As Neves Azuis, do russo Igor Pankin. Num mesmo parágrafo, numa linha, estamos em Icamole, mas na outra linha o bibliotecário mexicano já nos transportou para Paris ou algum lugar na Rússia ou no Japão.

De volta ao começo: desde logo, Lucio identifica no caso da menina morta do poço muitas semelhanças com a morte ficcional de Babette, a pequena personagem do livro A Morte de Babette, do francês, Pierre Laffitte. Seguindo o livro de Laffitte, ele traça o destino que deverá ser dado ao corpo e que rumo a investigação policial tomará. Orienta, então, Remigio e o ajuda a enterrar Anamari (a menina morta) sob um frondoso abacateiro no quintal do filho.

E então vão se misturando à historia que estávamos acompanhando enredos e personagens de outros livros, numa espécie de revisitação dos clássicos apreciados por Lucio, ao mesmo tempo em que a tênue linha que separava realidade (aquela vivida pelos personagens de Icamole) e ficção (as histórias dos livros que Lucio lê) é rompida. Agora é a ficção que passa a explicar a realidade que também é ficção; criada que foi por Toscana. Não sou grande leitor de Jorge Luís Borges, mas me pareceu haver neste livro um certo borgianismo presente em muitas páginas, não sei.

O Último Leitor tem de ser lido com alguma atenção a mais, não porque seja leitura difícil, mas para não perder algum petisco do saboroso festim literário que o autor nos oferece. Pelo modo como foi escrita (plena de metaficção), é uma obra que deve agradar profundamente estudantes de literatura, mas não apenas eles. Não é uma historia emocionante, mas atiça nossa inteligência com certa força de que poucos livros são capazes.

Lido entre 29/01 e 02/02/2013.
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su fern@ndes 17/09/2011

Uma biblioteca no meio do deserto, gerenciada por um homem que condena os maus autores ao inferno e às baratas. Mas lá o que se quer é água, não livros. Porque esses, esses não servem pra nada.
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Paula 28/07/2011

O último leitor, de David Toscana
Lúcio, o protagonista, é um bibliotecário de uma cidade castigada pela seca, onde as pessoas não leem. Já que não recebe leitores, seu trabalho consiste em censurar as obras ou não. É, também, um crítico em potencial, pois cita trechos de livros e em seguida, explica o porquê da desaprovação.

O enredo gira entorno da morte de uma menina, porém o assassinato não tem um desfecho. Com isso, intuímos que a obra não tem a pretensão de, meramente, contar uma história. É possível afirmar que estamos diante do próprio fazer literário. A narrativa é marcada por várias vozes, oriundas de excertos de outras obras que se fundem à realidade ficcional.

É uma leitura fluente que instiga o leitor pelo teor policial explícito, e os mais atentos percebem a grande carga metalinguística. Além da crítica veemente à crise da palavra, desde a criação até a recepção da obra.
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Aguinaldo 27/02/2011

o último leitor
Este é um livro curioso que li basicamente no ônibus, viajando. Ele demonstra que não há limites à criação literária e no fundo sempre haverá um sujeito que vai inventar um jeito diferente de contar uma história. O mexicano David Toscana tem 46 anos e já publicou vários livros e os teve traduzido para várias línguas. O último leitor é o primeiro livro dele traduzido para o português brasileiro. Trata-se de um romance sobre um velho senhor que é o bibliotecário de uma cidade perdida nos desertos do México que lentamente vai substituindo a vida factual pelo universo dos livros, confundindo-os e reinterpretando-os repetidas vezes. A cidade está sem água já há vários meses. O bibliotecário têm um filho que logo no primeiro capítulo do livro retira o corpo de uma menina de seu poço (o único da região que ainda tinha água potável na cidade). Ela foi aparentemente morta e jogada lá. Curioso como vários livros que li recentemente usam este artifício de apresentar um crime logo no primeiro capítulo - "Meu nome é vermelho" do Ohram Pamuk, prêmio Nobel do ano passado, é um dos casos; "Eragon", do jovem Paolini, outro. Todo aquele que gosta de literatura não convencional vai gostar deste curto livro. Como não conheço quase nada da história mexicana fiquei na dúvida se certos personagens são mesmo reais ou tudo é mesmo invenção. De resto, um jovem (!?) escritor latino-americano nos é apresentado e isto é sempre uma boa novidade. Gostei mesmo do livro. Recomendo. Soube que a Casa da Palavra também lançou "Santa Maria do Circo", um romance que é "realismo desvairado", nas próprias palavras do autor. Vou procurar deixar aqui minha cabotina resenha (quando terminar de ler, é claro!).

"O último leitor", David Toscana, tradução de Ana Pelegrino e Magali Pedro, editora Casa da Palavra, 1a. edição (2005) ISBN: 85-87-22096-9
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Evy 20/01/2011

No mínimo, interessante!
"Porque escrever não é viver, porque ler também não é".

Um bibliotecário numa cidade sem leitores.

Ao ler essa frase, me interessei pelo livro imediatamente. Claro! A história é interessante, no mínimo. Curiosa e me foquei demais no bibliotecário, deixando um pouco de lado a verdadeira história que era o assassinato de uma menina deixada num fundo de um poço. Pra mim era curioso demais ver a raiva do bibliotecário contra os autores que na opnião dele não sabiam escrever! Ele tinha um sistema todo dele pra mandar os livros pro "inferno": passava doce e mel nas páginas e nas bordas do livro e jogava num buraco da biblioteca cheio de bichos para que os mesmos os comessem e dizia "Deus, perdoa, eles não sabiam o que escreviam". Lucio, o bibliotecário, era um leitor apaixonado numa cidade onde ninguém dava a mínima para os livros ou leitura. Era seu inferno particular e acho que isso me fez ficar apaixonada pelo livro.

"A mulher se aproxima de Lucio. Você não parece muito contente. Ele senta no chão e esfrega as mãos na areia. Todos buscam o final feliz, o rosto sorridente, romper com o destino natural, evitar a tragédia; perseguem coisas banais e insonsas, leves e afeminadas: recusam-se a fazer literatura".
Ricardo Rocha 27/05/2011minha estante
Não sei quanto a história, que é a ultimas coisa a que atento. Mas o estilo, a escrita, a forma como a conta, é única, tanto que ele não conseguiu repetir. =)




Ricardo Rocha 03/12/2010

Uma menina morta no fundo de um poço. Uma cidadezinha que não lê. Um pai que toma conta da biblioteca local. Todo acontecimento passa por alguma tipo de fantasia literária. Qualquer livro pode terminar no fogo. Gostei muito desse romance, não sei se a ponto de classifica-lo como bom num universo de bons e ruins e nada mais, mas gostei muito; já faz porém algum tempo que li e não mais ouvi falar de seu autor, David Toscana – a última vez foi se não me engano quando esteve na festa literária de Paraty. Festa literária? Pois é. Coisa estranha. Aliás, todo evento que premia festivamente um trabalho solitário e onde o premiado precisa ser sociável, de preferência simpático, tem uma boa dose de estranheza. Bem, Toscana, antes de ser uma celebridade, escreveu esse bom romance, original, que garante uma leitura no mínimo diferente, de uma agradável diferença.

Trecho

“O inferno deve ser alguma coisa que consuma lentamente, entre urina e goelas que pulverizem com tenacidade capas, orelhas, fotografias de autores e autoras, com a pose de intelectual de uns e o desejo de beleza de outras. Os bichos terão de regurgitar prêmios, conquistas e, sobretudo, elogios falsos, uma das maiores obras, mostra da enorme qualidade literária, um lugar privilegiado nas letras, pode ingressar no templo dos grandes escritores, sua obra ocupa um lugar de destaque e tantas outras tentativas de empurrar livros sem motor próprio. Imagina com prazer uma barata pondo seus ovinhos cor de café sobre aquela obscura frase de Soledad Artigas em que ela declara que Margarita se sentiu como um cometa que, para além do firmamento, procura pousar no planeta que a acolha como uma amorosa mulher estéril”
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