DessaVig 26/05/2024
Ok
No Skoob, 2.5 estrelas qualifica um livro apenas como ?razoável?, nem bom, nem ruim, o que reflete bem minha opinião sobre Objetos Cortantes.
Pra começar, a culpa foi um pouco minha. Sabe quando você quer algo mas não está necessariamente com vontade (kkkk)? Eu queria ler Objetos Cortantes mas precisei me obrigar porque não estava realmente com vontade de ler esse livro no momento. Acho que fiquei mais de 10 dias lendo as primeiras 40 páginas.
Mas não foi só isso.
A minha maior sensação com essa história é de que ela tenta ser algo muito grande, porém se sustentando em pilares finíssimos. A autora quer nos convencer de que há grande mistério e tensão com o caso dessas garotinhas morta e desaparecida (ainda que na primeira metade do livro realmente não dê qualquer informação interessante sobre os casos além do fato de estarem morta/desaparecida) mas os pilares em que temos de nos agarrar nessa história são, basicamente, três: a história pessoal da protagonista; o conceito de ?menininhas malvadas do interior do Sul dos Estados Unidos?; Adora.
Falando primeiramente da Camille, eu não consegui me importar com essa protagonista. Em alguns momentos ela até trouxe algumas reflexões que me fizeram pensar o oposto, mas, no fim, a real é que não me interessava o que fosse acontecer com ela. Não sei dizer o porquê, afinal, ela não é uma personagem unidimensional sabe, mas algo (talvez na escrita em si), me fazia me distanciar MT dela.
Sobre toda a dinâmica de Wind Gap e o que parecia ser a espinha vertebral da cidade: as meninas malvadas que só serviriam para crescer e se tornarem donas de casa malvadas.
Eu sei que existem vários tipos de adolescentes, uns mais calmos e outros mais ?adiantados?, por isso, justamente o que me incomodou é o fato de não ter UMA ÚNICA UNIDADE de criança *NORMAL* nessa cidade! Parece não ter uma única pessoa boa, de verdade. A todo momento fiquei esperando uma explicação sobrenatural para tanta maldade e complexidade (principalmente em meninas tão novas), momento em que o thriller se assumiria, na verdade, um livro de terror kkkkkkk juro não faz sentido! Não é crível, não é possível, não me entra que todas as crianças dessa cidade sejam drogadas e obcecadas por sexo desde os 12/13 anos de idade, me poupe. Toda essa dinâmica pode parecer interessante a primeiro momento. Impressão que só dura, de fato, num primeiro momento. Logo você percebe o quão rasa é essa ambientação. A autora ficou encantada por essa estética e pelo ?clima? que adicionaria àquela cidade mas não deu corpo a sua ideia.
A impressão é de que a Gillian Flynn só queria chocar o leitor ao apresentar crianças tão opostas a qualquer grau de inocência.
Não me chocou, mona, só me entediou mesmo.
E, então, temos a Adora *screams*!
Era realmente a única coisa interessante nesse livro. Não digo que é um personagem 100% original, mas, às vezes, elementos que já existem na cultura pop, com diferentes incrementos e sob uma nova narrativa, podem, ainda sim, ser super interessantes, apesar de não serem únicos!
Tudo sobre essa personagem me fazia querer ler mais e mais. A forma como ela era descrita, como tudo sobre ela era tão calculado e as reações dela aos acontecimentos eram, ao mesmo tempo, algo que você já esperaria dela e que, ainda assim, te chocavam.
Mas, um só elemento bom não sustenta uma história inteira.
No mais, não fui muuito fã da escrita da Gillian. De novo, parecia apenas querer te impressionar sem ter material pra tanto, na maioria das vezes.
A segunda metade do livro é definitivamente mais interessante. É a metade legal.
Acho válido dar uma consideração final sobre a Amma: gostei da personagem mas sinto que ela ?chegou? muito tarde na história. Na maior parte, ela é da profundidade de um pires e tem a mesma descrição de todas as outras meninas de Wind Gap (perdi a conta de quantas vezes li ?quatro coisinhas loiras que se acham mais bonitas do que realmente são?). Na segunda metade, quando ela começa a demonstrar alguma vulnerabilidade, é com certeza mais cativante.
O final me fez pensar como ela era inteligente e realmente velha para uma menina de 13 anos (e não de um jeito que afastasse uma verossimilhança).
Acho que ela poderia ter sido um pouco melhor explorada.
Não foi um livro ótimo, mas acho que darei sim mais uma chance à autora com Garota Exemplar.