Neuromancer

Neuromancer William Gibson




Resenhas - Neuromancer


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Caique.Nascimento 01/07/2019

3,5 Mas com Respeito
Tenho até medo de comentar esse livro...
Em primeiro lugar tenho que reconhecer o quanto o autor é visionário. Pra um cara que nem tinha um computador, ele acertou demais nossa realidade atual, e acredito que ainda existe uma alta porcentagem a se realizar.
A história é bem obscura. Na verdade trás uma reflexão sobre o quanto estamos realmente perto dessa anarquia tecnológica. Eu amo a "internet das coisas" tipo, geladeiras que avisam sobre a data de validade, smart tvs, até aspiradores autônomos, porém é difícil olhar pra essas coisas do mesmo jeito depois de Neuromancer. Se tudo a sua volta estiver conectado a uma rede, e alguém quiser roubar os dados que tudo isso armazena a respeito da sua rotina... é assustador.
Com certeza é uma história única. Eu só li uma coisa parecida, "Jogador Número Um" que é recente então não merece toda a credibilidade de Neuromancer. O William Gibson é como o George Orwell da tecnologia, mas o Orwell tinha indícios mais claros, o Gibson não, O CARA NÃO TINHA NEM COMPUTADOR, e acertou em cheio sobre smartphones (consoles de bolso), Hackers (Os cowboys do livro), biotecnologia (drogas sintéticas), exploração espacial, dinheiro digital e puts meu... Inteligência Artificial. Tem todo meu respeito por suas previsões, e tenho certeza que um pessoal em 2077 vai pagar ainda mais pau pra ele.
Porém... os fãs que me perdoem, mas o livro é confuso demais, talvez eu seja burro demais pra ler, mas minha teoria é que eu procuro certos padrões com a realidade que conheço, sendo que o autor claramente tinha uma visão adaptável para 1984.
O Livro me deu uma péssima sensação de "onde estou?" o tempo todo. Muitas vezes não tive certeza se o ambiente era físico ou matrix. O objetivo da história ainda não está claro pra mim, então tentei usar minhas próprias motivações para seguir na história.
E sinceramente, achei o protagonista chato. A Molly é bem mais legal, ela é a definição perfeita de organismo cibernético e para mim ela é a personagem que merecia ser central, mas infelizmente, ela mesmo diz que é a garota da porrada e seus aparatos são apenas moda tecnológica, e o Cowboy que faz o livro rodar na esfera cyberpunk é o Case.
O glossário da Aleph é incapaz de tirar metade das minhas dúvidas, PÉSSIMO GLOSSÁRIO, então ele só é necessário para umas 3 ou 4 terminologias.
Se você decidir ler esse livro vai com calma. Lembre-se que o mundo que o autor descreve é totalmente novo (como entrar numa terra média pela primeira vez), você vai entrar praticamente dentro de um computador, mas não é bonito, são transistors pra todo lado, coisinhas verdes e azuis passando, então leia com calma para compreender tudo (ou o essencial). No final você vai olhar e pensar, como esse cara fez o impensável em 1984. Como diz uma frase do livro, William Gibson não previu o futuro, ele fez o futuro.
M@g@ 02/11/2019minha estante
Adorei seu ponto de vista, obrogado ?


Caique.Nascimento 03/11/2019minha estante
Oi Maga, muito bom saber que ajudei! Você já terminou?


M@g@ 06/11/2019minha estante
Menino, como leio entre 4 e 5 livros ao mesmo tempo, acabei finalizando Sob a redoma antes de voltar para ele, más pretendo voltar para Neuromancer essa semana e terminar.


Caique.Nascimento 07/11/2019minha estante
Impressionante haha nesse nível você vai tirar tranquilo essa leitura


M@g@ 07/11/2019minha estante
Já ouviu dizer de ressaca pós King? Estou nela e para piorar estou me forçando a terminar jogo perigoso, que por sinal eu detestei, vou precisar respirar fundo para voltar bem a Neuromancer :(


Caique.Nascimento 07/11/2019minha estante
Mds, com certeza não te indico a ler Neuromancer agora. O King é envolvente, mesmo em livros ruins, Neuromancer vai prolongar sua ressaca. (acho)


M@g@ 07/11/2019minha estante
Estou lascada né? Como está sua leitura?


Caique.Nascimento 07/11/2019minha estante
Eu tô meio ferrado também. Lendo um livro de 900 páginas sobre a segunda Guerra e Maquiavél


M@g@ 08/11/2019minha estante
Você está ferrado mesmo kk boa sorte menino?


Caique.Nascimento 08/11/2019minha estante
Kkk valeu Maga, pra você também


M@g@ 09/11/2019minha estante
Obrigado, vou precisar.




leonardo 18/04/2012

O que eu li?
Adoro ficção científica, principalmente Asimov e Philip K. Dick. Gosto do jeito simples e direto de Asimov, mas também gosto do jeito contraditório, de humor às vezes até bobo e cheio de vírgulas do Philip K. Dick. Cito os dois por serem meus favoritos e por marcarem época da minha vida.

Abri Neuromancer com a maior das boas vontades. Li do início até o fim. Estava gostando do que estava lendo, na verdade, mais por reconhecer o potencial inovador contido ali, embora a história seja da década de 1980.

Eu não sei se o problema sou eu, se é do autor ou se é da tradução. Eu achei o livro extremamente confuso e exagerado nas metáforas. Há metáforas em inglês que não cabem no português e em alguns casos isso deixo o texto bem estranho. Como se já não bastasse os termos técnicos que, embora eu acostumado e curioso com informática, boiei um pouco.

Se o problema sou eu só o tempo vai dizer. Se for do autor, vou constatar agora quando ler Reconhecimento de Padrões. Mas quero crer que uma história tão conceituada como essa tenha sido vilipendiada pela tradução brasileira, já que vejo certa unanimidade em reconhecer isso por aqui.

Resumindo. Não entendi nada. O que é Wintermute, Neuromancer, se isso é bom ou ruim. Nada. Li vários blogs dizendo que o final é surpreendente, mas o que me surpreendeu foi o fato de eu fechar o livro e me perguntar: o que foi que eu li mesmo?

Respeito quem gostou e quem opinou positivamente. Aliás, reforço aqui meu interesse em discutir a obra, pois quero mesmo entendê-la

Abraço.
T 18/04/2012minha estante
concordo. o livro é bom pela inovação, mas acho que pela tradução ou mesmo mal do autor, os termos são confusos. creio que muitos termos são criados pelo próprio autor, baseado na tecnologia da época e só são explicados (ou não) depois...


Lincoln Salles 27/11/2012minha estante
Concordo, também boiei na maioria dos termos e o que me irritou é que sei que o autor exagerou propositalmente nesse termos que ele inventou e que com certeza a tradução não ajudou. A história é muito chata, confusa e os personagens mal desenvolvidos.


Lincoln Salles 27/11/2012minha estante
Concordo, também boiei na maioria dos termos e o que me irritou é que sei que o autor exagerou propositalmente nesse termos que ele inventou e que com certeza a tradução não ajudou. A história é muito chata, confusa e os personagens mal desenvolvidos.


Lily 03/03/2013minha estante
ahaha, e eu pensando aqui que era a única que ficou boiando. To fazendo um esforço para ler até o fim, ver se tem algo surpreendente ou qualquer coisa parecida.


Amadeu.Paes 11/06/2013minha estante
Eu tmb sou fã de sci-fi e ouvi a mesma coisa sobre a questão da tradução do livro.

Eu trabalho com computadores desde os anos 80 e acho que se eu tivesse lido este livro nessa época com certeza iria me encantar, mas lendo nos tempos atuais, muitos dos conceitos de informática tomaram rumos mais espantosos do que apresentado na trama.

Quando o autor fala de 1024 MegaBytes, nos anos 80 era um absurdo, algo inimaginável, mas para hoje, qualquer maquineta xing-ling tem 1 ou mais GB.

Na verdade os computadores de hoje são bem mais sofisticados que os apresentado na obra. A própria rede mundial me parece mais evoluída que a apresentado no livro e a tendência com a parte holográfica e 3D, os computadores serem ainda mais superiores.

Na verdade o autor tentou fazer uma "realidade alternativa", se vc encarar dessa forma pode ser que se goste do livro, do contrário vai "boiar".

Até agora não sei se gostei ou não.


Katrash 23/01/2014minha estante
Não tenho dúvidas do aspecto inovador do livro. Indiscutível. Não tenho problemas com os "termos técnicos", se for o caso, é só procurar na Internet.

IMHO o problema é a narrativa confusa. Em outras palavras, percorrer os parágrafos e tentar descobrir onde os personagens estão, e o que eles estão fazendo. Certas passagens parecem desconexas, cheguei a pensar que alguns parágrafos haviam ficado de fora!

Vou esforçar-me bastante para terminar esta leitura.


Hector 30/01/2014minha estante
Estou tendo o mesmo problema ao ler o livro. Adoro ficções científicas. Ciência é o meu trabalho, informática é o meu mundo... mas sinceramente, pelo menos a cópia que eu possua está completamente confusa! Acredito seriamente que o problema seja de tradução, péssimo português!!


Guilherme Vieira 07/03/2016minha estante
Ainda bem que não sou o único... Pqp, se mesmo para quem trabalha com informática os termos são estranhos, imagine para pobres mortais. Na boa, se fosse um lance que nem Laranja Mecânica em que fosse palavras que dá pra deduzir (ou até tem um glossário, no final), até daria pra encarar. Mas são palavras totalmente alienígenas. Totalmente que o autor tirou de não sei da onde e foda-se vc pra entender.
É um daquelas obras (e aí incluo filmes também) que a galera idolatra mas eu fico com a impressão que apenas idolatra por ser ~~cult~~. Pq, se for perguntar bem, ngm entendeu nada.


livrosepixels 30/05/2018minha estante
Wintermute era o nome da AI que premeditava os passos dos personagens dentro do mundo em que a história se passa.

Case é contratado por Armitage, que precisa que ele roube o constructo de um hacker fodão que já estava morto há tempos. O constructo era uma ROM (memória inalterável) guardada nas bibliotecas da Sense/Net. A Rom em questão era sobre Dixie Flatline, nome "artístico" de McCoy Pauley.

Neuromancer é a rival gêmea de Wintermute, ou seja, uma inteligência artificial tão poderosa que, se mesclada com sua rival, se tornariam uma consciência incrivelmente poderosa e perigosa.

Eu também fiquei um pouco confuso durante a leitura. Você pode usar esse artigo para tirar dúvidas e compreender melhor a história -> https://www.monolitonimbus.com.br/neuromancer/




Tatiana 13/04/2020minha estante
Eu tive a mesma reação. Tudo que o livro gostaria de apresentar me interessava. O estilo Cyberpunk, a inteligência artificial. Mas eu não entendia metade das coisas que estavam acontecendo. Eram frases que pareciam que não se encaixavam. O livro parece que não chega a lugar nenhum. Vi um review em inglês e o cara teve a mesma opinião, então talvez problema não seja a tradução. Não sei, mas concordo plenamente com o que você escreveu.




Antonio Luiz 27/08/2010

Vinte anos depois que William Gibson encerrou a trilogia Sprawl, formada pelos romances "Neuromancer", "Count Zero" e "Mona Lisa Overdrive", a editora Aleph, que editara o primeiro volume no Brasil em 1991, agora o relançou (com o título de Neuromancer 25, pois já comemora “bodas de prata”) e publicou os dois últimos volumes dessa saga que marcou época na ficção científica. Todos foram caprichadamente traduzidos, revisados e editados, o que está longe de ser regra na ficção em geral e muito menos na ficção científica em especial.

O diabo é que, de especulação ousada, a obra de Gibson que virou moda e fundou o subgênero cyberpunk – devido à combinação da tecnologia da informação com uma atitude de rebeldia e desprezo pelas convenções típica do punk dos anos 80 – já começa a tornar-se, vinte anos depois, um retrofuturismo. Ou seja, um futuro do pretérito, um futuro imaginado que chegou a ser mais ou menos consensual em seu tempo, mas hoje parece datado, apesar de todos os enfeites futuristas.

Pense-se nas máquinas cheias de rebites e engrenagens visíveis de Jules Verne, nos desenhos aerodinâmicos das engenhocas de Flash Gordon, nos carros voadores dos Jetsons. E no ambiente social e político no qual essas maravilhas se movimentavam. No caso do autor francês, são desafios entre cavalheiros vitorianos. A criação de Alex Raymond salva uma donzela em perigo em meio a uma guerra colonial contra o perigo amarelo. No desenho de Hanna-Barbera, uma dona-de-casa em tempo integral cerca-se de eletrodomésticos futuristas, incluindo uma mucama cibernética.

Não que deixem de ser interessantes. Esses mundos imaginários podem ser fascinantes à sua maneira e as aventuras ali narradas podem continuar a ter o poder de emocionar e maravilhar. Mas seu encanto – assim como, digamos, o da “Terra Média” de J.R.R. Tolkien – passou a ser o da fantasia exótica, o da ultrapassagem dos limites da banalidade quotidiana. Deixou de ter o teor provocativo de um futuro que o leitor vê como possível, sendo levado a pensar se tal possibilidade deveria ser perseguida ou evitada.

Uma fantasia exótica pode ser mais que diversão escapista. Pode ser, entre outras coisas, um convite a considerar outros valores, a pensar a vida real de um ponto de vista novo, ou ao menos um lembrete de que este não é o único mundo e a única maneira de viver que pode ser imaginada. Mas não incita a pensar com a urgência e a seriedade de algo que pode realmente estar a caminho e nos atropelar na próxima esquina, como "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley em 1932 ou "Não Verás País Nenhum" de Loyola Brandão em 1981. Ou que pode estar a nosso alcance e valeria a pena tentar conquistar.

Pelo atraso com que chega, o livro talvez reforce a percepção algo irônica que o leitor brasileiro – e à vezes também escritores, principalmente (mas não só) os da chamada “primeira onda”, dos anos 60 – tende a ter da ficção científica, como não mais que uma variedade de fantasia, talvez mais fria, pretensiosa e obscura do que o usual.

Não que Gibson desdenhe a fantasia. Em 1990, junto com Bruce Sterling, inaugurou com "The Difference Engine" ("A Máquina Diferencial", que também merece tradução), uma variedade de fantasia que consiste em um retrofuturismo intencional: um mundo desenvolvido a partir da imaginação de Verne e outros autores do século XIX. A sociedade continua basicamente vitoriana e a tecnologia fundada em máquinas a vapor, mas a invenção precoce do computador (movido a vapor, é claro), ou “máquina diferencial” permite realizar avanços que a ficção científica da época apenas sonhava, bem como fazer do Império Britânico um poder ainda maior do que foi na realidade. Também esse livro inaugurou um subgênero que, por analogia, foi chamado steampunk (apesar de mais nada ter a ver com punks).

"Neuromancer" e seqüências não foram, porém, pensadas como fantasias e sim como futuros possíveis em prazo não muito distante – ainda que hoje já não pareçam convincentes. À resenha de Marco Antonio Barbosa no Jornal do Brasil, foi dado o título algo enganoso de “William Gibson, o escritor que previu o presente”, mas como adverte o texto, os anacronismos saltam à vista, ainda que uma ou outra de suas “previsões” possa ser identificada em realidades ou tendências do mundo de hoje e que alguns dos termos e temas inventados por Gibson tenham se tornado clichês e incorporado à linguagem da ficção científica – como o conceito de Matrix, usada na conhecida trilogia do cinema.

Como nota Barbosa, Gibson abre "Neuromancer" descrevendo o céu de uma megalópole do futuro – a Sprawl que se estende de Boston a Atlanta – como da cor de “uma televisão sintonizada em um canal fora do ar”. Os adultos certamente ainda entendem o que ele queria dizer, mas hoje uma tevê fora do ar é da cor que um céu deveria ter, ou seja, azul... O que era para ser uma metáfora moderna, ou pós-moderna, passou a ter um sabor antiquado, saudosista.

No mundo de Gibson são comuns objetos e invenções ainda vistos como possíveis – transplantes de todo tipo de órgãos, próteses cibernéticas, aviões-robôs com inteligência artificial, implantes cerebrais – e conceitos que podem ser relacionados com realidades de hoje, tais como “cowboys de consoles” (que hoje chamaríamos de hackers, sendo “console” algo parecido com um laptop), “ICE” (o que hoje chamaríamos de firewall, ou seja, restrição de acesso de um sistema a estranhos), realidades virtuais e ciberespaço.

Não é pouco, considerando que em 1983, o que um dia se chamaria internet ainda era chamado ARPANET e conhecido apenas de algumas universidades e centros de pesquisa ligados ao Departamento de Defesa dos EUA.

As pessoas substituem braços e olhos como quem troca de tênis, viajam para estações espaciais como quem pega a ponte aérea e ligam ao crânio “dermatrodos” – implantes eletrônicos parecidos com pen drives – que os transformam em terminais vivos da Net, ligam-nos entre si ou lhes proporcionam conhecimento instantâneo e descartável de japonês ou da pilotagem de caças. Por outro lado, não existe nada parecido com o hoje onipresente celular – os telefones continuam obedientemente presos a mesas e cabos. O fax, que naquela época era símbolo de modernidade, é usado em toda parte, inclusive para transmitir jornais à distância.

Soa datada, desde a implosão da “bolha” especulativa japonesa em 1990, a perspectiva de um domínio global da Yakuza e de onipresentes e impiedosas transnacionais japonesas. Mercenários a serviço destas são “samurais urbanos”, o Asahi Shimbun é lido em todo o Sprawl, palavras japonesas estão integrados à gíria quotidiana e assim por diante. O sushi e os mangás de fato conquistaram o mundo, mas não passou disso. Claro, para atualizar esse aspecto, talvez bastasse trocar japoneses por chineses...

A própria rede de computadores, tema e cenário da maior parte da trama, parece bem mais tosca do que aquilo que hoje conhecemos como internet, embora os computadores a ela ligados sejam tão sofisticados que a partir deles evoluíram inteligências artificiais incontroláveis, com a personalidade de deuses do vodu. Em vez das ricas imagens, sons e movimentos tridimensionais a que já nos acostumamos a apreciar no mais simples dos monitores, a sofisticada realidade virtual de Gibson mostra imagens tão simples e esquemáticas como as que se veria num velho Atari.

Além disso a rede, embora vital para os protagonistas, não parece estar realmente integrada à vida da maioria das pessoas. É domínio de grandes empresas, de especialistas e de uns poucos penetras. Pessoas comuns não falam dela e aparentemente não a usam ativamente. Limitam-se a descarregar dela, por meio de implantes cerebrais, o equivalente virtual de novelas de tevê. Nada é interativo. Nada de e-mails, chats, sites de busca, sites de relacionamento, notícias online, jogos multiplayer e outras trivialidades que hoje ocupam grande parte do trabalho e do lazer de cada dia.

Até certo ponto, isso é condicionado pela forma e pelo gênero: é difícil fazer de uma realidade futurista e em boa imaginária o tema de uma aventura e ao mesmo tempo tratá-la como uma realidade que se tornou quotidiana. Verne, ao imaginar máquinas voadoras, também não as pôs ao alcance de qualquer um que pagasse a passagem. Concebeu uma máquina pioneira, a serviço de um inventor decidido a conquistar o mundo ("Robur, o Conquistador").

O que talvez nos pareça mais familiar no mundo de Gibson e ainda estava longe de ser tão real em sua época é a globalização neoliberal. Os personagens viajam por todo o mundo e cruzam-se com figurantes de todas as nacionalidades com uma facilidade que certamente parece mais verossímil hoje que há 25 anos.

É um mundo dominado mais por corporações transnacionais (principalmente japonesas) do que por governos nacionais, raramente mencionados e aparentemente irrelevantes. Todos os mercenários e as armas mencionados na trilogia estão em mãos de empresas privadas, inclusive caças supersônicos e canhões eletromagnéticos tão poderosos quanto armas nucleares táticas. Com exceção do “vodu” na rede, há poucos sinais de religião e nenhum de ideologias políticas ou rivalidades nacionais.

Os personagens principais parecem totalmente vazios de ideais filosóficos, políticos ou religiosos, às vezes até de vontade própria. Têm estilo, têm “atitude”, mas não posicionamento, como nota o crítico Roberto Causo. Querem apenas ganhar dinheiro, sobreviver e fazer upgrades em suas próteses e acessórios. Caso tenham muito sucesso, acabam por se tornar propriedade empresarial para todos os efeitos. Escravizados por contrato, só conseguem escapar de suas proprietárias se forem resgatados por mercenários de alguma empresa rival, para mudarem de amo. Quando muito, conseguem pensar em escapar da servidão corporativa e ter uma vida egoisticamente isolada e sossegada.

Caminhar na direção desse cenário que Gibson descreveu claramente como distopia (por mais que tenha sido glamurizado por seguidores e imitadores) parecia uma perspectiva bem plausível nos anos 90, mas algumas dessas tendências mudaram de direção, para o bem ou para o mal. Desde 11 de setembro de 2001, o ressurgimento dos impérios, dos particularismos étnicos, dos fundamentalismos religioso e das rivalidades entre as potências está na ordem do dia e dificilmente sairá da pauta tão cedo. O risco da escravidão corporativa ainda parece plausível, mas o fundamentalismo religioso e os nacionalismos estão aí para lembrar que para toda ação, há uma reação: nunca será tão fácil ao capital se apoderar sozinho do espírito humano.

O mundo criado por Gibson nos anos 80 continua fascinante e capaz de inspirar estudos culturais e literários, não só nos EUA e Japão, onde é tema de várias obras (tais como "Virtual Geographies", de Sabine Heuser e "Full Metal Apache", de Takayuki Tatsumi) como no Brasil, onde já inspirou pelo menos uma obra de fôlego, "A Construção do Imaginário Cyber", de Fábio Fernandes (Editora Anhembi-Morumbi, R$ 22, 107 páginas), que analisa cuidadosamente tudo que o livro tem de atual, que é muita coisa – mecanização e cibernetização das pessoas, transformação das relações humanas, confusão de real e virtual, substituição do posicionamento pela moda ou “atitude”. Márcia Fusaro, professora de Comunicação Social, escreveu também um longo artigo sobre as diferenças entre as duas traduções de "Neuromancer", a de 1991 e a de 2003, na revista "Cenários da Comunicação", volume 5 (2006).

Ainda assim, do ponto de vista do leitor casual e desprevenido, já não é mais um futuro perturbadoramente plausível, mas uma curiosa mistura de futuro, passado e enfeites fantasiosos. De metonímia, passou a metáfora. O que era possibilidade próxima virou um mundo de fantasia um tanto distante, o que parecia o revelar de uma tendência irresistível e ameaçadora aparece agora como uma alegoria exótica, coisa que soa mais fascinante e curiosa que perigosa, como uma história de vampiros ou de espada e magia. Não dá mais a provocante sensação de iminência e inquietação que só uma ficção científica ousada e recém-saída do forno pode proporcionar.
Matheus Lins 18/04/2010minha estante
Melhor resenha do livro que já li em português.


Eric M. Souza 25/04/2011minha estante
Como bem comentado, foi notável o feito de Admirável Mundo Novo, de conseguir se manter atual e como uma ameaça de um futuro próximo.
Contudo, Neuromancer não devia ser relegado a um "nível inferior" por isso. O que dizer de Asimov, com a inovação da Fundação ser a miniaturização daqui a uns vinte mil anos no futuro, apenas?


Marco 30/04/2011minha estante
De boa, acho que esse fato de parecer retrofuturismo não torna um livro pior, até porque a maioria dos autores de ficçao-ciêntífica do século passado escreveu coisas assim. Acho que pelo contrário é genial a maneira como a realidade que eles previram é uma sátira, um retrato grotesco da sociedade que nós temos hoje. E elas são sim mais parecidas do que se pode perceber a primeira vista.


Erich Alves 26/10/2020minha estante
mucho texto


SirV8Head 22/12/2020minha estante
Há muito tempo conhecia a importância de Neuromancer para a ficção científica. A lista de livros,filmes, jogos de tabuleiro, videogames, desenhos e animes e séries de TV que foram influenciados por Neuromancer é gigantesca. Por isso, em 2017 comecei a ler o livro e, após 5 capítulos, abandonei a leitura, tamanha a complexidade e dificuldade do livro. William Gibson escreve de maneira confusa, talvez até de modo proposital, para nos colocar na pele do personagem principal. Com o lançamento do jogo Cyberpunk 2077, resolvi dar.uma outra chance ao livro e descobri uma história muito interessante (apesar de ainda confusa em alguns momentos).

Uma dica para aqueles que tiverem dificuldades na leitura: O canal "Caixa de Histórias" fez um.clube de leitura de Neuromancer, comentando


Fabi 01/07/2021minha estante
Resenha livro, adoro resenhas assim, mas eu nunca leio tudo kkkkkkk


Danniki 08/09/2022minha estante
Nunca mais li uma resenha como essa, fiquei impressionade com seu texto!


FabrAcio50 16/12/2023minha estante
Sem chance. Já pulei para os comentários da resenha kkkk


Mano Beto 30/01/2024minha estante
Ótima resenha para o livro hoje. Perfeito. Parabéns!




Lincoln Salles 27/11/2012

Difícil não abandonar. Chato e super forçado.
O autor fala de coisas que não existem o tempo todo de maneira super forçada, sem explicar nada, eu sei, propositalmente, para simular um universo futuro de modo mais natural. Mas não funcionou. Há um exagero enorme além do limite e+m inventar termos e coisas que não existem. Os personagens não são bem construídos, o enredo é confuso e mal apresentado, é difícil avançar cada página sem ter a vontade de desistir. Não é por ser um texto difícil e bem escrito (porque eu terminei o Processo de Kafka)que dá vontade de desistir, é porque esse livro é muito chato mesmo. E eu gosto de ficção, mas de ficção bem escrita.
O reconhecimento aqui é pelo fato do autor ter imaginado a Matrix e outros avanços tecnológicos muito a frente de seu tempo, esse mérito é indiscutível. Mas infelizmente, o autor tem imaginação mas não sabe escrever uma boa história.
É o primeiro livro que desisto, até porque escolho bem antes de ler (igual os filmes que vejo), mas como a crítica toda baba esse livro, acabei indo na onda. Mas desisti, porque o tempo é curto, e não ia chegar até o final só pra saber o que lendo até a página 81 eu já percebi: que a história é uma porcaria.
Não creio que seja culpa da tradução da editora Aleph, que tem ótimas traduções de ficção no currículo. Coitado de quem teve que traduzir isso.
E me irrita comparações com Philip K. Dick, esse sim, sabe escrever uma boa história. Em "Do Androids dream of electric sheep?" (blade runner), ele mostra como se faz, onde é difícil parar de ler o livro.
Não a toa virou filme, como outros diversos de seus livros e contos.
Porque Neuromancer não virou filme? Bem, se fosse uma boa história provavelmente teria virado. Mas respeito quem gostou, claro.
Lucas 29/11/2012minha estante
Não concordo com o livro ser chato. Concordo com ele ser difícil, mas isso não o torna chato, o torna difícil de se acompanhar, talvez, pois eu mesmo que tenho o gênero ficção científica como o favorito quase desisti por ser tão difícil de ler.

Mas sabia que algo bom me acompanharia durante o livro, e foi durante suas frases difícil, sua narrativa complexa e pouco convidativa que passei por momentos muito bons, como aquele junto dos orelhões. O que é de se indagar também é a qualidade inventativa por se esquecer de celulares (talvez a única coisa que o autor tenha esquecido), mas William Gibson prefetiza a nossa intimidade com a tecnologia de um jeito que ninguém mais poderia ter feito.

Comparado à outros autores, Gibson tem menos livros, mas preveu em Neuromancer o que há hoje: a internet. De um jeito diferente lógico.

Espero que as pessoas não se baseiem no seu comentário para parar de ler. Neuromancer e as sequências são livros imperdíveis, pelas cenas de ação e pela ciência, as duas andando muito em juntas. E, só por curiosidade, dizem que um dos inspiradores do filme Matrix foi neuromancer...


Nilson 08/12/2012minha estante
Relaxa, Lucas Dias, ninguém com bom senso vai parar de ler um livro excelente como Neuromancer depois de ler a opinião de um cara que fecha sua série de comentários com a pérola "Porque Neuromancer não virou filme? Bem, se fosse uma boa história provavelmente teria virado".

Ele afirma que "respeita quem gostou do livro", e eu respeito quem não gosta de Neuromancer (afinal de contas, os melhores livros nunca são "para todo mundo" como os "best sellers" que vemos por aí), entretanto não dá pra respeitar uma opinião como a exibida pela frase citada. :)

Acredito que se deve à idade, também já falei muita asneira quando era pirralho. Pelo menos o Lincoln parece bem encaminhado: gosta de ler e, em sua maioria, parece ler coisas boas. Com o tempo ele mesmo vai perceber a besteira que falou e, quem sabe no futuro, dar outra chance a um livro que é tão importante que acabou, por si só, criando um novo gênero literário.


Sci Fi Brasil 26/01/2013minha estante
O livro é excelente, mas temos que dar um desconto, já que a tradução da Editora Aleph ficou uma bela procaria. Achei excelente ela trazer a trilogia do Sprawl para o Brasil e cheguei a comprar os exemplares em português, mas também me decepcionei com a narrativa. Ficou bem abaixo do que você encontra na versão original.


Amadeu.Paes 11/06/2013minha estante
Não acho que o resenhista falou alguma besteira.

Os conceitos de informática contidos no livros são tão inverossímeis nos dias de hoje, que é normal um jovem achar estes conceitos estranhos. Só um exemplo o autor num trecho fala de uma memória RAM de 1024 MB. Hoje qualquer calculadora básica tem 1GB.

Sem dúvida nos 80 (quando eu comecei a estudar informática), os papos dos nerds daquela época era mais ou menos o que contém no livro: cyborgs, viagens ao cyberspaço, implantes de software no corpo e etc. Isso foi revolucionário.

É normal para os jovens achar este livro um porre.


Vitor 13/08/2014minha estante
Concordo com o que você disse, não tiro o mérito do autor por escrever algo além do seu tempo, pela criatividade o livro vale a pena, mas para mim, a leitura é bem arrastada. Estou lendo no momento, e achei a leitura muito difícil, não pelos termos utilizados, mas pela descrição exacerbada de tudo que acontece no universo, cada faísca, brilho de neon ou até mesmo a letra silk-screen japonesa é descrita com um detalhe que na minha opinião é desnecessário.

Infelizmente eu não gosto gostei de nenhum personagem, não há conexão entre eles, os diálogos são rasos e superficiais.

Pessoas gostam e deixam de gostar do livro por suas próprias conclusões, é triste ver alguns comentários reclamando da opinião de quem não gostou. Creio que quem gostou deveria comentar as resenhas dos que gostaram também.

Lincon, já li até a página 215 e pretendo terminar a história, caso algo mude sobre o que eu acho, eu posto de novo.




Agnaldo Alexandre 11/10/2023

IA humana ou humano Androide?
Após a leitura, não tratou dúvidas de por que ele Inspirou tantas obras, e não apenas livros. Claro, Gibson não é o mestre da narrativa, sua escrita é às vezes confusa, sem muitos esclarecimentos, mas acredito ser, em parte, proposital, querendo causar maior imersão do leitor em um mundo, que também é confuso para os personagens. A falta de conhecimento em informática de Gibson não foi uma falha, mas uma vantagem, já que assim, ele não associa os termos e tecnologias reais com sua história, pois se assim fosse, iria ficar ainda mais datada.

A trama gira em torno de uma inteligência artificial, que beira uma entidade, pois ela se refere a si mesma como "entidade potencial", o que é extremamente perigoso. Essa IA acaba tendo muitos aspectos e comportamentos humanos, enquanto que do outro lado, muitos humanos estão "virando silício ", ou seja, substituindo tantas partes do corpo que quase deixam de ser humanos.

Em suma, recomendo demais a leitura, e vou agora partir para os próximos.
AndrAa58 16/12/2023minha estante
Gostei da resenha. Não vejo a hora de conhecer o Gibson, mas sempre vou deixando para depois. Você me deu um empurrãozinho ?


Agnaldo Alexandre 16/12/2023minha estante
Olá Andrea, tudo bem?

Que bom que pude ajudar a decidir. Eu curti muito esse livro, e adiava ele demais por conta de comentários de que era meio truncado para ler e tal. Como tenho pouquíssimo tempo para ler (trabalho, filhos, casa) adiava demais, mas, finalmente li.

Espero que a experiência para você seja tão boa quanto foi a minha.


AndrAa58 16/12/2023minha estante
Obrigada, Agnaldo. Também tinha me desanimado com alguns comentários


Agnaldo Alexandre 16/12/2023minha estante
Vai que ajuda, eu ouço dois podcasts de discussão após a leitura, mas pode ser feita assim que ler cada capítulo. Me ajudou bastante com alguma coisas que não havia percebido na leitura. Deixa mais amplo o entendimento


Agnaldo Alexandre 16/12/2023minha estante
Um chama-se DEAD CHANNEL, são duas meninas. Bem legal. O outro vou procurar, mas acho que foi pelo YouTube.




Allan.Oliveira 13/09/2020

Amei entendi nada
Depois de uma verdadeira LUTA com esse livro e tentar lê-lo duas vezes finalmente consegui aos trancos e barrancos e entender pelo menos 60% do conceito e das filosofias que esse livro coloca pra gente. A primeira experiência foi muito maçante, a escrita do Gibson tava me travando muito, não entendia as descrições lombradas dele. Mas aí achei um canalsinho maravilhoso que fazia podcasts com reviews de cada capítulo o que me ajudou horrores a enfrentar isso com mais facilidade, somado ao fato de estar com uma mentalidade diferente e estar mais adepto a escrita dele em geral. Essa segunda tentativa foi sim, bem melhor que a primeira, mas mesmo com o podcast ainda teve momentos que eu fiquei "WHAT, isso aconteceu ou não?" ou "oq acabaste de acontecer aqui???", Contudo os momentos que foram bons foram MUITO bons, com sua fluidez diferenciada e uma história bem interessante com plot twists bem inesperados, definindo assim minha relação de amor e ódio com esse livro, acho que ele foi feito pra ser mais apreciado como um "conceito", a famosa base do movimento cyberpunk.
Bia 23/09/2020minha estante
Colega, me passa o nome desse podcast? Tô na mesma que você na primeira lida, entendendo nada. Tá bem complicado pra mim e tô quase desistindo...


Allan.Oliveira 23/09/2020minha estante
https://www.youtube.com/playlist?list=PLybRnXeOGXoDNpbRVhfE0spLmC59KEaRW aqui a playlist com todos os episódios dele


Allan.Oliveira 23/09/2020minha estante
Putz acho que n da pra copiar, o nome do canal é caixa de historias podcast, vc pode vê lá na parte das playlists


Bia 23/09/2020minha estante
Obrigada!


Jenner Azevedo 08/10/2020minha estante
Valeu! Eu estou em 82% do livro e tá difícil de entender... Me desconectando facilmente da leitura




Letícia 23/02/2011

Meu livro de FC favorito!
Willian Gibson tem um estilo interessante, narrando como se aquele futuro/realidade do livro estivesse acontecendo e você estivesse inserido ali. Não há um distanciamento, ele não perde tempo explicando o que deveria ser óbvio, nada parece improvável e não quer nem saber se você não tem familiaridade com a tecnologia apresentada. Mas o que poderia ser uma dificuldade para a leitura de Neuromancer acaba se tornando, graças a sua narrativa fluída, a melhor parte dela. E tudo passa a fazer sentido, mesmo que você nem saiba formatar seu computador sozinho (que é o meu caso).

O personagem principal, Case, é uma exceção no que poderia se esperar de um protagonista ideal: uma pessoa totalmente vazia e apática, que a maior pretensão na vida é ficar chapado. Mesmo seu grande talento como cowboy na Matrix não passa de um grande vício que ele tem dessa conexão. Ele não consegue nem ter ódio ou revolta suficiente contra os antigos patrões que bloquearam sua capacidade de se conectar. Algumas vezes, quando ele começa a sentir algo com maior intensidade, ainda assim não é o bastante para dar um propósito à sua vida. Case não se questiona, simplesmente não se importa, só amaldiçoa o novo pâncreas que o torna incapaz de se drogar. Nem mesmo o conhecimento da existência de uma IA mais autêntica e emocionalmente desenvolvida que ele desperta alguma curiosidade. Nas suas palavras: “sei lá, não faz parte da minha viagem”. É, indiretamente, um personagem interessante, que nos dá a dimensão de como o conceito de humanidade pode ser relativo quando comparamos Case e Wintermute, e a IA nos parece muito mais motivada e intensa que o protagonista.

A tradução do 25 é bem melhor que a versão anterior, mas, para dar um exemplo, eu realmente não entendi o que Wintermute quis dizer com “jeito de” na página 235, confiram. WTF??? Apesar dos diversos termos técnicos, palavrões e gírias, o texto consegue ser até poético, seja ao descrever a Matrix ou ao compor o cenário caótico e cinzento da história. É a obra perfeita para representar a FC na literatura. A criatividade do livro é indiscutível. Não vejo a hora de ler meu Count Zero!

* Leia ouvindo Radiohead
* Matrix é uma mistura de Neuromancer com Invisíveis, do Grant Morrison. Se você gosta do filme, tem que conferir. Se não gosta, tem que conferir também.
Desativado por enquanto 01/12/2011minha estante
Eu imaginei exatamente uma trilha como Radiohead, mas eu diria mais: Ler ouvindo o disco Zooropa do U2.
Sei que não é o disco favorito dos fãs mas é um disco e uma turnê declaradamente influenciada pelo mundo do Gibson, de acordo com o próprio Bono.

Mais tarde o próprio William Gibson agradeceu a banda colocando as musicas do disco como trilha de fundo da versão áudio book narrada por ele.

A própria musica "Zooropa" começa falando: "Zooropa, avanço através da tecnologia / Através da aplicação da ciência / E eu não sei qual é o limite / O limite do que nós temos / Pule o metrô"
Da um ar de mundo Sprawl!


Letícia 18/12/2011minha estante
Não sabia disso. Vou experimentar ler Mona Lisa Overdrive ouvindo esse álbum. Valeu!


SasoriGui 27/08/2012minha estante
Leia ouvindo Radiohead.
LOL


Rodrigo 22/04/2021minha estante
Os invisíveis é minha HQ favorita de todos os tempos




Henrique Malikoski 04/08/2009

Resenha de Neuromancer
A história é sobre Case é um cowboy cyberespacial, uma espécie de super-hacker do futuro. Com seu sistema nervoso contaminado por uma toxina, ele vaga pelos subúrbios de Tóquio cometendo pequenos crimes. No ameaçador submundo das operações obscuras de transferência de dados e da genética ilegal, Case está a ponto de ser destruído pelas dívidas e pelas drogas, quando é contatado por Molly, uma sedutora mulher samurai das ruas. Molly o leva ao misterioso Armitage, um ex-oficial das Forças Especiais, que oferece a cura de Case em troca da participação em uma missão: hackear um poderoso mainframe.

Garanto para você que é impossível lê o livro sem pensar em "Matrix" o tempo inteiro. Molly veste uma roupa de couro preto colada ao corpo e usa óculos espelhados, igualzinho à indumentária da heroína Trinity. A diferença é que no filme Neo gasta um tempão apaixonando-se por Trinity até levá-la à cama. No livro, Case e Molly rapidinho já fazem sexo, sem amor, só por diversão mesmo. Outra semelhança: os capangas gêmeos albinos de Merovingian (Matrix Reloaded) são iguaiszinhos aos capangas "quase idênticos" de Wage (bandido que Case deve uma grana). O próprio verbete que nomeia o filme é citado inúmeras vezes no livro.

Lembra como é fácil aprender habilidades em "Matrix"? Basta o operador apertar um botão e voalá. Em Neuromancer é a mesmíssima coisa, só que eles usam um chip chamado microsoft. Falando nisso, Neuromancer mostra os "desplugados" rastafáris Maelcum e Aerol, que são parecidos com os "desplugados" rastafáris Tank e Dozer de "Matrix". Sabem onde aqueles filhos de Jah vivem? Zion, uma estação orbital rebelde. Quer mais? Os zionitas adoram música Dub, descrito como um sensual mosaico sonoro mixando uma enorme quantidade de pop digitalizado. Lembrou da festinha promovida por Morpheus?

Case em uma das passagens do livro chega a dizer que enxerga as feições transformadas em um código, como ideogramas japoneses enfileirados. Até balinha de gengibre um dos personagens de Neuromancer oferece a Case. A mesma técnica de aproximação foi usada no filme, quando o Oráculo conversa com Neo. O livro também mostra armas de pulso eletromagnético, idêntica tecnologia da nave Nabucodonosor, de "Matrix". Parecido mesmo é o crescimento intelectual de Case/Neo, sempre amparado pela força protetora de Molly/Trinity.

Ambos os heróis alcançam o ápice de sua capacidade no duelo em pé de igualdade com a Inteligência Artificial, descrita como uma mandala fragmentada de informação visual. Igual à cena em que Neo invade a cidade das máquinas em "Matrix Revolutions". Achei bem interessante a forma como o autor William Gibson inventou o futuro de várias corporações, como a união da Mitsubishi com a Genentech (empresa americana de pesquisa genética), e até da máfia japonesa Yakuza, que no futuro imaginado em Neuromancer, cresceu e absorveu as máfias italiana e russa.

Neuromancer é uma história que já começa pela capa, mostrando uma garota pálida (drogada), com o olho branco. Segundo a sabedoria oriental, o estado de stress ou depressão que faz com que o branco do olho de uma pessoa também apareça abaixo da íris e não só dos lados. É considerado prenúncio de problemas, doenças ou tragédias. Por definição, Neuromancer é a passagem para a terra dos mortos. Nada mais apropriado, então, para uma história que fala de fantasmas, drogas, realidade, ilusão, amor e tecnologia.

E polêmicas à parte, Neuromancer é uma fantástica aventura hacker, que, apesar de muito difícil de ser lido, funciona como um grande vídeo-game. É uma espécie de jogo de aventura num mundo de sonhos, só que ao invés de dormir, basta plugar o cérebro. William Gibson conseguiu reproduzir com precisão dezenas de ambientes complexos num intricado labirinto de realidade virtual. Um futuro possível, um futuro provável. Evidentemente nosso cérebro teria que dá um gigantesco saldo de processamento. Não é fácil viver num mundo em que realidade e ilusão caminham juntas, confundem-se e nos pastoreiam.

Créditos:Daniel Castelo Branco
Maeve 16/08/2009minha estante
Adorei sua resenha e mesmo reconhecendo todos os pontos em comum com Matrix ainda acho que são obras completamente diferentes. O filme não me pareceu plagiar o livro e sim fazer uma espécie de homenagem, as idéias estão ali, mas o clima é tão diferente....Neuromancer não tem nada das referências sobre sofrimento, salvação e compaixão vindas da mitologia cristã, mas acho que aí entra a subjetividade da minha percepção!! hahahahaha


Clio0 21/11/2011minha estante
Concordo com você, é impossível não perceber as semelhanças entre Matrix e Neuromancer... mas também podemos citar mais um amontoado de obras do qual Matrix bebeu. No fundo, Neuromancer é um chute mais pé-na-porta do que Matrix pois sua crítica é mais social, ao passo que Matrix escorrega para uma bagunça filosófica que talvez tivesse mais força se pudesse ter sido melhor amarrada.


Resende 06/07/2012minha estante
Bela resenha Luiz Henrique, parabéns! Só vale resaltar algo que ficou mais claro no excelente comentário da Maeve, que o livro foi publicado beeeem antes do filme, só para caso alguém ache
que foi o contrário. Ótima resenha.


livrosepixels 30/05/2018minha estante
Não acho que o livro seja difícil de ser lido. A leitura pra mim tem sido bem fluida. Difícil mesmo tem sido entender tudo o que está acontecendo na história hahah




Wagner Coelho 02/11/2019

Muito bom
Uma coisa devo admitir, do início ao fim reina uma certa confusão, porém acredito que isso se deve ao fato do estilo psicodélico da escrita tentar nos levar a um mundo que não segue mais regras, consumido por drogas e vidas sem sentido. Falando em drogas, elas te levam pra lá e pra cá nesse livro, você nunca sabe o momento que um personagem chapado vai simplesmente "viajar" pra alguma situação totalmente diferente do que a linha da estória estava seguindo, então, preste bastante atenção pra sempre se situar do que é real, alucinação ou uma viajem na Matrix. Apesar da bagunça do mundo e das loucuras o livro basicamente tem uma linha que te leva seguro do inicio ao fim, sem deixar o leitor sem um começo, meio e fim.
Pra quem não tem muita afinidade com o mundo cyberpunk eu aconselho a olhar umas artes conceituais na Internet e escutar uma playlist chamada Neuromancer no Spotify, isso vai ajudar muito a entrar no clima e ativar a imaginação.
Já estou ancioso pra começar o próximo livro da trilogia, este me agradou muitíssimo.
Ramon F. 02/11/2019minha estante
Parabéns por conseguir ler até o fim. Tenha a trilogia aqui, mas não consegui terminar o primeiro ainda.


Wagner Coelho 03/11/2019minha estante
Obrigado amigo :D Ele é ótimo, se você gostar da temática, claro, mas admito que é meio louco também, kkkk


Beto 08/11/2019minha estante
Ah eu acho que o Gibson só não sabia narrar a história mesmo. Mais inexperiência do que estilo. Os outros livros (minha impressão pelo menos), a narrativa é bem mais madura.




Cynthia.Grezzani 15/03/2019

Confuso, ainda que icônico
Vou fazer um pequeno desserviço de marcar o livro como lido mesmo antes de terminar as últimas 50 páginas, o motivo? Não consegui absorver absolutamente nada das 320 páginas da obra.
Não me levem a mal, o livro me prometia muito e eu possuía altas expectativas com o clássico da literatura Sci-Fi, e apesar de meus problemas, achei todo o universo de Neuromancer fantástico e absolutamente visionário (Não, eu não irei fazer uma resenha injusta pois reconheço os pontos fortes).
Logo nas primeiras 50 paginas eu tive grande dificuldade de absorver o conteúdo, não por termos difíceis ou exagero de termos inventados (uma vez que 1) o livro possui um glossário no final do livro e 2) li e entendi perfeitamente bem Laranja Mecânica que possui uma quantidade muito maior de termos novos). Acredito que o maior problema tenha sido o modo como as frases parecem desconexas, perdendo o sentido e os diálogos confusos.
Continuei prosseguindo pelas páginas na espera de melhora até chegar em suas quase ultimas páginas e me dar conta de que havia absorvido poucas informações e não tinha a menor noção de que estava no ápice da história.
Ainda sim, dos poucos trechos que pude entender, posso afirmar que os personagens são memoráveis e carismáticos, verdadeiros anti-herois cheios de personalidade e singularidade.

Em suma, dou nota 3 por tudo que o livro poderia ter sido para mim apesar dos problemas que enfrentei. Posso ser a verdadeira culpada da história mas nunca tive os mesmos problemas de leitura que tive com Neuromancer. Espero que um dia possa ler novamente (ou pela primeira vez) e compreender totalmente o significado dessa obra.

Peço desculpas aos possíveis erros de português mas escrevo isso de um celular.
Trix 16/03/2019minha estante
Finalmente! Comigo aconteceu o mesmo!


Reck 23/03/2019minha estante
Parei na metade, pelo motivo de ser meio confuso (pelo menos pra mim), comecei outro livro, terminei e vou voltar e terminar esse.


André 26/03/2019minha estante
Achei que só tinha acontecido comigo, não sei se terminarei esse livro.




Wanderson 17/06/2019

Arrastado, confuso e desconexo.
Quando ouvi falar do clássico "Neuromancer", o tal livro que deu origem a vários conceitos do CyberPunk, fiquei interessado. Mas, infelizmente, é desapontante. Uma leitura arrastada, com personagem que carecem de empatia. Há saltos temporais dentro de um capítulo, conceitos não explicados (ok, é para dar sensação de imersão, mas acabam deixando muitas partes confusas).

O livro chega a ser desconexo em várias partes, ficando difícil acompanhar os acontecimentos sem fazer inúmeras hipóteses. Em alguns momentos, o autor detalha de forma exagerada o lugar (tipo, 2 páginas descrevendo um beco), em outras, não dá nenhum detalhe sobre onde ou o que exatamente é aquela coisa ou aquela pessoa.

Sobre os personagens, eles são extremamente descartáveis. Alguns são "apresentados" e simplesmente desaparecem, outros não são apresentados e somem da mesma foram que apareceram.

Minha conclusão é que não vale muito a pena ler como um leitor causal, um leitor que busca relaxamento. Esse livro exige mais de você do que você pode exigir dele. Uma leitura obrigatória que, entretanto, tem dificuldade em conversar com o leitor.
Lucas 18/06/2019minha estante
até hj não consegui assimilar o que eu li haha


Wanderson 19/06/2019minha estante
Voltei várias vezes em alguns trechos porque achava que tinha pulado algo ou esquecido de algo, mas a narrativa que é falha. hahah Mesmo a nota sendo baixa, achei o livro interessante. Você chegou a ler os outros dois volumes?


Lucas 19/06/2019minha estante
Deus me livre. haha Apesar de ser um projeto gráfico lindo, eu me desfiz rapidamente. E a galera nerd cult pega no pé de quem não gosta rs




Silas-sama 12/08/2022

?
Estou ansioso pelo próximo, foi realmente uma bela indicação, a saga me lembra Blade Runner tb. Esse foi meu pensamento no início do livro, agora que terminei, não quero saber de um próximo se for parecido com esse.

O começo foi nostálgico e familiar por causa de Cyberpunk 2077, mas com o tempo foi ficando tão chato e abstrato, af. Tudo de bom que um dia teve foi minguando até restar somente a raiva. Acho que darei uma chance ao segundo livro e se merecer, já dropo a saga inteira nele.
Vaniely 17/09/2022minha estante
Blade Runner é Cyberpunk?


Silas-sama 18/09/2022minha estante
Yep, recomendo o filme antigo.


Vaniely 19/09/2022minha estante
Vlw




Ramon F. 03/05/2020

Um diamante não lapidado
Neuromancer é aquele quadro feito a séculos e que está sendo exposto em uma galeria muito renomada, cujo o autor foi e é muito prestigiado por tê-lo feito. Os críticos narram a forma como o artista usou o pincel e a maneira genial de como utilizou as tintas, para encontrar as cores certas; não sabendo esses que o artista no tempo, talvez, só dispunha daquele pincel usado e gasto, o que fez as pinceladas saírem diferentes, e de alguns poucos tipos de tintas.

Com Neuromancer aconteceu algo semelhante: o autor dispôs de apenas 1 ano para escrever um livro que deveria ser escrito em 5 anos. O resultado foi um livro cujo os últimos capítulos possuem de 5 a 6 páginas e que cujo o autor não dispôs de tempo para revisar e melhorar a narrativa deixando-a mais fluida e de melhor entendimento.

O livro é confuso do começo ao fim.
O dicionário posto no fim do livro não tem nem a metade dos nomes dados pelo autor para os vários apetrechos tecnológicos e outras coisas presentes na estória. E a versão da tradução que eu estou lendo também não ajuda, pois está recheada de erros, por exemplo: não dá nomes quando a um diálogo com mais de duas pessoas presentes e está cheia linguagem informal, tipo "prum" ao invés de "para um"(???). Mas mesmo assim encaram o livro como sendo para poucos e que a linguagem complexa e confusa é proposital e não um efeito de um livro que não teve tempo de ser bem trabalhado.

O livro continua influenciando outros livros, muitos quadrinhos e filmes e é notável sua influência na construção do mundo cyberpunk. Mas eu fico imaginando se o impacto dele seria maior se fosse dado tempo ao autor para trabalhar melhor a obra.
Pipoca Nerd 03/05/2020minha estante
A Editora Aleph é maravilhosa. /Gabi


Mari 13/05/2020minha estante
Concordo muitooo, obrigada por expressar o que senti. Eu abandonei o livro porque senti que era mal escrito


Ramon F. 14/05/2020minha estante
Por nada Mari. Não se culpe por não ter conseguido terminar. Eu larguei o livro duas vezes em um intervalo de um ano. Foi penoso terminar. Só insistir por causa do que o livro representa.




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