Claudinei 22/01/2024
As ações gananciosas dos homens os conduzem a um inevitável futuro catastrófico
Este é meu primeiro contato com a obra de Hayao Miyazaki, anteriormente publicada de forma incompleta no Brasil pela editora Conrad. A partir de 2022, a editora JBC retomou a publicação, que já conta com três volumes até o momento. O trabalho gráfico é diferenciado dos mangás tradicionais, com um formato maior e a inclusão de textos complementares na capa e contra capa.
Escrito nos anos 80 e concluído nos anos 90, Nausicaa foi uma empreitada única para Miyazaki, que inicialmente era diretor de animação renomado no Estúdio Ghibli. Para este título, os executivos do estúdio solicitaram primeiro um mangá antes da animação.
A trama se desenrola num futuro distópico pós-apocalíptico, em um mundo devastado pela poluição causada mil anos antes por grandes corporações de nações poderosas. A atmosfera tornou-se tóxica, exigindo o uso constante de máscaras na maior parte do mundo. As regiões menos afetadas deram origem a novas e pequenas nações, que mais se assemelham a tribos. No Vale do Vento, temos a protagonista, a princesa Nausicaa, única herdeira viva do líder local, assumindo o comando da pequena nação em meio a uma guerra global.
Neste primeiro volume, Miyazaki apresenta os conceitos do universo de Nausicaa, destacando as condições precárias de sobrevivência da humanidade, a tecnologia sucateada e os personagens que moldarão a trama. Além da protagonista, que se vê no meio de uma guerra entre nações, há dois representantes dessas nações lutando por poder. Nausicaa demonstra uma habilidade única, uma espécie de poder ainda não explicado pelo autor, que pode influenciar o desenrolar da guerra.
Os cenários são ricamente construídos, transmitindo a ideia de um mundo primitivo onde a natureza reina soberana sobre o planeta, sem a interferência do homem. A natureza, de fato, desempenha um papel de destaque na trama, tornando-se quase um personagem, protestando contra as ações gananciosas e destrutivas da humanidade. Este pano de fundo serve como crítica social aos efeitos da poluição causada pela produção industrial descontrolada em massa.
Sinceramente, este primeiro volume não teve o impacto imediato de "fisgar" o leitor, mas como já tenho outro volume na pilha, darei uma chance à série.
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