Yasvie 13/09/2020
Por que fizestes isso comigo, Agatha?
No começo da história a Rosemary, a personagem em que a história gira em torno, já está morta aparentemente por conta de um suicídio, porém ao longo do livro aparecem desconfianças de ter sido na verdade um assassinato, e o fato de todos os personagens terem razão para tal deixa tudo mais confuso e consequentemente mais interessante.
A ideia parece a princípio um pouco clichê mas é escrito e desenrolado de uma forma maravilhosa, os personagens são misteriosos na medida certa e todos têm uma razão em específico para cometer o crime, com o tempo cada personagem apresenta a Rosemary do seu ponto de vista e confunde o leitor sobre o que achar verdadeiramente da moça.
Até mais da metade do livro e faltando somente três capítulos para o final eu ainda não tinha ideia de quem poderia ter matado Rosemary, todos tinham motivos mas ao mesmo tempo ninguém parecia ter levado para frente seus pensamentos, assim, ao mesmo tempo que todos soavam suspeitos nenhuma deles pareceu de fato ter feito aquilo, era confuso sempre tentar pensar em alguém para pintar como assassino, em certo momento comecei a pensar que a Rosemary poderia sim ter cometido suicídio ou que estivesse viva.
Infelizmente eu não conseguia parar de pensar o quão burra algumas pessoas eram, e como tudo seria tão facilmente resolvido se algumas delas só conversassem entre si e resolvesse os problemas sem guardar tantas informações importantes para si mesmas, e o mais interessante é que a partir do momento em que começam a conversar entre si é que as coisas realmente se resolvem.
A Iris, a irmã da Rosemary, foi a personagem que mais me incomodou em questão de burrice, para mim, no começo, era óbvio que ela estava sendo enganada por um homem e mesmo todos a dizendo isto ainda sim ela ignorava, e acredito que foi proposital, acho que a autora queria que odiássemos o tal rapaz e que achássemos a Iris burra, em certo ponto até ela parece ser suspeita mas dava a sensação de ser tão ingênua que não consegui apontar o dedo para ela por muito tempo.
Devo admitir que fiquei surpresa com o final, não esperava ser quem foi e nem como foi, a virada que teve um dos personagens foi extremamente surpreendente, não esperava nem um pouco que ele se revelasse diferente do que se mostrava ou de quem achávamos que fosse, mas fico feliz que aconteceu e amei a surpresa que tive com tudo.
A pessoa que resolve o caso é a que trás a maior e a única reviravolta da história, e com estilo Agatha Christie de escrita, este sendo o terceiro livro que leio da autora é o terceiro que algum personagem faz uma reviravolta desse nível na história, tenho certeza que é por isso que a autora é tão reconhecida no gênero, pela genialidade e a sutileza dessas mudanças.
Definitivamente a Agatha Christie conseguiu novamente me surpreender assim como nos outros dois livros que já li da dela, irei sim ler outros e espero que tenham desfechos tão bons quanto esse, ela parece ser a rainha das reviravoltas e de resolver casos de formas inesperadas, consigo ver que varios outros autores de livros já se inspiraram na Agatha em suas histórias, mas com toda certeza é difícil bater a genialidade dela nas resoluções de casos como este.
E no fim não acho que serei capaz de beber de qualquer copo em uma festa por um longo tempo sem desconfiar do que tem dentro ou sem lembrar da Rosemary e dessa história.