Todos os belos cavalos

Todos os belos cavalos Cormac McCarthy




Resenhas - Todos os belos cavalos


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Aguinaldo 02/02/2011

Todos os belos cavalos
Descobri noutro dia que don Ronái e eu lemos quase simulteneamente "A estrada", de Cormac McCarthy, que já resenhei aqui. Os livros sabem sim proporcionar bons encontros e conversas. Dividimos um café animados e discutimos sobre o quão opressivo e verossímel é o livro. Depois falei com entusiasmo do outro único livro que havia lido de McCarthy, ainda em meados dos anos 1990. Como "Todos os belos cavalos" é o primeiro volume de uma trilogia (da qual não li os dois volumes restantes) resolvi relê-lo agora. Difícil não se apaixonar pelo estilo de McCarthy. Ele usa uma pontuação muito particular para construir os diálogos e isto dá uma vivacidade especial ao texto. O tom é contido, seco, mas com isto acompanhamos a história como se ouvíssemos mesmo os personagens. O enredo da história se concentra no nordeste mexicano, perto da fronteira com o Texas, uma região muito dura, onde os elementos e os animais selvagens apenas toleram a presença do homem. Achei um mapa e acompanhei a história com ele. Isto foi muito útil. Descobri também que esta região tem um passado geológico muito rico e uma diversidade de espécies, em lagos e rios, particularmente distinta. Bom, vamos a história. John Cole, um rapaz de seus dezessete anos vive o que acredita ser uma idílica vida no campo. Mas trata-se de um mundo condenado à transformação (o texto se passa em 1950, a vida de vaqueiro já é um anacronismo). Com a morte do avô (último membro de uma família com várias gerações de criadores de cavalos) e a separação dos pais a grande fazenda é vendida, impedindo que ele continue fazendo a única coisa que ama: domar e criar cavalos. Cole e um amigo/primo, Rawlins, decidem fugir juntos. Assim, dois garotos montados em seus cavalos entram no México, encontram um terceiro jovem, Blevins, sem dinheiro ou comida que se junta a eles. Este novo garoto é provavelmente um ladrão de cavalos, mas os dois amigos decidem acolhê-lo mesmo assim. Ao passarem por uma cidade este terceiro garoto se mete em uma confusão dos diabos e perde seu cavalo, separando-se dos dois amigos, que continuam sua jornada. Em função de suas habilidades em domar cavalos são admitidos em uma grande fazenda mexicana, por um "hacendado". Este tem uma jovem filha, Alejandra, que vez por outra vem da cidade do México visitá-lo e o romance entre o jovem rapaz e esta menina é inevitável. Como em toda narrativa que tenha a pretensão de épica após a ascenção segue-se a queda. O pai da garota os denuncia à polícia mexicana, que os prende, sem perspectiva de julgamento ou denúncia formal. No meio do caminho eles reencontram Blevins, o garoto que os acompanhou, igualmente preso, mas com o agravante que ele matou duas pessoas para recuperar seu cavalo perdido. O capitão mata Blevins e abandona os dois amigos, Cole e Rawlins, em uma prisão. Lá eles têm de brigar muito para sobreviver e eventualmente Cole mata um homem, ficando bastante ferido. Como em um passe de mágica após se recuperar ele é solto da cadeia, junto com Rawlins. Ficamos sabendo que a avó da garota, matriarca sofisticada da família do hacendado, pagou por sua liberdade. Cole tem uma longa conversa com esta avó, e aí ficamos sabendo um tanto da desgraçada história do México, sua sucessão particular de déspotas e sanguinários governantes. Rawlins volta aos Estados Unidos e Cole decide reencontrar Alejandra. Ela prometera a avó jamais revê-lo e após um final de semana juntos ela volta à cidade do México, abandonando-o definitivamente. Cole decide recuperar seus cavalos (roubados dele e de Rawlins quando foram presos). Para isto primeiro ataca o capitão que o prendeu e através dele localiza os sujeitos que estão com seus cavalos. Após um embate realmente vibrante, mesmo bastante ferido, consegue recuperar seus cavalos. Um grupo de mexicanos o ajuda e leva o capitão preso, como um prêmio, para um destino incerto. Cole volta para os Estados Unidos. É preso como ladrão de cavalos, mas em juízo convence um velho juíz da veracidade de sua mirabolante história, mostrando todos seus ferimentos e cicatrizes. Libertado, mesmo procurando muito não consegue descobrir de quem é o cavalo roubado pelo garoto Blevins. Volta com os cavalos para sua cidade natal e descobre que seu pai já é morto. Sua avó de criação, uma mexicana de origem indígena, também morre. Devolve o cavalo de Rawlins. A história termina com as intensas reflexões sobre o destino, o deserto, a força dos cavalos e a vida. Este é mesmo um livro poderoso, um romance de formação típico, onde um sujeito aprende algo de si mesmo, amadurece, que se transforma duramente em um curto mas intenso período de tempo. O mundo encantador dos filmes de Hollywood não existe neste belo livro. A geografia, os hábitos das pessoas e dos animais, a natureza, tudo é descrito de uma forma incrível neste livro. É mesmo tempo de continuar por esta curiosa triologia. [início 23/03/2010 - fim 28/03/2010]
"Todos os belos cavalos", Cormac McCarthy, tradução de Marcos Santarrita, editora Companhia das Letras, 1a. edição (1993), brochura 14x21 cm, 272 págs. ISBN: 85-7164-341-5
Alanis 30/01/2024minha estante
Que spoiler!!!!
Comecei a ler o livro e acredite, já desanimei em continuar a lê-lo - o bom de quando se lê um livro é não saber nada, ou muito pouco daquilo que irá encontrar pelo percurso de leitura...
Já perdi o tesão e para se ler Cormac McCarthy, uma boa dose de tesão se faz necessária, pois é um escritor atípico que não agrada a todos os paladares...rsrs
Li dele O Passageiro que tem uma outra abordagem e é um soco no estômago.
Sou fã das suas resenhas, mas essa me decepcionou e me irritou ...rsrs




Ernani.Maciel 06/03/2019

Um livro indefinido.
Nada senti; apenas li. Gosto - enquanto leio - que o livro, de alguma maneira, me enleve, incomode ou provoque.
Maravilho-me quando vejo-me em um determinado personagem, parcial ou totalmente, ou mesmo quando sinto repulsa por outro, nojo, raiva etc. Em suma, quando o livro desperta meus sentimentos - às vezes adormecidos.

A história tampouco é empolgante, narra as desventuras de dois amigos - que se esbarram em pessoas que serão determinantes no futuro para ambos -, que saíram de casa por motivos que não são explicitados claramente, fazem uma longa e extenuante viagem e um deles tem uma curta e acelerada história de amor.

A linguagem também decepcionou, McCarthy ignorou a vírgula em momentos em que ela deveria, imprescindivelmente, ser utilizada.

Não pretendo ler a continuação, tendo em vista que trata-se de uma trilogia.
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Biblioteca Álvaro Guerra 25/09/2018

Todos os Belos Cavalos é o primeiro volume de uma trilogia chamada “The Border Trilogy”, ou a Trilogia da Fronteira. São romances ambientados na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Seguem a esse o A Travessia (também esgotadão na editora, nem adianta chorar) e Cidades da Planície (talvez esse ainda tenha alguma coisa), os quais certamente estão entre as minhas próximas leituras, todos devidamente providenciados. Por hora, posso falar do primeiro. O livro conta a história de um sujeito chamado John Grady Cole, que veio de uma família de fazendeiros do Texas e cujo sonho maior é… tchanam! Ser fazendeiro. Mas justo quando chega a vez dele de assumir, o avô morre e o resto da família acha por bem vender a droga da fazenda que nunca deu dinheiro mesmo. Ele luta com isso o quanto pode, mas quando vê que não tá dando pé pra ele, resolve pegar um cavalo junto com o primo, de sobrenome Rawlins, e partir pro México, sem nenhum plano muito mais elaborado na cabeça. E aí ele chega numa fazenda mexicana, resolve domar os potros selvagens, se apaixona pela filha do hacendado e se mete em altas confusões, ao estilo faroeste cabôco do McCarthy. Seus personagens são todos sábios taciturnos, ninguém fica desfiando muitas teorias e ninguém vacila com os sentimentos na frente de ninguém. Onde os fracos não tem vez.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788556520463
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Flávia Menezes 25/04/2023

??? OS BRUTOS TAMBÉM AMAM.
"Todos os Belos Cavalos" é o primeiro livro da "Trilogia da Fronteira", publicado em maio de 1992, e de autoria do escritor norte-americano Cormac McCarthy, que na juventude serviu na Força Aérea dos Estados Unidos durante quatro anos, e ainda estudou Artes na Universidade do Tennessee. O escritor é vencedor dos prêmios "National Book Award", "National Book Critics Circle Award", recebeu um "Pulitzer de Ficção" em 2007, e ainda foi premiado com o "William Faulkner Foundation Award" em 1966 pelo seu primeiro notável romance "The Orchard Keeper".

Depois de ter começado a assistir ao seriado "Yellowstone", e de ter me apaixonado (e viciado!) pela história da família Dutton, eu fiquei à caça de um livro que trouxesse um pouco desse universo do rancho e dos cowboys, e foi aí que encontrei esse, que logo pelo título já me ganhou completamente. Afinal, para mim, não existe um animal mais belo, com toda a sua força e elegância, do que um cavalo. E por mais no escuro que eu estivesse por nunca ter lido nada escrito por esse autor, não precisei ler muitas páginas para perceber que a minha paixão por essa história seria imediata.

Curioso como em todas as minhas histórias prediletas de cowboys, sempre tem um John como protagonista: John "Jock" Ewing ("Dallas", seriado 1978), John Dutton ("Yellowstone", seriado), e agora, em "Todos os Belos Cavalos", John Grady Cole. Acho que esse nome já previa o encantamento que eu teria com essa trama, e que alegria eu fico só de saber que esse é apenas o primeiro livro de uma trilogia.

O protagonista é o último sobrevivente de uma longa geração de rancheiros texanos, e ao se ver privado de uma vida que ele acreditava que teria, parte em uma viagem para o México com seu melhor amigo Lacey Rawlings, descobrindo um país muito maior do que imaginavam, devastado e belo tanto quanto é árido e cruel, onde os sonhos são pagos com sangue.

"Todos os Belos Cavalos" é uma obra-prima de Cormac McCarthy, ambientada em 1949, e que se tornou um dos pilares da literatura americana moderna, com essa sua parábola sobre responsabilidade, vingança e sobrevivência.

Utilizando uma pontuação mais espaçada, e até mesmo substituindo as vírgulas por "e" para criar polissíndetos, McCarthy nos encanta com a sua escrita tão poética, onde somos transportados para esse universo onde o trabalho é braçal, suado, e os homens são simples, quase broncos, com suas falas sem muita enrolação, ganhando tudo na força do punho, da faca, ou da bala.

Mas mesmo com essa certa dose de violência bem sangrenta, é impressionante o que McCarthy consegue fazer aqui. Porque por incrível que pareça, essa é uma história de amor, e o romance aqui é de fazer inveja a qualquer romancista das mais apaixonadas.

Eu gosto de ver essa ideia do amor, da paixão acontecendo por um olhar tão puramente masculino. As cenas entre o jovem John Grady Cole e Alejandra possuem uma delicadeza que vem do cuidado, da atenção e da proteção que transpiram energia masculina. E eu confesso que foram partes tão gostosas de se ler, e que me conquistaram tanto. O empenho dele (John) por esse amor, e sua obstinação (e muita coragem!) em convencer a família da sua amada de que ele é digno dela, é de tocar o coração.

Nada como uma boa história de amor proibido, não é mesmo? Especialmente quando o protagonista é alguém que não desiste, e vai atrás da sua amada com tamanha gana, e tão cheio da certeza do que quer. McCarthy não ficou devendo em nada no romance, porque afinal, quem disse que os cowboys não amam? Amam sim! E por mais brutos que possam parecer, esse é um amor tão sem enrolação, tão sem discussões bobas, tão sem joguinhos... É aquele jeito simples de chegar e de apenas se estar junto. E eu preciso dizer que o jovem John sabia muito bem como demonstrar estar apaixonado, porque eu confesso que fiquei caidinha por ele!

Mas é claro que não é só de amor que se faz uma boa história de cowboys, e essa é uma trama bastante complexa de um jovem em busca de uma terra para chamar de sua. De um verdadeiro lar, que ele inicialmente acreditava ter achado em Alejandra. Mas que, por impedimento da família dela, acabou por lançá-lo no mundo, nessa contínua busca de si mesmo.

Quando a história começou, eu até me lembrava um pouco dos livros do Mark Twain, porque a amizade do John com Lacey me lembrou muito do Tom Sawyer e Huckleberry Finn. Claro que em uma versão mais faroeste, mas eram aventuras de garotos sendo garotos, ainda cheios de sonhos e de uma inocência que o tempo e os acontecimentos foram levando embora.

E o interessante em McCarthy, é que ele não se empenha muito em escrever grandes acontecimentos. Ele vai nos conduzindo por essa história como se estivéssemos sentados na sela de um cavalo, cavalgando sem pressa, na simplicidade do campo, onde vamos apreciando a tudo sem pensar nos ponteiros do relógio. Apenas observando o trajeto do sol, para que a noite não nos pegue de surpresa.

Um dos momentos mais perfeitos para mim foi o da conversa de John Cole com a "abuela" de Alejandra, e todo aquele conteúdo sobre a família e suas tradições, dores e anseios. Foi uma das partes mais emocionantes, até porque era um jovem perdido de si mesmo diante toda uma árvore genealógica tão complexa, a qual não há como não se curvar, e reverenciar.

Foram vários momentos tocantes nessa história, e que até me levaram às lágrimas, porque na dureza da vida, mesmo quando tudo parece tão difícil, ainda assim, são tantos os ensinamentos, e a dor que foi provocada vai dando forma à cicatrizes que faz com que seus personagens caminhem em um amadurecimento contínuo, e nos ensine muito sobre suas vidas e seus dissabores e amores.

São tantas frases impressionantes que me tocaram, tão bem construídas e que nos levam à reflexão, que a vontade é de colocar todas aqui. Mas eu vou escolher uma para terminar essa resenha, porque a genialidade da escrita de Cormac McCarthy é impressionante e precisa ser admirada.

E eu confesso que, só de terminar essa resenha, já quero mais dessa trilogia, e sei que logo embarcarei em "A Travessia", porque estou ansiosa para mergulhar novamente nesse universo simples, mas que tem um poder enorme de nos prender e encantar.

Que livro! E que achado!??

"Eu nunca fora estimada daquele jeito. Que um homem se colocasse naquela posição. Eu não sabia o que dizer. Naquela noite fiquei pensando por muito tempo e não sem desespero no que ia ser de mim. Queria muito ser uma pessoa de valor e tinha de me perguntar como aquilo seria possível se não houvesse em nossa vida alguma coisa como uma alma ou um espírito que pode suportar qualquer infortúnio ou desfiguramento e ainda assim não ser diminuída por isso. Se quiséssemos ser pessoas de valor esse valor não podia ser uma condição sujeita aos azares da sorte. Tinha de ser uma qualidade imutável. Houvesse o que houvesse. Muito antes do amanhecer eu sabia que o que tentava descobrir era uma coisa que sempre soubera. Que toda coragem era uma forma de constância. Que era sempre a si mesmo que o covarde abandonava primeiro. Depois dessa todas as outras traições eram fáceis".
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Fabio 27/04/2023minha estante
Sei que andei meio sumido, mas não podia deixar de passar aqui
Para dizer o quanto está Resenha está belíssima.
Parabéns por mostrar o quão rico é este mundo do Oeste Americano, e seus histórias apaixonantes!
Adorei!
Seu fã, sempre!


Flávia Menezes 27/04/2023minha estante
Gostou de verdade? Olha?foi meu primeiro livro de cowboys! Ainda não tenho conhecimentos desse mundo como você tem! Mas espero que eu tenha conseguido te incentivar a colocar esse na sua listinha de clássicos para seu pós-King!
Ass.: sua eterna fã!


Fabio 27/04/2023minha estante
Pode deixar que já coloquei na lista!


Marcelo Rissi 30/04/2023minha estante
Suas resenhas são excelentes! Você escreve muito bem! Parabéns!!


Flávia Menezes 30/04/2023minha estante
Muito obrigada, Marcelo!




Ricardo Rocha 11/04/2017


Cormac deixou sua marca na literatura. Conseguiu a difícil proeza de ser Cult e comercial e acho que isso em muito se deve a seu estilo minimalista que transgride todas as normas porém com a virtude de não fazê-lo por alguma espécie de capricho porém com um fim bem claro antes o estilo servindo a uma força narrativa que se evidencia com a retirada de travessões e vírgulas. Pode parecer pouco mas faz um efeito Essa é sua maior virtude e também seu problema maior porque muitas vezes ele parece refém desse estilo; não coloca uma vírgula ou travessão onde poderia perfeitamente haver, para clareza e sem prejuízo da narrativa. Mas termina por não prejudicar o todo. Outra questão que eu poderia colocar são as histórias. Violência detalhada e amor apenas sugerido, por exemplo. Nove fora porém Todos os belos cavalos é um livro muito acima da média


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Eduardo 08/12/2010

primeiro volume de uma trilogia. o segundo é "a travessia"
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