Gabriela 24/06/2019 Ótimo como livro de introdução"Angelfall" vinha como recomendação cada vez que pesquisava algo sobre séries de fantasia e, apesar da sinopse não me chamar muito a atenção num primeiro momento, resolvi dar uma chance e posso dizer que não me arrependi! Sei que estou atrasada, mas vamos lá.
A narrativa é frenética e a leitura fluiu rapidamente, já que todo capítulo tem algum tipo de gancho que não te deixa parar de ler. O toque de terror e do bizarro que a autora dá à história, principalmente nos capítulos finais, tornam a situação ainda mais instigante de ler, porém perturbadora. Uma sensação de iminência, de que tem sempre algo à espreita, pronto para atacar, é constante no livro.
A autora busca discutir também dilemas morais, uma vez que a Penryn, a personagem principal, está o tempo todo se questionando se o que ela está fazendo, aliada ao anjo, a torna uma traidora aos olhos dos humanos e até que ponto, em meio ao caos do fim do mundo, vale-se ater a princípios em contraste com fazer o que é necessário para sobreviver, não passar fome e proteger a sua família. Nenhum personagem é preto e branco e há a dissolução de qualquer conclusão maniqueísta, principalmente quando nos referimos aos tipos religiosos.
Penryn Young é forte e determinada e não leva desaforo para casa. Ela enfrenta tudo e todos para alcançar seus objetivos e, apesar de fazer jus à sua idade e não parecer um adulto no corpo de um adolescente (amém), é muito madura e consegue colocar as emoções de lado para fazer o que precisa ser feito. É muito fácil se apegar ao Raffe, o anjo “caído” e aliado da Penryn, porque ele tem toda aquela faixada de mistério, força e inacessibilidade, mas, no fundo, uma vulnerabilidade que faz seu coração ficar apertado.
A dinâmica entre os dois é muito bacana (leia, se quiser, "tensão sexual") e rende algumas cenas com diálogos bem engraçados (inclusive, não posso deixar de enfatizar o quanto a narração da Penryn em si é hilária) e outras de quebrar o coração e rolar algumas lágrimas (capítulos 44 e 45, estou falando com vocês).
Eu amei o fato de que toda vez que um personagem é resgatado por alguém, ele acaba resgatando este outro em algum momento, o que faz com que Penryn passe longe de ser a donzela em perigo -- muito pelo contrário. Sempre tem uma dívida de vida entre ela e Raffe e eu achei isso sensacional, porque existe um equilíbrio, afinal (salientando aqui que Penryn é muito badass).
Não posso deixar de mencionar a mãe da Penryn, uma mulher esquizofrênica e paranoica que traz uma visão sobre o mundo que talvez mais ninguém veja, mas deveria. Ela é responsável por parte dos momentos mais bizarros do livro e me intriga saber como vai ser desenvolvida em relação à história, porque sinto que tem muita coisa por trás das ações delas e do seu passado.
Sinto que esse livro é só um pezinho no mundo de "Penryn & the End of Days", uma vez que são poucas as respostas que recebemos e há muitas pontas soltas e personagens que ainda têm muito espaço e potencial para ser desenvolvidos nos próximos volumes, incluindo os secundários. Na minha humilde opinião, foi um ótimo começo para uma trilogia que tem cara de que vai ser muito épica!