Juliana 31/01/2013Mentecaptos Por Livros | www.mentecaptosporlivros.blogspot.comO mundo foi invadido e os seres humanos foram caçados e abatidos como animais. Pelos anjos.
Ninguém sabe o porquê, e ninguém previu. O fato é que seis semanas atrás, seres alados desceram do céu e o mundo como se conhecia terminou. Gangues dominam as ruas, e andar a noite pode ser a última coisa que você faça antes de ser capturado por canibais. Oh, e sempre corra agachado olhando para cima; ao primeiro sinal de asas pairando no céu, é salve-se quem puder.
Penryn está entre os sobreviventes; minha nossa como eu curti essa garota! Ela tem como prioridade máxima a segurança de sua irmãzinha, e quando a mesma é levada pelos céus por um anjo, ela vai estar disposta a qualquer coisa para pegá-la de volta. Como, por exemplo, se aliar a um anjo— um maldito anjo!— para ter qualquer chance em descobrir aonde levaram a pequena Paige. Penryn na verdade tem altas semelhanças com a Katniss; ela sabe o que tem que fazer para sobreviver, ela não é ingênua e muito menos uma garotinha desamparada. Ela faz o que precisa ser feito.
Faz alguns meses que li Angelfall, e tem uma razão para essa resenha só estar saindo agora. Por que eu estava completamente obcecada com o livro e toda vez que tentava escrever algo que preste a respeito, saía um monte de sentenças incoerentes; nada fazia jus. Sim, Angelfall é bom desse jeito.
O ritmo da história é rápido, e a narração flui com a voz forte e expressiva de Penryn. A história é cheia de diálogos hilários, que ficam o livro inteiro se chocando de frente com a paisagem violenta e sombria. Eu absolutamente adorei o modo como Susan Ee jogou com esses contrastes, e de forma tão natural e hábil que eu estava rindo em um parágrafo e no próximo vibrando de tensão junto com a heroína.
A política trabalhada no livro é realmente crível; o modo como a humanidade respondeu ao ataque angélico, o modo como os anjos responderam a humanidade. É um mundo apocalíptico, sim, mas Susan Ee não deixou só por isso e fez um livro cheio de ação. Não, ela fez um livro cheio de ação e esquemas políticos, só para dar um gostinho de que as coisas não são tão simples como parecem. A 'mitologia' angélica ficou realmente interessante; entre seres de incrível alcance, como funciona os jogos de poder entre eles? Quem decidiu dar as ordens de exterminação? Foi deus repetindo Sodoma e Gomorra? A autora ao mesmo tempo que entra na bíblia para se basear nos anjos, ela cria um lado político de interessesXbenefícios alarmantemente humano. Acredito que isso por si só faria a trama brilhar, mas a coisa fica tão mais interessante por culpa da heroína. Pelo modo como ela interage nesse ambiente; Penryn é forte, e ela nos deixa saber o que está acontecendo pelas escolhas corajosas dela e o seu jeito capaz e determinado de se movimentar.
Os personagens têm voz, e a interação entre eles mantém o interesse do leitor. Da loucura da mãe de Penryn ao caráter misterioso de Raffe (o anjo a quem nossa heroína une forças, tantz tantz) todos tem um apelo próprio. Angelfall tem algumas cenas seriamente bizarras e grotescas que trabalham os personagens e dão uma sensação louca e confusa de realismo e aflição pela segurança deles. Sério, estou falando de bizarro mesmo.
Vi várias resenhas que falaram a mesma coisa sobre o final, e vou ter que concordar com elas. Não foi, até os últimos capítulos, em que eu botei a mão na cabeça e pensei puutz grila esse negócio é muito doido! E de uma maneira boa; de uma maneira ótima. Violência, humor, um romance que me fez ficar totalmente fangirl (acredita que eu não tenho nadinha para reclamar sobre o romance?!), um enredo cheio de ação mas com profundidade e uma protagonista forte e simpática.
Única reclamação concreta: é um livro pequeno, mimimi. E o segundo nem título tem ainda. Susan Ee, por favoor, preciso de mais Penryn e Raffe!