Ricardo 06/06/2024
A estepe (História de uma viagem), Anton Tchékhov
Um menino, órfão de pai, enfrenta uma viagem pela estepe russa com destino a uma escola ginasial conforme determinação de sua mãe. No caminho, o menino, acompanhado num primeiro momento de um padre, do tio e de um cocheiro; e depois por um grupo de mujiques que seguiam em comboio, experimenta os mais diversos sentimentos com a paisagem da estepe russa, interminável, com colinas ao fundo e o céu imenso acima.
Ele ouve os conselhos do padre, que dá muito valor ao estudo e o trata com carinho. É a história de uma viagem marcada pelas descobertas de uma criança de nove anos, que vivencia a angústia de uma mudança de vida, presencia situações inéditas, ouve muitas histórias e conhece variadas personalidades.
Passagens marcantes:
"Tinham uma coisa em comum que os tornava parecidos: todos tinham um passado maravilhoso e um presente ruim; sobre o passado, todos, sem exceção, falavam com entusiasmo; já, sobre o presente, se exprimiam quase com desprezo. O russo ama recordar, mas não ama viver" (sobre os companheiros de viagem do menino romantizarem seus passados enquanto lamentavam o presente).
"Tudo isso já era, em si mesmo, tão terrível e maravilhoso que a fantasia das histórias ou dos contos empalidecia e se misturava com a vida" (sobre as histórias de terror contadas, à noite, junto da fogueira).
A escrita de Tchekhov é muito boa, já tive a mesma impressão ao ler a coletânea de contos da Editora 34. Em "A estepe" embarcamos junto dos viajantes e acompanhamos toda a jornada de perto.