Niketche

Niketche Paulina Chiziane




Resenhas - Niketche


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Josi 22/05/2024

A que situações você se sujeitaria por amor?

Rami é uma mulher fiel e zelosa, mas nem toda sua dedicação impede que Tony, com quem é casada há 20 anos e tem 5 filhos, pule a cerca. Cansada das frequentes ausências e do descaso do marido, ela decide confrontar a amante, mas a situação é ainda pior do que imaginava: ele a trai com várias mulheres, com quem também têm diversos filhos.

Atordoada com a situação, Rami resolve se unir às rivais e pressionar para que Tony oficialize sua condição de polígamo, respeitando a tradição e possibilitando maior segurança às famílias, e a cumplicidade que essas mulheres enganadas desenvolvem entre si irá transformar suas vidas.

Ambientada em Moçambique, onde algumas tradições resistem às influências da colonização e cristianização do país, a narrativa expõe os impactos de uma sociedade extremamente patriarcal na vida das mulheres.

Narrado em 1ª pessoa, o livro aborda costumes que oprimem as mulheres, ao pregar sua inferioridade e subserviência em relação ao homem, justificada pela suposta escassez da população masculina, o que as obrigaria a se sujeitarem a essas condições. Também há uma interessante reflexão sobre o ciclo de reprodução dessa opressão na educação dos filhos.

Com muita sensibilidade, a autora mescla a prosa poética e cheia de metáforas com um humor sutil, conferindo certa leveza ao sofrimento da protagonista. É a carência dessa mulher rejeitada que a faz ter a ousadia de deixar aflorar seus desejos e se permitir viver experiências jamais imaginadas.

Nesse sentido, o livro também aborda as diferenças culturais dentro dessa sociedade, representadas pelas outras 4 esposas, ao debater a forma diversa como a sexualidade feminina e a fidelidade são tratadas, de acordo com a região.

Além da força e resiliência da protagonista, o que mais me conquistou nessa leitura foi a união que se estabelece entre as esposas, que somam forças, deixam de lado a rivalidade e buscam sua independência financeira e desenvolvimento pessoal.

Amei a leitura e quero muito conhecer outros trabalhos da autora!
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KeniaCandido 21/05/2024

Uma Obra Inesquecível!
Começo a minha opinião dizendo... Que Livro!

Publicado pela primeira vez em 2002, Niketche: Uma História de Poligamia, escrito pela autora Paulina Chiziane, conta a história da Rami, uma mulher moçambicana que vive com seus cinco filhos em Maputo. Ela está casada há vinte anos com Tony, um comandante da polícia de Alto escalão. Por causa das inúmeras ausências de Tony em casa, Rami considerava seu casamento um pouco solitário, mas nunca deixou de ser fiel ao marido. Sempre tentando ser uma boa esposa, uma dona de casa dedicada e fazendo todos os caprichosos do marido como mandava a tradição de Moçambique, Rami sentia-se desamparada pela ausência de Tony. Após ficar sabendo do acidente banal que o caçula de Rami provocou na rua, ao danificar o vidro do carro de um homem e precisar resolver a situação sozinha, Rami se sentiu confrontada com a sua dependência perante ao Tony.

Acontece que este acidente trouxe para a vida de Rami a descoberta que Tony é polígamo, pois Rami precisou ficar frente a frente com Julieta, a segunda mulher de Tony que morava em Inhambane. Quando Rami decidiu bater na porta da Julieta completamente brava atrás de Tony, não imaginava que Julieta tinha cinco filhos e estava grávida de sete meses. Todos filhos de Tony. Naquele dia, elas brigaram e trocaram vários insultos, mas depois Rami e Julieta tiveram uma conversa franca e Rami percebeu que Julieta vivia numa situação precária com pouca ajuda de Tony e pior, nenhuma proteção legalmente jurídica para ela e seus filhos. Entretanto Rami ficou surpreendida ao saber pela Jú que Tony não andava frequentando a casa dela há meses e provavelmente tinha mais uma mulher na vida de Tony. Não demorou muito para Rami descobrir a existência da terceira mulher de Tony.

Da mesma forma que bateu na porta da casa de Jú, Rami também procurou Luisa, a terceira mulher de Tony, em Zambézia. Entretanto o primeiro contato de Rami com a Lú foi bastante violento, superando a briga da Rami com Julieta. Rami e Lú chegaram ao ponto de uma agredir a outra e ambas acabaram presas depois que a polícia foi chamada pelos vizinhos de Luisa. Contudo ao conversar com a Lú enquanto estavam presas, Rami percebeu que Luisa tinha uma cultura mais liberal por ter sido criada ao norte de Moçambique, onde a poligamia ainda é uma prática aceitável. Acontece que Tony também andava ausente na casa de Lú e não demorou para Rami descobrir informações sobre Saly, a quarta mulher na vida de Tony, localizada em Nampula. Assim que conheceu Saly, descobriu a quinta mulher de Tony, chamada Mauá Saulé, que morava em Cabo Delgado. A cada descoberta de uma nova mulher Rami acaba confrontando com elas, porém era uma situação que estava fazendo Rami ficar decepcionada e sentindo-se rejeitada pelo marido.

Não era uma situação fácil de lidar, pois Rami imaginava que era a única mulher na vida de Tony. Depois de acusações, discussões e até agressões, Rami conseguia uma reconciliação com as outras mulheres de Tony, mas a aflição de saber que seu marido tinha outras mulheres, fazia Rami questionar sua própria identidade. Entretanto, Rami logo começou a perceber que cada uma das mulheres envolvidas com Tony, não eram suas rivais, mas na verdade, eram vitimas de Tony. Ele era único que estava aproveitando da situação e alguma providência precisava ser tomada perante elas. Comovida com a história de cada uma, Rami decidiu reuni-las, sugerindo a ideia de legalizar Julieta, Luísa, Saly, Mauá e seus filhos, na prática tradicional da poligamia para que todos fossem reconhecidos como membros da família de Tony. Primeiramente precisa apresentar essa enorme família extra conjugal de Tony para outros membros da família de Tony, que até o momento, não sabiam e durante o aniversário de Tony que todos descobriram a verdade.

Niketche: Uma História de Poligamia é uma leitura impressionante. Confesso que nas primeiras páginas despertou meu interesse pela história, cada página lida foi dando mais vontade de descobrir as surpresas que a história tem para oferecer e finalizei o livro encantada com a escrita da Paulina Chiziane. Entrou na lista dos meus livros favoritos com facilidade, pois a narrativa em primeira pessoa faz com que o leitor crie um forte laço com Rami. Particularmente foi dessa maneira com aconteceu comigo, porque tive várias sensações ao acompanhar o passo a passo do amadurecimento e libertação, primeiramente da Rami e também, das outras esposas de Tony. Por ser uma sociedade machista onde as mulheres são obrigadas a servir aos costumes e tradições que prioriza os homens, para meu espanto servir ao marido de joelhos, Rami foi uma personagem que cresceu muito como pessoa tornando-se uma mulher corajosa. A partir disso, Rami também ajudou cada uma das esposas de Tony tornar-se protagonista da própria vida.

As cinco mulheres romperam as dificuldades e conquistaram suas independências, principalmente financeira. Diante a descoberta das mulheres de Tony, a situação que foi colocada e acreditando que a melhor forma de garantir seus direitos e principalmente, das outras mulheres de Tony e seus filhos, Rami pesquisou sobre o casamento poligâmico e fez Tony legalizar toda a situação dando direitos legais e iguais às esposas e aos filhos, que por sinal são muitos. Se não me engano são dezessete filhos. Mas não foi uma tarefa nada fácil, pois Tony é um homem infiel que aproveitou da existência de uma cultura enraizada que favorece aos homens. Rami aceitou e passou por acontecimentos inacreditáveis e humilhantes. Mesmo tendo uma ótima escrita e bastante fluída, teve dois momentos que Paulina conseguiu me deixar chocada, pois Rami passou por acontecimentos que eu não teria coragem de enfrentar. Não vou dar spoiler, mas a história da moela e o trecho que mostra a cultura que envolve uma viúva, é para deixar qualquer leitor de boca aberta. Quem leu sabe perfeitamente do que estou falando.

Bom... Niketche: Uma História de Poligamia é um livro que vai fazer leitor discutir os atos dos personagens perante as tradições culturais e conservadoras de Moçambique, além dos temas contemporâneos do início ao fim da história. Pode ter certeza, Paulina dá voz a Rami e a personagem tem muito conteúdo para contar ao leitor. Atualmente é uma obra que está na lista de leituras obrigatórias da Unicamp 2024 e 2025, mas é uma leitura que vale a pena lê-la mesmo que não vá prestar vestibular. Primeiramente porque é uma obra maravilhosa que incomoda, mas ao mesmo tempo, bem humorada e delicada. Eu terminei batendo palmas para Rami e querendo abraçar a Paulina Chiziane. Além disso a editora Companhia das Letras optou por manter o português de Moçambique. Isso deixou os traços e as metáforas da Paulina Chiziane no original. Enfim, se ainda não leu Niketche: Uma História de Poligamia, leia e prepara-se, porque é uma obra inesquecível.

site: https://consumidoradehistorias.blogspot.com/2024/05/niketche-uma-historia-de-poligamia.html
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Enzo186 18/05/2024

É um livro. É um livro com uma ideia interessante, não é ruim e nem bom, apenas ok. Há vários livros moçambicanos e feministas mais interessantes do que este.
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eduarda2470 17/05/2024

Niketche
Comecei a leitura sem nenhuma noção da história, como sempre faço e nessas apostas acabo descobrindo ouro!!!!

Infelizmente a vida das mulheres é muito triste, de todas, mas especialmente das mulheres africanas que há muito séculos e ainda hoje sofrem tanto pela invasão e destruição. Mas sempre vai haver a poesia, a ludicidade, a alegria e o amor, as mulheres sempre encontram um pouquinho que seja para seguirem a vida.

Passei o livro todo grifando passagens e não sei qual a mais me grudou na alma, optei por essa:

[...] A minha felicidade foi ter gerado só homens, diz ela, nenhum deles conhecerá a dor da violação sexual.
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Bella :) 14/05/2024

Interessante & crítico
Acompanhamos a rami em uma batalha travada com o empoderamento, autoconhecimento e amor
descobre a poligamia praticada pelo seu marido, que possuia um grande renome, de início lida com repulsa mas tal sentimento é desenvolvido e transformado pelas vivências.

a trajetória do livro é focada principalmente na busca do autoconhecimento & fortificação da protagonista, buscar força e aprender ser quem é
há criticas sobre a sociedade que estava inserida, principalmente em relação à opressão contra as mulheres.

a história é interessante mas se torna em alguns momentos massante e repetitiva, acredito que poderia ter sido sintetizada para ser mais fluída e interessante
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amanda 13/05/2024

Li pro vestibular e não achei que eu ia gostar TANTO desse livro. a narração da Rami com todos os seus trejeitos, seus pensamentos conflitantes, suas dores e seus defeitos nos aproximam muito da história e cria um apego tão forte que é como vc fosse uma das esposas injustiçadas do pau mole do Tony. antes do livro eu não conhecia todo esse contexto político e cultural do Moçambique e a julgar pelas descrições e breves explicações na história, a Paulina ter sido a PRIMEIRA mulher de lá a publicar um livro nos ANOS 90 me faz imaginar o tanto que essa mulher causou na época. ela foi extremamente corajosa!

enfim
Rami, Ju, Lu, Saly e Mauá divas maravilhosas e tony seboso goza e chora
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Laura575 10/05/2024

Que livro! Que livro!!!! Angustiante, porém real. Enquanto Rami descreve seus sentimentos, sinto-os em mim. São revoltantes as situações as quais as mulheres são sujeitadas na obra. Mas basta olhar pro lado, pra trás ou até mesmo para minhas próprias vivências que eu vejo o quanto é recorrente.
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Rafoids 09/05/2024

Achei o a história do livro legal até, mas o problema dele é que é muito imolado. mistura muita poesia e história e fica bem intediante e cansativo. apesar disso achei legalzinho.
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Malu 09/05/2024

Muito diferente
Li esse livro por conta do vestibular, não é uma leitura que estou acostumada, mas gostei muito.
Nunca havia lido um livro moçambicano, é bem diferente dos livros americanos e brasileiros.
A história é muito boa, nos faz refletir muito sobre o sistema patriarcal que vivemos, e como é tão enraizado e que nos pegamos revendo o nosso próprio caráter.
Se você for mulher, LEIA ESSE LIVRO
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Hannah 02/05/2024

Rami uma mulher africana que sofre e passa por inúmeras dificuldades pela ausência de seu marido. Diante disso, acaba descobrindo que Tony é poligâmico e tem 4 esposas, as quais não sabem a existência uma da outra, contudo, por pouco tempo pois se encontram e percebem a dura realidade. A história tem um tom muito realista, com muitas pautas interessantes e atuais. A construção da narrativa é o que mais atrapalha, devido ser dividido entre ?capítulos? que voltam e vai a frente do tempo atual, sendo nunca especificado, ademais a linguagem e conceitos culturais que tendem ser fora da realidade brasileira (embora seja legal ver no glossário, ou videoaula ou pesquisar na internet para saber mais). As personagens são muito complexas e bem arquitetadas, sendo muito admiráveis por suas bravuras e luta. O final aberto deixou espaço para diversas teorias e desfechos, porém, não acho que estorvou tanto a obra.
?Depus as armas muito antes de as empunhar.?
?-Agrediste a vítima e deixaste o vilão.?
?Liberta-te. Só assim viverás felicidade que mereces.?
?Só os homens podem exigir e as mulheres não??
?-Tu não substituis tirania por tirania, o que é bom.?
?A felicidade está dentro de nós.?
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Danda.Rombesso 01/05/2024

?
Muito bom!!!!
Foi incrível conhecer um pouco da cultura africana, e evidentemente, a diversidade existente dentro dela, muito interessante ver a diferença dessas culturas, até mesmo em relação à minha, onde as mulheres são tão maltratadas, uma cultura tão machista, mas tão normalizada, foi uma experiência muito interessante ler sobre!!

O livro é muito bom, em certo momento ele passa a ser um pouco monótono, pois aborda apenas sobre um assunto do início ao fim, e literalmente só fala sobre isso, no caso a poligamia, mas mesmo assim o livro é ótimo!! Eu marquei inúmeras frases que ficarão por muito tempo na minha cabeça, pois esse é um livro que te toca, muitas coisas ditas tocaram o fundo da minha alma, falas belíssimas!!!

?As culturas são fronteiras invisíveis construindo a fortaleza do mundo.?
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Renan.Bagatini 01/05/2024

Grande retrato social!!
Gostei do livro, mesmo que em alguns momentos eu o tenha achado um pouco repetitivo. as comparações que a autora faz entre sentimentos e a natureza em geral são incríveis, mas parece que ela se empolga e escreve demais sobre isso.
não tenho muito o que dizer, a história não é subjetiva, tudo é explícito (pelo menos para mim). gosto dos escassos momentos em que ela fala com o espelho, seu subconsciente.
o retrato social de Moçambique feito pela autora é muito interessante. a forma como os europeus introduziram sua cultura no sul do país, tornando-o culturalmente machista é também exposta por ela. o norte, pelo contrário, acredita que o casamento é algo comunitário e também um negócio onde há troca entre os dois lados. homens e mulheres compartilham seus cônjuges de forma livre, enquanto no sul a poligamia é como uma submissão das mulheres em relação aos homens, que podem possuir várias delas.
é legal ver as doses de liberdade que a protagonista, que é do sul, toma ao longo do enredo fazendo com que, ao final da história, ela use o sistema, que favorecia os opressores, contra o próprio opressor.
mais uma leitura obrigatória da ufrgs lida!!
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Mari Mirandinha 29/04/2024

Poligamia e mais
Pense em um livro que faz refletir e cutuca todas as feridas de ser mulher? O caminho de amadurecimento da Rami não é linear e sim com altos e baixos e avanços e retrocessos e isso todo sentido. Todas as afirmações e dúvidas dela são uma grande provocação sobre o papel da mulher na sociedade, no casamento, no amor, no sexo e mais. Quando ela afirma coisas ruins sobre as mulheres ela não quer que nosso conformismo e sim nossa reflexão e indignação. Excelente livro, já esta na minha lista de releitura.
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Aline.Armond 27/04/2024

Extremamente poético e reflexivo, nos faz pensar sobre tanto sofrimento e violência que as mulheres passam no patriarcado (em um contexto bem específico que não conhecia tanto). O livro traz muitos levantes feministas ao mesmo tempo que dá passos pra trás, as personagens se emancipam ainda dizendo os homens como superiores, há toda uma contradição própria da realidade. Belíssimo, uma obra prima.
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CarolCaliopio 25/04/2024

Lindo, dolorido, divertido e maravilhoso!
A escrita da Paulina Chiziane é única, nunca li nada parecido. Ela aborda o feminino sob diversas óticas: cultural, social, religiosa e sentimental. Em todas, expõe a dor, a agonia de ser mulher, e também sua força tão grande. Isso num texto carregado de lirismo, poesia e ainda irônico e mordaz. Como diz uma das mulheres do Tony, de mãos dadas as mulheres podem mudar o mundo. A Paulina e a linda história de Rami mudaram um pouco o meu, com certeza. Que pérola de livro!
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