Resenhas - O Amor nos Tempos do Cólera

Wictoria0 21/01/2024

Adoro esse livro. Confesso que fiquei com um pouco de raiva de Florentino Ariza que deixou a vida escapar pelas suas mãos por conta de uma mera fanfic de adolescência que ele criou. Sentia raiva toda vez que ele deixava de viver um amor por meras idealizações de um futuro remoto e incerto (e confesso que até torci contra porque sou a maior fã de Juvenal Urbino). Mas, até por isso gostei tanto livro, porque Garcia Marquez tem esse poder de evocar fortes sentimentos no leitor.

mdjuliana 20/01/2024

Fiquei desconfortável com as menções e descrições de estupro, pedofilia e feminicídio de um jeito que não lembro de ter ficado lendo Cem Anos de Solidão, mas lembro ter sido bem pior com Do Amor e Outros Demônios.
As relações do Ariza com as viúvas faz sentido considerando que toda a espera da concretização do amor da juventude está na expectativa da viuvez da Daza, mas a relação com a protegida e o estupro da empregada deram uma vilania pro personagem (assim como o racismo da Daza) que foi difícil de digerir.

Fingindo que esses incômodos não existem, é um livro de sutilezas, bonito e irônico.

Me encantei com o encontro sexual de ambos na velhice.

Marydalle 20/01/2024

A Cólera do amor que nunca existiu
A narrativa foi cansativa, seria mais interessante se o foco fosse na cólera em si e não na história de amor inexistente entre um pervertido, nojento e repugnante por uma jovem até que bem esperta perante suas opções na época.
No final ficou claro que ela jamais iria ficar com o patético Ariza perante os olhos da sociedade, e sim tudo muito bem "escondido" para satisfazer o seu bel-prazer durante a sua velhice, se o marido não tivesse falecido ela jamais iria deixá-lo, ficaria com ele até o seu último suspiro ou até que os sabonetes fizessem sua reposição automaticamente na saboneteira.

Leitora 12/01/2024

Só me dói morrer se não for de amor.
Escrito em 1985, conta a história de Florentino Azira, um jovem pobre que trabalha nos correios e que se apaixona por Fermina Daza (de família rica decadente). Os jovens trocam lindas cartas. No entanto, o pai da moça tem outras intenções para a filha e a envia numa viagem para afastá-la da cidade.

Quando ela retorna, acaba se casando com Dr. Juvenal Albino (o médico da cidade que já estava apaixonado por Fermina, que foi sua paciente eventualmente). Isso tudo ocorre num contexto de uma cidade fictícia da América Latina que está tomada pela doença do cólera (bactéria), muito comum em países com pouco saneamento básico e água potável e que causou muitas mortes.

Assim o autor brilhantemente descreve um visão muito realista de um casamento, o cotidiano, dores e discussões do casal até que o marido morre abruptamente (de forma tola e acidental).

Então será que o amor antigo e recolhido pode enfim descansar à sombra da maturidade?

Algumas frases marcantes:
Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a este artifício conseguimos suportar o passado.

Era inevitável: o cheiro das amêndoas amargas lhe lembrava sempre o destino dos amores contrariados.

luisasatie 11/01/2024

Passo pano para Florentino Ariza
Sempre acabo lendo o que vem a mim. Havia planejado começar "Uma Estranha Realidade", até já estava marcado aqui como estou lendo, como um incentivo pra dar início. Sempre que vou na minha vó, namoro sua estante de livros e pela primeira vez me dei conta de que ali havia "O amor nos tempos do cólera". E cá estou.

Demorei mais que o normal para acabar esse livro. Isso tem explicações externas, como o período de provas, mas tenho como maior culpado o próprio livro. Me apaixonei pela escrita de Garcia Márquez e me perdia em meus próprios pensamentos, rindo das particularidades dos personagens, comparando-os à vida. Li e reli as mesmas páginas diversas vezes (e não houve uma releitura que não me tirasse uma risadinha. Me senti imersa, me imaginei quase como uma amiga de Florentino e Fermina, ouvindo seus lados opostos das situações. Estive ali como quem se pergunta: Quando ele irá conseguir? Ou desistir de vez? Não sabia se torcia contra ou a favor, mas dada a minha felicidade ao percebê-los descobrindo o amor que sentiam, e ali esteve adormecido durante meio século, não pude negar: torci para esse final, ainda que não tenha sido uma descoberta de amor, e sim uma construção, feita à beira da morte, quando nem eles mesmos acreditavam ser possível.
| Houve um recorte que mexeu comigo, me deixou de boca aberta, numa espécie de repulsa. Não me surpreendi quando, aprofundando na leitura, me peguei compreendendo o personagem e sua escolha de vida. A escrita de Gabriel fez isso comigo. Passei pano para Florentino Ariza. |

Lorena.Maria 11/01/2024

Bom pra 🤬 #$%!&
Mto bom, profundo, completo. Apesar de ser antigo a linguagem é atual, e a história também. Agoniante, triste e feliz.

Antônia 10/01/2024

O Floretino é um psicopata né, vamos combinar!
A leitura por muitos momentos se arrasta de uma forma extremamente asquerosa. Mas a escrita é muito boa e muito envolvente - quando flui - . O Doutor Urbino me conquistou de uma forma que eu não imaginei que fosse conquistar. A Fermina me pareceu uma pessoa muito querida, mas que passou muito tempo da vida se escondendo de algo que nem ela sabe o que era. Mas o Florentino é doente num grau extramemente assustador, e além de tudo é tarado né? O final do livro não me trouxe nenhum sentimento diferente. Mas eu achei que a história fosse completamente diferente, eu achei que de fato contasse a história dos pais dele, como diz na sinopse. Esse livro não é sobre uma história de amor, e sim sobre uma história de perseguição, porque em vários momentos do livro a Fermina se dirige ao Florentino como uma sombra, e ele é realmente uma sombra. E a parte que ele se relaciona com a guria que ele apadrinhou, que tem 14 anos é extremamente sebosa e sem nenhuma necessidade. Além de tarado ele é culpado por duas mortes. Totalmente sem necessidade. Acho que eu demorei tanto pra ler, porque eu fiquei muito tempo com muito nojo dele! De verdade!

thecia 08/01/2024

Amor ou cólera?
Eu não tenho palavras pro Gabo, de longe o maior escritor, pra mim. Ele tem poder nas palavras, eu termino o livro e tenho vontade de gritar pra meio mundo ?LEIA, POR FAVOR?.

Aqui, Gabo, fala da decrepitude, da velhice, da morte e da doença na mesma medida em que fala do desejo, do erótico, do amor. Ele consegue enxergar beleza na crueza da realidade, no cotidiano, no ordinário e consegue transpor isso em cada frase.

É admirável a espera de 51 anos, 9 meses e 4 dias de Florentino Ariza pela Fermina e o Gabo demonstra todo esse tempo com a maior riqueza de detalhes e melancolia possível, passando por inúmeras formas do amor.

Gabo consegue ser muito original mesmo falando do amor. Lá no início do livro, um homeopata faz diagnóstico do Florentino falando: ?Os sintomas do amor são idênticos aos da cólera?. E isso é demonstrado no final do livro, com a navegação sob a bandeira do cólera mas completa de amor!

O amor nos tempos do cólera retrata uma época e personagens que são literalmente a natureza humana da vida! Sinto que há anos de ensinamento sobre a vida em um livro do Gabo!

Só gratidão por ter a honra de ler esse cara! E que todos vivenciem isso!

onlyclehintheworld 08/01/2024

Entre um mufino e um gostoso: uma difícil escolha
Não pude me comprazer do drama de fermina daza, porque o negócio do livro gira em torno da representantividade feia de florentino ariza. é um livro para as feias. para as esperançosas. para as de luta. e tem também a questão do cólera. mas isso é detalhe.

Clarissa Barradas 08/01/2024

História interessante
Bom, apesar de eu ter gostado da história no geral, foi um livro que esperei demais pra ler, muita gente a dizer que é o melhor dele. Eu li me forçando muito, não é um livro ruim, só não é o meu gosto de escrita.
Já li ?Relato de um náufrago? do autor e gostei muito, eu esperava que fosse gostar igual ou até mais. Porém, não foi o que aconteceu.
Tô dando 3 estrelas só por não ter me prendido mais e não por ser um livro
ruim.

Marcela.Noemi 04/01/2024

Como pode existir livro tão perfeito
Não importa esse livro sempre será o favorito da vida
teve momentos que simplesmente quis chorar pela descrição que gabriel faz de todo o ambiente

Karen580 03/01/2024

Melancolia a rodo
A escrita me deixou triste de tanto amor. é um amor melancólico porque mescla muito com a morte, explora a urgência de amar como dá enquanto estamos vivos. os personagens são reais, ou seja, humanos que erram, sentem e erram porque sentem

Maria15099 03/01/2024

O Amor nos Tempos do Cólera para se ler a qualquer tempo
Para quem gosta de um bom romance romântico, esse é o livro. Em O Amor nos Tempos do Cólera fala do amor nas suas diversas formas, seja o amor casado pela sociedade e não pelo coração, o amor não retribuído, o amor alimentado durante anos, o amor de passagem, o amor de sexo, o amor, o amor e o amor.

Como um bom romance de Gabo, esse é mais uma história cheia de idas e vindas, com relações entrelaçadas que vão se desmanchando com o passar do tempo e no decorrer da história.

Para além de tudo, é uma história em que a maioria dos personagens são mulheres, cada uma com sua história, com seus passados, presentes e futuros, mulheres de todas as idades e formas. Para mim, que ama ler histórias com mulheres, foi uma satisfação ver tanta diversidade feminina.

O Amor nos Tempos do Cólera é o primeiro livro que leio que aborda o envelhecer de seus personagens de forma real e lúcida, trazendo a ideia de tempo não só na passagem dos anos na história, mas sim no envelhecimento de seus personagens, tanto no físico como na subjetividade interna de cada um. É também o primeiro livro lido por mim que trata do amor entre pessoas idosas, que normalmente mais esperam a morte do que amam.

Sensacional o livro, vale a leitura e a releitura (que é o meu atual caso rsrsrs) ler Gabo uma vez só e pouco demais.

Lorenzo Baiocchi Cappi Guimaraes 03/01/2024

O amor
O livro apresenta o que o amor é na sua realidade: complicado, difícil, frágil e muitas vezes mal-sucedido. Ele segue a história de Florentino Ariza e Fermina Daza, os quais se apaixonam na sua juventude. O pai de Fermina não aprova a relação, o que gera inúmeros conflitos e culmina com o pai levando Fermina para um lugar muito distante, na esperança de fazê-la se esquecer de Florentino. Ele falha: Florentino era telégrafo e com a ajuda da prima de Fermina, os dois mantém contato por mais de cinco anos. Quando ela finalmente retorna e o vê pela primeira vez, ela o rejeita instantaneamente, entendendo que era apenas uma fugaz paixão ilusória. Ela segue a vida e se casa um tanto quanto felizmente, mas o amor de Florentino por ela perdura por mais 50 anos, quando a história de amor dos dois tem o seu recomeço no funeral do Dr. Juvenal Urbino, o marido de Fermina Daza. O livro trata de questões como machismo, o casamento como instrumento de dominação, amor na velhice, guerra, pandemias, destruição do meio ambiente entre muitas outras importantes temáticas, mantendo sempre no coração da trama o amor. O livro é extremamente bem escrito, porém há uma grande mancha na história: o personagem principal é um homem detestável. Inicialmente, descobre-se que ele havia estuprado uma de suas criadas, o que apesar de abominável, não era algo tão incomum entre os homens desse momento histórico. Porém, ao acolher uma parente distante de 14 anos cujos pais a enviaram para investir na sua educação, o leitor descobre que Florentino Ariza era um pedófilo. Infelizmente, a garota comete suicídio provavelmente devido ao trauma, mas ele tem o seu tão desejado final feliz com Fermina Daza. Mas ficar indo e voltando para sempre reclusos em um navio é realmente um final feliz? Sendo ou não, uma coisa é clara: ele não o merece. Certamente, as melhores partes do livro são as em que se descreve o casamento de Fermina e Urbino, os quais mesmo não sendo almas gêmeas desenvolvem uma cumplicidade mútua belíssima.

Eliane406 01/01/2024

O amor é essa coisa perfeita que anda por caminhos tortos
?O amor é essa torrente de sentimentos que nos invade. Os amores contingentes e os necessários. Sou como Clarice, como Neruda, vivo em amor e pelo amor.
?Apaixonar-se pela escrita de García Márquez é inevitável, sua maestria em conhecer a essência humana, de inserir em sua arte da palavra elementos factuais, reais e pungentes, nos alimentando com personagens verdadeiros, guiados por suas emoções e pela realidade mágica da existência.

?O Cólera foi uma das epidemias que assolou alguns países, a da história foi da época que assolou a Europa e o caribe colombiano, sobretudo os com etnias negra e classe social paupérrimo, algo que podemos sentir atualmente. Como ter uma vida habitual lidando com uma doença fatal.Os motivos dos personagens ambientados na Cartagena do século XIX contraírem a doença são os mesmos que do Iêmen de 2017: condições sanitárias precárias.

?García Márquez compara a dor do amor com as dores do Cólera, a narrativa permeia a história de três personagens durante 50 anos de suas vidas, um triângulo amoroso, recheado de cartas, de contigências, de idas e vindas, de um entrelaçamento inevitável, as inserções de um enredo dentro do outro, e de um desfecho memorável.

??Lembrou a ele que os fracos não entram jamais no reino do amor, que é um reino impiedoso e mesquinho, e que as mulheres só se entregam aos homens de ânimo resoluto, porque lhes infundem a segurança pela qual tanto anseiam para enfrentar a vida.? p.86

??? Responda a ele que sim ? disse.? Ainda que você esteja morrendo de medo, ainda que depois se arrependa, porque seja como for você se arrependera a vida inteira se disser a ele que não.? p.94