Resenhas - O Amor nos Tempos do Cólera

Gustavo Palma 15/02/2024

Primeiro romance do Gabo que li e já me senti muito prendido pela escrita fluída e ao mesmo tempo atravancada dele. A narrativa tem pouquíssimos diálogos e os acontecimentos vão se encadeando de forma muito natural, rodeando os três personagens principais (Fermina Daza, Juvenal Urbino e Florentino Ariza). A passagem de tempo é marcada por referências vagas a acontecimentos políticos e sociais, construindo uma temporalidade numa história que se constrói (e termina) de forma atemporal.
O que me chamou muito a atenção na história em si é a linha tênue entre o amor e a obsessão. O livro fala de um sentimento que não é o amor idealizado clássico das artes, e sim essa espécie de "amor real", uma coisa que passa por muitos meandros da vida, ora tendendo pra paixão, ora pra obsessão maluca de cinquenta e um dias, nove meses e quatro dias. Pela minha leitura, não acho Florentino de fato tenha amado a Fermina, mas sim passou a vida obcecado por ela. E ela, ao final, também não amou nem ele nem Juvenal: o casamento fora apenas uma conveniência, um afeto que se desenvolveu pela convivência e a cumplicidade do casal, e não por amor; e o encontro da viúva com a antiga paquera soou muito mais como efeito da compaixão e da solidão do que uma paixão de fato. É uma história sobre três pessoas que nunca atingiram seu amor idealizado, mas puderam conviver afetivamente com seu/sua parceiro/a.
Outra coisa incrível é a forma que o Gabo faz críticas sociais dentro da narrativa soarem muito naturais, como em todas as passagens que há falas e pensamentos racistas e homofóbicos. Só senti falta de explorar mais a questão da pedofilia do Florentino, que no fim ficou impune pelo destino da América Vicuña.

Hugo9527 14/02/2024

Obra fantástica, que traz um tom triste e colérico em todas as páginas.

Um amor perdido no tempo, mas que se mostra duradouro, como em muitos casos na vida real

Amanda_gv 13/02/2024

Não há glória maior do que morrer por amor
Qualquer obra do Gabriel García Márquez é sempre A Obra?. Personagens principais reais e falhos, personagens secundários super bem desenvolvidos, fluidez e organização impecável dos acontecimentos.

Sempre me impressiona a construção da escrita corrida sem pausas que o autor tem como característica. Escrever um livro de 400 páginas com apenas 4 ou 5 capítulos coerentes não é pra qualquer um.

Para ler esse livro é necessário se despir de alguns conceitos morais atuais, e entender que o tempo em que a obra de passa era outro. Não é sobre naturalizar absurdos, mas sobre tentar se desprender de achar algumas coisas intragáveis e criminosas. Para mim, foi difícil fazer isso em alguns momentos.

Marques 13/02/2024

Eu gostei do livro, teve seus altos e baixos, como praticamente toda leitura. O caso de amor de florentino foi realmente algo doentio, como um cólera, pq não é possível alguém viver 53 anos, 7 meses e 11 dias amando alguém que não está nem aí para ele. O final poderia ser melhor trabalhado pq eu achei uma resolução muito rápida para um capítulo com 84 páginas. Achei que giraria 100% do tempo em torno dos dois, deles se acertando, mas aconteceu várias coisas do enredo geral nesse capítulo final. A impressão que eu fiquei é que fermina não merecia o amor de florentino e que ela não o amou de fato nem nesse final. Achei que ela se deu por vencer pelo cansaço e pelas investidas de florentino.

Fernandohorse 10/02/2024

Que leitura deliciosa. Sempre um prazer conhecer cidades, pessoas e histórias da nossa América Latina. E que vontade imensa de conhecer essa Cartagena, à beira do mar do Caribe.
Antes de tudo, uma grande história de amor.

brunica 09/02/2024

Uma leitura mais difícil que Cem anos. odeio julgar um livo por causa do Zeitgeist, mas a parte da América me deixou enojada. E é aquilo, percebi que o Gabo trata dos nomes dos personagens sempre como se não fosse íntimo deles, falando de alguém muito distante. Gosto de como ele usa o cólera com demarcador de tempo e no final parece que o tempo não passou e passou ao mesmo tempo. É paradoxal demais!!!!

Luciana 08/02/2024

Para começar não tem nada de romântico e nem amor nesse livro, temos sim um cara obcecado/ pedófilo, uma mimada interesseira e um patriarca da tradicional família brasileira.
A história não me foi atrativa e também não fluiu bem.
E a tentativa de tentar romantizar certas coisas só tornou tudo pior. Não me venha com amor na terceira idade, que de fofo esse amor doentio não teve nada. E pedofilia é pedofilia e pronto, tentar uma empatia do leitor com personagem assim é o fim. E poderia facilmente ter colocado e trabalhado a questão de forma diferente.

Mat 07/02/2024

Espetacular!
Eu amo a literatura latino-americana e eu amo realismo fantástico! Não é nem de longe tão fantástico como Cem Anos de Solidão, mas a característica não ficcional funciona, trazendo, de certa forma, mais magia para os momentos fantásticos.

Elouizez 04/02/2024

Acho desde quando li "Cem anos de solidão", Gabriel Garcia Márquez se tornou uns dos meus impérios romanos, onde em momentos irei me identificar e pensar sobre suas obras, de fato que não é algo difícil se identificar já que ele consegue presumir de uma maneira tão realista como é se viver sendo um ser humano, e esse livro é o ênfase da essência humana com o amor e a solidão, a vida e morte, a juventude e velhice. As controvérsias presumidas em uma história de meio século contada.
Uma das coisas que mais me chamam a atenção e que percebo que não só está nesse livro do gabo, assim como em outros, são as manias cotidianas nos personagens; desde Doutor Juvenal Urbino tomar todos os dias remédios, como de Florentino Ariza tomar café puro e ter os sintomas do "amor" cujo é confundivel com a doença do cólera. Não só isso, ao decorrer da história vemos Florentino Ariza se deitando com várias viúvas por uma idealização dele (esperar Fermina Daza ficar viúva) e no final da história vemos Florentino Ariza, já velho, se deitando com uma menina de catorze anos, onde vi muita gente criticando esse hábito, mas acredito que seja representado a pura amargura da velhice ao querer alcançar de uma forma súbita o sentimento da mocidade infanto juvenil e de seus pequenos tempos de romance puro. Dentro da subjetividade da literatura pode ser poético esses hábitos, e não de uma forma literal é realística a solidão humana deixada por amores.
Leitura bem enrolada e extensa, mas a conclusão é que vale a pena ler, a conclusão é que percursos de paixões e romances são extensos também, posso pensar o quanto for nesse livro e posso tirar muitas interpretações, certas ou erradas, no final é assim que se vive a complexidade do amor, sem as vezes ter uma certeza absoluta de nada.

Ana Caroline 02/02/2024

"Amor nos Tempos do Cólera", escrito por Gabriel García Márquez, é uma jornada através das complexidades do amor. A história, narrada em primeira pessoa, mergulha nas profundezas emocionais de personagens como Florentino Ariza e Fermina Daza. Garcia Márquez tece uma narrativa poética, explorando as nuances do tempo e da paciência, enquanto os protagonistas enfrentam desafios da vida e depois da idade.
Para Florentino Ariza, era amor e para Fermina foi apenas uma ?paquera?e que no final de suas vidas serviu para que os dois se sentissem vivos.

stcarvalho0102 31/01/2024

Olha...
Esse livro é sensacional. Não fiquei com vontade de parar a leitura. O "gabo" escreve majestosamente. Indicadíssimo!

J^! 30/01/2024

O amor
Era como se tivessem saltado o árduo calvário da vida conjugai, e tivessem ido sem rodeios ao grão do amor.

Lahdutra 28/01/2024

Tinha amor de todo tipo nos tempos do cólera
Florentino amava Fermina que, parecia amá-lo também. Porém, em um certo momento, surgiu a dúvida e ela acabou casando com outro. Anos se passam, a devoção de Florentino segue firme por ela, sempre respeitando o casamento de Fermina, a amando de longe e a desejando em segredo.

A forma como ele procura preencher o vazio desse amor é bem pertubardora e me incomodou durante a leitura diversas vezes, mas segui a leitura encantada com toda a narrativa.

A forma como Gabo conta suas histórias é muito envolvente. O livro começa com personagens principais próximos da velhice. E então avança com o passado, antecipando o futuro, enquanto percorre todo presente e volta novamente ao ponto inicial, tudo bem sutil.

É inegável que esse é um livro MUITO bem escrito, repleto de poesia e passagens marcantes. A experiência da leitura foi muito boa.

“[...] Foi encontrar-se com uma frase que julgava sua e que o pai escrevera num caderno muito antes dele nascer. Só me dói morrer se não for de amor” .

Tatið 27/01/2024

Quem tem o interesse de ler esse livro e está com expectativas de que vai encontrar uma história linda de amor, não vai,e sim  relações humanas reais, nos seus erros e acertos, miséria, soberba, entre tantas outras coisas um livro muito bem escrito, que vale cada minuto seu dedicado.

nohardfeelings 26/01/2024

Ted mosby, temos visita!
achei engraçado quando lembrei do ted citando esse livro em how i met your mother e em como ele é o florentino ariza (clean) do século xxi.
enfim, fiquei ansiosa para ler esse livro pois sempre tive curiosidade, mas ainda assim, não fui com grandes expectativas.
demorei muito para concluir a leitura, pois tem muitos detalhes, a linha temporal se mistura e a linguagem, pelo visto característica do autor, é nova para mim. porém, foi justamente o que mais gostei nessa leitura: a escrita.
sobre a história, não é nada revolucionário como eu vejo muitas pessoas relatando e também mal toca no assunto do cólera em si, como eu pensei que fosse.
os personagens têm personalidades bem construídas, mas não me fizeram sentir empatia nem em seus piores momentos. acho que o livro tinha um pouco o objetivo de deixar que sentíssemos ?pena? de alguns personagens, principalmente de florentino. porém, para mim, não foi possível ter o mínimo de empatia por ele com sua personalidade era extremamente duvidosa, para não dizer pior.
o livro tem diversas problemáticas, mas entendo que sejam tratadas forma tão explícita e branda, já que o livro se passa do século xix ao início do xx. mesmo assim, ainda é difícil ignorar e não se enojar com o abuso, a pedofilia e o racismo presentes no livro.
o livro também é muito real, sem muitas fantasias, mesmo se tratando de amor, como no casamento de fermina e juvenal, onde relatavam sobre o cotidiano, as pequenas brigas, os costumes, a rotina de um casamento e a sua não perfeição, com toques de ironia.
talvez possa transparecer para alguns que florentino não amava fermina, e sim a ideia que tinha dela, ou até mesmo amava o ato de amá-la, mas não acho que em momento algum o autor quis passar isso, porque a intenção foi realmente relatar uma história de amor.
tenho a intenção de ler outros livros do autor, pois gostei de sua escrita e valeu a leitura. é um bom livro, portanto, 3.5 estrelas.