Fred.Braga 09/05/2024
GRANDE SERTÃO: VEREDAS
Não dispenso uma vírgula da qual, Clarice Lispector e Fernando Pessoa utilizaram para elogiar essa obra: genial! Que outra palavra se não essa?!
Você precisa se adaptar à escrita única de Guimarães Rosa, essa escrita regionalista não tão distante de nosso dialeto sertanejo. As primeiras páginas foram um desafio, mas depois que você pega o ritmo não há como sair dessa imersão. O livro se passa no interior do grande sertão entre os estados de Minas, Bahia e Goiás. O que acontece nas veredas desse sertão só lendo pra descobrir.
O regionalismo, religiosidade, sexualidade (e aqui eu me peguei surpreso) as dispostas do sertanejo entre outros assuntos que são impostos nessa obra, aproxima o leitor da realidade vivida ainda hoje.
Acredito que nunca li algo como isso. Riobaldo é um protagonista forte, cangaceiro, confuso e homem macho esteriotipado mas delicado em sua própria singularidade. Diadorim esse personagem apaixonante de olhos verdes, bruto feito um touro mas também cheio de muitas dores. Dois personagens que põe o leitor pra refletir muito, desde a primeira página até a última. Simplesmente um dos melhores romance que li na vida.
Riobaldo em todo momento nos lembra que "viver é muito perigoso..." Isso é um recorte da realidade, precisamos saber de onde viemos, onde estamos e pra onde iremos. O sertão está dentro da gente.
Outro ponto que muito me intriga na obra e amor que tanta se fala. Guimarães Rosa estava à frente de seu tempo. Uma obra escrita em 1956 retratando (de forma mal resumida) a vida dos homens do sertão, mas que sim, há romance nesse romance. Acredito ainda que muitas vezes deixamos quem amamos, pois somos miseráveis da falta de amor próprio. É preciso saber quando e por quem somos amados...
"Dói sempre na gente, alguma vez, todo amor achável, que algum dia se desprezou..."