Como Mudar o Mundo

Como Mudar o Mundo Eric J. Hobsbawm




Resenhas - Como mudar o mundo


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Almir 07/09/2016

Obra excelente para se compreender o desenvolvimento do marxismo, desde Marx e Engels até os dias atuais (2011).

Se eu pudesse, no entanto, tiraria "meia estrela" da avaliação geral do livro, pela insistente comparação negativa entre o nazismo e o comunismo stalinista, uma peça falaciosa de propaganda produzida nos Estados Unidos na época da Guerra Fria, para incriminar o maior rival do capitalismo que emergiu no pós-guerra: a União Soviética. Me admira um historiador de tamanho gabarito, não alinhado ao lado liberal, repetir estas falácias.

No mais, um excelente compêndio para se acompanhar cronologicamente as diversas fases do marxismo no mundo, mas especialmente na Europa.

site: http://www.panoramicasocial.com.br/
Tainá 12/02/2017minha estante
Sua resenha me inspirou. Virou meta de leitura. Obrigada!




Ricardo Silas 10/05/2015

Livro difícil, porém esclarecedor.
Como mudar o mundo é uma compilação de artigos e ensaios produzidos pelo notável historiador Eric Hobsbawn, o qual apresenta o real amadurecimento das ideias e movimentos marxistas da Idade Moderna até a contemporaneidade. Por ser um estudioso clássico dos projetos de Karl Marx e Engels, o autor, ao longo de várias décadas, decifra as mais complexas influências políticas, filosóficas, sociológicas, históricas e econômicas presentes nas principais obras marxistas. Esse universo revolucionário se inicia com as inspirações iluministas do século XVIII, que fraturou a tradição intelectual que o obscurantismo, desde a Era Medieval, sustentava com os grandes impérios europeus. Com o desenvolvimento da razão e sua forma de projeção de uma realidade guiada pelo humanismo, as principais revoluções da história ganharam combustível ideológico para consagrar a emancipação do ser humano, dentre as quais se destacam a Revolução Americana e a Revolução Francesa. Essas conjunturas irradiaram seu brilho ao Ocidente em proporções tão gigantescas que, subsequentemente, outros ilustres pensadores continuaram a empreender esforços calcificadores dos conceitos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Nesse contexto bem específico, surgem os socialistas utópicos, encabeçados por Sant-Simon, Robert Owen, Charles Forier e outros intelectuais da época. Cercados por um período de expectativas de mercado, em pleno auge da Revolução Industrial, esses pensadores puderam desenvolver ideias antagônicas aos liberais clássicos de sua época, como David Ricardo, Adam Smith e outros. No início, o socialismo utópico não obteve o sucesso previsto pelos seus desenvolvedores, já que outros movimentos de escalas mais efervescentes começavam a emergir nos principais países da Europa, como a Alemanha e França. Tais movimentos acampavam as ideias de anarquistas, sindicalistas e, sobretudo, socialistas científicos. A Inglaterra, embora tenha sido o foco vital do capitalismo no século XIX com a adesão do Lassaiz-faire, pouco abrigou proporções numerosas o deslocamento de antagonismo percebido em outros países próximos. Contudo, em nada isso impediu que esses revolucionários se coligassem no que ficou como a Liga dos Justos, ou Liga Comunista, formada especialmente por integrantes alemães. Pronto. É a partir daí que começam engatinhar as principais concepções que formalizaram o marxismo. Foi por volta de 1848 que Marx e Engels publicaram o messiânico e quase bíblico Manifesto Comunista. O Manifesto serviu como um estatuto da Liga dos Comunistas, isto é, nada mais foi do que uma consubstanciação do socialismo científico que começava a se ampliar, ainda que em sua essência "imatura". Engels, então, não tanto quanto Marx, começou a ganhar notoriedade entre os intelectuais, mas isso só ocorreu na medida em que as massas proletárias se identificavam com as teorias revolucionárias de Marx, pautadas no materialismo histórico-dialético. Em verdade, Marx foi tão prestigiado no meio acadêmico depois de 1890, que seus livros de perspectiva histórica e econômica que examinavam as estruturas internas do capitalismo se consagraram como verdadeiros dogmas políticos. Certamente não era o que Marx desejava. Historicamente, é razoável presumir que Marx não estivesse interessado em ter suas ideias blindadas por instituições dogmáticas e fundamentalistas. Mas é dentro desse panorama contextual que Hobsbawn constrói um acervo de ideias e interpretações fidedignas de Karl Marx. Não é mais um livro clichê de ensino médio, desses que encontramos em qualquer site de pesquisa. Trata-se de uma obra de difícil compreensão, de bagagem densa e altamente volátil, baseada em estudos complexos e assustadoramente ricos. O autor, nesse aspecto, foi magistral, pois se preocupou em reoxigenar os aspectos mais relevantes das ideias de Marx, demonstrando o que é atualmente válido daquilo que se tornou obsoleto. Sobre isso, o fim do livro trata de esclarecer, já que Hobsbawn encoraja o leitor a perceber a magnitude do marxismo, desafiando-nos a repensar Marx numa perspectiva histórica diferente. Marx, de fato, ainda tem muito a nos dizer...
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